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Entre caos e coração

SAÍ DA CONVERSA COM GUILHERME COM AQUELE FRIO NA BARRIGA QUE SÓ ELE SABIA CAUSAR. ELE FOI ATÉ O CARRO PEGAR ALGO, ENQUANTO EU ENTRAVA NO HOSPITAL, TENTANDO ORGANIZAR MEUS PENSAMENTOS. NO VESTIÁRIO, ENCONTREI MARGARIDA, COM AQUELE SORRISO QUE NUNCA MUDAVA.

— E aí, Mari! Como tá? — perguntou, sem tirar os olhos do prontuário que estava rabiscando.

Guardei a bolsa e respondi:

— Mais ou menos... Tá bem cheio hoje?

Ela deu uma olhada rápida no tablet e fez uma careta enquanto eu colocava o jaleco.

— Um pouco. Hoje você vai ficar com o Dr. Vieira na clínica.

Meu estômago virou de repente. Ela sabia da história com o Guilherme.

— Fazer o quê, né? — suspirei, ajeitando o estetoscópio no pescoço.

No corredor, vi ele, distraído no celular. Me aproximei devagar, arrumando o cabelo, como sempre fazia quando estava nervosa.

— Margarida disse que vamos trabalhar juntos hoje — comentei, tentando soar casual.

O sorriso dele me desarmou na hora.

— Massa! Vamos nessa — ele guardou o celular e me lançou aquele olhar que só ele sabia.

Foquei no trabalho, mas a tensão de estar perto dele estava me consumindo. O dia estava tranquilo, só gripe e virose rolando por ali. A gente se revezava entre os pacientes.

Meu primeiro caso me aguardava na sala: um senhor que não parava de mexer na cadeira.

— Boa tarde, Sr. Figueiredo — cumprimentei, pegando a ficha.

Ele se ajeitou na cadeira e me olhou.

— Me chama de Lucas, por favor. Esse nariz não para de escorrer, achei que era só uma gripezinha, mas tá osso.

Examinei e não vi nada grave.

— Só um resfriado chato mesmo. Vou pedir uma nebulização e já volto pra ver como o senhor tá — expliquei, anotando.

O hospital estava num silêncio estranho, só o zumbido do ar e o cheiro de álcool gel no ar. E café, claro. Sempre alguém fazendo café por ali.

Segui o fluxo: criança tossindo, senhora com pressão alta, cara com tornozelo torcido... O básico.

Vi Guilherme encostado na parede, tomando café. Nossos olhares se encontraram e ele sorriu, cansado, mas ainda charmoso.

— Sobrevivendo? — perguntou, me oferecendo o café.

Eu estava precisando daquela cafeína.

— Todo mundo resolveu ficar doente hoje, né? — ele continuou, bagunçando o cabelo de sempre. — E aquele seu paciente?

Devolvi o copo e disse:

— Melhorou, era só um resfriado forte — respondi, cruzando os braços, tentando disfarçar o nervosismo que ele causava em mim.

Ele segurou o copo com as duas mãos, se aquecendo. Me olhou um instante, depois desviou o olhar.

— A gente faz o que pode... — murmurou ele, com um sorriso fraco. Nos olhos, ainda havia uma preocupação que ele tentava esconder, mas eu o conhecia bem.

O alarme alto cortou o silêncio. O café escorregou das mãos de Guilherme e quebrou no chão. Nossos olhares se encontraram e a adrenalina tomou conta.

Corremos pelo corredor, nossos passos batendo no chão branco. Quando chegamos no quarto, meu sangue gelou: Lucas estava na cama, com a pele cinza e respirando com dificuldade. No monitor, os números piscavam frenéticos, mostrando que ele estava em risco.

Meu coração quase parou.

Olhei pra Guilherme do outro lado da sala. Foi quando vi: líquido saindo do nariz de Lucas.

— Guilherme! — gritei. — É liquor!

Ele correu até mim, os olhos arregalados confirmando minha suspeita.

— Pressão tá muito alta — ele falou, me passando a furadeira. — Consegue fazer?

Minhas mãos tremiam, mas eu me concentrei. O som da furadeira só aumentava a tensão. Suava frio enquanto ele monitorava tudo.

— Respira, Mari. Você consegue — a voz dele tentou me acalmar.

Com esforço, terminei o procedimento e, como mágica, os sinais começaram a se estabilizar. Lucas melhorou, a cor voltou ao rosto, mas ele ainda estava desacordado.

— Ufa, conseguimos... — falei, enxugando o suor da testa.

A equipe correu para levar Lucas para a cirurgia, mas eu ainda estava tentando processar tudo o que aconteceu. Foi quando ouvi palmas no corredor. Me virei e lá estava o Guilherme, me olhando com aquele sorriso de orgulho, o mesmo sorriso que sempre me deixava sem jeito.

— Mandou muito bem. Como uma super-heroína — ele piscou.

Ainda estava tentando entender tudo o que rolou com o Lucas, a cabeça uma bagunça, quando a porta se abriu do nada. Margarida entrou, com a cara pálida e os olhos arregalados, tipo que havia visto um fantasma. Ela estava sem fôlego, quase caindo ao se apoiar na porta.

— Acidente no metrô! — Ela quase gritou, ofegante, como se tivesse corrido uma maratona. — Precisamos de todo mundo aqui, já! Liberem os leitos, mandem quem puder embora, vamos precisar de espaço.

A tensão na sala subiu na hora. Vi o pânico nos olhos dela e senti a pressão no ar. Não pensei duas vezes e fui até ela, tentando entender o que estava acontecendo.

— Margarida, calma... — falei, mas ela estava tão acelerada que nem me ouviu direito. As palavras saíam voando, parecia que ela queria resolver tudo em segundos.

Ela me olhou, ainda mais desesperada.

— São muitas vítimas, algumas bem graves. Se não fizermos rápido, não vai dar tempo! — Ela respirou fundo, tentando se recompor, mas a urgência na voz não tinha como esconder.

Fiz um sinal para a equipe, que já foi se espalhando para reorganizar tudo. Os paramédicos chegaram com uma menina machucada, chorando e pedindo pelo pai. Me virei para Margarida.

— Maga, tenta achar o pai dela.

Me abaixei perto da menina, tentando manter a voz calma.

— Oi, linda. Vamos cuidar de você, tá? Seu pai já chega.

Ela assentiu, ainda soluçando. O braço estava claramente quebrado. Enquanto pedia o raio-x e preparava a medicação, a mãe chegou, correndo, com os olhos vermelhos.

— Filha, como você tá? — perguntou, abraçando a menina.

Ela fez careta ao se mexer.

— Só dói um pouquinho, mãe — respondeu, tentando ser corajosa. — Cadê o papai?

A mãe respirou fundo, controlando as lágrimas.

— Ele tá em outro hospital, mas tá bem — apertou a mão da filha, tentando transmitir segurança.

A menina começou a cochilar por causa dos remédios. Passei a mão suavemente no cabelo dela.

— Descansa, a gente tá cuidando de tudo.

Saí do quarto e encontrei a mãe no corredor, mordendo os lábios de preocupação.

— Como ela tá, doutora? — perguntou, as mãos torcendo de ansiedade.

Me aproximei e coloquei a mão em seu ombro.

— Tá estável — respondi, sorrindo de maneira reconfortante. — Vamos acompanhar, mas ela tá indo bem.

Ela respirou aliviada, e um sorriso pequeno apareceu no rosto. Algumas horas depois, passei novamente pelo quarto e a vi sorrindo enquanto mostrava a filha para o pai por vídeo. Mesmo no meio daquele caos, aquilo aqueceu meu coração.

Antes de ir embora, fiz uma última visita. A menina dormia tranquila e a mãe tomava café na janela.

— Obrigada por cuidar dela — disse, baixo, para não acordar a filha, enquanto olhava a menina com os olhos marejados.

Me aproximei da cama, ajustando o monitor e o cobertor da menina.

— É meu trabalho — respondi baixinho, anotando os sinais vitais. Olhei para a pequena dormindo e sorri. — Fico feliz em ajudar.

Ela me observou em silêncio antes de perguntar:

— Você tem filhos?

A pergunta me atingiu. Desviei o olhar antes de responder.

— Já tive...

Ela percebeu a dor e hesitou antes de continuar:

— Posso saber o que aconteceu?

Respirei fundo. Normalmente evitava esse assunto, mas algo me fez falar.

— Minha filha foi tirada de mim quando nasceu. Já tem doze anos e até hoje não sei o que aconteceu.

Segurei as lágrimas, com a voz embargada:

— Nunca parei de procurar...

Ela segurou minha mão, num gesto silencioso de compreensão. Algumas dores que só uma mãe entende.

Antes que a conversa continuasse, uma enfermeira entrou, me chamando para outro procedimento. Me levantei e troquei um último olhar com a mãe da menina.

Saí do corredor tentando focar no próximo paciente. Não podia deixar a saudade da minha filha me derrubar, mas, por dentro, ainda era difícil. O hospital continuava sua rotina, sem parar, sem me dar tempo de pensar.

Quando o plantão terminou, guardei o jaleco e o estetoscópio, peguei minha bolsa e dei de cara com Guilherme no corredor. Ele parecia tão exausto quanto eu.

— Como foi seu dia? — perguntou, se apoiando na parede.

Passei a mão pelos cabelos, sentindo o peso do dia.

— Cansativo — suspirei, ajeitando a bolsa. As imagens da menina ainda estavam na minha mente. — Fiquei com aquela menina do acidente. E você?

Ele baixou a cabeça, passando a mão pelo rosto.

— Foi difícil... — a voz dele estava rouca. — Perdi um paciente jovem. Mas a esposa decidiu doar os órgãos. Pelo menos outras pessoas terão uma chance.

Meu peito apertou e, sem pensar, o abracei. Ele demorou um segundo para retribuir, mas, quando me abraçou, foi como se dividisse todo aquele peso.

Cada abraço dele tinha algo especial, algo que me fazia acreditar que eu poderia enfrentar qualquer coisa. Mas o que eu sentia por ele era uma confusão sem fim.

Me afastei devagar, mas ele me segurou pela cintura. Ficamos tão perto que pude sentir seu perfume. Nossos olhares se encontraram e as palavras sumiram. Só restaram os sentimentos intensos e confusos.

A mão dele tocou meu rosto com delicadeza e eu não resisti mais. O beijo que tentei evitar finalmente aconteceu.

O som de passos no corredor nos fez voltar à realidade. Nos afastamos rapidamente, com o coração acelerado.

— Marina, espera... — ele chamou, mas eu já estava correndo para o ponto de ônibus.

Minha cabeça estava uma bagunça. Precisava entender o que aconteceu ali e o que significava. Segurei as lágrimas enquanto esperava o ônibus. Era óbvio que ainda o amava. Mas o amor não bastava quando o medo falava mais alto. Meu passado ainda me assombrava.

O ônibus parou perto de casa. Desci sentindo o peso da decisão. Não dava mais para fugir do que eu sentia. Só não sabia se teria coragem de enfrentar tudo isso.

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