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Entre amor e dor

A RECUPERAÇÃO DE PATRÍCIA ERA LENTA, E MINHAS VISITAS AO HOSPITAL JÁ FAZIAM PARTE DA ROTINA. MARINA ESTAVA SEMPRE AO LADO DA IRMÃ, VISIVELMENTE EXAUSTA. Eu tentava ser o apoio que ela precisava. Mas, naquele dia, recebi uma mensagem inesperada: "Preciso te falar algo. Pode me encontrar na cantina?"

O beijo de semanas atrás me veio à mente, e o calor subiu imediatamente. Caminhei até a cantina, onde Marina me esperava. Seu olhar, antes vivo, agora era uma mistura de expectativa e medo.

— Oi, Gui... — a voz dela tremia.

Me aproximei, tentando controlar a ansiedade que crescia dentro de mim.

— Oi, Mari. O que foi?

Ela olhou para o chão, mordendo o lábio. Seus dedos brincavam nervosamente com o estetoscópio no pescoço.

— Tenho pensado muito, Gui... — Fez uma pausa, respirando fundo. — Tá difícil demais, até tentei voltar a pintar, mas...

Ela desviou o olhar e eu percebi uma lágrima se formando.

— É o Leon... — completou, quase sussurrando.

Suas palavras me atingiram. Ver Marina daquele jeito me apertava o peito.

— E o que você quer fazer?

Ela respirou fundo e finalmente me olhou, com uma expressão de tristeza e determinação.

— Acho que preciso de um tempo, Gui. — Ela respirou fundo. — As marcas... é difícil olhar no espelho e vê-las.

Tentei sorrir, mas falhei.

— Estarei aqui, Mari. Sempre que precisar.

Marina assentiu, segurando as lágrimas. Nos abraçamos e, por um momento, o calor dela me confortou. Mas, assim que nos soltamos, o vazio voltou.

Fiquei ali por alguns segundos, observando Marina se afastar. A cantina, antes um refúgio, agora parecia opressiva. Respirei fundo e decidi sair. Caminhei lentamente pelos corredores do hospital, tentando processar tudo. Eu não conseguia afastar a preocupação. Quando virei a esquina, esbarrei em Fernando, com uma pilha de prontuários e aquele sorriso de sempre.

— E aí, doutor Vieira? Drama na cantina?

— Nem te conto, Fer. — respondi, tentando disfarçar.

Ele franziu a testa, percebendo meu estado.

— O que houve, cara? — Fernando franziu a testa, preocupado. — Você está com uma cara péssima.

Suspirei, olhando para o chão.

— É a Marina... Ela está passando por um momento difícil, e eu não sei como ajudar.

Fernando colocou a mão no meu ombro, oferecendo um apoio silencioso.

— Às vezes, só estar presente já é uma grande ajuda. Mas se precisar conversar, estou aqui.

Agradeci com um aceno de cabeça, até que ele aponta para o outro lado, tentando aliviar o clima.

— Olha lá, o senhor Amadeu, tentando convencer a doutora Alice de que chá de boldo cura gripe.

Sorri, apesar da preocupação.

— Um dia, ele quase nos fez acreditar que inventou a penicilina — ele acrescentou, rindo.

Apesar do humor, minha mente ainda estava em Marina, eu não conseguia afastar a preocupação. Me despedi de Fernando e, enquanto caminhava pelos corredores do hospital, perdido em pensamentos, peguei meu celular do bolso do jaleco. O nome "Lorena" piscava na tela, um lembrete da vida que seguia, mesmo com a incerteza pairando sobre Marina. A voz dela, alegre e familiar, me tirou dos meus devaneios assim que atendi.

— Oi, tio Gui! Vai me buscar na escola, né?

— Oi, Lorena! Sim, vou te buscar. Mas hoje você vai comigo para o hospital, tá? A Dora está ocupada.

— Legal! Só espero que não seja muito chato — ela riu, e só de ouvi-la meu dia ficou um pouco melhor.

Após a ligação, busquei as chaves do carro e saí do hospital. Dirigi pelas ruas movimentadas da cidade, tentando manter a calma. Quando cheguei à escola, vi Lorena saindo com um sorriso no rosto. A escola era um prédio moderno, com paredes de vidro e um grande pátio onde as crianças brincavam. Aquele sorriso iluminava meu dia.

Depois de pegar Lorena na escola, voltamos ao hospital. Estacionar perto era impossível, então deixei o carro mais longe, em uma rua lateral. A rua era estreita e tranquila, com casas antigas e jardins bem cuidados. Caminhamos juntos, conversando sobre o dia dela. Lorena falava animadamente sobre suas aulas e amigos.

Quando começamos a atravessar a rua, um carro surgiu em alta velocidade, ziguezagueando. O som dos pneus cantando no asfalto me fez gelar.

— Cuidado! — gritei, empurrando Lorena para o lado.

Ela caiu, machucando o braço e a perna. O carro bateu em um poste com um estrondo alto, e meu coração disparou. Corri até o motorista, que ainda estava atordoado no banco. O cheiro de gasolina e metal queimado enchia o ar.

— O senhor está bem? — perguntei.

De repente, ele puxou uma faca.

— Fica longe de mim! — ele gritou, me atacando com a lâmina brilhando à luz do poste.

Senti a lâmina cortar meu braço. A dor era aguda, queimando como fogo, mas eu precisava manter a calma. Recuei, pressionando a mão contra o ferimento para estancar o sangue.

— Calma, eu só quero ajudar! — disse, tentando não mostrar o medo que sentia.

Mas ele estava fora de si. Olhei para Lorena, confusa e assustada. Ela estava no chão, tremendo, com os olhos arregalados e lágrimas escorrendo pelo rosto. Não podia deixá-la desprotegida. Enquanto tentava acalmá-la, ouvi passos apressados se aproximando.

Fernando apareceu, alarmado com a cena. Seus olhos se arregalaram ao ver o sangue escorrendo pelo meu braço.

— Guilherme, o que aconteceu? — ele perguntou, olhando para meu braço sangrando.

— Não importa. Temos um paciente aqui — disse, tentando manter o foco.

— Você está sangrando! — ele insistiu, a voz carregada de preocupação.

Peguei uma gaze do bolso e pressionei o corte, sentindo a dor pulsar com cada batida do coração.

— Traga duas macas. Preciso cuidar da Lorena e do homem que bateu o carro.

Fernando correu para buscar o que eu havia pedido, enquanto eu ajudava Lorena a se levantar. Ela tremia e meu coração se apertava ao ver o medo nos olhos dela. Notei que ela estava repetindo baixinho para si mesma, como se estivesse tentando se acalmar.

— Vai ficar tudo bem, Lorena. Estou aqui — disse, tentando transmitir calma.

Fernando voltou com duas macas, e juntos levamos Lorena e o motorista para o hospital. A dor no meu braço era cada vez maior, mas Lorena precisava de mim. Enquanto caminhávamos pelos corredores iluminados do hospital, eu tentava manter a calma e focar no que precisava ser feito.

DEPOIS DA CONVERSA COM GUILHERME, FIQUEI NA CAFETERIA, TENTANDO ENCONTRAR UM POUCO DE PAZ. O CAFÉ AMARGO ME LEMBROU DO PAPO TENSO, MAS UMA LEMBRANÇA BOA SURGIU: nós três, eu, ele e Patrícia, rindo no parque. Era um daqueles momentos que mostrava o quanto éramos próximos.

Enquanto me perdia nessas lembranças, o som da porta da cafeteria se abrindo me trouxe de volta à realidade. Margarida e Bianca chegaram.

— E aí, Marina, como foi a conversa? — Margarida perguntou, já se sentando ao meu lado.

Suspirei, girando a colher na xícara sem muito ânimo.

— Ah, foi um pouco difícil, sabe? — respondi.

Margarida me olhou preocupada.

— O que rolou?

— Acho que ainda não entendemos bem o que aconteceu. — Falei, ainda incerta sobre o que dizer. As meninas ainda não sabem sobre Leon, só sabem que passei por um processo difícil, mas não sabem o motivo.

Bianca, sempre mais atenta, apertou meu braço em um gesto de apoio.

— Calma, amiga. O tempo ajuda a colocar tudo no lugar — disse ela, com um sorriso.

Agradeci o apoio com um aceno de cabeça e um sorriso.

— Valeu, meninas.

Margarida olhou para o relógio e fez uma careta.

— Melhor a gente voltar antes que a chefe pegue a gente no flagra! — brincou, arrancando risadas.

Nós nos levantamos, ainda rindo, e saímos da cafeteria. O sol da tarde iluminava nosso caminho de volta ao hospital, onde o ritmo frenético do dia a dia nos aguardava. Ao entrarmos no hospital, o ambiente estava mais agitado. Eu estava pronta para focar nos pacientes quando o pager de Margarida apitou. Ela olhou e franziu o cenho.

— Estão chegando vários pacientes. Precisamos de ajuda! — disse apressada.

O hospital virou um caos em segundos. Eu tentava manter a calma enquanto atendia os pacientes que chegavam. No meio da confusão, notei uma movimentação diferente na entrada. Para minha surpresa, vi Guilherme entrando com Lorena, sua afilhada, numa maca. Senti um calafrio. Aquele encontro não parecia coincidência.

Aproximei-me, tentando manter a calma.

— O que houve? — perguntei, olhando para Lorena, que parecia assustada.

— Um motorista quase nos atropelou. Empurrei Lorena, ela se machucou e acho que quebrou o braço — disse Guilherme, com uma expressão de dor. Só então notei que seu braço estava enrolado em gaze e manchado de sangue.

— E você? — perguntei, preocupada.

— Estou bem, só alguns arranhões. O motorista parecia bêbado e tentou me atacar — disse, com um suspiro pesado, revelando o cansaço.

Acenei com a cabeça, ainda com o coração acelerado. Levei Lorena para um quarto de atendimento. As paredes eram brancas, e havia uma cama com lençóis brancos no centro. Uma pequena mesa de metal ao lado da cama estava cheia de instrumentos médicos. Tentei me concentrar, mas o clima tenso não ajudava.

— Fica de olho na Lorena pra mim. Preciso de um minuto — pediu Guilherme, antes de sair. Ele caminhou lentamente até sair do quarto.

Enquanto cuidava da menina, percebi que ela estava inquieta, mexendo-se na cama. Depois de estabilizar Lorena, decidi conversar com ela para acalmá-la.

— Lorena, você está bem? — perguntei, tentando soar o mais calma possível. Ela parecia assustada, os olhos arregalados.

— Estou... estou bem — respondeu, mas sua voz tremia.

Aproximei-me devagar, estendendo a mão para tocar seu ombro, mas ela se afastou rapidamente, quase caindo da cama.

— Não gosto que encostem em mim — disse ela, com a voz firme, mas os olhos ainda cheios de medo.

— Desculpa, eu não queria te assustar — falei, sentindo o rosto esquentar de vergonha. Dei um passo para trás, respeitando seu espaço. — Só queria ter certeza de que você está bem.

Ela assentiu, respirando fundo. — Estou bem. — Ela respondeu.

Comecei a atender Lorena. Seu braço não parecia quebrado, acho que foi só um susto. O quarto ficou em total silêncio até que Lorena pareceu querer falar algo.

— Doutora... posso te perguntar uma coisa? — disse, hesitante, quase sussurrando.

Virei-me para ela e sorri.

— Claro, pode perguntar — respondi, inclinando-me um pouco para frente, curiosa. O som dos passos e vozes no corredor parecia distante agora.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse buscando coragem.

— Você e meu tio... tem algo especial? — perguntou, desviando o olhar. Seus dedos brincavam nervosamente com a borda do lençol.

Meu coração disparou. Por que ela estava perguntando isso agora? Respirei fundo.

— Por que está me perguntando isso?

— Vi ele olhando uma foto sua... Ele estava chorando.

Uma foto minha? Provavelmente a mesma foto que Guilherme deixou cair do jaleco quando comecei a trabalhar aqui. Eu a devolvi no armário dele no mesmo dia, sem dizer nada.

— Eu e seu tio... tivemos algo que é complicado de explicar. — respondi, tentando não demonstrar bem o que sentia naquele momento. Lorena é só uma criança para entender.

Ela assentiu, mas o silêncio que se seguiu foi pesado. Continuei cuidando dela, mas minha mente estava longe, processando tudo o que ela disse. O barulho do hospital me trouxe de volta à realidade. Ainda tinha muito trabalho, mas aquelas palavras ecoavam na minha mente, trazendo memórias felizes e dolorosas.

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