Em um abismo de Fúria
Aviso: Neste capítulo, há cenas de violência doméstica. Se isso te incomoda, considere se quer continuar lendo. Essas cenas tratam de questões sérias e buscam iniciar conversas importantes. Se você estiver lidando com problemas similares, é essencial buscar ajuda.
LEON ME PUXOU ABRUPTAMENTE PARA O CARRO. Eu me agarrei a ele, lutando para não cair. Senti meu coração disparar e um nó se formar na garganta. O medo tomou conta de mim. Meus olhos se arregalaram e minha boca secou. Fiquei paralisada, incapaz de fazer qualquer coisa ou dizer uma palavra.
Leon bateu à porta do carro com força, o barulho ecoando pela garagem. Seus olhos brilhavam de raiva, e seu rosto estava contorcido de fúria. Gerard apareceu na escuridão, sua figura imponente aumentando a tensão do momento.
— O que você tá fazendo aqui? — Leon perguntou, com a voz áspera e desconfiada.
Gerard me olhou com alívio, mas Leon o interrompeu.
— Ela não é da sua conta. — Leon disse, apontando para Gerard. — Não olhe para ela.
O medo me paralisou. Eu sabia precisar reagir, mas Leon era perigoso.
— Gerard, estou bem. Vá embora! — Eu disse, tentando manter a voz calma. — Não quero que você se machuque.
Gerard me olhou agradecido.
— Sei que você está assustada, Marina. — Ele disse. — Mas não vou te deixar sozinha.
Gerard se aproximou do carro, pronto para me proteger. Era mais alto e forte que Leon, seu rosto estava tenso, mas não recuou.
Leon, por outro lado, parecia tenso e cruel.
Os dois homens se encararam por um momento, e então Leon empurrou Gerard com força. Gerard caiu de costas com um baque, e eu senti uma onda de choque percorrer meu corpo. Eu podia quase sentir sua dor, a imagem de seu corpo desacordado no chão ainda viva em minha mente.
Leon se abaixou perto de Gerard, ofegante. Ele olhou para o rosto desacordado do homem.
— Isso é o que você ganha por tentar me enfrentar. — A voz dele estava cheia de desprezo.
Leon se levantou e entrou no carro. Ele ligou o motor, e o som alto quebrou o silêncio da tarde. Leon acelerou e partiu, deixando uma nuvem de poeira para trás. O carro desapareceu rapidamente, e o som do motor foi se perdendo até desaparecer por completo.
A sensação de paralisia retornou, agravada pelo cheiro de óleo e borracha queimada da garagem.
Leon, com sua postura rígida e dominante, me levou para dentro da casa. A familiaridade da sala, agora obscurecida pela sombra que a envolvia, era iluminada apenas pela luz fraca do corredor, um farol solitário na escuridão.
Sentia a pressão de seus dedos fortes no meu braço como algemas invisíveis, um aperto que intensificava a dor a cada segundo.
— E se você machucou Gerard? — Minha voz trêmula rompeu o silêncio — Trabalhamos juntos, ele pode te denunciar.
— Não estaríamos nessa situação se você não tivesse se metido — Leon respondeu, intensificando a pressão em meus braços.
Atordoada e assustada, consegui perguntar:
— O que você quer dizer?
— Você acha que eu não vi os olhares entre você e Gerard? — Leon acusou, com seus olhos escuros brilhando de raiva.
— Ele só estava sendo educado — respondi, tentando manter a calma, enquanto meu coração batia descompassado.
Seus olhos me queimaram com um olhar furioso.
— Acha que vou acreditar nisso? — Ele questionou, com um sorriso irônico no rosto.
Exausta, eu disse — Leon, acredite no que quiser. Eu pensava que você me amava, mas parece que era tudo uma farsa, não é? A raiva crescia dentro de mim.
Seu olhar era penetrante e ameaçador quando ele se aproximou mais do meu rosto.
— Cuidado com o que você diz — ele alertou, como se eu fosse uma presa prestes a ser abatida.
— Leon, por favor, se acalme! Desculpe. Eu... eu não quis dizer isso. — Falo tentando me controlar, mas sentindo as lágrimas brotarem em meus olhos.
Paralisada pelo pânico, consegui me soltar e correr para o banheiro, um espaço pequeno e frio, como uma cela de prisão. Travei a porta antes que ele pudesse me seguir.
O som da minha respiração ofegante ecoava no silêncio do banheiro, enquanto eu tentava ouvir o que Leon dizia do outro lado da porta. Ele batia na porta com força, como se estivesse tentando derrubar a barreira que me separava dele.
Sabia que não podia ceder; o medo do que ele poderia fazer se entrasse era grande demais.
— Não vou abrir até você se acalmar — gritei. — Tenho meu celular e se continuar agindo assim, vou chamar a polícia.
Ouvi um som de frustração vindo de Leon.
— Ameaçar chamar a polícia não vai me intimidar. — Disse, sua voz carregada de desprezo.
Fiquei em silêncio, segurando as lágrimas. Nunca havia feito nada para merecer o tratamento de Leon. O som do vidro quebrando intensificou meu medo. Leon estava agindo como um animal selvagem. Eu estava presa no banheiro, aterrorizada.
Depois de uma hora, reuni coragem para abrir a porta do banheiro. Olhei para fora, com o coração batendo forte. Para minha surpresa, Leon não estava mais lá. Respirei aliviada e saí do banheiro.
Voltei para o quarto, que agora parecia um pesadelo. Encontrei Leon ao telefone, falando animadamente. Sua voz, que antes era carregada de raiva, agora estava normal e relaxada.
Leon desligou o telefone e me encarou, como se estivesse estudando meus pensamentos. Colocou o telefone na mesa ao lado e se virou para mim, sem mais distrações. Seus olhos, que antes estavam cheios de raiva, agora tinham um brilho curioso.
Fiquei sob o olhar dele, sentindo uma mistura de alívio e medo pelo que estava por vir.
— Você se livrou dessa vez — disse Leon, aproximando-se e segurando meu rosto com suas mãos frias. — Kolby me ligou. Vou à casa dele assistir a um jogo.
Mantive o olhar fixo nele, tentando manter a calma. As palavras de Leon soavam como uma ameaça, e eu podia sentir o medo se acumulando dentro de mim, mas me esforcei para não demonstrar. Encarei a raiva em seus olhos com determinação.
— Chega, Leon! Você passou dos limites! — Exclamei, empurrando-o para me soltar. — Não vou mais permitir que você me trate assim. Basta!
Leon riu com ironia.
— Olha... então você finalmente resolveu falar? — Ele passou a língua pelos lábios, um sorriso sarcástico no rosto. — Eu pensava que isso era mais uma de suas fraquezas, mas parece que você tem um pouco de valentia, afinal.
Leon me puxou para si, seus lábios encontraram os meus em um beijo forçado. Senti uma onda de repulsa e desespero me inundar. Era uma submissão forçada, um lembrete cruel da prisão emocional que eu estava vivendo. Cada fibra do meu ser gritava para eu me afastar, mas eu estava paralisada pelo terror.
— Você pensa que pode simplesmente me deixar? — Ele sussurrou, olhando fixamente nos meus olhos. — Você é minha, sempre foi e sempre será.
As palavras dele me atingiram como um soco no estômago. A realidade do meu relacionamento com Leon se revelava cada vez mais sombria. Eu sabia que tinha que encontrar uma maneira de escapar dessa situação.
— Eu não aguento mais isso, Leon. — Mesmo com minha voz tremendo, fiz questão de mostrar que eu era forte.
Leon riu amargamente, os olhos cheios de surpresa e raiva.
— Agora você está falando com valentia. — Ele tentou se aproximar, mas recuei, mantendo distância. — Mas vamos ver se essa valentia dura até eu voltar.
Enquanto Leon se afastava, eu me sentia finalmente livre. O medo que ele havia plantado em meu coração havia começado a desaparecer. Um fio de otimismo começou a crescer, e comecei a sonhar com um futuro sem ele.
Com o estrondo da porta fechando, o medo desapareceu. Senti um otimismo surgir, como um raio de sol após a tempestade, alimentando meus sonhos de um futuro sem Leon. Tremendo, peguei o celular para falar com Gerard, uma mistura de medo e expectativa. A sala, antes vazia, agora parecia mais acolhedora.
Estava pronta para iniciar uma jornada desconhecida, cheia de desafios, mas com coragem e esperança, eu estava pronta para enfrentar tudo, um passo de cada vez.
***
Nota para quem está passando por situações difíceis:
Antes de concluir este capítulo, quero dedicar um momento a todos aqueles que possam estar enfrentando desafios semelhantes aos descritos nesta história. Se você é uma vítima de violência ou abuso, saiba que não está sozinho(a) nesta jornada.
É crucial lembrar que a violência e o abuso não têm justificativa e não são de forma alguma culpa da vítima. Existe ajuda disponível para você. Se você estiver em perigo iminente ou precisar conversar com alguém que possa oferecer apoio, por favor, procure ajuda imediatamente.
Independentemente de onde você esteja, há organizações e pessoas prontas para auxiliar. No Brasil, você pode entrar em contato com o Disque 180 - Central de Atendimento à Mulher, que oferece suporte e orientação em casos de violência contra a mulher. Além disso, outras opções incluem a Polícia Militar (190) e a Polícia Civil, bem como abrigos e casas de apoio.
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