♛PRÓLOGO♛
18 anos antes
Jordani estava no palácio de Aregan, exercendo seu trabalho como jardineiro, debaixo de um sol escaldante e já com sua saúde fragilizada. O calor que fazia no pequeno país, estava castigando todos os seus cidadãos, ainda os mais pobres, que assim como Jordani batalham diariamente para conseguir sustentar sua família com o pouco que ganhara.
Mas ora, costumavam-lhe dizer que trabalhar para o Rei Philip era puro luxo, que a partir do momento em que fosse aceito no emprego, sua família jamais viveria sob miséria. Ledo engano. Jordani enfrentara horas na fila, debaixo de chuva, enquanto aguardara por sua vez na entrevista de emprego. Já haviam dias que se encontrava desempregado, e sua esposa o esperava grávida em casa. O pouco que havia na despensa já estava acabando, e a aflição o tomara por completo quando vira que não conseguiria um emprego rapidamente, então anunciaram no colossal portão do palácio que o rei entrevistaria alguns cidadãos para ser seu mais novo jardineiro. Jordani não pensara duas vezes, na manhã seguinte acordara cedo, vestira sua melhor roupa e foi andando até o palácio, mas lá já haviam milhares de homens, com os mesmos problemas que os seus, todavia, mesmo assim não perdera as esperanças.
Na entrevista mostrara sua habilidade com a jardinagem, fizera um belo buquê de flores e esculpira um arbusto, coisa que agradara o rei, que não pensara duas vezes antes de contratá-lo. Desde então, quase que diariamente, Jordani passara a trabalhar no palácio, sob sol e chuva, fazendo todos os gostos do rei quanto ao seu jardim.
Então sob o sol forte, o calor já insuportável e com sua roupa toda molhada de suor, Jordani veio a desmaiar. O rei caminhava pelo jardim, acompanhado do príncipe Christopher, seu único herdeiro ao trono. O jovem de apenas 12 anos olhou o funcionário do castelo caído, e correu para ajudá-lo, trazendo consigo o pai. Os dois juntos conseguiram levar o homem desacordado até a enfermaria do palácio, onde o melhor médico do país trabalhava de prontidão a família real.
— Encontrei meu jardineiro caído no jardim, então meu menino e eu o trouxemos para que o senhor desse uma olhada em seu estado. — Explicou-lhe o rei.
O médico August examinou Jordani e concluiu que o homem sofrera de uma hipertermia, e teve auxílio de uma enfermeira em sua tentativa bem sucedida de regular a temperatura do corpo do jardineiro, esse que logo acordara confuso na enfermaria real. Deram-lhe de comer uma salada, aferiram sua pressão e mandaram-lhe tomar um banho para poder se refrescar mais ainda, algo que agradara e muito Jordani, dado ao calor que se encontrara no país.
Jordani saíra da enfermeira e encontrou-se com o rei, sentado em uma poltrona no corredor, enquanto lia um jornal. Prontamente ele reverenciou-lhe, e prontamente ficara de pé novamente, exibindo sua melhor postura.
— Vossa Majestade, surpresa em vê-lo aqui.
— Meu filho e eu que lhe trouxemos até aqui, senhor Manteufell.
— Muito obrigado, Vossa Majestade.
— Irei pessoalmente levá-lo até sua casa, e o senhor terá o resto do dia para se recuperar em sua casa.
— Meu rei, não precisa se preocupar comigo, eu posso voltar ao meu trabalho e irei até a minha casa sozinho.
— Eu faço questão, senhor Manteufell. Pegue seus pertences, irei aguardá-lo em meu automóvel.
Jordani ficara confuso, mas altamente agradecido ao rei. Estava cansado de tanto trabalhar aquele dia, o verão estava o castigando por todos os seus pecados naquele dia, pensara.
Voltara até o galpão onde os equipamentos de jardinagem ficavam guardados, inclusive sua bolsa onde levava sua comida diariamente. Caminhara sob o sol até onde o rei o aguardava, já dentro de seu carro. Abriu-lhe a porta traseira e se acomodada ao lado do rei. Dera as instruções ao motorista para como chegar em sua casa.
Eram poucas as vezes que o rei visitara a região menos abastada de seu pequeno país. Ficara impressionado ao ver que pouca coisa havia mudado, ainda mais depois de seus esforços em tentar dar o melhor ao seu povo, mas a bonança não dependia apenas dele. Infelizmente não poderia melhorar a vida de todos, ou dar-lhes os melhores empregos. Doía-lhe no coração não ter um país tão rico como deveria, mas sabia que fazia o possível ao seu povo. E se alegrara ao ver que mesmo diante de tantas dificuldades, todos ali sorriam.
O motorista estacionou o veículo em frente a um casebre, e o rei observou a casa simples onde seu jardineiro morava, e lembrou-se de quando conheceu sua esposa, a Rainha Edith, a quem se apaixonara perdidamente quando ainda era um jovem rapaz. Sua querida esposa o ensinou tanto sobre a vida, e naquele momento notou que queria que seu filho pudesse ter a mesma oportunidade que ele teve, de descobrir uma vida diferente daquela que é lhe dada no palácio.
Jordani o convidou para entrar em sua casa, pois queria apresentá-lo a sua amada e carinhosa esposa, que estava prestes a dar à luz, a maior alegria do simples casal. O rei entrou na casa pequena, mas se impressionara com a limpeza e a candura daquela casa. Estephânia, esposa de Jordani, prontamente reverenciou o rei, e o próprio pediu-lhe para não fazer isso, pois estava grávida.
Sentou-se no sofá com o estofado já gasto e fora servido com um café fresco, e principalmente, muita simpatia do casal.
— Essa criança em seu ventre, já sabes se é um menino, ou menina? — Questionou o rei, deixando o casal confuso com o seu interesse repentino.
— É uma menina, vossa majestade. — Jordani respondeu em prontidão.
O rei se pôs a pensar sobre essa informação, e lembrou-se de todas as coisas que sua amada lhe ensinou, estivera pensando sobre isso desde que entrara naquela casa simples, então uma ideia maluca veio em sua mente e pensara em fazer uma proposta a esse casal.
— Imagino que vocês querem dar a melhor vida a essa criança quando ela nascer.
— Com toda certeza. — Estephânia respondeu de forma simpática.
— Irei propor algo a vocês. Darei educação, roupa, atendimento médico e boa condição de alimentação a essa criança quando ela nascer, desde que vocês me deem garantia de que ela irá se casar com o meu filho, futuro rei de Aregan, quando ela completar seus dezoito anos.
O casal ficou em silêncio, tentando entender se ouviram a mesma coisa, ou se ambos estavam a ter delírios. Olharam-se confusos e voltou a atenção ao rei, que estava sentado, bebendo seu café — muito bem feito, por sinal —. Ele aguardava uma resposta do casal, mas achou melhor permanecer em silêncio, para que os dois pudessem assimilar o que havia proposto.
Todos pais querem dar o melhor sempre a sua filha, e Jordani e Estephânia sabiam que não conseguiriam dar todos os esplendores possíveis a sua filha, luxos como uma boa educação particular, vestidos dos mais caros e a melhor alimentação possível. Apenas Jordani trabalhava e ele não ganhava muito dinheiro e ainda viviam de aluguel.
— Não queremos perder a nossa menina. — Estephânia pensou em voz alta, e sua frase chamou a atenção do rei Philip.
— Jamais iria querer algo assim, senhora. — Colocou sua xícara sobre a mesa de centro e curvou-se para frente, apoiando os braços em seus joelhos, afim de ficar mais próximo do casal. — Sua filha continuará sendo a sua filha, eu quero que vocês a criem até os 18 anos, dando a ela tudo que mereça, porém, sempre mantendo a simplicidade para manter sua dignidade como pessoa intacta. Quero que ela possa ensinar ao meu filho coisas que ele jamais irá conhecer vivendo no palácio, assim como minha esposa me ensinou.
— A rainha já foi plebeia? — Jordani perguntou incrédulo, pois achara que a rainha sempre fora parte da família real.
— Pois é, conheci minha esposa quando fui pescar com meu pai, o meu sogro era dono de uma lojinha nas docas, e desde então sempre ia até lá apenas para vê-la, me apaixonei e pedi sua mão em casamento.
— Não sabia sobre isso. — Estephânia novamente pensa em voz alta.
— Bom, se vocês aceitarem a proposta ficarei extremamente feliz.
— Há muito para pensar, vossa majestade. — Jordani respondeu.
— Pensem primeiro, estarei aguardando uma resposta.
E assim levantou-se e fora embora, deixando o casal confuso em seus pensamentos. Pensaram nós prós e contras da proposta e os prós estavam ganhando, já que as únicas coisas contras eram: ela se casar sem amor e passar a viver fora aos 18 anos.
Mal dormiram naquela noite de tanto que pensaram, e na manhã seguinte Jordani foi decidido até o palácio para mais um dia de trabalho e pediu para conversar com o rei, que estava na companhia de seu filho, talvez futuro genro de Jordani. Christopher o cumprimentara educadamente e pediu licença ao sair do escritório de seu pai.
Jordani segurava um chapéu em sua mão, reverenciara o rei Philip e sentou-se na cadeira de couro, mas sem conseguir relaxar completamente.
— Conversei com a minha esposa, e nós pensamos muito sobre a proposta de vossa majestade.
— Então.
— Nós aceitamos.
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