♛CAPÍTULO 33♛
Olha que milagres realmente acontecem, postei um capítulo recentemente e cá estou eu para postar novamente. E venho pedir para que vocês comente, pois tenho sentido falta dos comentários de vocês, e isso ajuda muito no crescimento desse livro. Se vocês têm carinho por Isobel e por Christopher (por mim também, é claro), não deixem de comentar, tá bom????
Havia um grande oco em meu peito, não conseguia sentir mais nada, além de me sentir extremamente miserável com tudo que está acontecendo. Meu pai está com câncer novamente, e eu passei o dia todo tentando processar a notícia.
Não havia certeza alguma sobre a doença, por mais que meu pai dissesse que ele estava bem, que não era algo grave, ainda assim, não deixava de ser um maldito câncer, que iria sugar toda a vitalidade da pessoa mais importante da minha vida.
Pensar nisso trazia aquele caos para dentro de mim, que eu tentei impedir de vir o dia todo com grandes quantidades de álcool. A dor era sufocante e latente em meu peito, me arrancava o ar e as lágrimas preenchiam meus olhos sem uma pausa. A bebida não me ajudou em nada, não como eu planejei, sei que estou bêbado como um porco, mas a dor ainda está aqui, o sabor forte da vodca não anestesiou em nada o que pesava em meu peito. Só queria conseguir fugir de tudo.
Meu telefone mais uma vez começou a vibrar sobre a mesa, a tela se acendeu e o nome de Isobel brilhou. Ignorei a todos o dia inteiro, não conseguia ler as mensagens, apenas me tranquei no gabinete e fiquei sentado na minha cadeira desde a hora em que cheguei. Não tive forças para fazer nada além de beber, nem mesmo meu computador eu liguei. Pedi que nenhuma ligação fosse repassada para mim, aqui é o único lugar em que posso ficar isolado, sem ninguém em cima para falar alguma coisa. Eu só queria ficar sozinho.
Também me sentia péssimo por fazer isso com Isobel, sei que ela está me esperando na nossa casa, mas eu não quero que ela me veja assim. Já se passava das dez da noite, e ainda não dei nenhum sinal de vida a ninguém.
Eu amo Isobel, estou sendo um covarde por não estar ao lado dela agora, nem ao menos li as suas mensagens, e isso faz com que eu me sinta um lixo por estar a afastando agora. Peguei meu celular e pedi para que o motorista preparasse o carro, pois sei que já está na hora de voltar para casa.
Quando cheguei ao palácio, precisei ficar alguns minutos dentro do carro, com a cabeça encostada no banco, porque sentia uma ânsia terrível. Entrei em casa quando me senti um pouco melhor. Encontrei Isobel sentada no sofá, ela deu um pulo quando me viu e veio correndo na minha direção. Seus olhos estavam vermelhos, o que denunciava o seu choro.
— Graças a Deus, Christopher, você quer me matar de preocupação? — Seu tom de voz era urgente. Segurei em seu lindo rosto e beijei sua testa.
— Me perdoa. — Peço. Ela sacode a cabeça e me abraça apertado.
— Meu Deus, Christopher, você está defendo a álcool.
Eu sorri, mesmo sem querer, eu sorri, porque tinha total consciência de que estava totalmente bêbado, mal conseguindo me manter em pé. Bebi a porra do dia inteiro, porque queria anestesiar essa dor, esse medo de perder meu pai, esse medo de vê-lo sofrer novamente, porque o tratamento de câncer é dolorido pra' caralho.
— Vamos subir, Christopher. Facilita para mim, por favor.
Isobel colocou meu braço em volta de seu ombro, apenas para me dar apoio, o que era engraçado, porque nossa diferença de altura dificultava tudo. Andei apoiado na parede, em busca de equilíbrio, e quando vi a escada, queria desistir de subir. Não sabia como pôr o pé no degrau, era como se meu joelho não funcionasse mais para dobrar. Estava tudo turvo na minha frente.
Chegamos ao quarto, Isobel me jogou na cama, e começou a tirar minha roupa. Eu queria ajudá-la, mas meu corpo não correspondia aos meus comandos.
— Você precisa de um banho, e agora! — Isobel resmungou, ela parecia estar furiosa com a situação, não a julgo. Realmente dei motivos para enfrentar a sua fúria. — Venha, levanta.
Me apoiei novamente na minha baixinha favorita, e ela me levou para o banheiro. Meu estomago protestou quando vi a privada, e mal consegui segurar o vômito que veio com tudo. Me odiaria pelo resto da minha vida por estar fazendo Isobel passar por isso. Me agachei em frente ao vaso, e coloquei tudo para fora.
— Saí daqui. — Pedi a Isobel.
— Não. — Foi tudo que ela disse.
Isobel se ajoelhou atrás de mim, apoiando a cabeça nas minhas costas, dizendo que tudo ficaria bem, que meu pai ficaria bem, que eu ficaria bem, que nós ficaríamos bem. Sua mão alisava o meu cabelo, então o choro voltou com tudo. Queria dizer que a amo, as palavras estavam querendo escapar da minha boca, mas o momento é terrível para me declarar assim, não quero que essa seja a lembrança de Isobel ao me ouvir dizendo que a amo pela primeira vez. Engoli as palavras junto as lágrimas, e me levantei. Dando descarga. Isobel ainda estava do meu lado. Me fez sentar sobre a tampa da privada, e pegou uma toalha úmida, passando pelo meu rosto. Secou algumas lágrimas insistente com os seus dedos.
Eu sou um bosta, não mereço esse carinho nesse momento, mas ter Isobel ao meu lado agora é tudo que preciso.
Ela me fez tomar banho gelado, era uma tortura quando as gotas frias caiam sobre a minha pele. Lembro apenas de chorar por muito tempo debaixo do chuveiro.
A dor de cabeça veio com força, como se ela fosse cair do meu pescoço, e olha que eu não acho que seria uma má ideia. As cortinas do quarto estavam abertas, a luz que entrava por elas me cegava. Me movi, jogando o travesseiro na minha cara, em um lapso de consciência olhei para relógio sobre a mesinha de cabeceira.
— Puta que pariu! — Reclamei, ao ver que já se passava das dez.
A porta abriu, e Isobel entrou com uma bandeja. Ela me olhou com um amplo sorriso. Eu nem me lembro como fui parar na cama ontem de noite.
— Bom dia, senhor bebum, a ressaca está forte? — Zombou, sentando-se na cama. Na bandeja havia um copo de água e alguns comprimidos. — Ontem você me deu um trabalhão.
— Desculpa, eu não lembro.
— Ah que péssimo, pois não irei poupá-lo da vergonha. — Sorriu para mim, provavelmente debochando. — Você brochou. Estava bêbado demais.
— O quê? — Fiquei incrédulo, a encarando, esperando ela dizer que era mentira.
— Sim, você brochou. Saiu do banho vindo para cima de mim, mas sua coisa não subia de jeito nenhum. Então consegui fazer você dormir, garanhão. — Concluiu gargalhando alto. Engoli os comprimidos, sentindo a minha boca com o gosto amargo. Constatei que estava pelado sob o edredom.
— Desculpe, Isobel. — Peço com sinceridade. — Não queria dar trabalho ontem.
— Está tudo bem, foi engraçado, você me fez rir. — Agora eu quem estava sorrindo, Isobel é meu ponto de paz no caos.
— Eu excedi, ontem. Não sabia o que fazer.
— Eu entendo, grandão. — Ela alisou meu rosto, sorrindo para mim. — Estou aqui por você.
— Obrigado, de verdade. — E ali estava o "eu te amo" me minha boca, mas alguém bateu na porta antes que eu pudesse dizer alguma coisa.
Isobel se levantou, atendeu a Janete e voltou com mais uma bandeja, dessa vez com um café da manhã completo. Estava enjoado, por conta da ressaca, e provavelmente por conta de tudo, mas comi, porque não queria decepcioná-la mais.
— Liguei cedo para o gabinete, falei que você estava sofrendo com uma virose e o ministro geral irá substituí-lo por uns dias. Acho que um tempo irá lhe fazer bem.
— Obrigado, mais uma vez.
Minha baixinha sorriu e foi até o closet, voltou com uma muda de roupas para mim, e minha mãe entrou no quarto de supetão.
— Bom dia, querido. Isobel, minha linda.
As duas se abraçaram em cumplicidade. Minha mãe sentou-se na cama.
— Como você está? — Me pergunta. Bebo um gole de café, a fim de aplacar a ressaca.
— Do mesmo jeito que você. — É o que respondo. Minha mãe desvia brevemente o olhar. — Iremos ao médico hoje, como Isobel falou que você estava em casa, pensei em chamá-lo para ir à consulta conosco. É durante a tarde, quando o consultório ficar vazio.
— É claro, pode deixar que irei. — Respondo. — Agora você poderia nos dar licença? Estou peladão aqui.
— Ah, eu nunca vi isso aí não. — Ela brinca, apertando a minha bochecha como se eu tivesse cinco anos de idade ainda.
— Vai por mim está muito diferente. — As bochechas da minha mãe ficam vermelhas, e ela saí do quarto, deixando apenas Isobel e eu. — Acho que vou tomar um banho.
— Vai lá, sua roupa está aqui.
— Obrigado, Isobel, mais uma vez.
Me levanto, sentindo a minha cabeça ainda rodando por conta da minha bebedeira de ontem, passei bem dos limites, mas não ao ponto de parar no hospital, o que é bom. Isobel se aproxima, e fica nas pontas dos pés para me dar um selinho, eu enlaço a sua cintura e aprofundo o beijo, é bom tê-la aqui para me apoiar.
Tomo um banho demorado, tentei ficar tranquilo na frente de Isobel, mas foi só me trancar no banheiro que aquela angustia voltou. Sempre diziam que o segundo câncer é mais agressivo que o primeiro, quase perdemos o meu pai em seu primeiro câncer, então pensar sobre isso me aterroriza.
Já o vi agonizando no hospital, preso a uma maca, e quando a parada cardíaca veio, senti como se o chão sobre os meus pés se abrisse. Jamais vou me esquecer de como é ter aquela sensação, se eu fechar meus olhos, ainda ouço o choro copioso da minha mãe, eu não tinha forças para consolá-la naquele momento, pois estava preso demais a dor que eu sentia.
Soquei a parede, porque sinto raiva disso estar acontecendo, as pessoas boas sempre acabam sofrendo, há assassinos por todo o mundo, pedófilos, corruptos, e toda espécie de pessoas ruins, mas elas não sofrem nada, enquanto meu pai, um cara que sempre foi integro, um bom rei, um bom marido, pai e filho estava sofrendo. Ele iria sentir dor e medo, enquanto um filho da puta qualquer que não merece um pingo de felicidade estaria se regozijando. Isso é frustrante demais.
Vesti a calça moletom e a camisa que Isobel havia separado para mim, terminei de comer o café que ela preparou e avisei que iria visitar meu pai. Ele estava sentado no sofá, enquanto lia o jornal.
— Bom dia, pai. — Me aproximo, sentando ao seu lado.
— Oi, como você está?
— Eu quem deveria fazer essa pergunta. — Meu velho sorri para mim, e coloca a mão na minha coxa, me tranquilizando.
— Estou bem, pode acreditar, meu filho.
Pressionei os olhos com força, sentindo que poderia voltar a chorar a qualquer minuto. Eu não era tão chorão assim, mas não tem como não ser quando se envolve alguém que eu amo tanto.
— Como você descobriu?
— Creio que não irá querer saber. — Responde rindo.
— Quero sim.
— Ok, sua mãe que descobriu, ela percebeu enquanto fazíamos algumas coisas...
— Ah, está bom, chega, entendi! — O corto, o que faz meu pai rir. Continuo não querendo imaginar meus pais transando, mesmo já estando com trinta anos de idade.
— Então fui ao urologista, fiz exame de sangue e uma ultrassonografia, e você já sabe o resto.
— Por que não me falou antes? — Questiono.
— Filho, você já é um homem ocupado, não queria preocupá-lo sem ter certeza.
— Pai, você sabe que pode sempre contar comigo, independente do que irá me deixar preocupado, ou não. Eu sou seu filho, porra, seu único filho.
— Eu te entendo, Christopher, mas também espero que você me entenda.
Apenas sacudi a cabeça, porque jamais vou entender caralho nenhum! Não quando ficam me omitindo as coisas, pois odeio ser o último a saber. Fiquei um tempo ao lado do meu pai, enquanto ele tentava puxar assunto comigo, sobre coisas triviais. Tentei interagir com ele, para que não se sentisse mal.
Voltei para o meu apartamento no horário do almoço, e Janete quem havia cozinhado dessa vez. Isobel e eu almoçamos juntos, depois ela me chamou para o quarto. Deitamos na cama, minha namorada veio para cima do meu corpo, beijando o meu pescoço, logo em seguida a minha boca.
Nos beijamos por um tempo, Isobel estava realmente empenhada em me distrair, como quando eu cheguei no dia em que recebi a notícia, mas agora não estou conseguindo me concentrar somente na minha namorada.
— Baixinha. — A chamei. Ela me olhou, mas não me deixou falar muito, voltou a me beijar. Seu beijo é o melhor do mundo, claramente sou louco de tesão por ela, mas hoje não consigo.
Isobel se esfregou em mim, e me olhou quando notou que eu estava morto lá embaixo. Sorri sem graça para ela.
— Desculpa... — Peço sem graça.
— Tudo bem, eu entendo.
Ela continuou deitada em cima de mim, mas dessa vez apoiou a cabeça em meu peito. Fiquei acariciando seu cabelo, sentindo o cheiro bom que provinha dele. Me senti muito frustrado, porque não consegui dar a Isobel o que ela queria, isso nunca aconteceu antes.
Acabei por dormir também, acordei quando já estava perto da hora de sair para a consulta ao lado do meu pai. Isobel acordou junto comigo, perguntando se eu precisava de alguma coisa, mas neguei. Me arrumei, e fui até o apartamento dos meus pais, e os dois já estavam prontos me aguardando.
Eu quem iria dirigir até o centro especialista em oncologia, um caminho que eu já conhecia bastante, porém não o seguia há bastante tempo. Mas agora sei que terei que voltar a recorrê-lo com frequência.
Quando chegamos, meu pai foi encaminhado direto para o consultório. Minha mãe e u entramos juntos com ele, pois jamais o deixaríamos ouvir tudo sozinho. O doutor, já conhecido por nós, nos mostrou as imagens do exame do meu pai, o tumor era pequeno, mas ainda assim era um tumor. O fato de ser o segundo câncer era o que mais nos preocupava.
— Não é complicado dessa vez, mas é sempre bom termos cuidado e atenção com o tratamento. — Explica o médico.
Sabemos mais detalhes da cirurgia, e por prevenção meu pai irá retirar o testículo com o tumor e o saudável também, no lugar iriam colocar próteses. Meu pai olhou preocupado para a minha mãe, e eu soube que ele queria tirar umas duvidas, mas provavelmente estava com vergonha de mim.
— Pode falar, pai. — O encorajo. Ele sorri para mim e respira fundo antes de se dirigir ao médico.
— Isso vai afetar a minha vida sexual? — Obviamente eu faria o mesmo questionamento se estivesse no lugar dele, e por Deus, como eu queria estar, não era para meu pai estar passando por isso de novo.
— Não irá afetar em nada, pode ficar tranquilo quanto a isso.
Meu pai sorriu aliviado, e com mais algumas recomendações, saímos do consultório. Eu ainda estava com um nó imenso na garganta, porque estava segurando o choro. Não queria chorar na frente deles, pois sei que irá fazê-los se sentir pior.
— Pois é, agora você vai ter próteses no saco. — Zombo meu pai, apenas para quebrar o clima pesado que estava dentro do veículo. Meu velho riu.
— Pensa pelo lado bom, Christopher, ao menos não vou ficar com o saco murcho quando estiver mais velho.
— Meninos! — Minha mãe nos repreende.
Ao menos conseguimos rir um pouco em meio a esse momento ruim. Meu pai colocou a mão na minha perna e apertou um pouco, me dando um sorriso reconfortante, como quem dizia que tudo iria ficar bem, eu realmente espero que tudo fique bem. É o que mais quero nessa vida.
❤
Espero que tenham gostado!
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Beijão!!!!!
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