♛CAPÍTULO 30♛
Minhas amigas me olhavam atentas, porque finalmente revelei que não sou mais virgem. Esperei para revelar, porque achei que esse momento foi íntimo e só diz respeito a mim e Christopher, por mais que eu as ame e confie nelas. Também acho que esperei contar primeiro a minha mãe.
— Então foi para isso que você me pediu a pomada de assadura? — Ingrid questionou, me olhando com olhos acusatórios.
— Você falou que era por causa do absorvente! — Jessy exclamou.
Respirei frustrada, porque odeio mentir para minhas amigas, mas realmente espero que elas me entendam.
— Eu sei, eu só estava confusa, não era a minha intenção esconder isso de vocês, mas quis esperar estar à vontade o suficiente para contar. — Me defendi. Respirei fundo.
— Sinto que tem um "mas" aí. — A mais velha me olhou, um pouco preocupada. Loren me conhece de cor e salteado.
Fiquei em silêncio, ela tem razão.
— Foi uma bosta? — Ingrid perguntou.
— A primeira vez sim, extremamente dolorosa. — Respondi, baixinho e olhando em volta. Pois estamos na cozinha do palácio, e algum funcionário pode aparecer a qualquer momento. — Mas depois foi bom, eu me acostumei e acabei gostando. Atualmente, tenho uma vida sexual ativa.
Fui pega se surpresa com Ingrid puxando palmas, e as três estavam eufóricas me aplaudindo e dizendo "finalmente" e "Christopher merece um prêmio". Olhei revoltada para elas, as xingando.
Respirei fundo, quando a euforia acabou e bebi mais um pouco do meu suco.
— Ok, desembucha, o que te preocupa? — Jessy pegou na minha mão, e eu senti meus olhos começarem a ficar marejados.
Eu gosto de sexo, tem sido cada vez melhor, mas o que Christopher me revelou, ainda fica pairando sobre a minha cabeça. Phillip acha que o filho é viciado em sexo, e eu acabo por concordar com sua opinião. Pesquisei na internet sobre ninfomania, mas vi que era mais grave do que Christopher parece ter, que caso, é uma compulsão por sexo. Ele quer transar todos os dias, às vezes acorda já pronto para o ato, e antes de dormir é certo fazermos sexo. Até mesmo quando chega do trabalho, às vezes. Se isso não é vício, eu não sei o que é.
Todas as vezes em que fazemos sexo é prazeroso, ele me faz de contorcionista, enquanto testa todas as posições mais mirabolantes que sua cabeça inventa, na hora eu nem ligo, é claro, porque, repito, eu realmente gosto de sexo, mas no dia seguinte fico sentindo dores musculares por todo meu corpo, e de noite eu estou lá, novamente fazendo sexo.
— Christopher tem um probleminha com sexo.
— É precoce? — Loren faz todas nós rimos.
— Antes fosse... Ele quer fazer sexo o tempo todo, todos os dias. Está sempre pronto para isso.
— É só você dizer não. — Jessy diz. E eu sei.
— Sim, mas tenho medo de ser insuficiente, entendem? Não quero que ele ache que não sou boa para ele. — Desabafo, sentindo vontade de chorar, porque realmente estou gostando muito de Christopher, e jamais perdoaria uma traição.
— Isobel, Christopher só tem olhos para você. Sabe, ele ficou meses sem fazer sexo, e não acho que o rei acharia ruim se você não quiser. — Ingrid segura na minha mão, me confortando.
Sacudo a cabeça, tentando encerrar aquele assunto ali, porque é complicado. Acho que me relacionar com Christopher é ter sempre aquele sentimento de medo, de não ser boa o suficiente, e principalmente, medo dele se cansar de mim.
As meninas foram embora um pouco antes de Christopher chegar. Ele havia trago uma Ankle Boot que comprei, que pedi para entregar no gabinete. Estava apaixonada pelo sapato, o coloquei nos pés para saber se conseguiria me equilibrar nos saltos grossos de 14 centímetros. Fiquei encantada com a bota de cano curto, que vai até o tornozelo. Ela é preta, tem um cadarço — que mais serve de enfeite —, e o material é tipo couro sintético.
Meu namorado estava me observando, enquanto eu andava de um lado para o outro, constatei que a bota é confortável, e fácil de usar, fora que não fico tão mais baixa ao lado do rei, esse é o principal motivo de eu estar aderindo o uso de saltos altos, e me acostumando a usá-los. A bota foi cara? Foi, mas acho que mereço um pouquinho.
— Gostou? — Christopher pergunta, ainda me olhando, parecendo um pouco entediado.
— Sim, eu amei!
Me joguei em cima dele, o fazendo deitar na cama. As mãos de Christopher vieram rapidamente parar na minha bunda, mas eu as afastei. Dei-lhe um beijo rápido e fugi, dando uma breve corridinha para o closet, onde tirei as botas e as coloquei onde guardo os meus sapatos.
A minha transição para o quarto de Christopher estava praticamente completa, só os vestidos mais sofisticados que ficaram no meu quarto. Ainda é estranho ver todos os meus pertences brigando por espaço com as coisas do rei.
— Então, pegou sol hoje? — Christopher perguntou, enquanto procurava uma roupa em sua parte do closet.
Faz uma semana que fiz um checkup geral da minha saúde, e para a minha surpresa, estou com deficiência de vitamina D, então agora preciso pegar sol e tomar um suplemento vitamínico para ajudar. Por sorte não é nada muito grave.
— Sim, eu odeio ter que ficar sozinha lá fora. — Reclamo, voltando para o quarto e me deitando na cama.
— Você sabe, baixinha, se eu pudesse faria isso com você, com certeza. — Ele beija a minha testa e ruma para o banheiro.
Por sorte fiquei aliviada por não ter nada preocupante, principalmente em relação a minha pressão arterial. Conversei com o médico sobre o episódio que tive com a ansiedade, não tenho nenhum transtorno que requer muita atenção, apenas foi um pico muito grande de estresse. O doutor me indicou um floral, devo tomá-lo quando me sentir ansiosa, ou estressada demais. Comprei dois frascos, um para deixar na minha bolsa e outro para deixar no palácio, caso haja necessidade.
Havia feito lasanha no almoço, dois tabuleiros, um para comer com minhas amigas, e outro para jantar com Christopher.
— Eu amo lasanha! — Declarou o rei, quando coloquei um pedaço em seu prato. Christopher lambeu os lábios, parecendo uma criança ansiosa para comer, amo esses momentos que temos juntos. — Isso está muito cheiroso, por Deus, Isobel! — Não demorou muito para que ele começasse a comer.
Eu me servi, e realmente, arrebentei nessa comida. Lasanha é algo que não costumo fazer, porque é difícil, mas quando faço, sempre fica bom.
Separei uma calça para dormir, porque decidi que essa noite irei me abster de sexo. E Christopher tem que entender. Penteei meu cabelo, escovei os dentes e passei o hidratante por todo meu corpo. O rei já estava deitado na cama quando sai do banheiro.
Fui para o meu lado, quando puxei o cobertor para me deitar, tive um pequeno vislumbre de Christopher completamente pelado. Ele me olhou, provavelmente estranhando o fato de eu estar dormindo de calças, o que é algo que realmente não curto.
Deitei, tentando me manter não tão próxima a ele, senti todo meu corpo rígido de tensão.
— Tem alguma coisa que eu precise saber? — Christopher me olha, com o cenho franzido.
— Eu só quero dormir hoje. — Respondo, sem olhá-lo diretamente nos olhos.
— Tudo bem. — O rei solta um suspiro alto. — Só dormir hoje.
Christopher estendeu o braço na minha direção, então me deitei nele e o abracei, envolvendo a sua barriga com meu braço. Me aconcheguei no calor do seu corpo, sentindo a mão de Christopher acariciar minhas costas em movimentos circulares.
— Obrigada... — Sussurro.
— Pelo quê? — Questiona. Não estava olhando para ele, mas sabia que Christopher me olhava.
— Por me entender.
— É minha obrigação te entender e respeitar, não deve me agradecer por isso. — Dá um beijo na minha cabeça, e me abraça mais contra o seu corpo.
O abraço de Christopher se tornou o meu lugar favorito.
Me senti ansiosa enquanto me olhava no espelho, sem saber se era realmente certo eu ir até o aniversário de Kayan. As festas do meu primo são sempre as melhores, tem músicas boas, muita gente dançando, é realmente uma das únicas festas que eu costumava gostar de frequentar. Só não sei se é o ambiente para Christopher ir, estou tão acostumada com a nossa rotina, que mal me lembro do título que ele carrega.
— Você quer ir? — Pergunto a ele. Christopher estava lindo, usando uma camisa social azul marinho, deixando os primeiros botões abertos e o as mangas até a altura do seu cotovelo. E tudo ornava com a calça jeans escura e os tênis pretos. — A gente pode ficar aqui.
— Você quer ir, eu sei que quer, não me importo. — O observo, enquanto ele passava um gel no cabelo, o penteando para trás com os dedos.
Fiquei sem saber direito se minha roupa estava boa. Coloquei uma mini saia vermelha bordô, de cintura alta. Ela tem um tecido macio e detalhes de botões na frente. Vesti um suéter preto de gola alta e uma jaqueta de couro, também preta. Aproveitei a oportunidade para estrear a minha bota nova.
— Você está gostosa. — E com isso tenho a aprovação do meu namorado, apesar de ele falar isso sempre, mesmo se eu estiver usando um saco de batatas.
— Obrigada. — Sorrio para ele.
Vejo se está tudo em minha bolsa, ainda mais o meu floral, porque corro o risco de encontrar a vaca da Raquel nessa festa. Kayan falou que não a convidou, mas sabemos que o resto de aborto da minha família não iria perder a oportunidade.
Christopher que dirigiu essa noite, Lawrence e Arthur sempre estavam conosco. Eu pedi para que mais seguranças, além dos dois, nos acompanhassem e ficassem do lado de fora. A festa aconteceria na casa da minha vó, faz muito tempo que não a visito, e pensar sobre isso me deixa triste. Me distanciei muito de todos. Isso não é certo. Mas o que eu poderia fazer? Minha vida mudou completamente, fui enfiada nessa situação sem nenhum tipo de planejamento para mim, é difícil apenas deixar as coisas acontecerem, quando tudo parece fugir do meu controle. Absolutamente nada é como antes.
Estacionamos na frente do portão da minha vó, já vendo a quantidade de carros que estavam parados pela rua. Aquilo me deixou levemente mais ansiosa. Espero que Kayan tenha feito o que me prometeu, de avisar a todos que não era para haver pandemônios com a presença de Christopher.
Segurei a mão do meu namorado, e caminhamos juntos pelo corredor que leva até o quintal dos fundos, Timber tocava a todo vapor, podia ouvir as pessoas conversando alto. O quintal estava todo iluminado com bolas e luzes coloridas, que piscavam, por todo o canto. Dona Adelaide ama esse tipo de bagunça, obviamente ficou contagiante quando o neto pediu permissão para fazer a festa em sua casa.
Kayan quando me viu, veio correndo na nossa direção, com os braços abertos, me dando um abraço super apertado.
— Você veio! Eu não acredito! — Me ergueu, e me apertou mais ainda.
— Não podia faltar, não é mesmo?
— Christopher, é ótimo vê-lo aqui. — Estendeu a mão para o rei. Por sorte ele conseguiu levar a sério o meu pedido de tratá-lo como um convidado normal.
— Agradeço ao convite, trouxemos esse presente para você.
Kayan olhou empolgado para o saco de papel verde que Christopher lhe entregou. Meu primo ama a marca Gucci, mas nunca teve condições de comprar nada. Christopher havia me perguntado o que dar de presente ao meu primo, só não esperava que ele fosse comprar duas camisas e duas bermudas da marca, totalizando um valor altíssimo para o que seria uma lembrancinha.
— Meu Deus! Eu. Não. Acredito! — Quando dou por mim, meu primo estava agarrando o meu namorado, todo empolgado. — George, venha cá! — Chamou seu marido.
George veio, um pouco tímido, algo que é característico de sua personalidade. Me deu um abraço e apertou a mão de Christopher, também ficou tão surpreso como Kayan com o presente.
— Esse é o melhor presente do mundo, não acredito que vocês me deram isso! — Ganhei mais um abraço de Kayan. — Obrigado, minha querida. E obrigado, Christopher.
— Fico feliz que tenha gostado. — Christopher é tão polido fora de casa, que nem parece o mesmo homem que só fala besteiras quando está comigo.
Kayan segurou em minhas mãos, me analisando da cabeça aos pés.
— Tu estás mudada, mais bonitas, mais mulherão. O que você tem feito com a minha prima, senhor Christopher? — O questionamento do meu primo fez meu namorado rir.
— Não queira saber. — Foi tudo o que Christopher respondeu, me deixou aliviada, porque não foi nada explicito demais.
Avistei meus pais em uma mesa, com alguns dos meus tios. Acenei para alguns conhecidos que nos olhavam curiosos durante o caminho até a mesa. Respirei aliviada quando me sentei, notei que haviam duas cadeiras ao lado dos meus pais. Eles estavam guardando o nosso lugar.
Abracei todos que estavam ali reunidos, meus parentes diziam que eu estou linda e mudada. Agiram normal perante ao Christopher, como pedi no grupo da família durante a semana.
Me sentei ao lado do meu pai, ficando entre ele e Christopher. Por sorte, os dois já pareciam mais entrosados, pois Christopher tem uma facilidade incrível para se comunicar com todos. Acredito que seja também por conta do seu cargo, já que ser sociável é algo que ser rei exige. Pensar nisso me dá um nó na garganta, porque nunca fui de me comunicar bem com pessoas que não estou acostumada, e se de fato eu me casar com Christopher, essa vai ter que ser uma das coisas em que terei que me tornar boa.
Abri a minha bolsa e peguei o frasco do floral, Christopher me olhou preocupado quando me viu pingando algumas gotinhas do remédio na boca.
— Você está bem? — Se aproxima de mim para perguntar.
— Sim, estou bem. Só uma breve ansiedade. — Porque sei que se eu for parar para pensar nesse assunto, provavelmente terei um ataque, e aqui não é um lugar muito propício para isso.
Todos nós nos surpreendemos quando vovó chegou na festa, toda triunfante, usando um vestido de arco-íris. Kayan ficou tão surpreso quanto todos nós, porque jamais esperaríamos isso dela, mesmo minha vó sendo uma das primeiras pessoas que abraçaram a orientação sexual do meu primo. Quando Kayan se assumiu, eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, porque nunca vi nada de errado nas pessoas amarem pessoas do mesmo sexo. Mas todos foram se acostumando com o fato de Kayan ser gay, e sempre abraçamos todos os seus namorados, principalmente George, que é um ótimo homem para meu primo. Os dois formam um casal incrível, que se amam muito.
Christopher e eu fomos abraçar a minha avó, ela ficou muito feliz a presença de nós dois. Fui até a mesa onde estavam as comidinhas, parei no caminho para falar com algumas pessoas conhecidas. Separei alguns salgadinhos em um pratinho e peguei uma cerveja para Christopher, porque sei que ele gosta.
Senti todo o sangue se esvair do meu corpo. A vaca da Raquel estava sentada no meu lugar, ao lado do meu namorado! Pisei fundo no chão, caminhando sentindo a raiva consumir cada poro que possuo em minha pele. A nojenta mal chegou, e já começou a me provocar. Respirei fundo, coloquei o sorriso mais falso no rosto, e fui em direção a mesa.
Já que a vaca ocupou o meu lugar, me sentei no colo de Christopher, o pegando totalmente de surpresa.
— Tio, não imaginei que o senhor viria. — Raquel falava, com aquele jeito entojado dela. Senti vontade de vomitar. — Ah, prima, ocupei o seu lugar, desculpa.
— Ah, prima, não se preocupe, estou sentada em um lugar bem melhor agora. — Falei, alisando o peito de Christopher, aproveitando que estava sentada de lado, bem de frente para ela.
Raquel mediu toda a situação com o olhar, me fitando de cima abaixo, provavelmente analisando a minha roupa. A ignorei. Christopher tinha a ordem de não falar com Raquel, independente da situação. Meu namorado bebeu a cerveja, tentando manter o foco em outra coisa, evitando olhar a nojenta da minha prima.
Quando Raquel se tocou e levantou, voltei a ocupar a minha cadeira, ignorando a vontade de passar desinfetante no assento.
— Ela é muito cara de pau! — Reclamo.
— Fica calma, filha. — Minha mãe pede. — Raquel pode querer te provocar, não caia na dela.
A mão de Christopher afagou a minha coxa, então tentei controlar a minha respiração. Por mais que eu esteja com ele agora, mesmo sabendo que Christopher se sente atraído por mim, eu simplesmente não consigo me sentir segura, tendo ao lado de Christopher uma mulher que é linda. Porque apesar da Raquel ser uma ridícula, ela é linda, não posso negar. E muito mais bonita que eu.
Senti muita vontade de chorar, para não fazer isso na frente das pessoas, me levantei. Christopher estava vindo atrás de mim. Os meus pés foram para o tal quartinho de visitas da minha avó, onde nós dois compartilhamos o nosso primeiro beijo. O rei fechou a porta, me sentei na caminha, tentando controlar a crise de choro que estava querendo chegar. Isso é péssimo.
— O que está acontecendo? — Christopher sentou-se do meu lado e pegou na minha mão.
— É bobeira. — Respondo.
— Nada que a faça chorar é bobeira, Isobel.
— Às vezes, eu me sinto um lixo, sabe? Você é um homem lindo, Christopher, e não me sinto o suficiente para você.
— Isobel, não fale isso.
— Mas é como eu me sinto, há milhares de mulheres como Raquel que estão apenas esperando a oportunidade de serem notadas por você, e também tem as mulheres que já foram notadas...
— Baixinha, eu sou apaixonado por você. Na verdade, sou louco por você, Isobel. E nunca duvide disso. — Me fez olhá-lo, enquanto eu recebia carinho em minha bochecha. — Eu sou completamente louco por você.
Me veio uma vontade inacreditável de beijá-lo, ultimamente não tenho me controlado quanto a isso. O beijei, sentindo o gosto de cerveja em sua boca, assim como o nosso primeiro beijo. Nem pensei que poderia estar assim quando nos beijamos pela primeira vez, porque eu o odiava. Mas não posso negar que aquele beijo quebrou todas as barreiras que levantei quando o conheci.
Saímos do quartinho de mãos dadas, então demos de cara com vovó, que nos olhou com as sobrancelhas arqueadas.
— Quero nem saber o que os dois estavam fazendo aí sozinhos. — Brinca. — Estephânia me falou que você amou o Pavlova dela, mas o meu é melhor. — Ah meu Deus, lá vem ela com essa história do Pavlova. Dona Adelaide pegou na mão de Christopher e o puxou até a cozinha. — Eu que a ensinei fazer, aí como ela disse que você gostou, eu fiz um e deixei escondido para você.
— Eu tenho certeza que irei adorar. — Christopher falou. Não sei quem é o mais puxa saco dessa história.
Minha avó olhava para os lados, como se estivesse prestes a cometer um crime. Abriu a geladeira e retirou do fundo da gaveta de legumes um pote azul tampado. Ela realmente escondeu o Pavlova de todo mundo. Pegou duas canecas no armário e serviu uma totalmente cheia e a outra até a metade. Óbvio que a cheia era de Christopher.
O rei deu a primeira colherada no doce, e soltou um gemido de satisfação, fazendo minha avó sorrir.
— Meu Deus, isso é maravilhoso! — Christopher tem razão, o Pavlova da minha mãe é incrível, mas o da minha avó é o melhor de todos, não é segredo para ninguém.
— Sabia que você iria gostar. Quando vocês forem embora, podem levar, pois fiz apenas para vocês. — Vovó deu um tapinha nas costas de Christopher e saiu da cozinha. Eu a amo tanto.
Comemos o Pavlova, lavei as canecas, apenas para não haver provas do crime. Voltamos a festa, as pessoas notavam a nossa presença, então preferi ficar sentada ao lado dos meus pais, vendo as pessoas dançarem. Obviamente eu queria estar lá, ao lado do meu primo, todavia, prefiro manter Christopher longe de todos os desconhecidos.
As pessoas têm muitas curiosidades sobre o nosso relacionamento, inclusive os membros da minha família, até porquê, não sou de ficar falando sobre nós dois, nem mesmo para a minha mãe. Converso mais abertamente com as minhas amigas.
Kayan pegou no meu ponto fraco quando colocou Everyday da Ariana Grande para tocar, ele sabe que ela é uma das minhas cantoras favoritas, e que estou sempre ouvindo todas as músicas dela, o tempo todo.
Meu primo veio todo dançante na minha direção, estendendo a mão para mim, virou-se para Christopher e disse:
— Vossa Majestade, se importaria se eu roubasse a sua namorada um pouquinho?
— De maneira alguma, fique à vontade. — E o rei entrou na brincadeira.
— Vamos, Izzie, hora de rebolar essa bunda que Deus lhe deu.
Peguei na mão de Kayan, rindo sem graça pela maneira que ele falou, mas não irei negar que não senti vontade de dançar. Fomos de mãos dadas para o que seria uma pista de dança. Algumas pessoas do estúdio de Kayan estava presente, eu os conheço, porque frequentava muito algumas aulas, inclusive, ajudava Kayan com algumas aulas também, sou uma excelente ajudante.
Meu primo começou a me animar para dançar, aos poucos eu fui me soltando e mexendo o meu corpo no ritmo da música, sem focar em fazer uma coreografia. A letra da música em questão, dizia muito sobre como me sinto sobre Christopher. Porque sempre que estou sozinha, penso sobre ele, e sinto a falta dele.
Kayan segurou a minha cintura, me fazendo rebolar contra ele. Nós dois sempre fomos assim, é como se meu primo fosse o meu par perfeito para a dança. Ele quem inventou essa loucura. Christopher me olhou rindo, aquele sorriso ladino, que só ele tem.
— Como estão as coisas entre vocês? — Kayan perguntou, junto ao meu ouvido, apenas para eu ouvi-lo. Me virei para o meu primo, apoiando os braços em seus ombros. Assim podemos conversar melhor e continuar dançando.
— Bem, estão bem. Eu acho que estou apaixonada pela primeira vez.
— Você acha, Izzie? Pois eu tenho certeza. Ele está muito na sua! — Meu primo olha sobre meus ombros, provavelmente vendo que Christopher está nos olhando.
— Eu acho que mudei ele, sabe? Christopher é muito cachorrão.
— O importante é ser cachorrão só com você agora, né?
Dei uma risada sem graça, a risada que me entregou. Kayan ergueu as sobrancelhas, se divertindo com a situação.
— Meu Deus, desembucha logo, estou doido para saber. Como ele é em quatro paredes?
— Christopher foi fofo, no começo. Eu perdi a minha virgindade com ele. — Kayan arregalou um pouco os olhos. — Mas agora, eu não sei se dou conta. Ele é do tipo insaciável.
— Meu Deus. — Murmurou. — Tipo, insaciável mesmo?
— De manhã, de tarde e de noite.
— Meu Deus. — Murmurou mais uma vez. — Como você está inteira?
Dei de ombros e foquei em dançar Promises do Calvin Harris. Kayan segurou na minha mão, e me fez girar, como se dançássemos uma valsa. Voltei rindo para os seus braços, e aproveitei o gingado perfeito do meu primo para balançar meu corpo junto ao dele, com aquela sincronia que só nós dois temos juntos.
A pista de dança se abriu quando começou a tocar Senõrita, pois Kayan e eu dançamos essa música com maestria, já que ensinamos juntos essa dança no estúdio dele. Nós dois deslizávamos em sincronia pela dança, fazendo todos os rodopios e movimentos de pés sincronizados, sem tirar os olhos um do outro, pois é uma dança onde deve haver química entre os dançarinos. Agradeci por estar com shorts por baixo da saia, pois há um momento da coreografia onde Kayan me pega em seu colo e gira comigo.
Parece que eu precisava de um momento assim, apenas me distrair e fazer o que gosto, sem me preocupar com outra coisa. Fizemos os últimos passos, com leveza e quando terminamos, sorrimos um para o outros, felizes, e com a certeza de que demos um show para todos.
Fomos aplaudidos, agradecemos a todos, então decidi que seria a hora de voltar à mesa e beber alguma coisa. Christopher manteve os olhos grudados em mim, como quem me visse nua por debaixo das minhas roupas. Todo o meu rosto ficou corado, porque seu olhar é bem intenso.
— Se ele não fosse gay, eu estaria socando a cara dele agora. — Sussurrou em meu ouvido, quando me sentei. Fiquei estranhamente arrepiada com sua fala.
O ignorei, e bebi um pouco do refrigerante que meu tio colocou em meu copo. Entrei na conversa que rolava na mesa, feliz por Christopher se dar bem com meus tios e tias. Nós dois levantamos para ir até o barzinho improvisado, onde um bartender estava fazendo alguns drinks. Escolhi um coquetel de frutas, com vodka e leite condensado, porque nunca bebi, mas sei que irei me arrepender no final da noite, porque descobri que bebidas docinhas são as piores.
Christopher e eu ficamos em pé, observando todos, ao mesmo tempo que todos nos observavam também, em especial Raquel, que não tirava os olhos famintos do meu namorado. Por sorte, Christopher, estava totalmente alheio a ela, pois ele se divertia vendo Kayan dançando Thriller na pista de dança.
Christopher me puxou para mais perto do seu corpo, senti seus lábios beijando o meu pescoço, enquanto ele puxava o meu cabelo para o lado.
— Você está linda. — Sussurra em meu ouvido, me fazendo sorrir.
A companhia de dança se juntou para dançar Beautiful Trauma da P!nk, e ao ouvir a letra, eu pensei em Christopher.
'Cause i've been on the run so long
(Porque eu tenho fugido há tanto tempo)
They can't find me
(Que não conseguem me encontrar)
You're waking up to remember i'm pretty
(Você acorda para lembrar que eu sou linda)
And when the chemicals leave my body
(E quando a química sair do meu corpo)
They're gonna find me in a hotel lobby 'cause
(Vão me encontrar no lobby do hotel, porquê)
Though times they keep comin'
(Dias difíceis continuam vindo)
All night
(A noite toda)
Laughing' and fuckin'
(Rindo e transando)
Some days like i'm barely breathin'
(Alguns dias é como se eu mal estivesse respirando)
After we were high
(Depois que estivermos altos)
And the love dope died it was you
(E a chapação do amor acabar, era você)
Olhei para o rei, que estava ainda distraído vendo todos dançarem, carregando um sorriso bonito em seus lábios. Se nada der certo, eu terei a certeza de que Christopher será o meu belo trauma, e o carregarei pelo resto da minha vida.
Às vezes me vinha uma vontade absurda de beijá-lo. Sei que estamos no meio da minha família e amigos do meu primo, mas não faz mal, né? Já que namoramos há um tempo, e todos sabem que estamos juntos, não posso reprimir minha vontade de ter a boca de Christopher grudada na minha, e com esse pensamento, eu o puxo para um beijo, segurando sua nuca, para que sua boca venha de encontro com a minha. Ele ficou surpreso, mas sua resposta foi rápida. Suas mãos vieram parar na base da minha coluna, enquanto aprofundava o beijo, me fazendo suspirar com o toque quente e macio de sua língua na minha.
Isso é muito bom, terrivelmente bom.
Christopher mordeu meu lábio e sorriu para mim, eu ia me afastar para pegar alguma coisa para beber, mas a mão de Christopher foi parar na minha nuca, enfiou os dedos entre o meu cabelo e me puxou de volta para ele, beijando-me novamente. O gemido que soltei com a pegada deve ter sido ouvido por todos.
Meu Deus, estou me tornando uma depravada.
— Gosta disso, baixinha? — Pergunta.
Estava com o lábio preso em meus dentes, sentindo a minha respiração ficar um pouco descompensada. Apenas balancei a cabeça, porque não conseguia falar, meu coração estava batendo em minha garganta. Isso foi o suficiente para me deixar excitada.
Christopher selou os nossos lábios, e deixou eu me afastar. Só não esperava levar um tapa na bunda, sem discrição alguma da parte dele.
Precisei ir ao banheiro para me recompor, Christopher voltou para a mesa, e eu fui até o quarto da minha avó, onde há uma suíte. Preferi vir aqui, porque nenhum convidado usaria esse banheiro.
Lavei as mãos, e molhei um pouco meu rosto. Saí do banheiro, mas fui surpreendida por Raquel, que estava sentada na cama, fingindo que estava analisando as unhas pintadas de vermelho, da mesma cor de seu vestido curtíssimo e com um decote super profundo.
— Você é engraçada. — Ela diz, com a voz debochada. Apenas cruzei os braços.
— O que você quer, Raquel?
— Você chega aqui, querendo enfiar seu relacionamento com o rei na nossa garganta abaixo. — Ia abrir a boca para falar, mas Raquel ergueu a mão, fazendo eu me calar. — Sempre soube que você queria ser eu, Isobel, mas usar o Christopher para me atingir é jogo baixo.
— Você está louca? — Me controlo para não gritar.
— Não estou. Você sempre soube que sempre amei o Christopher, que sempre fiz o possível para ser notada por ele.
Raquel me encarava com raiva, aponto de me deixar com medo de que ela fosse capaz de fazer alguma coisa contra mim. Sim, é verdade que eu sempre soube dessa obsessão de Raquel por Christopher, ela chegou a fazer cirurgias e pintar o cabelo para ficar no padrão de mulheres que ele costumava sair. Inclusive, Raquel frequentava as mesmas baladas e boates que o rei frequentava.
— Você nunca amou Christopher. — Tomo coragem de dizer. — Você não conhece o Christopher como eu conheço, então não pode dizer que o ama. O que você sente por ele é uma obsessão doentia, é errado, e não é real.
— Não fala isso! Você nunca vai ser o suficiente para ele! — Raquel fica de pé, e vem na minha direção, tentando me intimidar com sua altura. Eu ergo o queixo e a olho, tentando ser superior, apesar de estar mais baixa que ela.
— Eu tenho sido o suficiente nesses últimos oito meses. Christopher esperou por mim durante anos, ele pode ter tido outras mulheres, mas nenhuma mulher teve o que eu tenho. Nenhuma recebeu carinho e amor dele, apenas eu. Eu sou única para o Christopher, eu sou a única que ganhou isso.
Ergo a mão onde carrego a minha aliança de namoro na altura do rosto de Raquel, seus olhos focam no anel brilhante em meu dedo, e logo se enchem de lágrimas.
— Você pode dizer o que quiser, pensar, ou acreditar no que quiser, Raquel, mas você nunca vai ser eu, você nunca vai ter o que eu tenho, assim como mulher nenhuma nesse mundo. Christopher é meu, ele me pertence, assim como eu sempre pertenci a ele.
Raquel deu um grito, ia vir para cima de mim, mas antes que ela conseguisse me bater, nossa avó abriu a porta, gritando.
— Chega! Acabou! Acabou! — Adelaide estava com o rosto vermelho. Se aproximou de Raquel, e deu um tapa em seu rosto, me pegando de surpresa.
— O quê? — A loira levou a mão no rosto. — Por que você fez isso?
— Para você aprender! Acha que é certo ficar se insinuando para o namorado da sua prima, Raquel? Você já é adulta, essa coisa de adolescente tem que acabar, e logo! Você tem que respeitar Isobel, e o relacionamento dela, você gostando ou não! E se eu ver mais uma vez, você querendo discutir, ou tirar satisfação com sua prima, pode ter certeza que um tapa na cara será muito pouco. — Minha avó me olha, com o rosto vermelho. Ela costuma ficar assim quando está sozinha. — Isobel, nos dê licença, por favor, querida.
Assenti com a cabeça, e saí do quarto. As minhas pernas estavam tremendo, apoiei a mão na parede, respirei fundo, para aplacar o nervoso. Sequei algumas lágrimas que estavam presas em meus olhos, e voltei para a sala. Só não esperava ver Christopher sentado no sofá.
O rei franziu o cenho quando me viu, claramente devo estar com a cara péssima. Ele veio na minha direção, erguendo meu queixo.
— O que houve?
Comecei a soluçar, sem ter nenhum tipo de controle. Me sentindo péssima por estar assim por conta da provocação de Raquel, minha autoestima já não é lá essas coisas, e ela vem para me dizer tudo isso. Christopher me abraça, afundo o rosto em seu peito, aspirando o cheiro amadeirado do seu perfume. Recebi um beijo no topo da minha cabeça, enquanto ele me apertava mais ainda em seus braços, sem dizer nada.
Me afastei apenas para olhar Christopher, ainda mantendo meus braços em volta de sua cintura. O permiti limpar as lágrimas que ainda estavam escapando dos meus olhos.
— A Raquel é obcecada por você, e me falou algumas coisas agora. — Christopher arregalou os olhos brevemente. — Ela consegue mexer comigo.
— Isobel, você não tem que se importar com isso.
— Ela sempre me fez acreditar que é melhor que eu, mais bonita que eu...
— Baixinha, não há nesse mundo mulher mais bonita, mais atraente, ou melhor que você.
Ouvi um ruído atrás de mim, quando me viro, vejo Raquel com os olhos vermelhos nos encarando. Ela está chorando, e não é pouco. Minha avó dá um empurrão no ombro dela, a fazendo andar.
— Acho que agora ela entendeu. — Comentou Christopher, a olhando com uma expressão séria e nada amigável. Nunca o vi com tal feição.
Selamos nossos lábios, precisei ir até a cozinha para beber um pouco de água, a fim de aplacar o nervosismo. Christopher aproveitou e pegou mais Pavlova para comer.
A única coisa que eu sei, é que essa situação com Raquel azedou o resto da minha noite.
❤
Espero que tenham gostado!
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Beijão!!!!!
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