♛CAPÍTULO 21♛
As minhas unhas estavam longas e pintadas com um esmalte de cor nude. Eu coloquei alongamento pela primeira vez da minha vida, e fiquei horas com a manicure mexendo na minha mão. Coloquei alongamento de fibra de vidro, e eu ainda não sei como vou tomar banho com essas unhas gigantes. Foi indicação de Edith. Nós duas estamos em um spa, sendo mimadas para o grande baile da noite.
Essa semana foi uma confusão, o palácio inteiro estava super movimentado, com pessoas saindo e entrando o dia todo para a organização da festa. Edith e eu mal tivemos tempo de respirar, já que a minha ajuda foi essencial para ela. Sendo que eu não tinha ideia de como organizar uma festa, imagine então um baile.
Por sorte, Christopher conseguiu transferir grande parte do seu trabalho para casa, o que foi ótimo, porque conseguimos passar mais tempos juntos, mesmo que seja no sofá, com ele mexendo em seu notebook com um monte de papelada em sua volta. Pelo menos ele está por perto, e isso já é melhor do que nada.
Ontem de noite jantamos com Phillip e Edith, ficamos conversando e tomando chá até dar meia-noite. Secretamente, eu havia preparado um bolo de baunilha com chocolate para cantarmos parabéns, o pai de Christopher ficou altamente emocionado, e agradeceu a nós por estarmos ao lado dele aquela noite. O que foi estranho, porque ele me abraçou forte quando fui parabenizá-lo, e disse que estava muito feliz com a minha estadia no palácio, e que era especial eu compartilhar aquele momento com eles. Mas quem sou eu para questionar alguma coisa? Apenas retribui o abraço, mesmo sem entender muito na hora.
A ideia do baile me deixa muito ansiosa, porque a impressa ficará presente para a chegada dos convidados, e ficará por alguns minutos dentro do salão registrando os detalhes. Eu fiz uma busca na internet, atrás de noticias sobre o evento, e tudo era relacionado a mim, se eu estaria presente, o que estaria vestindo, ou sobre como eu iria ficar interagindo com todos ao meu redor. Então sim, eu me sinto muito pressionada.
Christopher convidou meus pais para o baile, e como em tudo da minha vida, eu estou sempre sendo a última a saber das coisas, mas a ideia de ter meus pais na festa me deixou aliviada, e também tem as minhas amigas. Essa semana eu troquei mais mensagens de texto com a minha mãe, porque ela estava bem preocupada com o que iria vestir, eu me baseei pelas roupas que Edith me mostrou no dia em que fomos comprar um vestido para mim, e eu ajudei a minha mãe no que ela poderia usar. Só sei que meu pai ficou extremamente charmoso com um smoking, eu nunca o vi vestindo algo tão lindo e formal antes.
Outra parte da minha vida que está me incomodando é: o Christopher me chamou para ir com ele na inauguração da obra da primeira creche. Ele me contou que será algo rápido, mas será um evento público, onde ele irá fazer um discurso — que eu o ajudei a escrever — e também terá impressa. Só de pensar em todas essas coisas, o meu estômago revira dentro da minha barriga, e tudo piora quando ele me lembra que um dia eu vou ser rainha.
Na maior parte do tempo, eu tento bloquear essas coisas da minha cabeça, porque é muito o que pensar, então eu não penso. Tento acreditar que o meu namoro é normal, com um cara normal, com uma casa normal, e que tudo foi escolhido por opção minha, não dos meus pais, mesmo antes de eu sair da vagina da minha mãe. Mas, a realidade é dura demais, e o meu medo me consome toda vez que eu penso sobre isso. Respirei fundo, tentando acalmar o meu coração, que já estava começando a bater em um ritmo mais acelerado.
— Algum problema, minha querida? — Edith me arranca dos pensamentos tortuosos.
— Edith, eu posso lhe fazer uma pergunta?
— É claro, todas! — Ela é sempre muito solícita e simpática comigo, o que pode tornar as coisas mais fáceis.
— Como foi para você se tornar rainha, você teve medo? — Pergunto, deixando meu copo de suco sobre a mesinha que separava nós duas. Ela fez o mesmo, e depois suspirou bem alto.
— Eu tive medo todos os dias, principalmente um dia antes da minha coroação. Minha pauta sempre foi defender os direitos das mulheres, antes de mim, minha sogra, só servia de enfeite ao lado do meu sogro, mas eu queria poder fazer algo de diferente. Queria poder servir de inspiração para mulheres. Na minha época, as coisas ainda eram arcaicas, eu quem fui atrás dos salários iguais para as mulheres, eu quem criei uma lei sobre não demitirem mulheres grávidas, ou aquelas que acabaram de terem filhos. E também tem os postos de saúde públicos, especializados em pré-natais.
— Você fez muitas coisas, por isso todos te adoram, eu estou assumindo um grande risco, as pessoas esperam que eu seja como você.
— Isobel, o que os outros esperam não importam, mas o que você espera? — Ela faz uma pausa, e eu não sei bem o que responder, ainda não tive tempo para pensar sobre isso. — Você é doce, teve uma criação excelente de seus pais, sei que é difícil pensar sobre essas coisas, ainda mais sendo tão nova, mas com o tempo você encontra seu lugar, e irá fazer aquilo que tiver vontade.
Sorrio para ela, porque não tenho muito o que dizer agora. Eu nem pensei sobre o que faria na faculdade, imagina o que fazer como rainha. Isso é muito assustador. Com as unhas feitas, Edith e eu fomos encaminhadas para uma massagem relaxante em todo o corpo. Eu fiquei surpresa, porque não sabia que eu poderia ficar tão tensa como eu estava, e quando acabou, eu me senti leve como nunca na minha vida.
Christopher me mandou uma mensagem perguntando se estava tudo bem, ele foi passar o dia com seu pai no seu clube de golfe. Phillip é um grande fã do esporte, e essa foi uma das motivações que levaram Christopher a abrir seu próprio negócio, além de claro, um dinheiro a mais também. Eu me pergunto o quanto ele deve ter em sua conta bancária, deve haver um número quase que infinitos de zero.
A última coisa que faríamos antes de irmos nos arrumar totalmente para o baile, seria tomar um banho na hidromassagem. Eu nunca fui tão mimada em toda a minha vida, e eu posso facilmente me acostumar com tudo isso, na verdade, seria bom vir aqui ao menos uma vez por mês, talvez eu fale sobre isso com o meu namorado, já que ele pode bancar tal luxo para mim.
O cheiro de sais de banho preenchia o ambiente, misturado com o cheiro de incenso. Me afundei um pouco mais na água, até ter do meu pescoço para baixo submerso. Estar aqui me lembra do dia em que eu fiquei com Christopher na banheira da nossa cabana na viagem, aqui é bom, mas nada se compara com aquele momento.
Peguei meu celular, estava com as mãos trêmulas, mas queria surpreender meu namorado de alguma forma. Ergui o aparelho com o braço, e tirei uma foto. Não mostrava nada demais, já que meu corpo estava coberto com a espuma, porém, eu tentei fazer uma expressão sexy, e uma pose também. Enviei a foto para Christopher, e deixei meu celular de lado, tentando ignorar a vontade de apagar a mensagem antes que ele possa ver.
Meu celular vibrou, e eu sequei as mãos antes de pegar o celular. Virei para ficar com os cotovelos apoiados na borda da banheira, porque tenho medo do aparelho cair dentro da água.
"Baixinha, você não pode brincar com fogo..."
Eu ri da mensagem dele, e mandei um emoji sorrindo de cabeça para baixo. Christopher visualizou na hora, mas demorou um pouco para me responder. Eu apenas prendi a minha respiração quando vi sua resposta. Ele mandou uma foto, estava em frente ao espelho, aparecendo da cintura para baixo, e em sua calça havia um volume bem marcado.
"Já que você quer me provocar..."
O que eu iria responder? Fiquei olhando o celular, a foto, vendo o Christopher online, apenas esperando que eu o respondesse. Eu tenho um fraco quando o vejo vestido casualmente, e o conjunto preto da Adidas é um dos meus favoritos.
"Ainda aí??????"
Respondi apenas que sim. Christopher estava digitando, o que parecia levar horas a fio, ou eu quem estava bastante ansiosa por uma resposta dele.
"Seria bom estar aí com você."
Pergunto porquê, e ele me manda emojis do diabinho roxo, sorrindo perversamente. Esse emoji é a cara dele.
"Um dia você vai saber todas as coisas que eu irei fazer com você em uma hidromassagem..., mas por hora, pequena e doce Isobel, eu iria te chupar, até você me implorar para parar."
Ele estava bem longe, mas mesmo assim a sensação de calor tomou conta de cada pedacinho do meu corpo. Respirei fundo, sem saber o que poderia responder, mas no fundo sei que eu realmente queria que algo do tipo acontecesse entre nós dois novamente.
Eu venho pesquisando na internet, em sites e canais no YouTube, sobre como agradar um homem, e ainda estou tomando coragem para conseguir fazer alguma coisa que possa surpreender Christopher. Mas aí eu penso, que talvez nada possa surpreendê-lo, porque ele já deve ter feito de tudo nessa vida, e pensar sobre isso faz com que eu quase entre em um colapso.
Mas voltando ao meu celular, eu digito uma breve mensagem para Christopher, mas que revela bastante sobre as minhas vontades: "talvez eu também queira isso." Minhas mãos estavam tremendo. Ele visualizou a mensagem na hora e começou a digitar.
"Você pode vir até a mim a hora que quiser, você sabe, né?"
"Estarei sempre a sua disposição."
Sorrio para o meu celular, porque sei que isso é verdade, Christopher não deve ser o tipo de cara que nega fogo a sua namorada. Respondi apenas que iria pensar sobre isso, e falei que iria precisar parar de trocar mensagens, pois eu havia um banho na hidromassagem para terminar. Christopher se despediu, e mando emojis com a carinha babando.
Uma troca de mensagens foi o suficiente para me deixar ansiosa para noite chegar, eu mal consegui me concentrar no que veio depois, porque só conseguia pensar em ver Christopher. Tomamos café da manhã juntos, e no meu peito eu sentia aquele ardor, um pontinho de saudade brotando.
Eu não me senti muito a vontade com os maquiadores e cabelereiros me puxando de tudo que é lado, essa é definitivamente uma coisa que eu não apreciei nem um pouco. Escolhi uma maquiagem de tons neutros por conta da cor do meu vestido, e o cabelereiro insistiu que eu deveria usar um coque, porque deixaria meus ombros em evidência. Edith concordou com a ideia dele. Eu aceitei no final, apesar de odiar ficar com o cabelo preso, ainda mais um coque, por mais bonito que fosse.
Ele fez um emaranhado de cabelo na minha cabeça, deixando alguns fios soltos, que estavam me incomodando demais. Me olhei no espelho, de fato, estou linda, a maquiagem está impecável, mas não me sinto totalmente bem. Parece que eu estou dez anos mais velha com a quantidade de maquiagem que colocaram em meu rosto.
Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu tive que engolir cada uma delas, porque não posso estragar o trabalho que durou duas horas. A noite nem começou, e eu já estava torcendo para que ela acabasse.
— Você está linda, Isobel! — Edith diz, toda sorridente. Essas coisas são naturais para ela, receber toda essa atenção, e ficar parecendo o ser mais intocável da terra. Edith tem aquela coisa que você olha e percebe que ela realmente é da realeza. Eu jamais vou conseguir ser tão elegante como a mãe de Christopher.
Fui encaminhada para uma sala reservada, aonde eu colocaria o meu vestido. Ele estava pendurado em um cabide alto, é lindo demais, mas não perfeito para mim. Toquei no tecido sedoso, e senti vontade de ligar para Christopher e pedir para que ele inventasse uma desculpa sobre a falta da minha presença. No fundo, eu queria ficar no quarto, comendo algum docinho, sem fazer mais alguma coisa. Mas talvez isso iria decepcioná-lo, iria decepcionar os meus pais, e talvez os pais dele. Então toda essa situação se torna um impasse para mim.
Por fim, eu coloquei o vestido, enfrentando uma crise existencial que não deveria existir. No fundo, tudo isso é medo, porque sei o quanto as pessoas estão esperando pela minha presença, e isso me assusta demais.
O vestido é de um tom vermelho profundo, no modelo sereia, deixa todas as minhas curvas bem marcadas, e o decote de ombro a ombro, acaba deixando meus seios bem salientes e bonitos. Me sentei no banco, e coloquei um Christian Louboutin nos meus pés. É um modelo de 15 centímetros de altura, ele é preto, possui o bico e o salto finos. Ele tem uma pequena tira e fecho com fivela, o que acaba deixando um belo charme. E ele tem o solado vermelho.
Durante a semana a rainha me emprestou um conjunto de joias. Era uma gargantilha, um colar com pingente, brincos e pulseira. Eles são de platina e diamantes, eu fiquei até com medo de saber o valor total de todas as coisas que eu iria usar.
Troquei algumas mensagens com minhas amigas, e meus pais, eles iriam vir juntos, em uma van que o Christopher contratou para buscá-los. Pedi para que reservassem uma mesa para que meus pais e as meninas ficassem juntos, eu não sei o que fazer, ou como agir essa noite, então espero que tenha algum lugar fixo para que eu possa me sentar.
Edith estava usando um vestido azul royal, muito lindo, de mangas longas e modelagem evasê. Ela sorriu para mim quando entramos no carro, e voltei toda a minha atenção para a janela, tentando controlar o nervosismo que eu estava sentindo. Todo o caminho de volta ao palácio foi em silêncio, mas não era desconfortável. Provavelmente, Edith, sabe como toda essa ideia do baile me deixa ansiosa.
Quando chegamos, já havia bastante movimentação de carros dos convidados, e minha mãe mandou mensagem avisando que já havia chego. Nós entramos pelos portões dos fundos, Christopher estava nos esperando onde o carro iria estacionar. Eu engoli a seco quando vi o meu namorado usando um fraque cinza.
Todo o meu corpo tremeu, porque Christopher estava extremamente gostoso com essa roupa. Ele havia me falado que iria usar um fraque, mas não sabia a magnitude que o traje iria trazer para ele. Christopher abriu a porta do lado de sua mãe, e a ajudou a sair, e depois veio até o meu lado para abrir a minha porta.
— Uau... — Diz, sorrindo. Ele estende a mão para mim, e eu saio do carro, sentindo as minhas pernas gelatinosas. A situação foi como a primeira vez que nos vimos. Nós dois ficamos encarando um ao outro, parecendo que estávamos absorvendo o momento. — Que puta cara de sorte eu sou.
— Você é muito idiota, Christopher. — Falo, totalmente sem graça.
— Da uma rodadinha. — Pede.
Christopher continua segurando a minha mão, mas agora no alto, e eu faço o que ele pediu.
— Puta merda, Isobel!
Meu namorado me da um amplo sorriso, e seus olhos passeiam por cada pedacinho do meu corpo, é como se ele me deixasse nua apenas com um olhar.
— Você está lindo. — Sorrio para ele, ainda meio abobalhada com toda a beleza desse homem.
Ergui um pouco a cabeça, e dei um selinho em Christopher, porque não queria borrar toda a minha maquiagem.
— Só isso? — Ele pergunta no meu ouvido.
— Sim. — Respondo, ignorando o calor que emanava dele. — Vamos?
Ele me olha de cima abaixo novamente, e vamos andando em direção a entrada dos fundos do palácio. Edith e Phillip já estavam conversando, e o pai de Christopher sorriu quando nos viu.
— Vocês dois ficam lindos juntos. — Diz, com um sorriso amigável. Christopher agradece, e eu sorrio sem graça para ele.
— Eu quero ir me sentar com meus pais logo. — Falo baixinho, para que somente Christopher me ouça.
— Nós já iremos ser anunciados. — Ele responde com naturalidade.
— Como assim anunciados? — Pergunto, confusa.
— Eles vão dizer os nossos nomes, e vamos entrar juntos.
— Como assim? Por que você não me falou isso antes, eu não estava preparada para isso! — A irritação veio com tudo. Não estava pronta para receber esse tipo de atenção logo de cara.
— Eu achei que você soubesse.
— Christopher, eu nunca participei de nenhum baile! — Minha voz sai um pouco alta, e os pais dele nos olharam. Eu respiro fundo, e peço desculpa.
— Isobel, está tudo bem, você só vai entrar de braço dado comigo, afinal, você é a minha namorada e acompanhante, então vamos entrar juntos.
Eu respirei fundo, tentando me acalmar. Eu já estava tão nervosa, queria apenas me meter no meio dos meus pais, e não sair dali pelo resto da noite, mas eu já vou chegar com todo mundo olhando para mim, quando eu queria passar despercebida pelo povo.
— Baixinha, está tudo bem, você está gostosa demais nesse vestido. E vai ser bem rapidinho. Vai dar tudo certo.
Ele segura meu queixo e ergue a minha cabeça, obviamente eu estava com uma carranca horrível. Mas me bastou sacudir a cabeça em concordância. Uma música clássica tocava de longe, nós fomos andando até a entrada em que chamariam a gente.
Christopher pegou minha mão e enganchou nossos braços, ele sorriu para mim, e pediu para que eu ficasse calma. Phillip e Edith trocaram um selinho e seus nomes foram anunciados.
— O Vossas Altezas Reais, Phillip e Edith Bergenthal de Aregan.
Os dois andaram com graciosidade, e quando a porta foi brevemente aberta, eu vi que havia um fotógrafo na frente deles, os dois pousaram para umas fotos e caminharam recebendo aplausos de todos.
— Está tudo bem, vai ser rápido, Isobel.
Concordei com a cabeça, e ergui meu queixo, tentando pensar em todas as aulas de etiqueta que eu tive. Pensei principalmente nas aulas de postura, onde aprendi a como andar de maneira correta e elegante. Mas como eu andaria assim com as minhas pernas tremendo demais?
— Vossa Majestade Real, Rei Christopher Bergenthal de Aregan, e a senhorita Isobel Manteufell.
Christopher precisou me puxar, pois eu não iria conseguir sair do lugar sozinha. Na nossa frente o fotógrafo clicando incansavelmente em sua câmera, as milhares de pessoas abrindo espaço para nós dois passarmos, enquanto aplaudiam nós dois. Olhei para Christopher ao meu lado no mesmo momento em que ele me olhou, eu sorri para ele, porque meu namorado é terrivelmente lindo.
Depois olhamos para a frente e sorrimos, eu provavelmente devo ter ficado horrível, porque estou tão nervosa, que meu sorriso deve ter saído todo torto.
O fotógrafo agradeceu e se retirou, eu respirei fundo e fiquei sem saber o que fazer a seguir. Mas tudo mudou quando uma grande multidão veio até nós. Todos queriam arrancar alguma coisa de Christopher. Eu fui apresentada há diversos ministros, e algumas pessoas importantes para o país, fui elogiada pela grande maioria, e depois eu ficava perdida nos assuntos. Levamos meia hora apenas nisso, então eu consegui me desvencilhar do braço de Christopher para ir atrás dos meus pais e minhas amigas.
Quase corri de alívio quando encontrei a mesa deles. Me aproximei da minha mãe, e beijei a testa dela e do meu pai, e agradeci pela presença deles, porque ter meus pais aqui é realmente um porto seguro. E também tem as minhas amigas, e fiquei bem surpresa quando encontrei Lawrence sentado ao lado da Ingrid, os dois conversavam somente entre eles.
— Nossa, eu não esperava por isso. — Cochichei com a Loren.
— Ele chegou aqui do nada, mas depois falamos disso. Mana, você está lindíssima!
Eu sorri um pouco desanimada para ela, e ouvi mais elogios vindo de todos ao meu redor, mas mesmo assim ainda não me sentia confortável com o vestido, com a maquiagem carregada, e o penteado que me irritava a cada vez que eu mexia a minha cabeça, porque os fios que eram para ficar propositalmente despenteados ficavam roçando na minha nuca e ombros, e me dava um nervoso terrível.
Um garçom passou pela nossa mesa e eu peguei uma taça de vinho branco, olhei para o lado e vi Christopher levantar a taça dele para mim. Uma conversa casual estava rolando em nossa mesa, até minha mãe me cutucar. Era o rei vindo na minha direção.
— Posso roubar um pouco a minha namorada de vocês?
— É claro, querido. — Minha mãe sorriu para ele, e me empurrou para que eu levantasse da cadeira.
Eu levanto e pego a mão de Christopher, mas envergonhada pela atitude da minha mãe.
— Eu já estou morando com você há meses, e a minha mãe ainda faz uma coisa dessas. — Reclamo.
— Ela sabe a filha difícil que tem. — Responde rindo.
— Eu sou incrível.
— Sim, você realmente é uma menina incrível, mas é tão difícil, que mora comigo há quatro meses e ainda não dormiu na minha cama.
Eu dei uma leve cotovelada em Christopher, pois já estávamos nos aproximando dos pais dele e mais um grupo de pessoas altas.
— Família, essa é Isobel, minha namorada. — Christopher me apresenta. — Isobel, essas são minhas tias, irmãs da minha mãe, Eva e Ellen.
— Olá, prazer em conhecê-las. — Me aproximo para apertar a mão de Ellen, uma mulher alta, com os olhos azuis e cabelos loiros platinados. A tia de Christopher me puxou para um abraço bem apertado, e Eva fez o mesmo quando Ellen me soltou.
— Finalmente, meu único sobrinho homem apresentou uma moça para a gente, né, Ellen? Edith estava certa, você é lindíssima! — Eva falou, enquanto me apertava mais uma vez. — Esse é meu marido Mauro, e minha filha Árgila está aqui perto, eu só não sei aonde.
Aperto a mão do homem moreno e também alto.
— Olha lá, Natália e Selene vindo com o meu esposo.
As duas meninas, provavelmente da minha idade, vieram pulando para perto de mim.
— Então é verdade! — A menina de cabelos ondulados e escuros me puxou. — Nat, você acredita nisso?
— Oi. — Digo, sem graça, sem saber onde me encaixar nessa situação.
— Eu sou a Selene, prima e afilhada do Chris, e essa é a minha irmã mais nova, Natália. — Aponta para a menina parecida com ela, mas Natália possuí longos cabelos escuros e lisos.
— É um prazer te conhecer, a gente fez uma aposta, e agora eu devo 20 dólares a Sel.
— Que aposta é essa, eu posso saber? — Christopher cruza os braços e finge fazer cara feia para as suas primas.
— Eu apostei que você só iria arrumar uma namorada fixa aos 40 anos, mas olha só. Você tem quantos anos, Isobel? E cadê a Angi? Não gosto de chamar a Árgila de Árgila, porque é o nome da nossa avó, e isso confundia totalmente quando ela era viva. — Natália falava rápido, e eu quase me perdia tentando entrar na conversa.
— Vocês duas não prestam. — Christopher aponta o dedo para as meninas. — Essa é a Isobel, como vocês já devem saber, e sou eu que mereço os 20 dólares, pela aposta que foi feita em minhas costas.
— Na verdade, eu quem mereço, já que eu sou a namorada. — Entro na conversa.
— Meu Deus! Eu adorei você! — Selene gritou, me puxando para um abraço apertado.
A família de Edith é muito simpática, e eu me senti bem acolhida por eles, ainda mais pelas primas mais novas de Christopher, que deixou tudo mais fácil para mim. Só que a família paterna de Christopher não era lá essas coisas. Phillip tem um único irmão, que se chama Richard, ele é casado e tem dois filhos homens e uma menina, que parecia já ser casada e com um filho pequeno, ela era a única pessoa mais sociável da mesa.
— Meu irmão falou que você é uma menina muito adorável, senhorita Manteufell. — Richard comentou, em uma tentativa de puxar assunto comigo, mas eu não fazia ideia do que responder.
— Phillip é muito legal, na verdade. — É tudo que eu digo. Edith me olha preocupada. Notei que há uma certa tensão entre todos dessa mesa.
— E vocês irão se casar? Christopher já tem que trazer um herdeiro, certo? — Cristina, esposa de Richard, perguntou, enquanto bebia um pouco de gin. Olho sem graça para Christopher.
— Começamos a namorar agora, não é mesmo? Ainda temos tempo.
— Casar e ter filhos? Christopher é o maior cachorrão da história, você deve ser muito especial mesmo, Isobel. — Anthony, primo de Christopher, que deve ter a mesma idade que ele, falou.
— Thony, se controla, ok? Se assusta não, Isobel, meu irmão tem tendência a ser idiota algumas vezes. — Cassidy, a filha de Richard falou. Eu sorri sem graça para ela, já sentindo uma vontade enorme de sair da mesa.
A conversa entre eles fluiu sem que eu me metesse, apenas respondia quando a palavra era direcionada a mim. Christopher inventou uma desculpa qualquer e decidimos nos afastar deles, ambos soltando um suspiro de alivio.
— Eles são péssimos, me desculpe.
— Ah, está tudo bem, Christopher. — Aliso o braço dele.
Meu olhar andou por todo o corpo do meu namorado, e senti um frio em meu estômago. Engoli a seco com a sensação, e tentei desviar o olhar, porque aquela coisa que acontecia às vezes entre nós dois estava começando.
— Quer ir para um lugar mais reservado? — Ele me pergunta, com um sorriso safado no rosto.
— Isso não é nem um pouco apropriado, Christopher. — O repreendo. O rei pega em minha mão, e alisa a palma.
— Dez minutos, prometo que ninguém vai perceber, eu preciso beijar você urgentemente, Isobel.
Olhei em volta, e todos pareciam estar distraídos. Há diversas pessoas nesse salão, quem iria prestar atenção em nós dois? Eu sacudi a cabeça afirmando, e ele sorriu daquela maneira torta para mim. Christopher segurou a minha mão, e me guiou pelo meio da multidão, indo até uma área mais distante.
Paramos em um corredor escuro, que era uma das saídas do palácio, somente quem conhece bem esse lugar tem o conhecimento dessa saída. Christopher não demorou para me pegar pela cintura. Ele me encostou na parede, e eu me ergui um pouco para alcançar a boca dele.
O beijo foi lento, como se não estivéssemos ansiosos por esse momento. Ele apertou a minha cintura, me puxando mais para ele, enquanto a sua língua invadia a minha boca com suavidade.
Nossos corpos estavam os mais colados possíveis, e nós tentávamos mais ainda ficar perto um do outro. Sentir o calor do corpo de Christopher contra o meu é uma das melhores sensações que eu já tive.
Ele afastou a sua boca da minha, segurou meu rosto em suas mãos e passou o polegar em meu lábio inferior.
— Estava doido para fazer isso. — Diz. — Você está deliciosa nesse vestido, Isobel, mas ficaria muito melhor sem ele.
— Christopher... — Sussurro, com o resto de fôlego que me resta.
Toquei os ombros de Christopher, sentindo a rigidez dos seus músculos por debaixo dos diversos tecidos que ele veste, no fundo eu sabia que queria vê-lo sem toda essa roupa e deitado na cama, apenas para eu admirá-lo, ou para eu matar todas as curiosidades que eu venho alimentando essas semanas.
— Posso dormir com você essa noite? — Peço. Seus olhos se arregalam, e um brilho se passa por eles.
— Sério, e por quê? — Pergunta, já visivelmente animado com o meu pedido.
— Sem perguntas, Christopher, ou eu vou desistir da ideia.
Ele morde o lábio, visivelmente ansioso com a nova informação. Nos beijamos mais uma vez e decidimos sair do corredor antes que alguém perceba nosso sumiço. Christopher não tirava os olhos de mim, era como se estivesse fazendo grandes planos para nós dois.
Eu tentava ignorar essa tensão que estava em volta de nós dois, mas a cada toque inofensivo do meu namorado, fazia meu corpo começar a entrar em combustão. Eu não sabia se as pessoas em nossa volta conseguiam perceber o que estava acontecendo entre Christopher e eu, mas sempre que estamos perto um do outro, todos prestavam atenção em nós dois. E os comentários da noite foram: "não acredito que Christopher esteja realmente namorando", "espero que dessa vez ele tome jeito". E no fundo eu ficava um pouco desconfortável de ouvir tudo isso.
Depois de conversar com alguns ministros, eu fui para a mesa, onde minhas amigas conversavam animadamente, meus pais foram conversar um pouco com Edith e Phillip. Coisa que me da até medo, na verdade.
— O que vocês estão achando? — Perguntei as meninas.
— A comida é ótima. — Jessy responde. Eu devo concordar, uma coisa que eu fiz foi comer bastante, e havia alguns coquetéis sem álcool, que eu aproveitei também. Como vou dormir com Christopher, achei que seria melhor não ficar bêbada.
— Vocês vão ficar chateadas se eu não dormir com vocês hoje? — Pergunto, mexendo no salgadinho que estava em meu prato, porque eu queria ignorar os olhares das meninas sobre mim.
— E você vai dormir aonde, minha consagrada? — Loren pergunta, e eu sorrio sem graça para ela.
— Hm, hoje o reizinho vai tomar um chá! — Ingrid arranca a risada de todo mundo da mesa, menos de mim.
— Não acredito que ouvi isso! — Ouço a voz de Selene atrás de mim, e eu acabo ficando toda vermelha. — A Angi finalmente apareceu. — Selene puxou uma menina com a altura igual a minha, eu me levantei para cumprimentá-la.
— É ótimo conhecer você! — Árgila é uma menina linda, a pele levemente bronzeada, lábios grossos, e o cabelo é pintado de vermelhão.
— Podemos nos sentar aqui? — Natália pergunta, e eu apenas afirmo com a cabeça. Selene pega uma cadeira vaga de outra mesa, e todas nós começamos a conversar.
As primas de Christopher são ótimas, e fiquei feliz por ter mais alguém da minha idade para conversar na festa. Elas ficaram chocadas quando souberam que eu tinha apenas 18 anos, achavam que eu fosse nova, mas não tanto assim.
— Christopher não tira os olhos de você. — Selene diz. — Em todos os bailes que foram feitos, ele ficava atrás das mulheres, mas hoje está conversando com a família, e com os homens.
— Isobel mudou o nosso priminho. — Angi diz, rindo.
— Isso acontece quando o chá é bem feito. — Loren diz, todas riem, menos eu, que fico sem graça.
— Vocês me matam de vergonha! — Reclamo.
— Ah! Eu amo essa música! — Natália gritou, e levantou da mesa.
O ambiente mudou, ficou mais escuro, e um jogo de luzes começou a brilhar no meio do salão, onde é para ser uma pista de dança. Tocava uma música Strip That Down do Liam Payne, e eu não acreditava nisso.
— Vamos dançar! — Angi agitou as meninas, mas eu fiquei parada no lugar.
— Como assim está tocando essa música aqui? — Pergunto, gritando para que elas me ouçam.
— É uma festa, e o DJ coloca músicas para animar, vamos meninas, o povo já está indo dançar.
Natália me puxou, e logo ficamos no meio do salão, onde algumas pessoas se arriscavam, mas ainda sem muito agito. Ingrid chega por trás de mim, e nós duas balançamos no ritmo da música, e eu até brinco fazendo um pedaço da coreografia que eu conhecia.
Quando tocou Don't Start Now da Dua Lipa, todos se agitaram mais ainda, incluindo eu e as meninas. No fundo, eu estava feliz por ter algo que eu goste. Até mesmo Edith veio dançar com a gente, e ela sabia a letra toda da música.
Reparei que o Christopher não tirava os olhos de mim, e eu aproveitei para dançar, tentando me exibir para ele. O rei sorriu para mim e virou a dose de uísque que estava em sua mão. O pior, é que Christopher sabe o quão destruidor de calcinhas ele é.
❤
As primas de Christopher foram inspiradas nas minhas melhores amigas, queria incluir as minhas meninas no meu livrinho!
Espero que tenham gostado!
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Beijão!!!!!
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