♛CAPÍTULO 2♛
Achei que teria uma noite de sexo quente, mas descobri que minha futura esposa é fria e uma pessoa um pouco desagradável. Costumava ouvir por aí que eu era — melhor, que ainda sou — o sonho de todas as meninas solteiras de Aregan, mas parece que é tudo diferente com Isobel Manteufell, uma menina de 18 anos que foi quase que prometida para se casar comigo. Há anos atrás eles levavam a sério toda essa coisa de casamento, porque meus pais e meus futuros sogros até assinaram um contrato para fechar o acordo, contrato esse que eu li e reli diversas vezes quando tive total compreensão do que realmente iria acontecer. E com a proximidade do aniversário de 18 anos de Isobel, eu passava quase que a maior parte livre do meu tempo no gabinete o lendo.
Quando tinha meus 17 anos, estava transando igual um adoidado com qualquer mulher que me desse mole, cheguei a dizer ao meu pai que iria rasgar a porra daquele pedaço de papel, porém nunca o fiz, e desisti de fazê-lo quando meu pai descobriu que estava com um linfoma, achei que iria perdê-lo e momentos antes da minha coroação eu prometi que iria cumprir meu papel e iria honrar o contrato assinado, ainda prometi solenemente que iria fazer àquela menina, que eu nunca tinha visto, ser a mulher mais feliz do mundo. E agora a conhecendo, eu me pergunto: onde foi que eu me meti?
Porém, meu pai estava certo em uma coisa, sua beleza. Foi quase que inevitável não repará-la, apesar da cara emburrada e o mau humor bem evidente, Isobel é linda, só pequena demais, mas eu penso, que se Deus fez é porque cabe. A menina é baixinha, e estava usando saltos altos a noite toda, a pele é tão clara que pude ver as veias aparentes em torno dos seus seios, que estavam sobressaindo no decote do vestido. Não imaginei que ficaria tão bem nele, escolhi correndo a peça de roupa enquanto assinava uns documentos importantes, Janete — futura dama de companhia de Isobel — me mostrava as opções e eu apenas apontei, e foi a melhor escolha, pois pude ver todo o formato do seu corpo. Mesmo pequena ela é cheia de atributos, com quadris largos, bunda grande e bem redondinha, fora os seios fartos. Imaginei como suas coxas seriam, e passei boa parte da noite focando apenas nisso. Soou ridículo? Sim, mas irei me casar com ela, já que simpatia e educação ela não teve essa noite, tinha que focar em outros pontos positivos.
A cara de irritada era o melhor, sempre mostrava ser arrogante, com o nariz pequeno empinado, e o olhar frio. E que olhos, meus amigos, azuis como a cor do mar. A boca carnuda, que eu esperei roubar um beijo a noite toda, mas a menina não deu brecha alguma, se falou 5 vezes foi muito, e ainda tentou me insultar. Ok, sei que brinquei com ela e que talvez não deveria ter dito aquilo, mas estávamos sozinhos, porque pedi privacidade aos seguranças para quando chegasse com ela em casa. No entanto, eu não esperava que ela fosse bater a porta na minha cara. Nem mesmo um obrigada ela falou, só quando estávamos com os outros, aí sim ela tentava ser um pouquinho mais agradável, mas quando ficamos sozinhos sua arrogância aumentou 100%. Não me importei, afinal ela ainda é uma adolescente, mas minha mãe disse que as meninas hoje em dia já estavam bem avançadas, que muitas tinham filhos antes mesmo de serem maiores de idade. Por isso não espero que Isobel seja totalmente pura, nem me importo se ela já fez sexo com alguém, até seria bom, porque eu jamais iria saber como ficar com alguém virgem, porque eu tenho uma vida sexualmente ativa desde os meus 15 anos e não sei se saberia lidar com isso.
Por fim eu mandei uma mensagem aos seguranças, avisando que poderiam tomar seus lugares por dentro do prédio. É normal que fique pelo menos dois seguranças no andar onde dormimos, por esse motivo reformei o meu andar para que eu possa ter mais privacidade a noite, e agora Isobel está aqui, então ela precisa de mais privacidade que eu, temos até mesmo uma porta para ter acesso ao meu quarto principal, e agora ao quarto dela, que fica bem em frente ao meu. Só que essa noite eu não tranquei a minha porta, vai que, né... A esperança é a última que morre, e eu não terei ressentimentos dela.
Sete horas da manhã foi o horário que eu acordei. Tomei um banho rápido e vesti um terno preto, com uma camisa social branca, o de sempre. Tento me vestir o mais formal possível quando vou sair para trabalhar. Calço meu sapato e saio do meu quarto, meu primeiro pensamento do dia foi na jovenzinha emburrada que dormiu de frente para o meu quarto, e por que não ir ver se ela está bem? Abro a porta de seu quarto lentamente e vejo que não está em seu quarto. A cama estava tão arrumada que nem parecia que alguém havia dormido ali. Fiquei com uma pulga atrás da orelha, então fui olhar o banheiro, vazio, mas ela usou a toalha e tinha um hidratante corporal, perfume e uma escova de dentes rosa sobre a bancada do banheiro.
Sai de seu quarto e fui até os seguranças, que estavam sentados em um banco próximo a escada. Os dois me reverenciaram, apesar de eu sempre falar que não há necessidade, até porque os dois já participaram de algumas orgias ao meu lado, mas eles preferem manter as aparências.
— Viram a mocinha por aqui? — Perguntei.
— Sim, ela está na biblioteca. — Lawrence respondeu. — Era por volta das 5 da manhã quando acordou.
— Obrigado, rapazes. E só para avisar, ela é somente minha, está bem?
Confirmaram com a cabeça e eu tirei meu celular do bolso, queria ligar para Janete, havia dito ontem para ela vir por volta das 8 horas da manhã, pois achei que Isobel acordaria tarde, mas mais uma vez ela me surpreende. Pedi para que algum funcionário trouxesse uma bandeja com café da manhã para dois, pois eu tenho uma futura esposa para conquistar, e quem não gosta de um café da manhã farto?
Não demoraram muito para chegar, trouxeram um carrinho recheado de coisas gostosas. Ontem ela quase não comeu, então não irá recusar agora. Entrei sozinho na biblioteca, empurrando o carrinho. Me surpreendi ao encontrá-la dormindo no sofá usando um pijama de flanela estampado com corações coloridos. Em silêncio eu arrumei a mesa, colocando tudo sobre ela. Fiquei até satisfeito com o resultado final, não sabia que tinha o dom para algo assim. Hora de acordar a Bela Adormecida.
É tão pequena que coube perfeitamente no sofá, estava com um braço embaixo da cabeça e o cabelo longo cobria um pouco de seu rosto. É tão meiga e bonita dormindo, que nem parecia a menina audaz de ontem a noite.
Não resisti e tirei o cabelo de seu rosto, bem bonita. Não é difícil se encantar por uma pessoa tão bela assim. Alisei seu rosto em uma tentativa de fazê-la acordar, mas a única coisa que fez foi se mexer um pouco e juntar as grossas sobrancelhas enquanto ainda estava de olhos fechados. Passei meu polegar sobre o seu lábio macio, só então ela abriu os grandes olhos azuis.
— Ei! — Levei um belo de um tapa na mão.
— Ai. — Resmunguei de brincadeira.
— Não deixei que me tocasse, eu estava dormindo! — Falou de forma ríspida e se sentou.
— Bom dia, eu só queria acordá-la.
— Podia fazer isso sem colocar a mão em mim. — Rebateu rápido.
— Tudo bem, me desculpa. — Ergui as mãos em redenção.
Ouvi uma bufada alta. Pelo visto Isobel já acordou azeda. A cara já estava amarrada em uma expressão de raiva, e ela fazia de tudo para não me olhar.
— Trouxe café da manhã. — Apontei para a mesa.
— Ótimo.
Levantou-se e caminhou para perto da mesa, pisava com força no chão, e não fez questão nenhuma de esconder a sua irritação. Estou vendo que não vai ser nada fácil com a garota. Ela se sentou, ajeitou o cabelo atrás da orelha e forrou suas pernas com um guardanapo. Senti até medo de me sentar em frente a ela, porque posso jurar que ela está rugindo para mim. Por fim me sentei na cadeira.
— O que foi? — Perguntou grosseiramente.
— Não posso me sentar para comer?
— Era só essa que me faltava. — Resmungou alto.
Foi a minha vez de agir como um adolescente e revirar os olhos. Me servi com suco e coloquei no copo de Isobel também. Passei geleia de morango em uma torrada em comecei a comer. A menina ainda me olhava com um olhar de desgosto.
— Algum problema?
Ela bufou e revirou os olhos, só então pegou um croissant que estava na cesta e colocou em seu prato. Tirava pequenos pedacinhos com os dedos e colocava na boca, obviamente estava querendo me irritar, mas não falei nada. Comi em silêncio, enquanto ela ficava naquela enrolação, e eu já estava ficando enojado com toda a situação.
— Vai vir uma pessoa para ficar com você hoje. — Tento puxar assunto.
— Eu não preciso de uma babá. — Retruca rapidamente.
— Não estou dizendo que você precisa de uma babá, só que ela vai ficar responsável para fazer as coisas que você quiser.
Sua resposta foi o silêncio. Continuei a comer e ela também, daquela forma, cheguei a pensar que ela levaria a manhã inteira para terminar aquele croissant. Peguei meu celular para verificar a minha agenda e então lembrei que não tenho o número de Isobel, mas que iria pedir mais tarde. Por fim olhei a minha futura esposa bebendo suco, e toda vez que eu a olhava ela erguia suas sobrancelhas. Isso vai ser complicado, mas até que estou empolgado para domar a pequena fera. Isobel se espreguiçou um pouco, e meu olhar desceu para a parte mais interessante de seu corpo nesse momento. Sou homem e é inevitável não olhar. Ela está sem sutiã, e parece não se importar com o fato, porque em momento algum escondeu que estava com os mamilos arrepiados. Ou talvez ela não veja maldade em relação a isso.
— Eu tenho algumas coisas para resolver no gabinete. — Isobel me olha e espera que eu continue. — Mas voltarei para almoçarmos juntos.
— Não precisa ter pressa. — Diz de forma cínica.
— Até daqui a pouco.
Me levanto e saio da biblioteca sem esperar uma resposta dela. Nunca estive em um relacionamento sério com alguém, então não sei uma maneira em que eu possa agradar uma mulher, bom, até sei, mas acho que Isobel não quer ser agradada dessa maneira. Talvez eu pergunte ao pai dela, já que ele deve estar pelo jardim hoje.
Depois de escovar os dentes novamente, pegar a minha pasta com todo o trabalho que eu trouxe ontem, estava pronto para sair de casa. Mas antes procurei por Jordani no jardim. O pai de Isobel se encontrava na sala de equipamentos, juntava algumas coisas dentro de um carrinho de mão, mas parou assim que me viu entrando.
— Bom dia, rei Christopher.
— Olá, Jordani. — Apertei sua mão. — Sabe que não precisa me chamar de rei.
— Força do hábito. — Sorriu. — Como minha filha está?
— Bem, pode ficar tranquilo, e se sinta à vontade para ir vê-la, seria bom trazer a mão dela também.
— Queremos dar espaço a ela no momento, vocês se deram bem ontem a noite?
— Sim, claro. Ela é adorável. — Minto. — Acabamos de tomar café da manhã juntos.
Jordani abre um sorriso orgulhoso, imagina se ele soubesse a fera que aquela menina está, jamais sorriria desse jeito, mas eu não irei falar sobre isso com ele.
— Vim aqui para saber uma maneira de agradar a Isobel, nada melhor que uma surpresa, não é mesmo? Do que ela gosta?
— De comida. — Responde rápido. — Besteiras de adolescentes, senhor. Principalmente aqueles biscoitos que parecem isopor e chocolate. Chocolate branco com bolinhas de cookies.
O que ele diria ao saber que a filha dele mal comeu desde ontem quando chegou, porque aquele croissant deve estar sendo comido até agora. Me despedi de Jordani, feliz com a informação. Hora de ir trabalhar, irei pedir a minha assistente para ir ao mercado por mim.
Toda vez que eu chego no gabinete uma agitação começa, Júlia a antiga assistente do meu pai, começa a correr atrás de mim falando toda as reuniões marcadas, relatórios que eu tenho que ler, documentos para assinar... E a mulher já de certa idade fala tão rapidamente, que eu demorei para conseguir entender tudo que ela fala sem precisar pedir para repetir.
— Recebemos uma reclamação essa madrugada, uma tubulação estourou.
— Já mandaram resolver?
— Estávamos esperando a autorização do senhor.
— Rosa, quando algo do tipo acontecer, não precisam de autorização, pegam e façam, ok? Alguém teve pertences danificados, ou alguma casa?
— Não, senhor. Somente a via pública sofre problemas.
— Já sabe o que fazer então.
Entro no gabinete e fecho a porta, e só então respiro. Todos os dias são as mesmas coisas, óbvio que os problemas não são iguais, mas a rotina aqui se tornou monótona. Sentei em minha cadeira, e comecei a averiguar os papéis que já estavam dispostos sobre a mesa. O relatório da contabilidade me deixou bem alegre, já que estamos conseguindo fazer a economia crescer, o que significa que vou conseguir dar andamento as creches públicas espalhadas pelos bairros mais humildes.
Já havia deixado uma reunião marcada com um engenheiro civil, essa ideia das creches já está na minha cabeça há algum tempo, eu só estava esperando ter um bom dinheiro para conseguir investir pesado nisso. Há muitas mulheres hoje em dia que deixam de trabalhar porque não conseguem ninguém para cuidar de seus filhos, e não tem condições de colocar em uma creche particular ou de pagar alguém para ficar com as crianças.
Fiquei um tempo vendo como as coisas estavam indo na cidade, em relação a educação pública principalmente. Gosto de investir bastante nisso, pois o futuro de Aregan vai depender dos pequenos de agora, e ver que o índice de notas está alto é o que mais me agrada. Sempre estou em contato com o Secretário da Educação, porque invisto um bom dinheiro nas escolas e nas faculdades.
Chamei Rosa para vir a minha sala antes que o engenheiro chegasse, e prontamente ela chegou, toda esbaforida como sempre.
— Rosa, você tem três filhos, certo? — Pergunto.
— Sim, senhor.
— Um deles tem 18 anos?
— A Rebecca, senhor. — Odiava o fato dela sempre falar senhor, me sinto com 90 anos de idade por conta disso.
— Então faz um favor para mim, vá ao mercado e compre chocolate branco com cookies e esses biscoitos de isopor. — Peço, e ela me olha confusa, pois não sabe sobre Isobel, ninguém de fora do palácio tem conhecimento sobre minha futura esposa. — É para a minha namorada. — Minto.
Rosa saí mais confusa ainda da minha sala, óbvio que é porque a minha fama de Rei Libertino corre por todo país, mas eu não me importo muito com esse tipo de comentário, até porque sou — ou era — solteiro.
Erick Graham é um engenheiro que eu tenho total confiança, foi ele quem trabalhou na planta do meu apartamento no palácio, então nós passamos cerca de duas horas conversando sobre o projeto das creches e ele achou que todas as ideias dadas por mim eram boas e fáceis de fazer, também falou que seria um ambiente bem funcional e que não custaria tanto.
Era por volta das 11 horas da manhã quando finalizei meu dia de trabalho no gabinete. Separei alguns documentos para ler em casa, e Rosa me entregou duas sacolas com muitas guloseimas, balas de gelatina, chocolate, biscoito e amendoim. Pensei em chamar Isobel para ver um filme e aproveitar tudo que foi comprado, espero apenas que ela aceite.
Antes de ir para meu apartamento, eu fui até o dos meus pais, sempre vou vê-los quando chego, e hoje não seria diferente, ainda mais porque minha mãe me pediu para ir vê-la quando eu chegasse. Os dois estavam almoçando.
— Então, como foi a noite com Isobel? — Meu pai logo perguntou.
— Não teve uma noite com Isobel, para dizer a verdade. — Respondo.
— Creio que ela não iria se deitar com você, meu filho. — Minha mãe tenta explicar.
— Eu não estava esperando transar. — Minto, minha mãe fica com o rosto corado por conta do que eu falei. — Mas que a gente ficasse conversando, se conhecendo. Ela só quis ir para o quarto e pronto.
— Dê um tempo a ela.
— Irei dar.
Me despeço dos meus pais e vou até meu apartamento. O primeiro andar estava um pouco agitado, porque as faxineiras já estavam fazendo seu trabalho. Fui até a cozinha para beber um pouco de água e me encontrei com a Janete conversando com minha cozinheira. Cumprimento as duas e pergunto por Isobel a sua nova dama de companhia.
— Ah, rei Christopher, ela nem quis saber de mim, disse que sabia se virar e me pediu apenas para buscar um copo e uma jarra de água para ela, então dispensou meus serviços.
Não esperava algo diferente sobre isso. Pedi a governanta do meu apartamento para organizar as coisas que Rosa comprou na sala de cinema que há aqui. Só então eu subi e fui direto ao quarto da pequena fera que agora mora comigo.
Bati na porta e não ouvi uma resposta, então a abri e não a encontrei. Entrei no quarto e vi que ela já havia arrumado a escrivaninha com um notebook que dei a ela há alguns anos e dois porta retratos, um com uma foto dela com mais três meninas, o outro era uma foto dos seus pais a segurando no colo quando havia nascido.
— O que faz aqui? — Ouvi a voz de Isobel atrás de mim.
Virei para olhá-la e estava usando uma bermuda jeans curtinha e uma camiseta de alcinhas rosa claro. Não pude deixar de reparar em todo seu corpo. Nova, mas um mulherão, e o fato de estar mais uma vez sem sutiã não passou despercebido, vou gostar de tê-la assim na minha casa, menos o fato dos meus seguranças ficarem vendo isso.
— Vim avisar que eu cheguei.
— Ok. — Falou e voltou a entrar no closet, eu a segui.
Algumas de suas roupas estavam dobradas sobre a cômoda e ela ia guardando as coisas nas gavetas. Algumas peças já estavam penduradas em cabides e os sapatos todos organizados nas prateleiras. Ela não tem muita coisa e a maioria eu reconheço, foram os presentes que eu lhe enviava todos os anos.
— Você organizou bem. — Elogiei. — Eu não conseguiria fazer isso.
— Você já avisou que chegou, então por que continua aqui? — Virou-se para mim e estava com as mãos na cintura, e com uma expressão feia.
— Ok, eu vou tomar um banho e volto para irmos almoçar.
Isobel apenas dá de ombros e volta a dar atenção a organização. Deixo-a quieta e saio do quarto indo até o meu. Espero que nosso relacionamento evolua, e que esse seu jeito está assim porque é apenas o primeiro dia dela aqui no palácio. Separo uma bermuda de moletom e vou tomar um banho, demoro mais que o necessário, pois estou me sentindo tenso com toda essa situação, óbvio que não está sendo fácil para ela, mas quero que Isobel ao menos tente. Eu fiz uma promessa ao meu pai, e levo todas as minhas promessas a sério, mas infelizmente dessa vez não depende somente de mim, e sim de Isobel também, ao menos estou tentando.
Quando meu pai esteve doente, tudo na minha vida mudou, quase o perdi, e eu só quero dar valor a todas as coisas que ele me ensinou, e a tudo que eu prometi fazer. Foi sem dúvidas a época mais difícil que eu enfrentei na minha vida, foi um choque de realidade, pois vivia meus dias tranquilo, e sem responsabilidade alguma.
Sai do chuveiro e coloquei apenas a bermuda que havia separado, todos que vivem aqui no palácio já estão acostumados a me ver andando bem à vontade pela minha casa, e geralmente eu fico só com os seguranças quando todos terminam seus afazeres por aqui. Fui até o quarto de Isobel, e ela estava sentada na cama mexendo no celular.
— Bom, achei que no quarto eu poderia ter privacidade, a porta existe para você bater nela. — Falou sem tirar os olhos de seu celular.
— Vamos almoçar.
Isobel levantou da cama e me seguiu em silêncio. Fomos até a cozinha e a pequena mesa já estava posta, ela falou com todos que estavam ali, e me pareceu até simpatia, visto que gostaram dela. Dispensei os funcionários, e falei que poderiam ir agora, que ficaríamos só nós dois e os seguranças.
Puxei uma cadeira para Isobel se sentar, e ela nem agradece, ou olha para a minha cara, então logo começa a se servir.
— O que é isso? — Mexeu com o garfo em cima do molho da carne.
— Molho madeira.
Deu de ombros para a minha resposta e continuou colocando o arroz no prato, um pouco da batata frita e a carne. Fiquei observando e quando ela acabou de pôr a comida em seu prato, eu me servi. Isobel começou a comer e fez uma careta.
— Eu não gosto disso. — Pegou um guardanapo e cuspiu alguma coisa nele e se levantou indo até a lixeira da cozinha.
— O quê?
Voltou a se sentar e separou todos os champignons do molho de seu prato. Comemos em silêncio, agora sem nenhum problema, apesar de parecer que brincava mais com a comida do que comia. Cortava os pedaços do filé em pedacinhos pequenos, colocava na boca e ficava mastigando, depois bebia um pouco do suco. Eu juro que estou tentando relevar isso, porque eu sei que ela é extremamente educada, e que só está fazendo isso para me irritar.
Decidi que não iria dizer nada, pois não quero arrumar nenhum atrito com ela, pois sinto que Isobel é como uma bomba, basta eu por um pouco de fogo que logo irá explodir, então eu devo ser bem cauteloso com ela.
— Eu tenho 18 anos. — Fiquei bem surpreso em vê-la falar comigo tão diretamente.
— Eu sei.
— E você tem 30. — Repousei os talheres sobre meu prato que já estava vazio, e o dela ainda nem estava pela metade.
— Eu sei a minha idade. — Tento parecer calmo, mas já sentia uma úlcera se formando no meu estômago pelo rumo da conversa.
— Você é velho. — Soltei uma risada com o que disse para mim.
— Bom, é só me dar uma chance que eu te mostro que não há nada de velho em mim.
Isobel arregalou os olhos e toda sua pele ficou vermelha. A menina se levantou rápido e saiu pisando duro. Acho que eu falei demais, porém, ela tem que saber ouvir, já que fala o que vem em sua cabeça. Toda ação há uma reação, e eu não irei só aceitar as coisas calado.
Tirei tudo da mesa e lavei o pouco de louça que sujamos, e guardei o que sobrou na geladeira. Achei que seria melhor dar um tempo a Isobel antes de chamá-la para irmos ver um filme na sala de cinema. Lawrence, meu segurança e amigo próximo, estava na sala de pé, ele me viu saindo da cozinha e riu da minha cara.
— A mocinha passou aqui como um furacão, você a irritou, Chris? — Perguntou, largando a pose de segurança sério.
— Ela vai me trazer problemas, tenho certeza. — Vou até o sofá e me sento, aponto para a poltrona na minha frente e Lawrence a ocupa.
— Por quê?
— Isobel nem faz questão de conversar comigo, sei que ela chegou ontem, mas eu estou tentando.
— Você acha que ela não sabe as coisas que você já aprontou?
Ergo as minhas sobrancelhas pensando na possibilidade. Provavelmente deve saber, porque notícias sobre mim correm soltas por toda Aregan. Ainda mais porque quando eu costumo sair com alguém é em hotéis, não trago ninguém para a minha casa.
— Com certeza ela sabe.
— Vai ser difícil. — Ele diz, e eu apenas concordo com a cabeça. — Vai largar a vida de putaria, ou vai ficar em celibato até casar?
— Eu sou um homem moral, Lawrence.
— Menos quando apareceu com 7 mulheres para dividir comigo e o Arthur.
— Eu era solteiro, não me considero solteiro mais. Acho que não conseguiria sair com alguém sabendo Isobel está aqui.
— Você vai conseguir alguma coisa, só dê espaço a ela.
Depois de conversar um tempo com Lawrence eu fui até o meu quarto, minha mãe mandou as nossas fotos que foram tiradas ontem e me pediu para escolher uma para postar, pensei que seria interessante escolher com Isobel, e por isso eu levantei e fui até o seu quarto, só que dessa vez eu bati na porta antes de entrar. Ela está deitada e já me olhou de cara feia.
— Vim te mostrar as fotos que tiramos ontem.
Sentei ao lado dela na beira da cama e ela se sentou também, então a entreguei meu celular, olhou sem muito interesse a foto em que ela estava ao meu lado, ela sorria, e o seu sorriso é lindo, apesar de ser um sorriso bem forçado, mas caiu bem nela. Passei para a próxima foto e era uma em que nos abraçávamos e eu estava com o rosto no pescoço dela, enquanto o beijava.
— Você quer escolher alguma? Iremos publicar nas mídias sociais.
— Qualquer uma, Christopher. — Diz seca. Me entrega e o celular e volta a se deitar na cama. Minha vontade era deitar ao lado dela e roubar um beijo.
O corpo de Isobel me atraí muito, e eu uso todo o controle que eu tenho para não tocar nas coxas grossas, com a pele branquinha. Eu estou sem cueca, e se eu ficar olhando muito com certeza não vai dar bom.
— Quero ver um filme, e aqui tem uma sala de cinema, comprei algumas guloseimas para nós dois.
— Pode ir sozinho.
— Isobel, por favor.
Automaticamente levo minha mão até a sua coxa e aliso sua pele macia para tentar convencê-la. Observo o espanto em seu olhar, e eu puxo a minha mão de pressa. Ela revira os olhos e levanta da cama, trazendo consigo seu celular. Uma vitória por hoje. Saímos de seu quarto e vamos até o primeiro andar, Isobel fala com Lawrence que estava de pé próximo a entrada e ele sorri simpático para ela.
A sala de cinema foi algo que eu quis muito ter, e ainda tem um PlayStation novinho com diversos jogos. Ela entra, e já vai em direção a pequena mesa que havia sido colocada ali com as coisas que eu comprei. Notei o momento em que Isobel segurou um sorrisinho. Ponto para mim, vou conquistar a menina pela barriga.
Isobel pegou um pote que tinha umas bolinhas de queijo, então eu apaguei as luzes e já liguei o projetor. Peguei um cobertor que fica na prateleira, pois o ar condicionado aqui é especialmente forte.
Isobel já estava sentada, segurando um pote com bolinhas de queijo em seu colo. Me sentei, mantendo certa distância, mas o suficiente para conseguirmos dividir o pote com o biscoito.
— Que tipo de filme você gosta? — Pergunto.
— Coloca qualquer coisa.
Pego o controle e busco por um filme de terror que eu já estava a fim de ver há um tempo. O nome dele é Hereditário, e eu espero que Isobel não se importe muito.
No começo ela mostra muito desinteresse, e fica bufando, eu tento apenas ignorar. Não me lembro de ser tão chato assim quando eu tinha a sua idade, mas ok, eu entendo as circunstâncias, mas ela nem tenta ser um pouco mais legal comigo.
Eventualmente ficamos levantando e pegando as coisas na mesinha, e ela vai colocando ao lado dela quando os potes esvaziavam, notei que pegávamos as coisas salgadas primeiro e já estávamos comendo os ursinhos de gelatina após os chocolates. Eu realmente gostei muito deles, e vou comprar mais vezes.
O filme entrou em seu ápice e paramos de comer, então percebi que ela já estava mais interessada no filme. Isobel estava toda encolhida sentada, com as costas apoiada nas almofadas, assim como eu. Notei que estava um pouco arrepiada com o frio e coloquei o cobertor para que pudesse se cobrir também.
Ela bufa e revira os olhos. Chego à conclusão de que seus globos oculares iriam sair da órbita de tanto que ela fica os revirando. Pelo menos ela se aproximou e se cobriu também. Sorri um pouco satisfeito com o fato.
Isobel estava ficando tensa com o filme. Em uma cena pesada e silenciosa, onde a tensão estava a mil. Nós dois totalmente entretidos com o que se passa no filme, Isobel solta um grito bem alto, e eu acabo tomando um puta susto também.
— Puta que pariu! — Coloco a mão no meu peito, e olho para a menina na minha frente que está ofegante e segurando o cobertor com força. — Você está bem? — Pergunto preocupado, e seguro em sua mão.
— Estou bem, foi só um susto.
Ela puxa a sua mão e cruza os braços. Pelo menos tivemos um avanço hoje.
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