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XXI - A UTILIDADE DA VISÃO II

Antes eu te conhecia só de ouvir falar

Agora meus olhos te contemplam.

Eu não sabia se estava preparada para encontrá-lo. Na verdade, não sabia se algum dia estaria. Durante tanto tempo, ele ocupou meus pensamentos, mas demorou para que eu, finalmente, parasse de pensar nele. E então, quando eu acreditava ter deixado para trás, ele apareceu novamente, como um fantasma, uma lembrança viva de que fazia parte de tudo o que aconteceu até agora, de tudo que ainda estava por vir.

Seguimos o general Ivor cabana adentro, mergulhados em um silêncio opressor. O ar ali dentro era denso, carregado de uma expectativa que me deixava inquieta. Ninguém dizia sequer uma palavra, e até mesmo Isaac, sempre tão enérgico, escolheu aquele momento para se calar. A quietude ao nosso redor parecia amplificar os sons mais sutis. Eu conseguia ouvir o barulho das botas contra as tábuas de madeira, o ranger suave das pranchas envelhecidas à medida que adentrávamos.

Quando Ivor parou diante de uma porta robusta, com a madeira marcada pelo tempo e envolta por ferros grossos e escuros, meu coração acelerou. Ali dentro, o passado estava prestes a me encarar. Uma presença antiga, dolorosa e, talvez, inescapável.

- Nós não temos métodos de tortura, ou algo assim - Ivor murmurou, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina fina. Seus olhos passaram rapidamente sobre nós, como se procurasse alguma reação, algum sinal de fraqueza.

Ele ficou por um momento parado diante da porta, suas mãos passando lentamente sobre o metal frio, antes de continuar:

- Alguns orions podem entrar na sua mente para obter respostas, mas a mente dele é impenetrável. - Houve uma breve pausa, como se ele estivesse hesitando em me contar o que vinha a seguir. - Ele disse que só falaria se fosse com você.

Aquelas palavras ecoaram em minha mente. "Só falaria se fosse com você." O peso dessa condição caiu sobre mim, e eu senti uma onda de desconforto, uma mistura de medo e determinação. Não havia como voltar atrás agora. Eu precisava encarar o que estava à minha espera.

Com um gesto preciso, Ivor passou a mão sobre a tranca da porta, liberando o mecanismo com um estalo metálico que ressoou pelo corredor apertado. A porta rangeu ao ser aberta, revelando uma sala mal iluminada, apenas parcialmente visível através da escuridão densa que se acumulava lá dentro. Uma sensação de claustrofobia se instalou enquanto eu olhava para o breu à minha frente.

- Está tudo bem para você? - Ivor perguntou, sua voz mais baixa, quase como se estivesse ciente de que a decisão não era tão simples quanto uma resposta curta.

Eu inspirei profundamente, sentindo o ar frio encher meus pulmões. O peso da situação sobre meus ombros era quase insuportável, mas eu sabia que não havia mais espaço para hesitação.

- Sim, eu vou. - Minha voz soou mais firme do que eu esperava, mas, por dentro, uma batalha acontecia. Cada passo me aproximava de algo desconhecido, e ao mesmo tempo, inevitável.

Ivor assentiu lentamente, como se reconhecesse a coragem que eu tentava demonstrar.

- Ele foi enfático ao dizer que falaria apenas com você, mas... - sua expressão se fechou levemente, mostrando preocupação. - Não podemos arriscar deixá-la a sós com ele. Portanto, o capitão Jang irá com você. De acordo?

Levi, que estava logo atrás de mim, se adiantou ao ser mencionado. O silêncio entre nós dois era pesado, mas saber que ele estaria lá, mesmo sem trocar palavras, era um alívio sutil. Sua presença, por mais conflitante que fosse às vezes, trazia uma segurança que eu não conseguia negar. Assenti lentamente, sem olhar para ele diretamente, mas sentindo sua aproximação ao meu lado.

A porta estava aberta agora, a escuridão à nossa frente como uma boca faminta pronta para nos engolir. O cheiro úmido e levemente metálico no ar sugeria que aquele calabouço escondia segredos há muito enterrados. O som dos passos firmes de Ivor se afastando ecoou ao longo do corredor, e logo depois, tudo que restou foi o silêncio e o peso da decisão à minha frente.

- Tudo bem, não tenho nenhuma queixa quanto a isso.

- Lembrem-se - O general nos deu uma última ordem antes de nos dar passagem. - não olhem dentro dos olhos dele.

Por mais que suas palavras ecoassem em minha mente, não precisei seguir essa ordem de imediato. Mesmo que tentássemos, nenhum de nós olharia para os olhos de Ian. Quando finalmente chegamos ao fim da escada, encontrei-o deitado em uma cama, quase como se dormisse. A primeira coisa que notei foi que seus olhos estavam cobertos por uma bandagem grossa, enfaixados de modo firme e cuidadoso.

Um alívio gélido percorreu meu corpo. Os olhos dele... eu pensei. Aqueles olhos, que um dia haviam me dominado de maneiras que eu não sabia descrever, agora estavam escondidos, mas o perigo permanecia. Ian não precisava dos olhos para ver, e era exatamente isso que tornava sua presença tão sufocante.

- Uma pessoa... duas pessoas... - Ele murmurou ao levantar-se, seus movimentos eram suaves, calculados, como um predador que conhecia cada centímetro de seu território. - Não foi o combinado.

- Mas eu estou aqui. - Minha voz soou mais hesitante do que eu gostaria. Não me aproximei. Não conseguia.

- Eu sei que está, Ária. - Sua voz tinha um tom de provocação amarga. - Posso escutar seu coração bater forte, como sempre bateu quando me via.

Ele se levantou lentamente, mas com a confiança de alguém que sabia exatamente onde eu estava. Cada passo que ele dava, mesmo com as mãos presas à frente do corpo por um plástico resistente, parecia carregar um peso insuportável. Ele estava vendado, incapacitado de usar suas mãos, mas ainda assim era o único no controle. Eu dei alguns passos para trás, mas a cada movimento meu, o sorriso dele só crescia.

- Não consigo acreditar que capturaram você. - Minhas palavras saíram secas, e por um momento, quase pareceu ridículo que alguém como Ian tivesse sido preso.

Ele soltou uma risada curta e sem humor.

- Capturaram? Você me conhece bem o suficiente, nervosinha, para saber que, se estou aqui, é porque eu quero estar aqui.

Eu não conseguia desviar os olhos das suas mãos amarradas, uma medida desesperada para garantir que ele não tirasse a venda. Eles tinham medo dos olhos dele... e com razão. O dom de Ian não era apenas enxergar; ele via a alma das pessoas, conseguia manipular seus medos e verdades mais profundas.

- Não precisa ter medo de mim, Ária. - Ele deu mais um passo à frente, sua voz suave, quase sedutora, como se quisesse me enlaçar.

- Prefiro que fique onde está. Podemos conversar assim. - Tentei soar firme, minha convicção se enroscando na garganta.

Ian parou por um momento, o sorriso de lado permanecendo.

- Talvez você deva lembrar que quem está em posição de dar ordens aqui sou eu. - Sua voz se aprofundou, o tom assumindo uma seriedade fria. - Eu sou aquele que tem as informações privilegiadas para dar.

Ele deu outro passo, e dessa vez, meu corpo recusou-se a ceder mais terreno.

- Eu não tenho mais medo de você. - As palavras saíram firmes. Decidi que não recuaria mais. Nunca mais. - Mas você deveria saber que só o fato de estar na mesma sala que você me enoja.

Ian inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse estudando minha expressão, mesmo sem vê-la.

- Você está mentindo. - Ele balançou a cabeça, seu tom de deboche afiado como uma lâmina. - Eu preciso dizer que essa é uma das coisas que sempre apreciei em você. Mesmo que uma pessoa esmague todos os seus sentimentos, você continua pronta para ser burra e perdoar. - Ele fez uma pausa, seu sorriso desaparecendo momentaneamente. - Perdão... é uma coisa complicada, não? Como saber se alguém merece ou não ser perdoado? Por que você me perdoa, Ária? Mesmo que eu realmente a enoje... - Ele inclinou a cabeça de lado, como se realmente tentasse entender o que eu sentia. - Eu sei que me perdoa. E eu não entendo você.

O ar ao meu redor parecia ter parado, cada segundo mais denso, como se qualquer movimento pudesse quebrar a superfície frágil que nos separava da violência. Ian, sempre imprevisível, avançou, os pés movendo-se com uma agilidade quase impossível de acompanhar. Instintivamente, me forcei a permanecer imóvel, recusando-me a mostrar qualquer sinal de medo.

Então Levi agiu. Como um relâmpago, ele puxou a espada das costas, o estalo metálico preenchendo o ambiente. A lâmina fria se colocou contra o pescoço de Ian, que parou de imediato, mas seu rosto manteve o mesmo sorriso debochado.

- Ela quer distância de você - Levi rosnou, sua voz carregada de uma fúria contida, os dentes cerrados enquanto segurava a espada firme contra a pele de Ian.

Ian deu uma risada sarcástica.

- Ária, vejo que você achou outro para me substituir. - O veneno nas palavras dele me fez estremecer, mas não desviei o olhar. - Eu deveria estar com medo? Vocês, orions, não matam - zombou, inclinando-se ligeiramente contra a lâmina, desafiando Levi com um sorriso de puro desprezo. - Fora do mundo de conto de fadas de vocês, sangue precisa ser derramado. A dor... ela se instala no seu peito, na droga da sua mente, e é isso que desperta alguém. Sem ela, você é só um fraco que coloca uma lâmina no pescoço de alguém e não completa o serviço.

Eu quase podia sentir a tensão exalando de Levi enquanto ouvia aquelas palavras, e um medo sutil me percorreu ao pensar em como ele reagiria. A fúria silenciosa estava ali, nos ombros rígidos, na mandíbula trincada. Quando chamas amareladas envolveram a lâmina, meu coração deu um salto.

Ian recuou, não com medo, mas com uma expressão de cautela, como se estivesse se preparando para o inevitável.

- Sabe qual o problema de pessoas como você? - A voz de Levi elevou-se, firme, implacável. Engoli em seco, sentindo a intensidade daquela declaração ressoar em mim. - Vocês acham que a dor é força, mas ela é apenas uma desculpa para atos imperdoáveis.

Levi empurrou a lâmina com tal firmeza que a chama pareceu se fundir com a pele de Ian, arremessando-o para trás, direto na cadeira. Ian cerrou a mandíbula, e, por um instante, uma fúria muda substituiu o sorriso.

Aproximei-me de Levi, toquei seu braço, a palma da minha mão sentindo o calor. Inspirei fundo, sem saber ao certo o que faria, mas certa de que precisava intervir. Levi cedeu, me dando espaço. Dei mais um passo e encarei Ian, que havia ficado em silêncio. Ergui a mão e, sem hesitar, removi sua venda.

- E agora? - Fitei-o, permitindo que visse cada um de nós. - Agora que nos vê... o que vai fazer?

Ele piscou, os olhos adaptando-se à luz e a cada detalhe de nossos rostos. Depois de um instante, ergueu as mãos presas para frente, num gesto de quem calcula as próprias chances.

- Que tal completar o serviço? - Ele inclinou a cabeça na direção de Levi, o sorriso reaparecendo, mas agora sem seu toque usual de ironia. - Já percebi que você está em boas mãos com ele. Mas, claro, estou em desvantagem aqui.

Senti Levi suspirar ao meu lado quando pedi com voz firme:

- Pode tirar. Deixe as mãos dele livres.

Ele me lançou um olhar desconfiado, relutante, como se tentasse compreender minha insistência.

- Você quer me irritar agora, por quê? - murmurou, com a voz ainda carregada de uma tensão velada. Ele não desviou os olhos de mim, ignorando Ian completamente. Busquei coragem para manter meu tom estável.

- Por tudo o que é mais sagrado, por Olam, só confia em mim.

- Isso mesmo, confia nela. - Ian intrometeu-se, agora reclinado na cadeira, o corpo relaxado. - E você também pode olhar para mim, sei que meus poderes não funcionariam tão fácil em você.

Sem hesitar, Levi empunhou a espada e, com um golpe ágil, cortou a amarra que prendia os pulsos de Ian. Ian flexionou os dedos, cada articulação estalando no silêncio crescente. Ele deixou o sorriso cair, e, naquele instante, o ambiente pareceu esfriar, como se a leve ameaça de sua expressão agora vazia fosse mais densa que qualquer palavra. Um calafrio percorreu minha espinha. Sentei na cadeira do lado oposto da dele, Levi não disse mais sequer uma palavra, Ian se inclinou um pouco para a frente, colocando os cotovelos no móvel, ainda sério, parecia me estudar de uma forma um tanto invasiva demais, como na noite em que o vi pela primeira vez e ele me ofereceu o guarda-chuva, como se eu fosse uma criatura estranha que ele precisava entender.

- Vamos direto ao assunto agora? - Cruzei os braços rente ao peito, como se quisesse me proteger dele. - Por que você veio até aqui por conta própria? espionagem?

- A raposa no seu braço? o que fez com ela? - Ele franziu o cenho. - Como se livrou da marca?

- Responda a minha pergunta, Ian. - Falei entredentes, irritada por ele sempre querer virar a conversa a seu favor. Observei o rapaz respirar fundo, então pela primeira vez eu consegui entender o poder que irradiava dele.

- Antes, vamos testar isso, e não se preocupe Ária, você tem o seu guerreiro samurai para proteger você. - A voz era carregada de sarcasmo e eu engoli em seco quando ele estendeu uma mão para a frente. - Me conheça agora, nervosinha.

O apelido que eu não ouvia há meses me fez estremecer por dentro, e quando menos percebi minha mão se moveu para a frente, sem esforço algum e eu não tinha vontade de fazê-la voltar para trás, eu queria tocar a mão dele, totalmente atraída por sua pele.

- Tivemos bons momentos, isso você não pode negar. - Ele acariciou minha mão com o polegar da sua. Levi deu um passo. - Diga ele para não se preocupar, não vou machucar você.

- Continue a confiar em mim, Levi. - Pedi.

Eu tinha consciência de que tinha controle sobre mim, mas não conseguia desviar minha atenção do rosto de Ian, ou melhor, eu não queria. E então, ele riu.

- Não tem mais presença dele em você, não é? Kahav não tem mais poder sobre você. Eu não o sinto em você, como isso é possível? - Ele esticou meu braço e passou a mão por ele. - Como isso aconteceu, nervosinha? Quem é esse capaz de apagar a presença dele?

Eu franzi o cenho, os olhos de Ian pareciam ficar mais claros ainda, eu conseguia ver preocupação neles e quando ouvi a pergunta eu me forcei a pensar... e eu lembrei de como me sentir quando mergulhei no rio ao lado do ancião, como tudo pareceu ir embora e como minhas forças pareceram restauradas e meu coração bateu forte em meu peito, aquele calor familiar e bom que me envolvia.

- Quando você me pergunta "quem é esse?" Eu posso dizer que ele é a vida, porque me deu vontade de viver; é a felicidade porque me deu motivos para sorrir de novo. Quando tudo me foi tirado pelas minhas próprias escolhas ruins ele não me julgou, não como quando Kahav quis jogar na minha cara tudo o que eu havia feito. Tudo aconteceu comigo foi porque Olam me deu uma chance e ele continua dando, mesmo que haja ódio dentro do meu peito pela morte dos meus pais, mesmo que eu me odeie todo santo dia por deixar me usarem, isso não aconteceu por minha causa, isso aconteceu porque ele é maior do que tudo o que eu possa enfrentar. Kahav quer nos usar para benefício próprio, e se aproveitou disso porque soube que eu sempre vivi à sombra dos outros e ele distorceu tudo, me marcou para que eu acreditasse estar livre... Olam não precisou disso... Ele só me completou. Eu só consigo sorrir depois de perder tudo porque eu o ganhei.

Eu senti o alívio percorrer meu corpo, e o calor envolveu meus olhos, como quando eu explodi em luz dourada e lancei Ian para longe em nosso último encontro. Mas, dessa vez, ao ser envolta pela luz eu não o repeli, consegui sentir que a energia passava de mim para ele. E então, Ian apertou minha mão com força.

- Você não simplesmente tem a visão, você é luz celestial pura. - Ele constatou. - É por isso que você é tão importante para ele.

- Isso não importa, eu não sou dele.

- Não seja precipitada, nervosinha, você acha que Olam é vida? Onde ele estava todos esses anos então? Foi eu quem achou você... se ele fosse felicidade como você diz, então porque por todo esse tempo você parecia tão mais feliz com pessoas do que com ele? - Arqueou as sobrancelhas como se me desafiasse, apertei a sua mão de volta, a energia ainda fluindo de mim. - Tudo isso que está em você, como tem tanta certeza de que não pertence a Kahav?

- Você não entende, precisava ser agora. - Lembrei o que Levi tinha feito com a espada ao lançar a energia da arma até Ian e me concentrei nos olhos dele, precisava mandar a luz celestial para lá, eu me sentia um pouco impotente, fiquei ciente de que Ian estava me controlando naquele momento através do seu dom, mas eu também senti que podia ir além, portanto, tentei. - Eu me enganei por muito tempo, mas quando a gente encontra a verdade tudo muda, meu coração, mesmo batendo, tinha morrido, e eu não sabia disso, então qualquer migalha de atenção que eu recebia, como eu seus bilhetes, era o suficiente para eu achar que era o que precisava para ser feliz, sabe porque eu tinha essa necessidade absurda? A minha alma já clamava por Olam antes mesmo de eu saber disso. Mas, no momento certo eu soube.

Ian largou minha mão de surpresa ao sentir que a luz havia chegado aos seus olhos, e então eu foquei na minha própria visão.

- Chegou a minha hora de ver. --- Falei  e naquele momento percebi que, através de Ian, eu veria dor.

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