Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

III- O PRIMEIRO DESPERTAR

           Eu estava de pé, conseguia ver a mim mesma, confiante, enquanto cumprimentava dezenas de pessoas, vestia um vestido preto cuja cauda arrastava pelo chão a medida em que eu andava, as mangas caíam sobre meus ombros e o decote mostrava um pouco mais do que eu gostaria, mas ainda sim eu tinha uma postura impecável, sorria para todos que me olhavam com admiração. Então, me afastei quando vi as pessoas abrindo o caminho para alguém que chegava e avistei ninguém menos que Ian, à medida que a distância entre nós diminuía, mais as pessoas se afastaram, ele tinha uma presença imponente e eu, naquele momento, parecia estar a altura dele. Olhei para o que tinha em mãos e aceitei de bom grado quando ele me entregou o livro, o mesmo em que eu havia ferido meu dedo em sua casa, e me surpreendi ao vê-lo se curvar perante mim.

           Ao abrir os olhos pela manhã, o despertador marcava seis e meia, o horário que eu acordava todos os dias a fim de me arrumar e ir para a faculdade, porém a ideia parecia fora de cogitação, então o desliguei. Celine e Marcus eram as últimas pessoas que eu queria ver. Fechei os olhos para voltar a dormir, mas a lembrança do sonho que tive veio de forma bem nítida em minha mente, consegui rever cada parte com tamanho realismo que cheguei a apertar os olhos com força para que as imagens desaparecessem da minha mente, dessa forma, acabei por abrir os olhos e encarar a fresta de luz que havia em uma parte em que a cortina não cobria a janela. Foi impossível dormir depois disso. 

           Enquanto eu não tinha forças nem para dormir nem para levantar da cama, pensei na pergunta que Ian fizera: Por acaso, você é fraca, Ária?. Quando eu era adolescente eu me fazia essa mesma pergunta constantemente, não conseguia fazer amigos, era a última a ser escolhida na educação física, tinha vergonha de falar em público... se não fosse Celine falar comigo, talvez até hoje eu nunca teria feito amizade alguma, com ela eu aprendi a ver o mundo, mas... não era de verdade. Talvez a resposta para a pergunta de Ian fosse um sincero sim. O que me fazia voltar a refletir, Ian, o intrépido Ian dobrando os joelhos, mesmo depois de conseguir me fazer uma pergunta tão desafiadora, sendo capaz de se curvar. Um sorriso se formou em meus lábios, como se a imagem me agradasse, e minha mente intercalava entre o ódio latente de Celine em meu peito e a vontade de ver meu vizinho novamente. 

           Meus pais não me questionaram quando me viram com os cabelos desgrenhados na cozinha, ambos tomavam café, me cumprimentaram com um ''bom dia'' monótono e quase parecia que tudo estava normal, se não fosse o fato de que horas atrás eu contara tudo o que tinha feito nos últimos meses a eles. Ainda podia rever eles escutando minhas palavras e dizendo que tudo ficaria bem quando voltei para casa. Agora sentimentos brigavam dentro de mim, culpa e ódio, e eu certamente não sabia qual era mais forte, não sabia a qual eu me apegaria.

— Você vai ficar bem sozinha? — Ouvi a pergunta da minha mãe e parei de encarar o copo de café.

— Sim, vou ter um tempo para colocar as coisas em ordem. — Forcei um sorriso como tentativa de confortá-la. — É sério, não se preocupem comigo.

           Eu só me questionava o porquê de tudo ter dado errado tão depressa, e se Marcus tivesse dito que me amava também? Nos tornaríamos o casal mais popular da faculdade, casaríamos no futuro e seríamos felizes? Eu não havia pensado no que viria, em todos os momentos eu pensara somente no agora.

           O dia transcorreu devagar sem que eu tivesse coisas para fazer. Tentei ver filmes, mas foi em vão; eu sempre terminava deitada olhando para o teto. A casa ficava silenciosa com meus pais trabalhando, no entanto, minha mente era barulhenta, e como eu ainda não tinha tido coragem de olhar meu celular, acabei dando ouvidos aos meus pensamentos intrusivos, que me chamavam de mentirosa e covarde. Esses pensamentos se repetiam como um disco quebrado. Você é um fracasso. Você é falsa. Cada palavra ressoava, fazendo meu coração bater mais rápido e minha respiração ficar pesada. Tentava me distrair, mas nada parecia funcionar. Eu me sentia presa numa espiral descendente.

           E assim transcorreram meus dias. Voltar para a universidade e precisar ver a minha decadência e enfrentar as consequências dos meus atos era algo completamente irreal para mim. Eu me recusava a sequer sair de casa. Após duas semanas minha mãe desistiu de tentar me tirar do quarto, disse que uma hora eu precisaria voltar a viver. Mas, sinceramente, viver sempre pareceu sem graça nenhuma para mim; eu sequer me lembrava de realmente ter me sentido viva algum dia. Para algumas pessoas a minha situação parecia ser uma grande frescura, mas eu sempre fui capaz de sentir as coisas muito intensamente. Qualquer coisinha era suficiente para que o mundo parecesse acabar.

           Foi pela tarde, uma semana depois de todo o ocorrido, que ouvi as batidas na porta. Eu vestia uma roupa confortável, certamente nada apresentável, mas quando abri a porta não havia ninguém ali. No entanto, quando olhei para o chão, vi um papel, com tinta preta estava escrito:

"Querida vizinha,
Aqui é o Ian, seu vizinho, aquele que foi muito gentil e ofereceu a casa para que você pudesse dormir. Acontece que... as pessoas falam e eu ouvi as mulheres fofoqueiras da rua falarem de você, disseram que era uma boa moça fingida.
Eu sei que eu não tenho absolutamente nada a ver com isso, mas eu sou muito suscetível a me irritar facilmente quando vejo uma pessoa sofrer quando poderia estar aproveitando a vida. Sai dessa.''

           Fechei a porta com força. Eu não queria pena de ninguém, eu só queria sumir. Amassei o bilhete e joguei fora. Eu só queria ficar no quarto, escondida de tudo e de todos.

🦊

            No dia seguinte, no mesmo horário, as batidas voltaram. Não quis sequer levantar da cama. Lia um livro e não queria nem pensar em quem poderia estar me perturbando, mas as batidas continuaram, insistentes. Desci as escadas em passos lentos, quase que me empurrando. Quando abri a porta, novamente não havia ninguém, mas lá no chão estava uma barra de chocolate e, junto a ela, um papel:

"Alegria em forma sólida. Você precisa.''

          Fiquei irritada. Tudo bem que eu havia começado aquilo, tinha feito contato com ele, mas isso não dava o direito de interferir na minha vida como um stalker. Sem me importar com a roupa que eu vestia, corri em direção à casa do meu vizinho e praticamente esmurrei a porta, mas não fui atendida. Voltei para casa às pressas e também peguei papel, em letra de forma escrevi:

APENAS PARE.

🦊

           O dia seguinte chegou e eu encarava o relógio, estava ansiosa, nem estava mais no quarto, mas parada em frente à porta, querendo saber se algo aconteceria. Mas não aconteceu, ele simplesmente não me escreveu mais.

🦊

           Duas semanas se passaram e meus pais haviam decretado que eu faria terapia. Minha mãe havia ido à faculdade e trancado a minha matrícula. Apenas assenti, faria tudo o que eles quisessem, mas sem sentir vontade de nada. Na verdade, a única coisa que estava em minha cabeça no momento era uma pessoa, um rapaz de olhos verdes com quem eu sonhara dias atrás e que havia deixado bilhetes na minha porta.

           E como se meus pensamentos estivessem sendo ouvidos, ouvi a batida na porta. Meu coração acelerou e eu sabia quem era. Dessa vez, meus passos não foram lentos; na verdade, quase corri. Eu tinha esperança de abrir e conseguir vê-lo, mas ao invés disso, vi somente o papel novamente:

"Vizinha,
Talvez tenha estranhado meu sumiço, mas precisei sair a trabalho. Imagine agora a minha irritação quando voltei e percebi que você ainda não sai de casa. A sua vida vale muito, e acredite, não digo isso com más intenções. Naquele dia, pude ver o quão chateada estava, me senti quase que responsável por você.

Por favor, não me entenda mal. Eu só quero te ajudar. A vida pode ser muito melhor do que isso, e você não precisa enfrentar tudo sozinha. Saia, respire um pouco de ar fresco. Apesar de não estar do seu lado, se permitir, creio que posso estar com você. Vamos lá, eu e você, amanhã, nesse horário.

Com carinho (e a melhor das intenções)
Ian."

           Fechei a porta, mas dessa vez, lentamente. Senti algo mexer dentro de mim, algo que eu não sentia há muito tempo. Havia uma pequena chama de esperança, a excitação de algo novo acontecendo. Amassei o bilhete, mas dessa vez, não joguei fora. Segurei-o firme nas mãos e sentei-me no chão da sala, pensando nas palavras de Ian, elas pareciam ter quase um poder sobre a minha mente.

          No próximo dia, quando a hora chegou, eu não tinha me arrumado, algo dentro de mim duvidava que ele apareceria, por que um rapaz tão bonito, que tinha uma vida independente fazia tanta questão de me animar? 

           Mas ele apareceu. 

           Eu fui até a porta, abrir para o rapaz que batia, meu cabelo sequer tinha sido penteado desde quando eu acordara. Ian, ao contrário de mim, encontrava-se arrumado, o sol ia de encontro ao seu rosto, o que fazia os olhos verdes ficarem mais claros e eu diria até que acolhedores. Eu não me empertiguei, não havia forças em mim para nada, quando abri também não o cumprimentei, apenas esperei que ele iniciasse o diálogo. 

— Boa tarde, vizinha. — Colocou a mão no bolso, deu um passo em frente e se encostou no batente da porta. —- Então, como você está?

           Descontraído, se houvesse um adjetivo que poderia defini-lo era esse.

— Bem, — Dei de ombros. — estou bem. Desculpa a desconfiança, mas não consigo acreditar que você veio aqui somente para perguntar isso.

— Não fica assim, eu só... estou cansado de ver pessoas com potencial, desperdiçá-los por conta das dificuldade da vida. Quero que você perceba que isso é burrice.

           Eu fiquei encarando os seus olhos verdes, queria me agarrar às suas palavras.

— Por que eu tenho a impressão de que você pode ser muito charmoso quando quer? — Questionei analisando a forma como ele me olhava com confiança, as mãos no bolso, sorriso irônico estampado no rosto, a jaqueta de couro, o conjunto completo de alguém que exalava determinação. 

— Na verdade, eu não preciso querer para ser, eu só sou, talvez seja um dom. — Ele deu de ombros e se inclinou na minha direção, ainda me analisando. — Pode só trocar de roupa? tomar um banho talvez.

     Ian despertava em mim um lado que poucas pessoas viam, eu ficava com vontade de retrucar cada frase sua sem me importar com que imagem ele teria de mim. Normalmente eu me importava muito com a minha reputação, em ser vista como a melhor em tudo, mas com o rapaz, eu queria poder dizer tudo o que eu reprimia por anos, essa seria a verdadeira eu? Sem nada a esconder, podendo reconstruir aos poucos uma identidade finalmente confortável?

— Já volto. — Saí da entrada mostrando que ele podia me esperar.

🦊

           O vento chicoteava meu rosto, arrancando fios rebeldes do meu cabelo e levando-os para longe, como se quisesse roubar meus pensamentos. A estrada se desenrolava diante de nós, uma fita cinzenta que se estendia até o horizonte. A moto ronronava, acompanhando o ritmo acelerado dos meus batimentos cardíacos. Eu sequer imaginaria que Ian teria uma moto, mas o veículo combinava muito bem com ele. Ele parecia tão tranquilo, tão à vontade com o caminho incerto que se estendia diante de nós. Eu, por outro lado, me sentia presa a um turbilhão de emoções. Não me importava tanto se tinha tomado a decisão certa em ir com ele para onde quer que fosse, todavia, não estava muito segura sobre o rumo que minha vida vinha tomando.

           Onde estávamos indo? A cada quilômetro percorrido, o passado se diluía, e o presente ía ganhava vida, vibrando no ritmo da estrada. Eu não morava no centro da cidade, portanto, percorremos a estrada por quase 30 minutos até que pude me localizar, e também entendi onde estávamos: A biblioteca da cidade.

          O cheiro de papel velho e pó pairava no ar, misturado a um aroma doce e indefinível que me fez franzir o nariz. A biblioteca, enorme e abafada, parecia ter sido congelada no tempo. Livros empoeirados se espremiam em prateleiras que se estendiam até o teto, suas capas desbotadas e cheias de mistério. A única fonte de luz era uma única lâmpada fraca pendurada no centro, lançando sombras longas e dançantes sobre as paredes. Ian tinha os olhos fixos em uma porta escondida atrás de um enorme armário de madeira. Era quase invisível, camuflada pela penumbra. Se não fosse por ele, nunca a teria notado.

— Vamos? — perguntou.

           Assenti, meu coração batendo forte no peito. A curiosidade e o medo se misturavam em uma sensação estranha. Ele empurrou a porta, revelando uma passagem estreita e escura. Um cheiro forte de mofo e umidade me atingiu, me fazendo tossir.

— Cuidado com os degraus —, ele avisou e eu o segui.

           Após uma descida tortuosa, chegamos a uma sala subterrânea. A iluminação fraca revelava uma biblioteca ainda mais impressionante do que a de cima. As prateleiras estavam repletas de livros encadernados em couro, com títulos escritos em línguas antigas e desconhecidas. Mas o que me deixou realmente intrigada foram os livros sem palavras. Eles estavam espalhados por toda a sala, suas páginas em branco e lisas. Alguns estavam abertos, como se estivessem esperando que alguém escrevesse neles. Outros estavam fechados, guardando um segredo silencioso.

          O rapaz se aproximou de um dos livros, seus dedos traçando as bordas lisas da capa. Seus olhos verdes agora não pareciam tão claros, mas brilhavam com uma intensidade estranha.

— Esses aqui — Ele sussurrou, apontando para os livros, a voz carregada de mistério. — Só aqueles que sabem ler a linguagem da alma podem desvendar seus segredos.

           Um frio percorreu minha espinha. Eu sentia que estávamos entrando em um lugar proibido.

— Okay, okay, eu admito, mexi nas suas coisas, nos seus livros, mas não precisava me trazer para um lugar assim, Ian. – Minha respiração estava desregularizada. — Olha só, o artigo 148 do código penal diz que privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado resulta em reclusão, de um a três anos, mas se a gente sair daqui eu juro que não conto para ninguém.

— Ária, tá tudo bem, a porta está aberta, pode ir embora assim que quiser. — Ele revirou os olhos, incrível como a sua atitude sempre fazia com que eu me sentisse boba com a minha forma de ver a situação. — É, eu sei que você mexeu nas minhas coisas, e por isso, eu queria te explicar algumas coisas.

           Agora ele parecia até gentil, tentei analisar sua expressão e ainda existia um vazio indecifrável ali, exceto talvez pelos olhos que pareciam mudar, hora claros e tranquilos, hora intensos e misteriosos.

— E eu não devo achar estranho o fato de sermos os únicos seres humanos aqui? – Isso, Ária, ao invés de fugir converse com seu possível sequestrador.

— Eu admito que essa parte é culpa minha, a verdade é que eu trabalho aqui, meio que minha família e eu trabalhamos.

— Meu Deus, era só bater na porta e dizer: Oi Ária, você quer ir até a biblioteca comigo? Eu trabalho lá.

— Ah mas aí não teria graça, você não ficaria toda nervosa e irritada assim, vizinha. — Ele agora tinha o sorriso de lado nos lábios, irritante e encantador.

— A gente costumava inventar histórias sobre você sabia? — Contei, havia aceitado suas desculpas, então me sentei em uma das poltronas estofadas. — Celine dizia que você era garoto de programa, porque é bonito e misterioso, e sempre chegava tarde da noite em casa. Aí você é bibliotecário, ela riria muito ao saber disso.

— Eu sou bonito? — Ian sentou de frente pra mim, uma mesa nos separava, mas o que surgiu em minha mente foi o sonho, em que ele estava se curvando perante mim.

— Você sabe que é. — Minha voz saiu pouco trêmula, devido ao nervosismo e tratei de mudar de assunto. — Obrigada por me tirar da minha casa, lá estava meio... claustrofóbico.

— Sou responsável por você, desde o momento em que ofereci um guarda-chuva, eu assinei a minha sentença. — Não sabia se ele tentava ser galanteador, porque por mais que parecesse, ele também parecia estar falando muito sério.

— É... livros, você gosta de livros? E a pergunta que não quer calar, qual a lógica dos livros sem palavras?

— Bem, vejamos, — Ele ficou em pé e andou até uma das prateleiras. — eu não diria que gosto de livros, eu gosto de histórias e de ver qual o rumo que elas vão tomar, — Percorria os dedos pelas lombadas enquanto andava vagarosamente. — qual escolha as pessoas fazem, bem ou mal, e esses livros, aqui me permitem isso.

— Com páginas em branco?

— Eu disse antes, vizinha, não é qualquer um que sabe ler.

— A possibilidade de fugir está parecendo realmente tentadora agora.

— Naquela noite, quando você estava chorando, — Ele enfim pegou um livro. —- e eu disse para você que ia ficar tudo bem e você não fez mais nenhuma besteira, o que fez você fazer a escolha certa e voltar para casa?

— Você.

— Não, você pode ter sido influenciada, mas se quisesse ir embora, e fazer qualquer coisa, ainda assim poderia, era a sua escolha e de mais ninguém. Pense em quantas pessoas poderiam ter feito outra coisa naquele momento, mas você conseguiu raciocinar e teve coragem para voltar. Despertar é saber que duas escolhas existem, e essas escolhas só são definidas quando você vai descobrindo quem é. Você já sabe quem é Helene, agora precisa escolher.

— Eu queria que fosse verdade, mas eu não sei e, sinceramente, isso aqui tá ficando muito estanho para duas pessoas que acabaram de se conhecer.

— Vamos fazer assim, vizinha, — Ele sentou novamente, agora trazendo o livro consigo. — se o que você ver agora não te impressionar, eu juro que sumo da sua vida para sempre.

           Ian disse o ''para sempre'' quase que num sussurro, o que arrepiou a minha pele

— Relaxa, tudo vai ficar bem — Ele disse — só estou te ajudando a entender quem você realmente é

— Fácil pra você dizer que vai ficar tudo bem, não foi você que subiu na moto de um desconhecido e veio parar num lugar estranho.

—- Aqui

           Ele me estendeu um livro antigo e encadernado em couro, o cheiro de pó e tinta velha me atingiu em cheio. Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, Ian tirou um punhal de dentro da jaqueta de couro e cravou a ponta no próprio dedo.

— O que... — Sibilei levantando rapidamente.

           O sangue escorria, intenso e vermelho, pintando a pele pálida ao redor da ferida. Ele me encarou, a expressão no rosto ainda impenetrável.

— Veja, disse, não precisa ter medo. É só... uma pequena amostra do que está por vir.

           As páginas do livro, antes em branco, começaram a absorver o sangue de Ian, como se fossem uma esponja sedenta. As palavras se formavam em letras góticas, escritas em um vermelho vibrante que me lembrava sangue. A cada gota que pingava, as palavras se multiplicaram, formando frases estranhas e perturbadoras

           Fiquei petrificada, meus olhos arregalados, incapaz de compreender o que estava acontecendo. O livro pulsava, a energia emanando dele como um raio. As palavras se movimentavam, dançando em um ritmo frenético, formando frases cada vez mais longas.

— Você está pronta para descobrir quem você realmente é? — Ian perguntou, seu olhar fixo no livro — E para conhecer os segredos que a sua própria alma esconde?

           O sangue continuava a pingar, as palavras a se formar, e eu, presa entre o fascínio e o terror, sentia a minha mente se estilhaçando, absorvida pela magia que se revelava diante de meus olhos.

----------------------------------

Aesthetic aleatório com alguns elementos para elucidação, obrigada por chegar até aqui

Total de palavras: 3401 (O capítulo mais longo que escrevi em toda a minha vida)

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro