Capítulo VIII - Parte II
"Observar as estrelas, ler um livro e estar ao lado das pessoas que você ama é uma ótima maneira de terminar o dia"
Bruna Zeferino Pereira
Boa leitura fofas e fofos ♡-♡
Espero que gostem :)
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Encarei o meu reflexo no espelho do banheiro. O meu cabelo não estava muito agradável, a maçã do meu rosto estava mais magra, as minhas pálpebras estavam caídas como alguém que não dormia há dias. Eu estava bastante diferente, já não era a mesma.
Passei um pouco de brilho nos meus lábios secos e sai do banheiro. Olhei para as flores que estavam no vaso, fiquei as fitando por um tempo. A sensação de saber que eu iria visitar a minha família no cemitério era assustador, sentei na minha cama e contei até dez como eu sempre fazia para tentar me acalmar.
Senti os meus olhos lacrimejando e comecei a piscar os meus olhos para conter as lágrimas. Eu não posso chorar, pensei. Eu havia prometido a mim mesma que eu não iria mais chorar, eu iria ser forte e encarar a perda de uma maneira mais adulta. Eu não preciso chorar para mostrar a minha dor.
Eu sei que chorar não irá fazer os meus pais e a minha irmã voltarem. Desde o início eu tinha que ter sido forte, mas eu não consegui. Suspirei e relaxei os ombros, encarei as flores outra vez e escutei alguém bater na porta.
Levantei-me e andei até a porta com passos lentos. Já estava na hora de eu ir para Tenebris visitar a minha família, peguei as flores do vaso ao qual ela lhe pertenceu à momentos atrás. Abri a porta e encontrei uma pessoa que eu não imaginava estar ali.
- O que foi está fazendo aqui? - perguntei grossa.
- Eu queria falar com você - ele disse sorrindo.
- Olha Richard eu não estou com tempo para conversa - falei e coloquei a mão na maçaneta para fechar a porta, mas ele foi mais rápido e me empurrou para dentro do quarto, entrando logo depois.
- Você está esperando alguém? - ele perguntou se sentando na minha cama.
- A minha avó - falei cruzando os braços - Agora saía da minha cama! - falei irritada.
- Mas, se você tem uma avó por que você está aqui? - ele perguntou curioso de levantando da minha cama.
- Ela não tem condições financeiras para cuidar de uma adolescente.
- Aonde vocês vão? - ele perguntou.
- No cemitério - murmurei seca.
- Ah... - ele disse acanhado - Desculpa...
- Tudo bem - falei e olhei para o pátio - O que você queria falar comigo? - perguntei olhando para o pátio.
- Deixa para outro dia - ele disse indo na direção da porta.
- Fala - falei indo para frente dele.
- É que eu... - quando ele ia terminar a frase a porta foi aberta de uma vez.
Deveriam bater na porta primeiro, pensei. Encarei a diretora que havia aberto a porta sem nenhuma educação e a minha avó do lado de fora, elas estavam me olhando com uma expressão de surpresa e assustadas. Digamos que eu estava na frente do Richard e agora elas estão tirando conclusões precipitadas.
- O que você está fazendo aqui? - a diretora perguntou entrando no quarto acompanhada da minha avó.
Elas encararam as rosas em minhas mãos e depois olharam para o Richard. Por que eu tinha que está com essas rosas na mão? O Richard me olhou confuso até que o olhar dele demonstrou que ele tinha entendido o que elas estavam achando.
- Você também vai? - a diretora perguntou séria cruzando os braços.
- Não - ele disse sorrindo e olhou para mim com um olhar estranho.
- Você é a avó da Mallory? - ele perguntou para a minha avó.
- Sim - ela disse sorrindo - Me chamo Alicia Hunter.
- Sou Richard - ele disse e estendeu a mão para ela que o cumprimentou - É um prazer conhecer a senhora - ele disse sorrindo.
O que ele está fazendo? Olhei para ele sem entender nada. A diretora parecia que queria me matar com os olhos, enquanto a minha avó não parava de olhar para o Richard e para mim sorrindo.
- Com licença - o Richard disse e beijou a minha bochecha e saiu do quarto.
Fiquei congelada enquanto o meu cérebro estava em um trabalho difícil tentando fazer o meu corpo voltar ao normal. Um garoto me beijou, pensei. Nenhum garoto nunca tinha me beijado, eu sei que ele só beijou a minha bochecha, mas isso foi estranho.
- Temos que ir logo - falei quando eu consegui sair do meu transe.
- Claro querida - a minha avó disse sorrindo - Vamos - ela disse saindo do quarto.
Olhei para a diretora que estava com um olhar de raiva para mim, balbuciei um tchau para ela e sai do meu quarto indo atrás da minha avó. Quando a alcancei ela me lançou um olhar estranho e sorriu. Era só o que me faltava, pensei.
- Você não vai deixar as rosas no seu quarto? - ela disse.
- Eu vou levar para a minha família - falei.
- Nós vamos de ônibus se não se importa - ela disse cabisbaixa.
- Não tem problema.
- Na volta você vai ter que vir sozinha - ela disse enquanto saímos do orfanato.
Chegamos ao ponto de ônibus e para a nossa sorte o ônibus chegou poucos minutos depois. Eu já não estava aguentando ficar sentada naquela poltrona dura, olhei para a minha avó e fiquei triste. Ela estava sentindo muito mais dor do que eu e não reclamava sequer nenhum momento.
Descemos do ônibus e começamos a caminhar indo em direção ao cemitério. Respirar o ar de Tenebris era aconchegante. Senti a brisa morna me envolver, os meus cabelos começaram a voar e eu senti um cheiro de sândalo que foi substituído por um cheiro horrível do cemitério junto ao cheiro das rosas.
A minha avó me levou para o lugar onde eles haviam sido enterrados. A lápide com o nome da minha mãe estava na direita, a do meu pai estava no meio e a minha irmã na esquerda. Coloquei uma rosa encostada nas lápides da minha família e me sentei no chão. A minha avó ficou um tempo ali comigo e depois disse que ela iria ir embora. Despedi-me dela e voltei a me sentar.
- Eu amo tanto vocês... - falei com a voz embargada.
- Agora eu tenho uma amiga, ela se chama Krystal. Ela também mora no orfanato, sabe a diretora do orfanato eu não gosto muito dela - sussurrei - Hoje um garoto me beijou - falei envergonhada e olhei para o lado - Não precisam se preocupar foi na bochecha. Eu não sei porquê ele fez isso, ele só pode ser doido. Ele nem me conhece direito e primeiro que já foi entrando no meu quarto sem a minha permissão. É um bêbado e sem educação - falei começando a ficar irritada.
- Como vocês estão? - perguntei tentando me acalmar - Eu queria poder abraçar vocês - sussurrei - Vocês sabem o motivo de eu não ter morrido? Aliás, eu pulei do quarto andar e eu só tive pequenos arranhões. Eu sei que vocês acreditam em milagres, mas eu não. Eu deveria ter morrido também, não fiquem tristes por eu ter falado isso, mas a vida foi tão injusta comigo. Ela me tirou as pessoas que eu mais amava - sussurrei e segurei para não chorar.
- Espero que vocês estejam bem - falei e sorri - Eu tenho que ir agora - sussurrei - Eu prometo voltar outro dia. Amo vocês muito - falei e me levantei.
Olhei para as outras inúmeras lápides que tinha ali. São tantas pessoas que nos deixam, pensei e comecei a andar para sair dali. Senti um cheiro muito forte de velas queimando, rosas. Passei por várias lápides até achar a saída. Sai do cemitério e fui andando pelo o mesmo caminho que eu tinha feito com a minha avó. Senti a brisa morna me envolver outra vez me dando uma sensação de paz e o cheiro do sândalo.
Cheguei ao ponto de ônibus e fiquei esperando o ônibus chegar, uma mulher disse que ele só ia chegar daqui a uma hora, suspirei e me sentei em um dos bancos que tinha ali. O brilho que eu havia passado na minha boca já havia sumido e agora outra vez a minha boca estava seca. Ajeitei-me no banco e fiquei olhando para frente, tinha umas árvores coloridas e umas mais sombrias.
Olhei para o lado e vi o ônibus chegando, até que não demorou muito, pensei. Entrei no ônibus e sentei outra vez naquela poltrona dura. As pessoas estavam me olhando estranho, deve ser porque eu estou com uma cara horrível, a bainha do meu vestido está sujo de terra porque eu sentei no chão. O meu cabelo está horrível, a minha vida está horrível! Encarei aquelas pessoas e olhei para a janela.
Senti um alívio enorme quando eu cheguei, desci do ônibus e fui o mais rápido possível para o orfanato, quando cheguei algumas crianças saíram correndo. Eu não estou tão feia assim, pensei irritada. Aquelas crianças foram muito más, eu tinha ido visitar a minha família no cemitério e elas ainda faziam isso.
Entrei no meu quarto muito irritada e com uma vontade enorme de chorar, mas eu havia prometido eu não iria chorar mais. Fui para o banheiro e me livrei daquelas roupas, liguei o chuveiro e deixei a água escorrer pelo o meu corpo por um tempo até que eu comecei a me banhar.
Terminei o meu banho e vesti a primeira roupa que eu encontrei. Coloquei as roupas que eu tinha ido ao cemitério para lavar. Depois disso eu me sentei na cama e comecei a desembaraçar o meu cabelo, eu estava em uma guerra com o meu cabelo, mas depois de muito esforço eu venci a guerra. Voltei para o banheiro e olhei para o meu rosto.
Passei um pouco de brilho nos lábios, um corretivo. Eu só consegui usar o corretivo porque a minha irmã me obrigou a aprender a usar. Pelo menos estou um pouco melhor, pensei e voltei a me sentar na minha cama.
Eu estou conseguindo ser forte, mas eu preciso ser mais ainda.
- Quero conversar - a Krystal disse entrando no meu quarto.
- Eu quero a minha família - sussurrei.
- Não entendi - ela disse se sentando ao meu lado.
- Nada - falei - O que você quer conversar? - perguntei mudando de assunto.
- Eu vou sair hoje com o meu namorado - ela disse sorrindo.
- Eles deixaram você sair? - perguntei.
- Não precisa pedir - ela disse - Eu prefiro assim não gosto de ficar pedindo para sair.
- Eu acho que eles não deveriam deixar sair assim na hora que quer - falei cruzando os braços.
- Por que não?
- Eles deveriam ser mais responsáveis, colocar regras - falei - Eles não podem ser assim tão liberais.
- Você está parecendo uma mãe protetora - ela disse rindo.
- Deixa isso para lá - falei rindo - Aonde vocês vão? - perguntei curiosa.
- Ele disse que é surpresa, mas eu tenho que estar com um vestido elegante - ela disse tímida - Eu estou na dúvida.
- Qual vestido que você mais gosta? - perguntei.
- O meu amarelo - ela disse - Mas eu não sei se ele vai gostar desse.
- Usa o que você gosta - falei - Ele provavelmente vai gostar - falei sorrindo.
- Obrigada - ela disse se levantando.
- Aonde você vai? - perguntei.
- Eu tenho que me arrumar - ela disse saindo do quarto.
- Ok - falei para o quarto vazio.
Fiquei olhando para o teto me lembrando de tudo que havia acontecido hoje, suspirei e deixei a minha mente me levar para longe. Acabei adormecendo em meio aos meus pensamentos.
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Deixem o seu voto ☆-☆ vou ficar muito feliz :)
Então é isso fofas e fofos ♡-♡
Até o próximo capítulo ^-^
#EstáNaHoraDoDespertar
Com carinho,
Bruh *-*
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