Capítulo 33
Você sabe que sinto sua falta
Mas você tá me confundindo
Por que você desacelerou?
Não pare, a luz está verde
Agora você tá me chamando de especial
Quando sabe que não posso te ter
Porque eu achei que tinha sido o nosso fim
Você me fez achar que os sentimentos tinham acabado
Você fica fazendo isso, de novo e de novo
Fica me ligando de volta
(Over - Lucky Dale)
*Anastasia Byers*
Uma semana havia se passado, mais um sábado se fazia presente na cidade de Hawkins. Alguma festa ia acontecer de noite, mas ao contrário do normal, eu não estava muito animada em ir, o que era estranho, mas tudo ainda estava muito estranho em minha volta.
Durante a semana, evitei qualquer contato visual com Amber ou Billy, ainda estava tentando encaixar meus sentimentos na minha cabeça. Ainda não conseguia admitir cem por cento, mas eu já tinha entendido que os dois juntos me incomodava. Foi uma semana torturante, porque todos os meus instintos e desejos imploravam para que eu olhasse para Hargrove, afinal, ele realmente era um colírio para os olhos, mas justamente por isso eu me esforcei ao máximo para nem sequer encarar algum ponto próximo dele. Eu não sabia como eu reagiria a imagem de Billy, principalmente se ele olhasse de volta.
Na real, por que ele olharia de volta? E mesmo se olhasse, iria ser com aquele desprezo que me deixava amargurada e angustiada, então preferia não ter aquilo em minha mente. Preferia lembrar das vezes que ele me olhava com os olhos azuis brilhando, como na vez que ele me levou para a piscina comunitária da cidade a noite, após um show. Foi uma das melhores noites da minha vida, mas ele jamais saberia disso.
— Nas, querida, o almoço está pronto. — A voz da minha mãe entrando no meu quarto me distraiu dos meus devaneios.
— Não estou com fome. — disse simplesmente, sem desviar os olhos do caderno preto, aberto na página de uma das músicas em que eu trabalhava na outra semana.
Joyce se aproximou de mim e apoiou uma das mãos nos meus ombros. Não me importei que ela lesse, ia ser até bom, minha mãe sempre me ajudava com suas opiniões em relação às minhas músicas.
— Um pouco dramático, não? — Ela disse, e se inclinou um pouco mais.
— Eu sei... Estava brava. — disse simplesmente, voltando a rabiscar. — Ainda estou, mas escrever ajuda. — confessei. — Essa aqui é mais depressiva, aliás. — Mostrei a ela outra página, com outra letra.
— Tudo bem, aqui vai a proposta. — Ela disse e só então virei minha cabeça para encara-la. — Vamos almoçar, depois vamos assistir um filme enquanto tomamos sorvete e esquecemos da existência desse grande filho da puta. — Ergui as sobrancelhas, minha mãe jamais gostou que eu xingasse. Não controlei um sorriso.
— Sorvete?
— Mousse de maracujá. Eu comprei.
Sorri mais uma vez. Não dei muitos detalhes sobre o que aconteceu ou sobre o que eu estava sentindo, mas Joyce já sabia muito bem o motivo, ela não era boba, e conhecia extremamente bem todos os seus filhos. Fomos juntas até a cozinha, enquanto minha mãe me abraçava pelos ombros. Jonathan e Will já estavam lá, prontos para se servirem.
Após o almoço, Will e minha mãe foram arrumar o filme que assistiríamos, enquanto eu e Jonathan servíamos os sorvetes em quatro taças. Foi uma tarde deliciosa, já que colocamos um filme de comédia, e quando terminou, conversamos sobre como estava indo a escola, os ensaios da banda, a relação mais próxima de Joyce e Hopper — mesmo com ela negando tudo — e qualquer coisa que não fosse o assunto Billy Hargrove, o que me deixou muito mais leve.
(...)
Era por volta das sete horas da noite quando voltei a me sentar na frente da escrivaninha para trabalhar mais uma vez nas músicas. Uma delas já estava quase pronta para que eu pudesse levar para os meninos da banda, e assim finalizarmos.
— Jayna, se arruma. — Jonathan entrou no meu quarto de repente. O encarei confusa.
— Me arrumar pra que? — perguntei.
— Vamos a tal festa hoje. — Ele disse simplesmente. Ergui as sobrancelhas.
— Ok, o que está acontecendo? — perguntei e me levantei da cadeira. — Eu não tô afim de ir, e você odeia festas, Zan.
— Mas odeio ainda mais ver minha irmã escrever músicas sobre alguém que não merece nem a companhia dela. — Ele foi direto, me deixando sem palavras. — Vai, se arruma. Ainda vou buscar Nancy, e Genevieve e Eddie já estão quase prontos.
Fiz mais uma careta confusa. Genevieve e Eddie em mais uma festa. Minha amiga não gostava de festas e Eddie não gostava das pessoas nas festas, então o fato de eles irem a um evento qualquer desse me surpreendia. Mas não tive tempo de falar, já que Jonathan quase me empurrou para que eu começasse a me arrumar.
Como ele disse estar apressado, não demorei no banho e vesti a primeira coisa rápida que vi, um vestido preto, tomara que caia, bem colado ao corpo. O mesmo vestido que eu havia emprestado a Gen na festa de Halloween ano passado. Porém, não coloquei as luvas que faziam par com ele, mas sim uma jaqueta de couro mais curta e coturnos dramáticos nos pés. Carreguei a maquiagem, já que eu estava indo a uma festa, devia fazer jus ao meu estilo. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto, com algumas mechas da franja soltas, coloquei acessórios de prata em seguida e finalmente pronta.
Buscamos Nancy e já partimos direto para a casa onde aconteceria a festa, que só no caminho fui descobrir ser a mansão de Amber, o que tornou tudo absolutamente pior.
— Vocês realmente estão me levando pra casa da Amber Crawford? — perguntei com a voz alta, me inclinando no banco de trás para que os dois na frente me ouvissem.
— Vai ter muita gente lá, você não vai precisar nem ver ela. — Nancy disse, calma.
— Vocês estão ficando malucos? Por que estão fazendo isso? — perguntei mais uma vez, desejando mais ainda ter ficado em casa.
— Você tem que mostrar como não está nem aí pra essa situação, senão Amber só vai querer crescer cada vez mais em você. — Jonathan rebateu, prestando atenção na rua. — E a Anastasia Byers que eu conheço jamais deixaria isso acontecer.
Me calei mais pelo cansaço. Por um lado Jonathan tinha razão, meu ego jamais permitiria ficar por baixo de alguém, principalmente de Amber ou até mesmo de Billy. Então, após segundos pensando, decidi seguir os conselhos do casal no banco da frente e tentar relaxar, e principalmente, curtir a festa o máximo possível, como eu sempre fiz e sempre farei.
Ao chegarmos, Eddie e Genevieve nos esperavam do lado de fora. Estavam abraçados e conversavam distraidamente sobre algo. A forma que eles se olhavam era adorável, eu deveria admitir, e se eu não fosse a primeira escolhida para madrinha de um futuro casamento, jamais iria perdoa-los.
— Tudo bem, prestem atenção. — disse, após cumprimentar meus dois melhores amigos. — Não quero que vocês façam coisas que não gostam sempre só por minha causa, queria deixar isso claro. — Eles me escutavam atentamente. — Agora, já que estamos aqui, vamos arrasar essa porra de festa, o que me dizem?
Eles sorriram junto comigo. Jonathan passou o braço em volta dos meus ombros, entrelaçou as mãos com Nancy e nos direcionamos até o interior daquela mansão. Eddie e Genevieve vinham atrás, e mesmo não gostando de festas, pareciam animados, o que me confortou um pouco mais.
Quando entramos, graças aos céus não encontrei nem Amber e nem Billy por nenhum lado, conseguindo me deixar mais relaxada. Realmente seria mais difícil de encontrá-los dado o tamanho daquela sala de estar e da quantidade de pessoas. Com certeza os jovens da cidade inteira estavam lá, não só os da escola, eu podia perceber. Não me surpreendeu, Amber era louca por atenção e nas raras vezes que vim em festas na casa dela, sempre o número de pessoas me impressionava. Não a julgava nesse quesito, atenção demais nunca foi problema para mim também.
De primeira, nos servimos com bebidas e já nos direcionamos ao amontoado maior de gente, onde parecia ter se formado uma pista de dança. Movimentei meu corpo com a música, da mesma forma provocativa que estava acostumada, mas dessa vez para ninguém em particular, o que deixava tudo melhor. Percebi os quatro um pouco parados, talvez tímidos, talvez um pouco desconfortáveis, então logo tratei de puxar as meninas para dançarem comigo. O sorriso delas aumentou quando começaram a se soltar.
Vários drinks depois, já sentia a embriaguez me consumir me deixando alegre, fazendo com que eu me soltasse ainda mais, porém também me dando vontade de ir ao banheiro. Avisei meus amigos onde ia e então segui a busca de um toalete naquela casa enorme. Todos os do andar de baixo estavam ocupados, então precisei subir as escadas ainda procurando. Finalmente achei um vazio, entrei — dessa vez tranquei a porta — e fiz o que precisava fazer. Cambaleei um pouco até a pia e ri comigo mesma, estava me sentindo feliz por um breve momento. Lavei as mãos ainda sorrindo e caminhei até a porta em seguida.
Porém, toda a minha felicidade iria embora no instante em que eu abrisse a porta. Foi preciso abrir apenas uma fresta, para eu sentir alguém empurra-la pelo lado de fora, me fazendo cambalear para dentro de novo enquanto essa mesma pessoa entrava junto. Apoiei na parede para recuperar o equilíbrio e pude jurar ouvir a porta sendo trancada. Busquei quem quer que fosse com o olhar assustado, e arregalei ainda mais os olhos quando vi quem era.
Billy.
— Mas que porra... — perguntei com a voz alterada, mas me calei ao ver o olhar do garoto.
Billy me encarava lentamente de cima a baixo e pude ver sua respiração pesada. Eu não o havia visto na festa ainda, então o baque da cena foi muito maior, e quando ele olhou diretamente para os meus olhos... Senti meu coração acelerar de forma bruta. O brilho, o mesmo brilho que eu não via há tanto tempo e que, me atrevia dizer, sentia falta. Senti meu próprio ar faltar no primeiro passo que ele deu em minha direção.
— Droga, está tão linda hoje. — Ele disse, com a voz grossa e arrastada. Só então percebi que ele estava bêbado, e talvez chapado.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, conseguindo manter a voz firme.
— Eu vim pra festa. — Mais um passo. Tentei me afastar, mas vi estar sem saída quando senti meu quadril encostar a pia de porcelana.
— Tô falando aqui no banheiro. — Fiz uma pausa enquanto engolia em seco. — Não podia me esperar sair? — Eu não sei como estava conseguindo manter minha voz firme ainda, sendo que tudo o que eu queria fazer era me aproximar.
— Queria te ver. — Ele respondeu simplesmente, ainda se aproximando.
— E onde está sua namorada? — perguntei erguendo o queixo.
Billy não respondeu, apenas continuou se aproximando até chegar tão próximo ao ponto de encostar seu corpo completamente no meu. Se existia algum sinal de embriaguez em meu corpo, já havia simplesmente sumido ao sentir suas mãos apertarem minha cintura com firmeza. Eu não tinha forças para fazer nada, nem para me afastar e nem para sequer dizer alguma coisa. Que porra, o jeito que esse garoto me tinha chegava a ser ridículo. Minha cabeça gritava para me afastar, mas todos os meus instintos me imploravam para continuar ali.
A gota d'água foi quando Billy desceu o rosto na direção do meu pescoço, livre por conta do rabo de cavalo. Culpa minha, justo hoje fui prender meu cabelo. Senti a ponta do seu nariz tocar na pele do meu pescoço e ouvi quando ele puxou uma grande quantidade de ar. Meu corpo, mais uma vez, me traiu, porque não consegui esconder um gemido fraco enquanto me arrepiava por inteiro. Billy forçou o aperto em minha cintura com isso, me mostrando que minhas reações continuavam afetando-o de alguma forma. Meu ego inflou por isso, e meu coração só batia cada vez mais forte.
— Seu cheiro. — Ele disse ao erguer a cabeça e me encarar profundamente nos olhos. Suas orbes estavam escuras, e as pupilas dilatadas. — Senti falta. — Engoli em seco mais uma vez, mas não desviei meu olhar do dele.
— Sei. — Minha voz saiu mais grossa dessa vez, mas ainda consegui manter o resquício de postura que ainda me restava. — Não minta mais pra mim, Billy. — pedi, com sinceridade.
Vi quando ele franziu as sobrancelhas e pareceu um pouco... Arrependido? Não conseguiria decifrar na hora, estava muito ocupada mantendo o autocontrole que eu nunca tive. Ele não disse mais nada, então suspirei profundamente, vendo seu maxilar trincar por conta disso, e levei minhas mãos aos seus braços. O toque causou choques por todo meu corpo e mais uma vez minha vontade de senti-lo de novo gritou. Mas me mantive firme, nem eu sabia como.
— Aproveita a festa.
Foi a última coisa que eu disse ao tirar suas mãos da minha cintura e desviar do seu corpo quente, atrativo e tentador. Caminhei até a porta do banheiro com as pernas bambas, mas não mais por conta da bebida. Saí do banheiro sem olhar para trás, porque eu sabia que se eu olhasse, jogaria tudo para os ares e me entregava para ele ali mesmo. Corri até onde meus amigos estavam, e percebi suas caretas confusas quando viram a expressão no meu rosto.
— Preciso de ar. — disse, puxando todos para a área externa.
Nem consegui olhar os detalhes do espaço ao lado de fora, só vi uma piscina enorme e alguns bancos vazios e afastados, e foi para lá que me dirigi, com meus amigos na minha cola. Ao me sentar, suspirei profundamente mais uma vez, ainda sentindo resquícios da cena do banheiro em todo meu corpo.
— Nas, o que foi? Parece que viu um Demogorgon. — Eddie disse antes de todos. Fiz uma careta confusa com o último nome, talvez fosse alguma referência ao tal jogo de RPG que ele e meu irmão mais novo adoravam, mas não liguei.
— Billy entrou no banheiro. — disse quase em um sussurro, mas todos ouviram muito bem, já que as mais diversas expressões de surpresa surgiam em seus rostos.
Contei detalhadamente o que havia acontecido, achando estranho por isso, eu não costumava contar tudo abertamente, mas naquele momento eu precisava tirar do meu peito. Na verdade eu precisava de outra coisa, e de outro alguém, mas tentei ignorar de novo, porque se eu pensasse demais, me arrependeria de não continuar o que ele estava tentando iniciar naquele banheiro.
— Eu falei que era estranha aquela cena toda. — Gen disse após ouvir tudo.
— E eu falei que sempre teve química. — Nancy completou.
— Tá, mas por que ele pediria Amber em namoro se isso tudo for verdade? — perguntei, mas antes olhei para os lados para ver se alguém estaria ouvindo a conversa.
— E como você tá? — Jonathan perguntou após um silêncio se instalar com a minha pergunta. Franzi as sobrancelhas.
— Estou ótima. — Menti, eu estava atordoada e, novamente, confusa.
— E essa careta de choque não significa nada. — Eddie afirmou, mas carregou o sarcasmo na voz enquanto sorria.
— Significa que eu ainda não sei como consegui virar as costas e ir embora, tá legal? Era isso que queriam ouvir? — Admiti, finalmente.
A conversa a partir daí tomou outro rumo, e agradeci mentalmente por eles entenderem que eu não queria mais falar sobre o assunto. Porém, quando eu já estava prestes a pedir para ir embora, olhei mais uma vez ao redor da área externa, e foi então que eu vi os cabelos ruivos muito bem hidratados e bem arrumados de uma certa conhecida. Aurora, lembrei o nome dela, estava conversando com um grupo de amigos de forma animada.
— Meninas, olha quem tá aqui. — Chamei minhas amigas e apontei discretamente até onde a garota estava.
— A garçonete do karaokê. — Genevieve comentou.
— Qual o nome dela mesmo? — Nancy perguntou.
— Aurora. — disse, sem desviar o olhar dela e já abrindo um sorriso malicioso.
— Vocês foram no karaokê sem mim? — Eddie perguntou, e pude ver de relance ele fazer uma careta dramática enquanto Gen apoiava sua cabeça no ombro dele.
Continuei encarando Aurora, até o momento que ela finalmente me viu. Ela pareceu surpresa de início, talvez não tenha percebido que eu estava lá até então. Mas em seguida abriu um sorriso ladino e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Fiz questão de passar meus olhos por todo o corpo dela, já sentindo uma animação quando ela sustentou o olhar. Uma ótima distração de todo o caos com Billy, eu podia dizer.
Pedi um cigarro a Eddie, como desculpa para ir até um ponto mais afastado da área externa, onde eu não seria vista caso não prestassem muita atenção.
— Ótimo como você consegue mudar de humor só por conta de uma garota bonita, Jayna. — Jonathan comentou ao me ver levantar, ainda com os olhos em Aurora.
— Eu sou uma rockstar, irmãozinho. — disse simplesmente, antes de caminhar até o ponto afastado.
Como já esperado, minha tentativa de chamar sua atenção funcionou, já que assim que eu parei e acendi o cigarro, observei Aurora caminhar até onde eu estava. Ela tinha um sorriso doce nos lábios, mas que carregava uma ponta de malícia, eu percebi muito bem, por isso sorri de volta, e a encarei de cima a baixo mais uma vez, deixando bem claras as minhas intenções.
— Anastasia, certo? — Ela perguntou quando chegou. Traguei o cigarro olhando para ela.
— Não sabia que conhecia Amber Crawford. — Eu disse enquanto me apoiava na parede.
— Quem não conhece a Amber? — Ela respondeu, mas revirou os olhos. Na pouca luz, tinham uma coloração azul escura. — Desculpa, não sei se ela é sua amiga. — Ri nasalado enquanto tragava mais uma vez.
— Amiga? Não, eu só vim pela festa. — Ofereci o cigarro a ela, que pegou e tragou uma vez. — Não ligo se é a casa dela ou de qualquer pessoa, gosto de quem está presente. — Olhei todo seu corpo mais uma vez. Ela sorriu e mexeu no cabelo de novo.
— Essa cantada funciona com todas as garotas? — Ela perguntou, mas se aproximou singelamente.
— Não sei, funcionou? — perguntei. Aurora sorriu de novo e me estendeu o cigarro.
— Então, quando vou te ver cantar de novo? — Ela perguntou, mas não tive tempo de responder, já que senti mais alguém se aproximando.
— Anastasia. — Aquela voz, eu nem precisaria me virar para saber quem era. — Podemos conversar?
Billy estava parado ao meu lado, e quando o olhei, vi que ele me encarava com uma certa ferocidade no olhar. Normalmente, eu me derreteria toda por isso, mas precisava me manter firme. Ele não ia conseguir nada de mim tão fácil depois de tudo, principalmente depois de eu perceber que talvez eu sentisse algo a mais por ele. Fiz o maior esforço do mundo para não olhá-lo nos olhos. Traguei o cigarro uma última vez antes de jogá-lo fora, ainda sem olhar diretamente para ele.
— Desculpa, estou ocupada agora.
Minha frase ia contra qualquer instinto meu, e principalmente contra o meu coração. Queria qualquer desculpa para te-lo perto, nem que fosse apenas para conversar, todo meu corpo ansiava por isso, mas eu não ia ceder tão fácil, meu ego não deixaria. Voltei a encarar Aurora e abri mais um sorriso malicioso.
— Vai fazer alguma coisa terça à noite? — perguntei, e percebi que Billy ouviu, já que suspirou pesado antes de dar as costas e sair.
— Saio do trabalho às sete. — Ela respondeu e se aproximou mais.
— Ótimo, meu show no Hideout é às oito. — Desencostei da parede e me aproximei dessa vez.
— Vai cantar a música que cantou no karaokê? — Ela perguntou. Me aproximei mais ainda, até já sentir o corpo dela quase encostado no meu.
— Com certeza. — respondi. — Canto pra você.
Segurei sua cintura com uma das mãos após minha frase, e usei minha melhor voz grossa e aveludada possível. Percebi quando ela olhou diretamente para os meus lábios e sabia que era a minha deixa. Coloquei a outra mão em sua cintura e colei mais sua silhueta na minha, ao passo que ia aproximando meus lábios dos dela. Aurora segurou meu rosto com as duas mãos quando finalmente toquei sua boca com a minha.
Ela aprofundou o beijo primeiro, e senti gosto de morango junto com o gosto do cigarro que ela fumou comigo. Apertei mais sua cintura enquanto ela rodeou meu pescoço com os braços, e pude senti-la suspirar com meu ato. Sorri com isso enquanto mordiscava seu lábio inferior. Era um beijo ótimo, sem dúvidas, mas não fazia meu corpo queimar, ou meu coração bater mais forte como... Como Billy fazia.
Ficamos nisso por alguns minutos, passei minhas mãos por todo o tronco dela e se estivéssemos em um quarto fechado, eu com certeza iria até o final com ela, mas ela disse que precisava ir embora em algum momento. Aurora se despediu com um selinho tímido, e arrumou o cabelo de novo, com um sorriso no rosto, antes de se virar e sair. Procurei meus amigos depois disso, e fui encontrá-los ao lado de fora da casa, no mesmo lugar onde nos encontramos quando chegamos. Eles conversavam animadamente.
— Então, rockstar, tudo certo? — Jonathan perguntou ao ver minha careta presunçosa.
— Tudo ótimo. — Realmente, o momento com Aurora havia me animado, mas logo as sensações e imagens do que quase aconteceu no banheiro me invadiram.
— Devia ter visto a cara do Billy quando viu você beijando outra pessoa. — Genevieve comentou, e tinha um sorriso divertido no rosto.
— Hm, me conta mais. — pedi, sentindo meu peito inflar por alguns segundos.
— Por que não vê você mesma? — Nancy disse apontando com a cabeça algum ponto atrás de mim.
Billy, mais uma vez, me encarava com a ferocidade no olhar. Ele fumava um cigarro enquanto tinha uma cerveja na mão, e não desviava o olhar nem por um segundo. Meu corpo queimou, só me confirmando que ele era o único que conseguia me arrancar sensações como essa mesmo de longe. Talvez ele só tivesse ido atrás por estar bêbado, mas se fosse investir mais uma vez, eu não sei se aguentaria. Uma parte da minha consciência pensava em Amber, mesmo que eu não gostasse dela, não ia ser legal se eu cedesse aos encantos do seu namorado, até porque ela tinha esse título para ele, e não eu.
Desviei o olhar de novo, antes que eu fosse até ele. Eddie me encarava com os olhos semicerrados, e eu sabia muito bem o que ele pensava, então apenas revirei os olhos, mas não disse nada. E durante todo o caminho de volta para casa me perguntava: eu estaria realmente apaixonada?
—————————————————
OIIII, AMIGXS, demorei mas cheguei, c um capítulo um pouquinho mais longo!
UM ANÚNCIO RAPIDINHO: FANFIC NOVA DO EDDIE MUNSON NA AREA!! Postei essa semana e ainda tá no começo, mas se quiserem dar uma olhadinha, chama "torna a casa" tá no meu perfil, e acho que vcs vão gostar MUITO dela, se puderem dar essa força🥹
ah, essa ruiva ai no gif é como eu imagino a Aurora ok?☺️
é isso gente, vou tentar não demorar tanto no próximo, não esqueçam da estrelinha e sintam-se livres pra comentarem bastante!
Bjin procêis💙
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