Capítulo 31
Tudo o que eu sempre quis era alguém
Para me amar tão bem assim
Você me ama tão bem
Todo mundo sabe que sou capaz de partir corações, como já fiz
Eu deixei cicatrizes em mais de um
Você me faz sentir tudo
Mesmo quando é dor
Parabéns, celebrações
Porque meu coração é o mais difícil de partir
Eu não sou chorona, mas você me fez chorar recentemente
Eu não sou chorona, mas você me fez chorar, baby
(Cry Baby - Demi Lovato)
*Anastasia Byers*
Na sexta-feira, minha vontade de assistir aula e prestar atenção era praticamente zero, então não fiz questão de entrar na sala, apenas segui até o lado de fora do colégio, pronta para caminhar até o "meu lugar de fumo", que era a mesinha com bancos de madeira entre as árvores, o apelido surgiu em uma conversa com Billy... Mais uma vez, o desgraçado na minha cabeça. Aliás, era justamente por pensar cada vez mais nele que eu estava sem paciência para ver aula, principalmente porque quase todas elas seriam com ele na sexta.
Além disso, fumei pelo menos dois cigarros por dia desde segunda-feira, sem conseguir entender por que eu estava tão ansiosa e angustiada, principalmente quando o nome Billy surgia na minha mente ou em uma conversa. Eu jamais costumei fumar tanto assim, e aquilo também estava me deixando nervosa, ou seja, nada estava adiantando.
Do lado de fora, avistei Eddie com uma pequena maleta de lata preta na mão direita, caminhando na mesma direção que eu. Eu conhecia muito bem o que ele carregava para saber que estava prestes a fazer uma venda de produtos ilícitos. Talvez fosse disso que eu precisava no momento, pensei enquanto me apressava até chegar ao seu lado. Ele parou quando me viu, com um sorriso no rosto.
— Genevieve não vai gostar que você está matando aula. — Eu disse mais para brincar.
— Tenho uma venda importante. — Ele respondeu, erguendo a maleta preta na direção dos meus olhos.
— Vou com você então, pra garantir que ninguém vai te extorquir. — Fiz uma pausa, e percebi as expressões do rosto de Eddie tensionarem. — E depois, já que estamos fora da aula mesmo, quem sabe não podemos aproveitar um baseado. Estou precisando. — Lancei um olhar desesperado a ele.
— Nas, acho melhor você não vir dessa vez. — Ele disse, enquanto coçava a nuca desajeitado. Franzi as sobrancelhas.
— Por que? Não é como se eu nunca tivesse visto você fazer negócios. — Eu não estava mentindo, já havia ido com Eddie para algumas negociações.
— Mesmo assim, melhor não dessa vez. — Ele continuou insistindo, só então me toquei do que poderia ser o motivo de sua tensão.
— Eddie. — Chamei, agora séria. — Quem é o cliente? — perguntei, cruzando os braços. Eddie suspirou e encarou os arredores antes de voltar a me olhar.
— Amber Crawford. — Sua voz saiu fraca, e seu olhar grudou no meu mais uma vez, como se fosse ler minhas próximas reações.
Amber. Não conseguia nem ouvir o nome dela sem sentir uma raiva estranha queimar em meu peito. Engoli em seco enquanto respirava profundamente. Encarei a floresta por alguns segundos antes de voltar a atenção até Eddie.
— Ok. — Dei de ombros, escondendo qualquer sentimento meu, como eu sempre fazia. — Nada demais, vamos.
Eddie não pareceu convencido, afinal ele me conhecia muito bem. Mas, mesmo assim, me seguiu quando eu comecei a andar até a floresta mais uma vez. Fizemos o curto caminho em silêncio, e quando chegamos perto, pude ver a figura de Amber sentada no banco de madeira. Ela usava o típico uniforme das líderes de torcida, com um laço verde prendendo metade do seu cabelo. A pele estava impecável, assim como tudo nela. Parecia ser de porcelana. Quem dera fosse, na verdade, assim era só jogar longe e meus problemas acabariam, pensei mas logo em seguida estranhei a mim mesma.
Ao nos aproximarmos mais, vi que tinha mais alguém com ela. Apoiado no tronco de uma das árvores estava Billy Hargrove. Eu não estava preparada para isso, não fazia ideia de que ele estaria junto, e ao olhar para a careta surpresa de Eddie, vi que ele pensou o mesmo que eu. Pelo menos eu não estaria sozinha com o casal do ano, seria humilhação demais, e não sei se eu aguentaria por tanto tempo.
— Munson. — Amber disse como um cumprimento. Ela me encarou de cima a baixo, com o nariz empinado. — E o que ela veio fazer aqui? Não tem nenhum show hoje, que eu saiba. — A soberba em sua voz era repugnante.
— Eu sou a sócia dele por hoje, querida. — Devolvi no mesmo tom. Ela bufou, mas não respondeu.
Enquanto Eddie se sentava no banco na frente dela, não consegui evitar de lançar um olhar a Billy, que até então estava no mais completo silêncio. Ele ainda estava encostado no tronco da árvore, com os braços cruzados. Os músculos marcavam mesmo na camisa de mangas que ele usava, com alguns botões abertos na parte de cima, como sempre. Ao alcançar seus olhos, não esperava que ele estivesse retribuindo o olhar, e tive que me controlar para não suspirar pesado. Eu jamais me acostumaria com a intensidade daqueles olhos azuis, e foi com esse pensamento que me forcei ao máximo para desviar o olhar. Consegui após longos segundos, encarando a negociação de Eddie e Amber.
— E qual desconto você pode me dar hoje, Munson? — Ela perguntou, após Eddie mostrar as mercadorias, com um sorriso fingido no rosto.
— Sem descontos hoje. Sinto muito. — Eu disse dessa vez, rápido, antes que Eddie pudesse pensar em alguma coisa. Amber ergueu as sobrancelhas e me encarou de cima a baixo de novo.
— Estou negociando com Eddie aqui, Nasty. — Ela respondeu, dizendo meu apelido com veneno. — Então, Eddie? — Ela voltou a encara-lo, com aquele nariz empinado e peito estufado.
— Bom, se minha sócia está dizendo sem descontos hoje, então sem descontos hoje. — Eddie disse com a voz mais tranquila que tinha. — Então, vai querer ou não? — Ele perguntou e abriu um sorriso cínico. Controlei uma risada com a careta que Amber fez ao ouvi-lo.
Ela olhou para trás, para Billy exatamente, como se pedisse por algum apoio. Mas o que ela recebeu foi o namorado desviando o olhar e suspirando sem paciência, não precisei olhá-lo para perceber. Amber voltou a encarar Eddie com uma careta indignada, em seguida me olhou mais uma vez. Sorri igual meu melhor amigo e esperei pela resposta dela sem dizer mais nenhuma palavra. Ela revirou os olhos e bufou mais uma vez.
— Tá bom. — Ela disse, puxando a carteira da bolsa de marca e retirando algumas notas de lá.
Enquanto Eddie contava, vi ela observando sua mão direita, mais especificamente, a aliança que Billy havia dado a ela. Por algum motivo, não consegui desviar o olhar, e para o meu azar ela percebeu, já que abriu um sorriso presunçoso e estendeu a mão para que eu olhasse mais de perto.
— Quer ver? — Ela perguntou, cínica. Engoli em seco, sentindo toda aquela raiva e ansiedade voltar para o meu peito.
— Meus parabéns, Crawford, é um anel bonito. — Eu disse, carregando minha voz e minha expressão com sarcasmo.
Ela sorriu satisfeita mais uma vez, mas não desviou os olhos de mim, mesmo quando Eddie estendeu as mercadorias que ela havia acabado de comprar. Amber guardou tudo na bolsa e fez menção em levantar, mas antes:
— Ele é meu agora, Byers. — Ela disse para mim. Eu poderia muito bem ficar quieta, mas não consegui.
— E você quer o que? Palmas? — Fiz uma pausa, e assumi a personalidade mais fria que eu conseguia, uma das minhas especialidades. — Olha, Amber, eu não poderia me importar menos. — Sorri em sua direção, arrancando um olhar confuso dela. — Bom, já pegou tudo não é? — Perguntei a Eddie, que confirmou com a cabeça. — Então já podem ir. — Fiz um gesto com uma das mãos, sem me atrever a olhar para nenhum dos dois.
Ela não disse nada, mas ergueu o nariz novamente e seguiu até o namorado. Billy envolveu os ombros dela e caminhou para longe, no mais completo silêncio. Nunca o havia visto tão quieto, mas no momento eu agradeci mentalmente por isso. Não ia conseguir escutar aquela voz e me manter calma.
— Nas, está apaixonada pelo Hargrove. — Eddie afirmou, arrancando uma expressão surpresa minha.
— O que? — Franzi as sobrancelhas e o encarei. — Não, tá louco?
— Eu te conheço muito bem, e você estava totalmente fingindo não se importar agora. — Ele rebateu. Arregalei os olhos, ainda negando com a minha vida. Eddie cruzou os braços, nada convencido.
— Por que eu me importaria? Tenho quem eu quiser, quando eu quiser na minha mão. — Fiz uma pausa, tentando acreditar nas minhas palavras.
— Tá bom, então Amber e Billy serem os novos pombinhos de Hawkins High School, do nada, não te afeta? — Neguei com a cabeça. — Achei que vocês transavam quase todo dia. — Ele fez uma observação, mas eu sabia que ele não acreditava em mim. Eu nem sabia se ao menos eu acreditava.
— A última vez foi no meu aniversário, depois ele sumiu. — Contei ainda fingindo indiferença. — Acho que percebeu que era com a Amber que queria ficar. — Dei de ombros, mas minhas próprias palavras me machucaram fortemente.
— Duvido. — Eddie continuou. — Já viu o jeito que aquele cara te olha? Nas, eu nunca o vi olhar para Amber desse jeito.
Já, Eddie, já vi como ele me olhava, pensei enquanto dava de ombros mais uma vez. Um silêncio constrangedor permaneceu entre nós, mas eu não queria dizer mais nenhuma palavra sobre o assunto, já teria coisa demais para pensar só com as poucas coisas que Eddie havia dito. Mal ele sabia, mas suas palavras ecoariam em minha cabeça durante muito tempo ainda.
Por Deus, Eddie percebeu que eu não queria mais falar nada, e como sempre me respeitou. Ainda em silêncio, ele bolou o baseado rapidamente, acendeu e me entregou. Senti todos os meus ânimos se acalmarem após alguns segundos, finalmente conseguindo relaxar pelo menos um pouco.
(...)
Ao final da aula, Will e os amigos foram para nossa casa passar o tempo, ou então jogar o tal Dungeons & Dragons. Eles se divertiam na sala, enquanto isso eu passei a tarde quase toda dentro do meu quarto, sozinha, pensando em cada palavra dita por Eddie e cada sensação que tive desde segunda-feira até hoje. Apaixonada por Billy Hargrove, que ideia mais ridícula. Porém, nunca me apaixonei antes para saber como era, então não tinha tanta certeza assim. De qualquer jeito, era humilhante.
Apenas saí do quarto quando já era fim de tarde para ir até a cozinha comer alguma coisa. Acabei fazendo pipoca para os mais novos, e aproveitei para checar se estava tudo bem, já que minha mãe ainda não havia chegado e Jonathan estava na casa de Nancy. Com a pipoca em mãos, Will guiou os amigos até seu quarto, provavelmente para se divertirem com algo que existia ali.
Estava prestes a voltar para o meu quarto, com um sanduíche e um suco de laranja nas mãos, quando a campainha tocou. Revirei os olhos, deixando meu lanche na bancada da cozinha, e caminhei até a porta. Como se já não bastasse todo caos que acontecia com meus sentidos, Billy Hargrove estava do lado de fora. Ele apoiava um dos braços no batente da porta e quando me viu, deixou seus olhos alcançarem os meus por alguns segundos.
As orbes azuis me afetavam, com certeza, eu não conseguiria nem negar. Só com esse mísero olhar, tive vontade de puxa-lo para dentro até meu quarto e virar mais uma deliciosa noite. Ao perceber meus sentimentos se exaltando demais, voltei a buscar o lado frio e despreocupado que eu tinha... Ou fingia ter.
— Uau, não está com seu segurança, digo, sua namorada.
Forcei um sorriso irônico a ele. Billy demorou mais alguns segundos em meus olhos, e pude notar algo diferente ali, mas não consegui desvendar o que era, já que ele desviou sua atenção para algum ponto aleatório.
— Pode chamar Maxine? — Ele perguntou simplesmente. Não tinha sua postura firme, nem aquele sorriso cheio de malícia que tanto me atiçava.
— Claro. — respondi desanimada, mas sem desviar meu olhar de seu rosto.
Deixei ele na porta enquanto fui até o quarto de Will procurar por Max. Voltei até onde eu estava e avisei que ela estaria arrumando suas coisas. O silêncio reinou por longos segundos, mas não era confortável como sempre fora. Nós não estávamos apreciando a companhia um do outro e perceber isso me machucava, e ao me machucar, me deixava com mais raiva.
— Então... — Eu comecei, sem conseguir controlar. — Achou alguém que seja algo a mais que sexo, não é? — Eu não conseguia olhar para ele, mas ouvi quando ele suspirou.
— Olha só, garota, se está chateada que esse alguém não foi você, eu te avisei. — Ele respondeu, e só pela frieza e desinteresse na sua voz, olhei para ele de novo, e como já esperado, ele olhava para qualquer coisa, menos para mim.
— Então olha pra mim. — Eu pedi, e senti minha garganta queimar. — Duvido que consiga dizer isso olhando na minha cara. — Era minha última tentativa.
Billy umedeceu os lábios e negou com a cabeça, ainda encarando algum ponto aleatório. Porém, depois de alguns segundos, seus olhos se moveram tão rápido na direção dos meus que cheguei a me assustar levemente com o quanto ele mexia comigo apenas com um mísero gesto.
— Está chateada que o "alguém" não foi você. — Ele disse, com a voz firme. — Eu te avisei.
As palavras me atingiram como um soco certeiro. Minha garganta queimou mais ainda e já pude sentir as lágrimas em meus olhos, mas eu não choraria na frente dele. Dessa vez, eu desviei o olhar e engoli em seco. Talvez ele tenha percebido, talvez não, mas a humilhação já estava feita. Nunca pensei que eu faria e sentiria tudo o que estava fazendo e sentindo por conta de alguém, principalmente por conta de um homem. Foi tanto sufoco com meu genitor, pensei que jamais precisaria passar por nada relacionado a sentimento com mais absolutamente ninguém.
— Tchau, Nas. — Nem tinha percebido Max se aproximar. Forcei um sorriso a ela e a observei sair da casa atrás do irmão mais velho.
Não queria mais olhar para ele, então me apressei até a porta e a fechei rapidamente. Em seguida, corri até meu quarto, esquecendo totalmente do sanduíche e do suco na bancada da cozinha. Tranquei a porta e tentei suspirar profundamente, e foi aí que eu não consegui controlar mais. A primeira lágrima escorreu em minha bochecha, queimando mais ainda minha garganta e deixando meu rosto desconfortavelmente quente.
O ar começou a faltar em meus pulmões e eu não entendia o porquê de toda essa angústia só porque Billy estava namorando. Ou então, eu apenas não queria entender.
Depois da falta de ar e dos soluços causados pelo choro, senti a raiva se apoderar de mim. Raiva por sentir o que quer que seja pelo cara que era para ser só sexo, até porque ele nunca pareceu ser o tipo que namora. E raiva por me sentir tão angustiada com isso. Eu nunca me importei com ninguém, e isso nunca me deu problemas, e quando eu me importo, contra a minha vontade, a minha vida é inteira fodida. Só queria saber o que ia ser de mim estudando na mesma escola que ele depois de tudo isso.
No final da noite, após minha mãe chegar e todos os amigos de Will irem embora, dei boa noite para os dois e voltei ao meu quarto. Jonathan dormiria na casa de Nancy, por isso nem esperei por ele. Não deu cinco minutos, Will bateu levemente na porta e abriu. Olhei para ele e tentei transmitir algum tipo de animação.
— Will, o Sábio. — chamei pelo seu apelido de jogo, forçando um sorriso. Ele fechou a porta e sentou-se ao meu lado na cama.
— Eu sei que você chorou hoje. — Ele disse simplesmente, arrancando uma careta surpresa minha. — E sei que foi pelo irmão da Max. — Arregalei mais meus olhos. — Ele é um idiota. — Realmente, Will era muito sábio.
— Tem razão. — Minha voz soou fraca. — Mas está tudo bem, não precisa se preocupar. — Tentei fingir calma mais uma vez.
— Você é minha irmã, vou me preocupar sim. Vem, te faço companhia hoje.
Após sua fala, Will se deitou ao meu lado e ficou de frente para mim. Virei meu corpo para ficar na mesma posição, mas olhando seus olhos. Não consegui controlar um sorriso genuíno dessa vez, agradecendo mentalmente a Will por isso.
— Desde quando você cresceu tanto? — perguntei, mas sem esperar resposta.
Will sorriu abertamente, o que aliviou mais ainda meu coração. Jamais conseguiria agradecer pelos irmãos e pela mãe que eu tinha, eram com certeza meu porto seguro. Mesmo querendo chorar a noite inteira, eles conseguiam melhorar tudo só com a presença. Will se aconchegou mais perto de mim e eu o abracei, por sorte não demorei para pegar no sono.
—————————————————
OIIII, voltei c mais um capítulozinho, os próximos melhora um pouquinho, mas não tanto, mas melhora hihi
espero q estejam gostando, não esqueçam da estrelinha e de comentarem bastante, me ajuda mto a saber o q estão achando
Bjin procêis💙
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