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Capítulo 57

—– Chega Ana —  Mike tomou o copo de bebida da minha mão.

—– Não amigo, só mais um pouco — Resmunguei transtornada, tentando tomar o copo de volta de suas mãos, mas ele me impediu levantando o copo  pra cima.

Então depois de relutar, suspirei cansada e desisti, desabando de volta na cadeira.

—– Sabe amigo, é que eu sempre estrago tudo, machuco todo mundo - Desabafei com a voz chorosa.

–– Ei.

Ele tocou o meu ombro chamando minha atenção pra si.

—– Para com isso, não é verdade —  Ele disse me olhando, permitindo que o castanho dos seus olhos adentrasse bem fundo os meus.

—– Sou uma pessoa ruim, não sou? —  Resmunguei triste pra ele com os olhos cobertos de lágrimas.


—– Claro que não, eu conheço pessoas ruins, e você não é nem um pouco parecida com elas — Ele falou com um olhar perdido, como se estivesse remoendo alguma mágoa — E outra, não viemos aqui pra chorar, viemos para nos divertir — Ele falou substituindo a tristeza por um belo sorriso me incentivando a sorrir também, em seguida ele encheu o seu copo com mais cerveja e bebeu, observando o ambiente em volta —  Vejo que você é a mulher mais cobiçada da noite, esses ricaços não param de te olhar.


Mike voltou os olhos pra mim de forma maliciosa, em seguida deu um gole suspeito em sua bebida, e eu o repreendi com o olhar.


—– Olha aquele cara lá no canto, todo de preto, com um relógio reluzente no pulso, não parou de te olhar desde que você chegou — Ele mantém os olhos em mim, discretamente.


Disfarcei e olhei para o cara atrás dele, e fiquei impressionada pela sua beleza máscula, era um cara aparentemente alto, forte que tinha cabelos escuros e olhos azuis, que de certa forma me deixou desconcertada, e eu não sabia se era por conta da bebida, e a carência que ela transmitia.



Ele piscou para mim e sorriu revelando de longe seu lindo sorriso branco, me fazendo de certa forma ficar desorientada mais do que eu já estava, desviei o olhar para Mike, que sorria sem parar com certeza por conta do meu deslumbramento.

—– Para com isso, é bobagem, eu não posso ficar dando trela pra esses homens, não dou conta de tudo isso não — Falo me sentindo um pouco tonta.


Mike caiu na risada, e eu tentei manter os meus olhos longe do tal deus grego querendo até trocar de lugar com o Mike, para não ficar no seu campo de visão, eu estava me sentindo totalmente exposta, mas Mike se recusou, ele parecia está gostando de toda aquela situação.


O grupo se comunicavam entre eles, através de cochichos, e eu tinha a breve impressão de que eles estavam falando sobre mim.

Depois de algumas horas sendo devorada pelos olhares nada furtivos daqueles homens, eu comecei a me sentir um pouco incomodada, até com o modo que eu estava vestida.


Que era com um vestido preto justo, costas nuas, com um profundo decote que deixava meus seios quase a mostra, além das minhas coxas que eu insistia em cobrir, mesmo sabendo que o vestido era curto demais pra isso.

Juntei os meus cabelos soltos pra cima e os prendi com a presilha para talvez não chamar tanta atenção, mas não funcionou, ao contrário rendeu mais cochichos e insinuações.


E Mike pareceu notar meu desconforto. Ele parecia nervoso e inquieto com se reconhecesse bem atitudes daquele tipo, e no que iria dar.


—– O que acha da gente ir pra casa, esse lugar está ficando lotado, e eu não estou gostando nada daquele homem te encarando o tempo todo — Ele disse inclinando o rosto furtivamente na minha direção.


Percebi que do lado do cara rico, e elegante, havia um outro homem, esse com pouca expressão e um olhar frio, um metido a magnata.

—– Eu também não, melhor a gente vazar mesmo —  Falei incomodada com a forma que o tal homem levou o copo até a boca sem tirar os olhos de mim, como se estivesse me escolhendo em uma vitrine de modelos sexuais.


Me levantei um pouco zonza, peguei a bolsa e a jaqueta, e tentei acompanhar Mike que acelerava um pouco os passos ao notar que o homem havia desaparecido misteriosamente do lugar em que estava.



—– Ana, vamos —  Ele sussurrou quase que gritando na minha direção, mas eu não sabia nem que direção eu estava indo, de tão perdida.


Até sentir subitamente alguém agarrar o meu braço, e quando eu olhei pra trás, me deparei exatamente com o homem de olhar sombrio e expressão marcante.

Ele abriu um um breve sorriso, revelando uma pequena falha entre seus dentes.

—– Já vai embora, senhorita, a festa mal começou — Sua voz soou meio atraente, mas se não fosse por aquelas circunstâncias, eu até ficaria lisonjeada.



Porém seu simples tom, não tão ameaçador e a maneira com que ele apertava o meu braço, liberou um gatilho doloroso na minha mente, me levando a cena de quando aqueles caras tentaram me atacar, então automaticamente fiquei paralisada e as lágrimas escorreram soltas pelo meu rosto.


—– Ei, ela tá comigo — Mike interviu com uma voz firme, mas era evidente que ele estava com medo assim como eu.


Pois o homem a sua frente era duas vezes maior que ele, e pela sua magreza aparente, ele poderia facilmente ser esmagado.


O homem olhou friamente para os olhos grandes e curiosos de Mike, que estavam ainda mais arregalados por conta do medo.

Engoli a seco, quando o homem me soltou e se aproximou de Maicon.


Todos da boate ficaram tensos, com medo de se meterem entre os dois, pois aquele homem agia com tanta influência, que parecia até o dono do lugar.

Eu vi que o homem dos olhos azuis no canto, ficou nos assistindo tomando calmamente o seu vinho, o que me assustou, e me fez pensar. E se estivesse sozinha?o que esses homens teriam feito comigo?


Não importa se você é bonita, ou a roupa que está vestida, você sempre será assediada, e abordada em qualquer lugar.


O homem riu assustadoramente para Mike, que estremeceu e grunhiu, mas mesmo assim não cedeu, o que foi admirável da parte dele, que mesmo apavorado ele ficou ali pra me proteger.


Então o cara impaciente, acertou o rosto dele com um soco que o fez cair seco no chão. E eu permaneci imóvel, porém tremendo.


—– Só não vou te quebrar todo, em respeito a essa bela moça — Ele disse furioso olhando pra Mike que se contorcia de dor no chão, depois pra mim e meu corpo estremeceu com o  seu olhar frio, em seguida ele pegou a minha mão e levou até seus lábios e a beijou.

Me senti vulnerável como um peixe fora d'água na hora.

—– Só que se você não soltar ela, quem vai te quebrar vai ser eu.

Alguém disse atrás de mim, e eu vi a expressão do homem a frente mudar, ele parecia ter ficado sem graça, e desistido de me perturbar soltando de imediato a minha mão.

Em seguida, vi o herói da noite passar por mim como um vulto, e avançar sobre Mike no chão.

Talvez o homem se sentiu intimidado, por ver que agora não se tratava de um, mas de dois.

—– Você está bem? Consegue se levantar — O homem perguntou pra Maike com uma voz que entrou delicadamente pelos meus ouvidos, apesar dele não está falando comigo.

E eu estava tão bêbada, que nem notei o quão familiar era essa voz.

Mike assentiu se levantando com uma certa dificuldade, depois ficou estagnado, assim como todo mundo na boate, surpresos com a coragem do tal homem.

Ele não precisou mover um dedo.

Então eu apurei a minha visão, que estava um pouco embasada para olhar bem pra ele, e vi que era Peter, logo um  largo sorriso de alívio se formou em meu rosto.


Ele levou a gente pra casa dele, e cuidou dos ferimentos do meu amigo sem fazer perguntas, em seguida me carregou no colo até seu quarto, me despiu e me pôs em uma banheira com água morna.

Eu estava tão loucona, que só fui me dá conta de que estava na banheira depois que sentir a água cobrir meu corpo.

—– Tem que parar de me salvar toda hora, isso tá ficando chato — Falei  completamente bêbada e alegre, passando os braços em volta do seu pescoço, enquanto ele esfregava minha pele com uma esponja macia e cheirosa.


—– Ana, quieta, assim não vou conseguir te dar banho — Ele falou concentrado e sério.


—– O que foi aquilo? " Solta ela, se não eu vou te quebrar "— Dei uma risada alta que acabou arrancando dele,um sorriso — E você deve ter feito uma careta bem feia porque o homem saiu igual um cachorrinho com o rabo entre as pernas.


Peter parou por um instante e me encarou com um sorriso simples, me admirando.

—– O que foi? — Perguntei olhando pra ele com os olhos miúdos.

—– Você é incrível Ana —  Ele suspirou, alisando suavemente o meu rosto.

E eu deitei o rosto em suas mãos, me entregando ao seu toque molhado e acolhedor.


Enquanto eu estava sentada na sala com os cabelos molhados cheirando a lavanda, e Mike correndo os olhos pela a pequena adega embutida na parede admirado pelas bebidas caras e inacessíveis. Peter apareceu com um papel e um telefone na mão.


—– Pronto já chamei um carro para levar vocês embora em segurança.

—– Obrigado irmão —  Mike agradeceu se aproximando, e tocou no meu ombro — Vamos Ana.

Levantei os olhos e olhei para ele, seu rosto parecia melhor, voltei os olhos para Peter e fiquei encarando ele por um tempo, e ele também, mas com uma expressão séria.


Depois me levantei em silêncio e Mike me acolheu em seus braços para me levar, porque eu estava tão bêbada que mal conseguia ficar em pé.

Acabei escorregando e caindo de  bunda no chão.

—– Ops!

Mike me apanhou do chão, rindo, e um pouco cambaleando também.


—– Fora o nariz quebrado, essa noite até que foi divertida — Ele forçou a voz, tentando me reerguer do chão.

......

No dia seguinte eu acordei com uma ressaca infernal, parecia que havia uma bomba relógio na minha cabeça prestes a explodir.


Me lembro em partes do que aconteceu na noite anterior, mas tenho pequenos flashbacks do Peter em toda a sua bondade e perfeição, por um instante eu fechei os olhos e imaginei o calor do seu corpo e o toque suave de suas mãos.

E me dei conta de como tudo isso é prazeroso.


Passei a mão sobre a minha pele, imaginando o seu toque macio e reconfortante, me deliciando com a sensação, até que passei as mãos pelos cabelos e senti que minha presilha não estava, e sorri maliciosamente pensando que essa pode ser uma boa desculpa pra voltar na casa dele, além de eu está morrendo de saudades, e também pra pedir desculpas por tudo.

Dizer que agora eu estou pronta para o que der e vier.

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