Capítulo 15
No outro dia eu me sentei ao lado do Simon no ônibus e notei que ele estava um pouco distante.
—– Olha, eu só queria ajudar, não era pra você ficar chateado, aliás eu não entendo por quê está assim — Falei inquieta com o seu silêncio.
Eu não gostava de ver uma pessoa tão alegre e tão cheia de energia reprimindo suas emoções, e ainda mais por minha causa.
Mas ele permaneceu calado.
—– Bom, eu espero que um dia você reconheça que o que eu fiz foi para o seu bem e não pra te prejudicar — Acrescentei um pouco triste olhando para ele.
Assim que o ônibus parou, ele simplesmente passou por mim sem dizer uma palavra, e isso doeu na minha alma.
Desci às pressas do ônibus e vomitei na lixeira, mas dessa vez não foi por causa do ônibus, e sim pela ansiedade que embrulhava o meu estômago.
Não estou sabendo lidar com tais emoções.
Eu estava cabisbaixa na mesa girando o lápis no caderno um pouco desanimada com tudo que estava acontecendo, quando Liza entrou na sala de aula de mãos dadas com o David, e isso foi o suficiente para trazer o meu sorriso de volta.
Depois que se despediu dela com um selinho, ela veio correndo na minha direção com um sorriso de orelha a orelha.
E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela me abraçou.
Foi um dos melhores abraços que já recebi na vida, e confesso que era o que eu precisava no momento.
Depois ela segurou minhas mãos e olhou no fundo dos meus olhos.
—– Obrigado.
—– Pelo o que?
—– Sei que foi você que convenceu ele de vim falar comigo.
—– Confesso que foi um pouco difícil, mas que bom que deu tudo certo, eu estava torcendo por vocês.
—– Deu mais que certo — Ela arrastou uma cadeira pra perto de mim, empolgada — Tipo a gente conversou sobre vários assuntos mal resolvidos e esclarecemos tudo entre a gente.
Ela falou e seus olhos brilharam.
—– Nossa, Liza, fico muito feliz por vocês — Falei com um meio sorriso.
—– Agora não precisamos mais nos esconder, nosso namoro agora é assumido pra tudo mundo.
Quase saltei de alegria quando ela falou isso.
—– Já quero ser madrinha desse casamento em
—– Ah, amiga, foi como tirar um peso das costas, sabe, eu estou me sentindo tão leve — Ela falou e seus olhos se encheram de lágrimas.
Sorri comovida em ver que ela estava feliz.
O amor ao mesmo tempo que destrói, constrói as pessoas de uma forma inexplicável.
—– E o seu pai?
—– Odiou, mas se não éramos amigos antes, não é agora que vamos ser. Eu amo o David e ninguém no mundo vai mudar isso.
—– Isso aí, amiga.
Eu estava sorrindo pela a liza, mas ainda havia tristeza nos meus olhos pelo Simon.
—– O que foi amiga? — O sorriso de liza sumiu por um instante.
Suspirei.
—– É o Simon, não quer mais falar comigo — Falei triste.
—– O cegueta?
—– Sim.
—– E por que? Por acaso chamou ele de cego? — Ela brincou.
—– Não foi nada disso, alguns garotos estavam perturbando ele, então me senti no direito de intervir já que éramos amigos, mas ele de alguma forma se sentiu ofendido.
—– Ah, ele tá com o ego ferido, relaxa isso passa, já já ele volta a falar com você.
—– Espero que sim.
—– Agora vamos prestar atenção na aula, que hoje eu acordei com saco até pra matemática.
Enquanto isso, o Fred continuava me intimidando nos corredores, mas eu fingia que não era comigo e seguia o ignorando.
Se ele quer mesmo me conquistar, vai ter que se esforçar mais.
—– Bom dia, Kate — Ele se aproximou enquanto eu tirava os livros do armário — Vejo que não está usando aquele suéter horroroso hoje.
Ele sorriu, mas eu olhei para ele com a cara fechada, depois fechei o armário e caminhei até a biblioteca.
—– Sabe, eu até gosto dele, combina com o seu estilo — Ele me seguiu
Me virei pra ele, fazendo ele parar quase em cima de mim.
—– Ah é, e qual é o meu estilo pra você? — Fixei os olhos nele
—– A típica garota tímida e estudiosa — Ele sorriu.
Revirei os olhos e dei de ombros.
—– E você, o cara que fica insistindo em uma coisa que provavelmente não vai acontecer — Virei as costas pra ele.
E senti subitamente ele agarrar o meu braço e virar o meu corpo pra ele.
Meu coração disparou.
—– Não tenha tanta certeza disso.
Ele fez de novo.
Seus olhos colados nos meus, sua respiração se misturando com a minha.
Eu estava ofegante e ele também.
—– Tenho que estudar, se você não se importa — Falei no pequeno intervalo entre nossos lábios.
Ele suspirou e se afastou, abrindo espaço.
Passei por ele sentindo meu corpo se enrijecer.
Eu não posso permitir que alguém como ele entre no meu coração.
Mas também não posso evitar.
Eu deixei bem claro no começo que não iria me envolver com ele, porque ele não faz o meu tipo e certamente eu seria com um troféu para ele se exibir com seus amigos. Afinal ele é o garoto mais popular da escola, as garotas se derretem por ele.
Mas confesso que dentro de mim está nascendo um sentimento proibido por ele, embora eu não queira, está sendo cada vez mais difícil resistir.
Mas eu preciso colocar meu bem estar acima de tudo, é preciso lutar com todas as minhas forças para impedir que esse sentimento floresça.
.........
Como a Liza e o David haviam assumido definitivamente o namoro, eu meio que fiquei de lado.
—– Desculpa mesmo, não poder te levar hoje, mas é que David e eu combinamos de irmos a um lugar hoje, e fica do outro lado da cidade.
—– Tudo bem, Liza, não se preocupe, eu vou de ônibus — Falei desanimada, mas ela nem reparou apenas encheu meu rosto de beijos e saiu correndo para se encontrar o David.
Eu fiquei ali parada sentindo o gosto amargo da solidão, e do desprezo porque o Simon ainda não estava falando comigo.
E era horrível.
E não era só na escola e no ônibus que a solidão me fazia companhia, a minha mãe começou a trabalhar dobrado no trabalho e só chegava a noite, ou seja, minhas tardes se tornaram muito solitárias.
E eu tentava preenche-las com um bom filme e uma tigela cheia de pipoca, e ali eu desfrutava de todas as emoções possível sem sair do lugar.
E assim eu não me sentia tão sozinha, contando que eu tivesse uma porrada de séries pra maratonar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro