10. A BASE RUSSA
Se perguntassem para qualquer um dos quatros presentes ali naquela base subterrânea, nenhum deles saberia contar como e por quê foram tão azarados para tal catástrofe acontecer com eles. Apesar de terem ido atrás achando que iriam virar heróis americanos, não era bem aquilo que eles estavam planejando.
— Olha, espero que vocês estejam em forma. — balbuciou Steve — É pra você, hein, presuntinho.
Luzes azuis pareciam dançar por toda a extensão do corredor. Era como se aquilo tivesse sido trabalhado a anos atrás, pois cada detalhe apenas mostrava o quão habilidosos e audaciosos os russos eram.
— Vamos, anda.
Harrington balançou a mão em um sinal de vem, para os outros três que estavam parados o observando.
Em situações como essa, sempre precisamos de alguém para mostrar a liderança. Alguém para ser um bom líder, e sinceramente, naquele momento para Layla, Steve era a melhor opção.
— A gente tem que admitir é uma grande obra da engenharia. Achei impressionante. — Dustin foi quem quebrou o silêncio.
Os quatros continuavam a andar pelo corredor extenso na devida ordem: Dustin, Layla, Robin e Steve.
As paredes do corredor continham seis canos de cada lado, e eram tão extensos, de uma maneira que nenhum deles havia visto antes.
— Do que você tá falando? — indagou Steve — Imagina se pega fogo. Não tem escadas, não tem saída, só tem um elevador que te prende no caminho pro inferno.
Layla soltou uma risada baixa, olhando para o mais velho que estava do outro lado.
— Eles são comunistas. — disse ela — Enquanto pagamos as pessoas, eles dão um jeitinho.
Os olhos achocolatados de Harrington se cruzaram com os azuis de Barnes, ambos os sustentaram por meros dois segundos.
— Para ser justa com os camaradas russos, não acho que esse túnel foi feito para andar.
Dessa vez quem comentou sobre a estrutura fora Robin.
— Sério, pensa só. Desenvolveram o sistema perfeito de transporte de carga. — continuo a loira.
— Chega tudo no shopping como uma entrega normal. — balbuciou Layla.
— E tiram tudo dos caminhões, sem ninguém perceber.
As duas completaram as falas uma da outra, e ambas deram um sorrisinho satisfeitas com o resultado.
— Será que construíram o shopping todo só para poderem transportar aquele veneno verde? — perguntou Steve.
Aquele túnel não parecia ter fim.
— Eu duvido muito que seja uma coisa tão boba como veneno. — refutou Dustin — Deve ser bem mais valioso, tipo Promécio, ou coisa assim.
— O que é Promécio? — perguntou Steve.
— É o que o pai de Victor Stone usou para fazer os componentes biônicos do ciborgue.
Robin respondeu o amigo, mantendo o ritmo da caminhada.
— Hum, — Harrington elevou os lábios, pensativo — Não sei nada sobre esse tal de Prometeu.
— Promécio. — corrigiu Layla — Prometeu é uma figura da mitologia grega.
Novamente os olhos de Steve foram postos na garota ao ser corrigido.
— Mas, não importa. — desconversou — Dustin tá certo, provavelmente estão usando para fazer alguma coisa.
— Ou carregar alguma coisa. — balbuciou Robin.
— Tipo uma arma nuclear? — Dustin perguntou.
— Com certeza.
— Estamos indo para uma arma nuclear. Que beleza. — ironizou Harrington — Vai ser incrível.
— Mas, se estão montando alguma coisa, — Layla ignorou a ironia do mais velho — por quê aqui? Gente, Hawkins! Sério, de tantos lugares.
— No melhor dos casos, aqui é uma pausa pro banheiro no caminho da Disneylândia. — comentou Robin também.
— É, talvez seja isso.
Robin e Layla continuaram andando uma ao lado da outra balbuciando todas as mil possibilidades dos russos terem escolhido Hawkins para tal ato. E só após quase um minuto inteiro que ambas perceberam que Steve e Dustin haviam ficado para trás, como uma fofoca.
— Desculpe, — interrompeu Layla se virando para trás — vocês querem dividir algo com a gente?
Steve e Dustin se entre olharam, mas antes que conseguissem pensar no que responder —, o rádio começou a transmitir uma mensagem russa.
Os quatros se ajoelharam no chão em segundos, puxando a antena do rádio e o posicionando no meio deles.
— É o código.
Layla foi quem identificou, pois tinha ouvido tantas vezes aquela gravação que não seria tão difícil de identificar.
— O lugar da onde vem essa transmissão...
— Tá próximo. — Barnes completou a fala de Harrington — E o que nós sabemos sobre o sinal?
— É que chega na superfície. — respondeu Dustin.
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Não demorou muito para que fosse possível ouvir os barulhos de passos e dos russos ao redor dos quatro. A base era extremamente grande e extensa.
— Agora, vai, vai, vai.
Gesticulou Steve passando os três pelo pequeno buraco que estavam escondidos.
— Aí essa foi por pouco. — resmungou Robin.
— Muito pouco. — murmurou Layla também.
— Relaxem. — Harrington revirou os olhos.
Era o líder, definitivamente. Andando pró a frente dos três com cautela.
— Tá, relaxem. Ninguém viu... — tentou apaziguar, mas a frase morrera ao ver o local onde tinham parado.
Havia dezenas, milhares de russos. Quais tantos que nenhum dos quatro conseguiam chutar uma numeração possível, que fosse perto o bastante. Variações de uniformes em tonalidades diferentes, como se fosse para diversas funções divergentes.
A mão direita de Layla fora agarrada por Harrington ao ser puxada para baixo para se esconder atrás do carrinho vermelho. Robin e Dustin fizera a mesma coisa, ficando assim os quatro em filerinhas escondidos.
A movimentação não parava, apenas parecia aumentar.
— Eu vi, eu vi. — sussurrou Layla, sentindo a palma da mão suando sobre a de Steve.
— Viu o que?
Harrington sussurra de volta, virando a cabeça brevemente para olhar a garota. Ambos estavam tão perto que era possível sentir o cheiro do perfume um do outro — misturado com o suor de ter andado tanto por aquele corredor, claro.
— Primeiro andar no noroeste. A sala de comunicação. — indicou Barnes com a cabeça.
Robin e Dustin olharam para o local indicado pela garota.
— Você viu a sala de comunicação? — indagou novamente Steve em um sussurro.
As mãos suando uma sobre a outra.
— Isso.
— Tem certeza? — sussurrou Dustin ao fundo.
— Absoluta. A porta abriu por um segundo, tenho certeza que era a sala de comunicação.
— Pode ser umas cem coisas diferentes. — balbuciou Dustin.
— Eu topo arriscar.
Robin foi quem dissera.
Steve pressionou os lábios um no outro, se inclinando brevemente para olhar o caminho por qual passariam.
— Tá. Vamos rápidos, bem abaixados. — sussurrou o comando.
Layla sentiu os dedos dançarem em suor sobre a palma de Steve, mas não fez menção nenhuma de a puxar, da mesma maneira que o mais velho agiu. Fingindo ou realmente não se recordando de que ainda segurava a mão da garota enquanto cruzavam até a sala de comunicação.
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