Layla acabou por ajudar Nancy Wheeler na noite passada, o cabo de ignição tinha saído do devido lugar. Então, a mais velha precisava de alguém segurando a lanterna para que conseguisse enxergar devidamente. E por sorte, Layla estava passando lá bem na hora, após ser abandonada por Billy.

O que ela não sabe é que depois de ajudar Nancy a consertar o cabo, ter pego carona com a garota e ter sido deixada em casa, — Billy voltou para buscá-la. No meio do caminho o mais velho se sentiu extremamente culpado pelo o que havia acontecido, deu meia volta e voltou. Até cruzou com o carro de Wheeler no caminho, mas ele não percebeu que a garota a qual procurava estava sentada no banco do passageiro.

Em partes ele até agradece por não ter a encontrado, não sabia como reagiria sendo tão patético. Mas, ter Layla com olhos de fúria a todo instante em que ele estava no ambiente era definitivamente ruim.

— Me passa o cereal. — pediu Billy a mesa no café da manhã.

Layla piscou duas vezes calmamente, olhou fixamente nos olhos do mais velho e depois voltou a comer sua torrada como se não tivesse ouvido nada.

— Barnes.

Billy repetiu o sobrenome dela, chamando novamente a atenção da garota.

— O cereal está no meio da mesa, a mesma distancia entre nós dois. Faça-me você o favor de pegar o seu próprio cereal. — rosnou a morena, voltando a comer.

Graças a Deus Max e a mãe chegaram no andar de baixo, pois se Billy tivesse ficado mais um segundo sequer a sós com Layla talvez as coisas teriam saído de controle e o mais velho explodiria.

— O que vão fazer hoje meninas? — perguntou a Maxfield mais velha.

Layla pousou a colher no prato, encarando os olhos furiosos de Billy a sua frente com diversão.

— Vamos só andar de skate. — Max foi quem respondeu, se sentando a mesa.

— Ha, skate. — Hargrove deu uma risada sarcástica, fuzilando quem estava a sua frente.

Em partes Layla estava muito mais irritada pelo fato de que ele não tinha direito nenhum em se irritar daquela maneira, quando foi ele quem a abandonou na estrada. Max que estava no meio da batalha cruzada mantinha as sobrancelhas franzidas e um sorriso divertido nos lábios.

— Sabe, finalmente começou a rebater as coisas que o babaca diz.

É a primeira coisa que sai da boca da ruiva no instante em que ela e a mais velha colocaram os pés para fora de casa, para dar uma volta de skate.

Layla revirou os olhos, apoiando a locomoção do chão e dando o impulso com o pé esquerdo — ouvindo a irmã mais nova fazer o mesmo.

— Max, ele me deixou pra trás ontem. — reclamou — E ainda por cima nem foi eu que pedi para ele ir até lá.

Maxine apressou o impulso, mantendo a velocidade da irmã.

— Sabe o que eu acho disso? — guinchou — Uma baboseira.

Mesmo não conseguindo ver o rosto da irmã, Max podia apostar todas as suas fichas que Layla também revirou os olhos da mesma maneira que ela fazia.

— Tantos garotos no mundo inteiro e você quer o mais escroto. — continuou — Você é mesmo minha irmã? Por quê olha...

Antes que Maxine tivesse a oportunidade de continuar esculhaçando a mais velha, — seu skate travou no chão e ela tombou para a frente, caindo com equilíbrio. Layla parou o próprio skate na mesma hora, sido pega no susto.

— Você tá bem? — se abaixou na altura da irmã.

Do outro lado da rua — não tão longe — estava alguém que Max conhecia muito bem. Vestindo uma blusa flanelada em tons escuros como roxo e marrom, cabelo devidamente partido ao meio. Era Onze.

— Oi. — a garota falou baixo, observando as duas irmãs.

Max se levantou do chão, batendo as mãos no próprio short para tirar a sujeira do asfalto.

— Oi?! — não estava entendendo por quê a garota estava ali, afinal, tinha certos lugares que ela não podia frequentar.

— A gente... pode conversar?

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— E aí ele disse que tava com saudade. E depois desligou.

Onze acabava de contar tudo que havia acontecido para Max e Layla. As três no quarto da ruiva, com a porta fechada.

— Todas vocês tem namorados? — Barnes foi quem quebrou o silêncio — Só eu que não?

— Isso é por quê seu gosto é um lixo e você gosta do Hargrove. — rebateu Max.

Ouve um segundo de silêncio no ambiente.

— Do Billy? — a expressão de nojo pairou sobre o rosto de Onze.

— Sim, e ele abandonou ela ontem na estrada deserta voltando pra cá.

Layla balançou a cabeça em negação, pedindo silenciosamente para não tocar naquele assunto patético mais uma vez.

— Enfim, — Max voltou a falar — os dois são um imbecil. — apontou em um vai e vem entre as duas sentadas na cama — O Mike não tem nada para fazer hoje, é óbvio que a vó não tá doente. Eu te garanto que ele e o Lucas estão jogando Atari agora.

A expressão na cara de Onze era de dúvida. Layla ajustou sua postura se encostando na cama.

— Mas, amigos não mentem. — murmurou.

— É, mas namorados mentem. — a ruiva aumentou o tom de voz — O tempo inteiro.

Layla soltou uma risada nasalada ao ouvir aquilo. Não tinha esse tipo de coisa na Austrália, não conversa com pessoas sobre namorados ou coisa parecida. Então, estar ali com Max e sua amiga fazia com que ela se sentisse quase normal.

— Você vai parar de ligar pra ele, você vai ignorar as ligações. — se sentou na cama frente a Onze — Agora, pra você, ele nem existe.

— Ele nem existe? — perguntou Onze confusa.

— Ele tratou você que nem lixo. — Max se virou para Layla — Nem lixo da pra descrever como Billy te tratou.

A mais velha abriu a boca em um O espantada com tal comentário ofensivo da mais nova.

— Você vai tratar ele como lixo, dar um gostinho do próprio remédio. — se virou novamente para Layla — E você pelo amor de Deus nem olha na cara dele.

Apesar de ser mais nova ao ponto de vista de Layla, Max tinha muito mais consciência desse tipo de coisa. Da mesma maneira que a aparência das duas não batiam, os pensamentos e a maneira de agir também não. O que faz toda a relação de ambas serem extremamente única.

— E, se ele não se resolver, se ele não se explicar direito, — continuo Mayfield — um pé na bunda dele.

Ela estava certa, como sempre. Isso irritava um pouco Layla, saber que sua irmãzinha era mais esperta que ela.

— Vamos, garotas, vamos. — Max alarmou puxando as duas pela mão — Vamos nos divertir.

— Gastar dinheiro né, você quis dizer. — ponderou Layla.

— É a mesma coisa. — riu a mais nova.

As duas desceram na frente enquanto Layla ficou para trás pois iria trocar o curativo da testa. Apesar de ter sido um arranhado feio, já estava um pouco melhor agora. Apoiou as duas mãos ao redor da pia do banheiro vendo sua expressão no reflexo, nada muito diferente. Ela tirou o band-aid, notando que a pomada que Harrington havia passado tinha ajudado um pouco.

Layla limpou a ferida certinho e colocou um novo band-aid. Quando estava guardando a caixinha no armário a porta do banheiro fora aberta e ela se deu conta de que tinha esquecido completamente de a trancar. No instante em que se virou na direção do barulho, seus olhos bateram com Hargrove.

— Tem uma chave ali, é só virar e trancar. — bramiu Billy, ainda com a mão na maçaneta.

Ela terminou de guardar a caixa e seguiu o conselho da irmã, de nem olhar na cara dele. Porém, no instante em que passou por Billy para sair do banheiro, a mão dele que antes estava na maçaneta a segurou pelo pulso. Impedindo qualquer avanço da garota, também sido pega pelo susto.

— Ei.

Barnes ergueu os olhos para o mais velho, irritada por tal atitude. Os olhos de Billy sempre eram daquela mesma maneira, vazios, como se tivesse alguma coisa escura sobre eles. Ela achou que ele fosse gritar ou algo parecido, mas não, Billy puxou seu pulso com mais força — provavelmente ficaria a marca de seus dedos na pele dela —, e antes mesmo que Layla conseguisse processar alguma coisa, Billy pressionou sua boca contra a dela tão forte que se ela estivesse com a boca um pouquinho aberta teria se machucado.