Penúltimo Capitulo
Helena, está uma grávida linda, e desta vez acompanhei de perto TUDO. Ela não teve enjoos absurdos nem mesmo outros problemas, fui em quase todos os ultrassom, só perdi aqueles que foram marcados em dia de audiência.
Bom, mas exatamente agora, estou impaciente com a teimosia de Helena, ela está com muitas dores, já era para sido levada a sala de parto, porém, insistiu para ter parto normal e com isso aqui estamos esperando. O médico entra novamente e a examina, desta vez olha para a enfermeira e faz sinal positivo. Ela sai da sala sem falar nada.
— Senhora West, precisamos mesmo fazer uma cesariana, a senhora não está tendo passagem e os batimentos da bebê, já não estão tão fortes. — Aponta a tela. — Se insistir nisso, uma das duas pode vir a óbito.
Meu coração paralisa no peito, minhas mãos ficaram imediatamente frias e a saliva desce pela garganta como se fosse um monte de espinhos. Ah esqueci de falar, casamos tem pouco tempo e ela já usa meu sobrenome, e quem está para nascer é uma princesa que Helena insistiu em dar o nome de Fernanda.
— Pode prepará-la, doutor. — digo levantando da poltrona ao lado da cama. — Helena, é o melhor amor. — Viro para minha esposa e beijo sua testa.
Ela assente agora parecendo cansada e somos preparados, logo estamos na sala de parto, fico ao lado de Helena que já está anestesiada e seguro sua mão.
— Estou ao seu lado, vai ficar tudo bem. — Beijo sua testa, escutando os barulhos de metal do outro lado da cortina. — Logo nossa princesa vai estar conosco. — Ela aperta minha mão, mas fecha os olhos como se estivesse com sono.
Começo estranhar os movimentos dos enfermeiros do outro lado e Helena já não está segurando minha mão com força.
— O que está havendo? — pergunto no instante em que minha filha chora.
— Senhor sua filha está bem, veja. — Me mostra Fernanda ainda suja e logo sai para o lado para limpá-la.
A movimentação continua e ouço o médico dizer está entrando em choque hipovolêmico.
— O que é choque hipo... — Paraliso ao ver o tanto de sangue saindo de Helena e logo sou afastado. — Me solta o que está havendo? — digo ao enfermeiro e olho minha esposa cada vez mais branca. — Helena? Amor? Lenna responde. — Seguro seu rosto, mas ela continua de olhos fechados.
— Tirem-no daqui. — Ouço o médico dizer e logo o enfermeiro vem me segurar.
— Não saio, enquanto não me disserem o que fizeram com ela! — Afasto o homem e olho o médico ainda tentando conter o sangramento. — O QUE FEZ A MINHA ESPOSA?
— Ela está com hemorragia, senhor West, acontece em alguns casos. — diz um tanto impaciente. — Vamos tratá-la, fazer uma transfusão se for necessário. — continua mexendo onde sangra muito. — O senhor não era para estar vendo isso, não é tão grave quanto parece, já foram buscar as bolsas de sangue e ela ficará bem. — Uma das enfermeiras volta com o que ele pediu.
— Doutor, só tem duas bolsas em estoque, infelizmente o sangue dela não é compatível aos demais. — Coloca a bolsa de sangue em Helena.
— Senhor West, vamos cuidar da sua esposa. — Ele diz não tão convivente desta vez. — Vamos tentar bolsas de sangue nos hospitais próximos apenas por precaução. Por favor, preciso que se retire para não causar infecção na senhora.
Olho Helena ainda de olhos fechados e muito pálida sobre a maca e ao fundo Fernanda chorando... Fico completamente dividido, não sei o que fazer.
— Eu posso doar o sangue. — digo preocupado. — O que tenho que fazer?
— Seu sangue é O negativo? — diz em expectativa.
— Não é A positivo.
— Sinto muito senhor, sua esposa só pode receber o sangue dela, não aceita os demais. — A enfermeira lamenta e faz gesto para que a acompanhe. — Não se preocupe senhor, sua esposa está em boas mãos.
Saio da sala contrariado, mas não tenho o que fazer lá dentro e preciso que eles se concentrem em Helena. Vou à sala de espera, e sento no sofá esfregando o rosto freneticamente. Estava tudo tão perfeito. Por que essas coisas acontecem? Minha filha está bem, o que custa Helena estar bem também?
Eu nunca fui um bom marido a Luíza e me arrependo até hoje por isso, mas Helena é diferente, não só por eu estar mais maduro e tentando mudar os meus erros, mas sim por que eu a amo, não me importaria se ela me desse um filho ou não, eu só queria que ela estivesse comigo, ao meu lado e agora ela está lá numa sala de cirurgia, e mais uma vez estou sendo a porra de um inútil.
Esfrego o rosto e fecho os olhos com força lembrando-me das últimas horas que estávamos juntos e como ela me faz bem, começo a orar, pedindo a Deus por um milagre, mas minha concentração se vai com meu celular tocando, olho o visor, é Luíza.
ELA — Olá Fernando, Carlos disse que Helena estava indo para o hospital, ela está bem?
EU — Na verdade não está nada bem, Luíza. — Antes de notar já estou chorando. — Ela pode morrer... Não sei o que fazer...
ELA — Calma, Fernando se houver riscos eles fazem cesariana e fica tudo bem. — diz tranquila. — Você está chorando?
EU — Fernanda já nasceu, mas Helena está com hemorragia e o hospital não tem o sangue dela, talvez não sobreviva... Vou perder minha esposa. — Esfrego meu rosto e tento engolir essa aflição. — Como vou fazer para criar uma bebê sem Helena? Não quero perdê-la, droga.
ELA — Fernando qual é o tipo sanguíneo dela?
EU — O negativo, é quase impossível achar.
ELA — Em qual hospital estão? — Ela pergunta e fico sem entender. — No Cristofoline? Se for, chego em cinco minutos.
EU — Por que quer vir aqui?
ELA — Meu sangue é o mesmo, posso fazer a doação se necessário. Fala logo onde está?
Fico um tempo sem compreender como nunca soube essa informação dela, e depois digo onde estou. Quando Luíza chega com os gêmeos e William, os médicos já estão informados.
— O que tenho que fazer? — Vem até mim.
— Não sei como te agradecer. — Mordo o lábio inferior. Ela abre um sorriso imenso.
— Fico feliz que finalmente compreenda o que eu te disse meses atrás. — Estreito o olhar, sem lembrar. — Onde tenho que ir Fernando?
A levo a enfermaria, ela entra para ser levada a sala onde será feita a doação do sangue, e volto a sala de espera onde está William com os filhos.
— Eu sinto muito ter atrapalhado suas vidas. — William levanta o olhar dos filhos que estão brincando com seus brinquedos, próximo a janela. — Eu não sei o que fazer.
— Sabe Fernando. — William diz sem mudar a expressão. — Amo Luíza e garanto a você que daria a volta ao mundo se precisasse salvar a vida dela. — Olha seus filhos e volta brincar com eles.
— William, eu sinto muito. — Ele me encara. — Todas as vezes que eu... — Sinto um nó na garganta. — Todas as vezes que eu... Que eu disse ou tentei...
— Fernando, vamos deixar o que passou, lá no passado, pode ser? — diz sorrindo, e sua filha lhe mostra uma boneca chamando atenção para ela. — Que tal iniciar um novo tempo? Linda sua bebê amor. — diz a filha que sorri e vai até onde está o irmão.
— Eu só queria dizer que hoje entendo o seu cuidado com Luíza e o que sente quando está com ela. — digo mordendo o lábio. — Finalmente aprendi o que é amor.
Passam horas ou minutos, não sei bem, só que parecem dias já que não temos informação nenhuma. Até mesmo William está apreensivo esperando Luíza. Hoje entendo o que ele sente, estou tão apreensivo que quase perdi a compostura com a atendente da recepção.
— Que porra de demora... Ninguém sabe informar nada. — Esfrego o rosto, praticamente gritando.
— Tenha calma, Fernando. — William diz pegando a menina no colo, ela se aninha em seu colo. — Será que pode me dar uma mãozinha com Bernardo? — Olho para o pequeno que está sonolento também e tentando brincar com seu carrinho.
Pego-o no colo, ele me encara e tenta pegar minha barba, então fica me observando um tempo. Não sei mais fazer isso, Carlos raramente ficava no meu colo, pois eu sempre estava ocupado trabalhando, e ele ficava mais com Luíza. Bernardo chora e volto à realidade.
— Não sei o que fazer. — Afirmo olhando, William.
— Ele está te estranhando. — Sorri e olha o filho em meu colo. — Pega a chupeta e dê a ele, então faz assim. — Me mostra como faz com a filha.
Faço o que ele disse e Bernardo logo fecha s olhinhos e encosta o rosto em meu peito, dormindo. Sinto algo estranho, é tão gostosa a sensação que até me esqueço do ambiente ao redor, só volto à realidade quando escutamos Luíza.
— Bom saber que estão se entendendo. — Olhamos para ela e meu coração dá um salto ao lembrar-me de minha esposa.
— Como ela está? — Vou até ela que logo pega Bernardo do meu colo e o beija. — Helena está bem?
— Não queriam me deixar vê-la, ela perdeu muito sangue e até ficou inconsciente por um tempo. — Meu coração aperta tanto que sinto falta de ar. — Mas conheço um dos médicos e ele me permitiu vê-la. — Sorri um pouco, me tranquilizando. — Ela está bem, Fernando.
Num impulso e sem pensar a abraço forte. Fico tão aliviado ao saber que por ela ter vindo Helena está bem e poderá sobreviver que esqueço-me por completo que faz anos que não a toco e que o esposo dela está atrás de mim.
— Perdão. Desculpe. — Afasto-me dela e Bernardo chora por tê-lo assustado. — Desculpe William, foi apenas por saber que ela salvou minha esposa. Não quis...
— Fernando, se acalma. — William fica ao lado de Luíza e a beija na boca. — Você está bem amor?
— Estou sim, só um pouco cansada. — Sorri para ele. — Fernando, vi sua bebê, uma loira tão linda quanto a mãe. — Meu peito se enche de orgulho. — Diz a Helena que lhe desejo muita saúde. — Vira para William, e beija o queixo dele. — Vamos embora, Coração preciso de um banho.
— Será um prazer te ajudar com isso. — ele a beija com um sorriso imenso. — Fernando, parabéns por sua filha, até mais. — Saem juntos.
Fico olhando os dois saindo com seus bebês e sorrindo. Sinto uma felicidade que nem sabia que poderia ter. Apesar de tudo gosto muito de Luíza, ela continua sendo a mulher forte e determinada que sempre foi, além de muito geniosa, mas gosto de saber que está feliz ao lado de William. Sua determinação e garra me mostrou que podemos amar sem medo e só assim notei o quanto Helena era importante para mim e como eu estava a deixando fugir sem notar.
Vou ao berçário e vejo novamente minha filha, agora como coração mais aliviado ao saber que Helena está bem. Ela é tão pequena e frágil, tão delicada. Sinto uma vontade imensa de coloca-la em um monte de algodão para que não se machuque. Esse pensamento me faz sorrir e finalmente a frase de Luíza me volta à mente. Isso foi antes de me envolver com Helena, mas está fazendo efeito agora.
— Quando vai entender que quero minha família de volta?
— Fernando, torço para um dia você amar alguém de verdade.
— Eu amo você e o Carlos.
— Quem ama deseja proteger o outro e coloca-lo em uma bolha para não se machucar, sente uma vontade imensa de tirar toda e qualquer dor e transferi-la para si, sente uma necessidade de escutar nem que seja sua risada pelo menos uma vez no dia, mas acima de tudo quem ama respeita o outro.
— Quer dizer que não respeito você?
— Quando você sentir um desespero por achar que pode perder a pessoa que ama, um aperto imenso no peito por não poder fazer nada a não ser esperar, uma ânsia para que tudo resolva rápido e você possa finalmente a abraçar novamente. — faz uma pausa e seus olhos estão cheios de lágrimas. — Quando tudo isso ocorrer a você, me chama e diz que realmente ama alguém.
Lembro-me que quando Helena me disse que nosso contrato havia acabado eu senti esse aperto imenso no peito, aquela sensação horrível de que tudo está escapando por entre os dedos e que não poderia fazer nada. Foi a primeira vez que soube que amava Helena. Mas hoje quando a vi, praticamente morta, sobre a maca após dar a luz a nossa princesa, meu desespero foi imenso. Eu faria tudo para mudar de lugar com ela, que fosse eu a sentir as dores, que fosse eu a estar sangrando daquele jeito, mas meu desejo não poderia ser realizado, eu precisava esperar, e isso foi desesperador.
Olho novamente Fernanda pelo vidro que nos separa e fecho os olhos com força. Ainda tenho muito a aprender. Afasto e vou à recepção, pergunto sobre minha esposa e assim que liberam vou ao quarto onde ela está.
Entro ela está de olhos fechados e com um acesso na mão direita, tomando soro. Vou ao seu lado, pego sua mão beijo e depois beijo sua testa com carinho.
— Você me deu um baita susto. — Arrumo seus cabelos atrás da orelha. — Nunca imaginei que amaria tanto alguém como amo você.
— Fico feliz por saber disso. — Ouço sua voz ainda baixa e a encaro. — Eu amo você também, meu chato. — A beijo na boca com carinho. — Onde está nossa bebê?
— No berçário amor. É uma menina linda, parece com você. — Ela sorri, ainda fraco e volta fechar os olhos. — Descansa amor, você perdeu muito sangue.
— Achei que morreria. — Diz baixo e mantem os olhos fechados. — Foi assustador.
— Eu sei que foi, mas graças a Deus tudo passou, você está bem e estamos juntos para sempre com nossa filha agora.
— Sim, estamos. — Ela sorri e volta me encarar. — Nando, como foi que sobrevivi?
— O hospital não tinha a quantidade de sangue suficiente, mas você recebeu uma doação e graças a Deus ficou bem. — A beijo com carinho. — Eu quase morri quando escutei que não tinha a quantidade necessária para te deixar bem. — Ela sorri.
— Quero saber quem foi o doador, quero agradecer por me permitir ver minha filha.
— Foi a...
— Com licença, mãezinha. — A enfermeira entra trazendo Fernanda. — Sua princesa quer se alimentar, sente-se bem para fazer isso, senhora?
— Claro. — ela levanta um pouco. — Quero ver minha princesa. — Abre um sorriso imenso, e pega Fernanda. — Meu Deus é tão pequena e tão frágil. — Seus olhos brilham ao ver nossa filha e então me olha. — Como vamos cuidar dela?
— Vamos aprender amor. — fico ao seu lado. — Vamos aprender juntos. — Beijo sua testa.
Já pedindo desculpas pela demora em postar, gente os dias aqui estão loucos, nem mesmo minhas betas estão com tempo.
Infelizmente, os capítulos estão sendo postados sem revisão, então perdoem os erros, pfvr.
Ah se não for pedir muito, comentem...
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