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Capítulo 20 - Você e eu

"Você percebe que encontrou a pessoa certa, quando olha em seus olhos e enxerga tudo o que você precisa".

🍒▫️Cheryl Blossom▫️🍒

Assim que abri os olhos tive a certeza de duas coisas: Primeiro, não estava na minha própria cama. Era confortável e grande demais para ser a minha. Segundo, não estava sozinha. Estava sendo abraçada, e muito bem abraçada, por um corpo feminino bem quente e cheiroso. Permiti que meus olhos passassem pelo braço desnudo que estava firmemente enrolado em minha cintura, deixando que meu olhar subisse lentamente pelo cotovelo até ao preto, cinza e o vermelho das tatuagens que decoravam a pele macia: uma águia, chamas e vinhas.

Fechei os olhos à medida que as lembranças da noite anterior passavam por minha cabeça. Havia me comportado como uma lunática, envergonhando a mim mesma e tratando Antoinette como um saco de pancadas. Tinha ficado louca? Meu Deus, onde estava com a cabeça quando decidi pegar um táxi e ir até ao apartamento dela bêbada? Por falar nisso, minha boca tinha um gosto amargo e meus olhos estavam grudentos das lágrimas que tinha derramado ao longo dos três últimos dias. Como é que podia ter deixado que Antoinette me visse daquele jeito?

Ouvi um grunhido baixinho junto ao meu cabelo, fazendo com que a região entre minhas pernas esquentasse com a lembrança dela em cima de mim, esfregando-se em meu corpo, me chupando, lambendo e sussurrando palavras deliciosamente depravadas. Deus, nós quase transamos! Óbvio, que esse tinha sido meu plano desde o minuto em que, estúpida e bêbada, liguei para Harry e pedi o endereço de Antoinette.

Esfreguei a mão no rosto e segurei seu pulso da maneira mais gentil possível enquanto retirava seu braço de minha cintura. A resposta foi rápida e imediata. Ela me apertou ainda mais, pressionando meu corpo contra o seu. Senti a sua pelve deliciosamente encostada em minha bunda e mordi o interior do lábio para impedir que um gemido de surpresa escapasse. Ela estava com tesão?

- Aonde você vai? - murmurou com a boca perto de minha nuca.

A sua respiração era quente e sua voz, rouca de sono.

- Hum, banheiro?

Ela não me soltou de imediato. Em vez disso, cheirou meu cabelo e murmurou algo indecifrável antes de erguer o braço e se deitar de barriga para cima. Tentei ignorar a sensação de vazio que penetrou na minha espinha, quando o ar frio atingiu minhas costas e removi as cobertas com um suspiro. Minhas pernas estavam meio bambas quando me levantei da cama e cambaleei em direção ao banheiro, sem ousar olhar para trás, para a mulher que tinha deixado lá. Fechei a porta com um ruído suave e encostei a testa nela. O que eu estava fazendo?

Bem, a resposta para aquilo era bastante autoexplicativa. Tinha feito de pinico os ouvidos de Antoinette e a usei como um briquendo de foda para eliminar da minha cabeça a raiva e a dor que me haviam estraçalhado no dia em que fui embora da casa de Nana. Eu dirigi 15 horas ininterruptas de Chicago a Nova York. E isso depois de ter esmagado o celular na calçada porque ele não parava de tocar. Por que Penélope ou Betty pensavam que iria querer falar com alguma delas de novo?

Afastei-me da porta, dando uma olhada no lindo piso de mármore e no chuveiro maravilhoso, e me arrastei até ao espelho retangular pendurado na parede. Nossa estava um caco. Peguei um pouco de papel higiênico e o coloquei debaixo da torneira antes de esfregá-lo vigorosamente debaixo dos olhos, em uma tentativa de limpar a mancha gloriosa causada pelo rímel. Meu rosto espelhava o que eu sentia: cansaço, raiva e solidão.

Joguei o papel na privada e me apoiei na pia. Não, pensei. Aquilo não era verdade. Não estava sozinha. O fato de estar no apartamento de Antoinette provava isso. Ela era o única que parecia me entender, que parecia saber do que eu precisava ou mesmo queria. Ela me conhecia como ninguém, de um jeito que tanto me entusiasmava quanto me alarmava. Só queria ter pensado um pouco mais nas consequências antes de aparecer na porcaria da porta de Topaz e pedir a ela que me fodesse. Mas, na realidade, a única coisa em que tinha pensado enquanto dirigia aquela noite era encontrar ela. A única pessoa que queria ver era Antoinette. Os únicos braços que queria em torno de mim, o único peito no qual queria descansar o rosto, a única boca que queria contra a minha e o único cheiro que queria sentir eram o dela.

Utilizei o banheiro, lavai as mãos, enxaguei a boca e fui até à porta, colocando o ouvido nela, buscando por qualquer som do outro lado. Tudo estava quieto. Girei a maçaneta o mais silenciosamente que consegui e abri a porta, espiando por trás dela.

- Oi - sua voz era suave e grave.

Ela estava sentada sobre as cobertas, contra a cabeceira da cama, sem camisa, apenas com um sutiã preto cobrindo os seios fartos. Suas pernas estavam cruzadas. A calça jeans apertada se acomodava confortavelmente abaixo do seu umbigo, mostrando um pouco de sua deliciosa cueca boxer branca.

Percebendo que não tinha reparado na arte daquele corpo quando estava me jogando para cima dela, meu olhar passeou pelos ombros largos que eram cobertos por tatuagens em seus braços. Do pescoço, a arte passava pela clavícula e descia até seu abdômen forte. Ela era uma obra-prima. Era musculada, claro, mas não berrava corpo escultural, berrava força e segurança. Tinha uma barriga completamente chapada, bem estruturada e gostosa.

Limpei a garganta e voltei para o quarto. Parei a meio metro da beirada da cama, sem saber ao certo o que deveria dizer ou fazer. Entrelacei as mãos em cima da barriga. Eventualmente, ergui os olhos e vi que a expressão de Antoinette era gentil, sem nenhuma expectativa. Respirei com um pouco mais de tranquilidade e dei um sorrisinho em sua direção.

- Como você está? - perguntou sutilmente.

- Bem.

Ela ergueu uma sobrancelha perspicaz.

- Você é uma péssima mentirosa - balançou a cabeça e passou a mão pelo colchão, no espaço vazio ao seu lado - Venha cá.

- Não sei se devo - ela ignorou, continuando a passar a mão na cama. Topaz parecia muito atraente e safada, mas também havia uma ternura enorme em seus olhos e não podia fazer nada a não ser confiar nela. Dei mais um passo hesitante e Antoinette tirou as cobertas para que eu pudesse me deitar. Parei de novo, pensando se seria uma boa ideia voltar para a cama dela - Topaz, eu...

- Pêssegos - interrompeu, abaixando o rosto - São seis e meia da manhã de um domingo. Não sei quanto a você, mas eu com toda a certeza poderia dormir por mais algumas horas.

Ri da sua expressão. Eu estava tão cansada. Todo o meu corpo estava exausto.

- Está bem - murmurei. Ajoelhei-me na cama e me enfiei deselegantemente debaixo das cobertas, enquanto ela me cobria. Congelei por um momento, apreciando a maciez do colchão e dos travesseiros, antes de virar a cabeça na sua direção. Antoinette estava me observando, debruçada no braço. O carinho dos seus olhos se dissolveu em algo que deixou minha boca seca. Ela parecia faminta - Achei que você também ia dormir - falei, apontando para a cama com a cabeça.

Seus olhos pareceram retomar o foco e ela franziu a testa em resposta, claramente confusa.

- Eu vou.

- Então por que não está debaixo das cobertas?

Vi suas bochechas tingirem a cor rosa, enquanto se afastava de mim.

- Pois é - murmurou, olhando para baixo - Não queria que você se sentisse desconfortável. Vou ficar aqui. Estou bem.

Depois de observar o seu rosto por alguns segundos, soltei uma risada de descrença. Aquela mulher não tinha estado no meio das minhas pernas, com a boca em meu mamilo sete horas antes? Eu não tinha chorado e soluçado no seu pescoço, dizendo o quanto precisava dela e o quanto sentia sua falta, enquanto ela prometia que jamais me deixaria?

Bufei cansada, me acomodando no travesseiro debaixo de minha cabeça.

- Topaz, cale a boca e venha para baixo das cobertas.

Antoinette permaneceu onde estava por um instante, mas logo pude sentir a cama balançando, como se ela estivesse sacudindo o pé ou algo assim. Será que estava nervosa? Quando estava prestes a me virar e dizer para Topaz se mexer de uma vez, as cobertas foram erguidas e o corpo dela deslizou para debaixo delas. Antoinette estava perto o suficiente para que eu sentisse o calor irradiando do seu corpo, e instintivamente me movi para trás.

- Você está com frio? - a sua voz, apesar de preocupada, parecia firme.

- Um pouco.

Puxei as cobertas para cima, até ao pescoço. Após um minuto de silêncio e uma imobilidade pesada, senti sua mão deslizar, hesitante, por minha cintura. Ela tocou de leve a pele de meu quadril antes de puxar meu corpo contra o seu e logo estávamos de conchinha, exatamente como nos encontrávamos quando acordei. Em um primeiro momento, fiquei tensa, e desejei em silêncio que meu corpo se acalmasse e ficasse quieto. Era embaraçoso só de pensar em quanto o seu toque me afetava. Meu coração disparou, minha pele amorteceu e a junção entre minhas coxas palpitava com uma ânsia dolorosa. Mas, à medida que sentia a solidez de Antoinette pressionada contra minhas costas e seu braço enrolado em minha cintura, meu corpo começou a derreter e a relaxar.

- Está bem assim? - sussurrou, sua respiração acariciando a pele do meu pescoço como seda.

- Sim - respondi.

Com um sorriso contente, coloquei a mão em cima da sua e entrelacei nossos dedos, de pouquinho em pouquinho. Não fiquei surpresa pelo fato de eles se encaixarem perfeitamente.

🐍▫️Antoinette▫️🐍

Pouco antes das onze horas abri os olhos novamente. Por uma fração de segundo, fiquei pensando onde estava, até perceber que o cabelo de Pêssegos cobria meu rosto como uma máscara com aroma de fruta. Afastei a cabeça. Uma pontada de contentamento atingiu meu estômago quando notei que não tínhamos nos movido da posição original e nossas mãos ainda estavam entrelaçadas e pressionadas contra o corpo dela. Fiquei olhando seu rosto, hipnotizada por sua beleza natural. Cheryl é simplesmente linda.

(...)

Após uma xícara de café constrangedora, durante a qual nós ficamos trocando olhares fugazes e sorrisos tímidos, me ofereci para levá-la de volta para casa, não aceitando um "não" como resposta. Mesmo teimosa, Pêssegos acabou finalmente concordando e a levei até à garagem no subsolo de meu prédio.

- Você já andou de moto antes, né? - perguntei, tentando ao máximo esconder a excitação cheia de luxúria que pulsava em meu corpo.

- Já - respondeu enquanto nos aproximávamos de Kala - Mas andar de moto com você? Isso é um pouquinho diferente.

Entreguei um capacete a ela.

- Por quê?

Ela apontou docilmente com a mão na minha direção, me fazendo olhar para baixo, confusa: coturnos pretos, jeans escuros apertados, camiseta preta da Lana, jaqueta de couro. Ela estava me observando de um jeito que fazia minha calça ficar ainda mais apertada. O fato de Cheryl estar usando um dos meus moletons também não ajudava em nada.

Arqueei a sobrancelha e limpei a garganta para chamar sua atenção. Os seus olhos se ergueram de imediato e ri por trás da minha mão.

- Então, Pêssegos - rosnei, virando a gola da jaqueta para cima - Acha que estou sexy agora?

As suas bochechas ficaram vermelhas.

- Cale a boca - murmurou, colocando o capacete na cabeça.

Bufei.

- Você é fácil demais - joguei a perna por cima de Kala e coloquei os óculos de sol. Inclinei a cabeça para trás e sorri - Você vem?

Com um movimento ágil, ela estava em cima do banco, suas coxas contra as minhas. Sacudi a cabeça com as imagens explícitas que passaram por minha mente e resmunguei alguns palavrões selecionados enquanto girava a chave na ignição. Podia senti-la pressionada contra mim e só podia imaginar como seria me virar e possuí-la naquela mesma posição.

- Pronta? - perguntei por cima do ronco do motor.

- Mais pronta impossível - respondeu.

Sorri quando os braços e as pernas de Pêssegos me apertaram enquanto começava a acelerar. Com o calor do seu corpo pressionado contra o meu, o cheiro da gasolina e o som do ronco do motor de Kala, estava bem pertinho do paraíso.

Na saída do meu prédio, onde ventava muito, olhei para ambos os lados, engatei a marcha e arranquei, atravessando a cidade em direção ao apartamento da minha garota.

🍒▫️Cheryl Blossom ▫️🍒

Antoinette devia ser a mulher mais casualmente sexy que já tinha conhecido. Ela transbordava sensualidade sem se esforçar, quer estivesse usando os macacões da prisão, quer uma camiseta preta da Lana Del Rey que destacava a cor dos seus olhos. Ver Topaz em uma moto era pegar aquela sensualidade casual, multiplicar por um bilhão e servir com um acompanhamento de sexo quente e orgasmos de uma hora de duração.

Ela ficava sensacional montada na porcaria daquela moto. Meu desejo por ela tinha atingido novos níveis de ridículo, o que motivou, de uma forma confusa, a convidá-la para subir até meu apartamento. Destranquei a porta e indiquei que Topaz passasse na minha frente. Ela deu um sorriso contido e entrou. Segui seu corpo e a vi colocar os capacetes na mesa lateral. O silêncio era estrondoso e a tensão entre nós, paradas de frente uma para a outra, mudava do tesão para a ansiedade.

- Quer algo para beber?

- Claro. Suco de laranja? - a sua voz era rouca e intensa.

Topaz me seguiu até à cozinha, preenchendo o apartamento com toda aquela sensualidade e poder, esperando enquanto eu lhe servia um copo de suco. Antoinette sentia que eu a estava observando, assim como ela me observou na cozinha dela aquela manhã. Era bizarra a consciência que tinha de sua presença. Todo o meu corpo parecia gravitar em direção ao seu. Mas sempre tinha sido daquele jeito, só que estava ocupada demais tentando manter uma postura profissional para ter percebido antes.

- Está com fome? - perguntei enquanto ela andava pela sala de estar, seus olhos pausando na coleção de aquarelas.

- Estou morrendo de fome.

Ela riu e esfregou a mão na barriga. Larguei meu copo e fui até à geladeira.

- Vamos ver o que eu tenho aqui.

Não havia muita coisa, apenas o suficiente para fazer omeletes de bacon e tomate. Antoinette não pareceu muito convencida com a oferta, mas garanti que era uma expert em qualquer tipo de prato que incluísse ovos. Coloquei todos os ingredientes no balcão.

- Ei, Antoinette, você sabe assar bacon?

Ela revirou os olhos e tirou a jaqueta.

- É claro. Porquê?

- Preciso que você faça o bacon enquanto tomo um banho - me virei para ela e sorri - Acha que consegue?

- Por favor - respondeu, pegando o pacote de bacon - Vá tomar seu banho e deixe isso comigo - olhei desconfiada em sua direção - Vá de uma vez - falou com firmeza, me empurrando para fora da cozinha.

Ela gesticulou para que eu fosse e deu um sorriso que deixou seu rosto contorcido. Contive um suspiro e me virei na direção do quarto. Quando entrei, tirei o moletom que Antoinette tinha me dado. Com uma olhada rápida para a porta, para garantir que estava bem fechada, segurei o moletom no rosto e inspirei o perfume dela. Era luxuriante e inebriante. Afastei a roupa do nariz, dobrei e a coloquei sobre a cama.

(...)

De banho tomado e roupas novas, jeans pretos e uma camiseta do Blondie, e com os cabelos úmidos presos em um coque, voltei para a cozinha e encontrei Antoinette apoiada no balcão, lendo Walter the Lazy Mouse. Eu a observei virar a página, parecendo absorta.

- A quantas anda o bacon?

- Shhh - respondeu. Seus olhos não deixaram a página quando colocou o indicador na boca - Walter está dormindo.

Sorri. Peguei uma tigela, uma frigideira e uma faca para picar os tomates. Antoinette colocou o livro perto do vaso de flores, onde estava desde que o deixei ali, dois dias antes. Ao retornar de Chicago, tinha lido o livro em voz alta para uma foto emoldurada de meu pai e para uma garrafa de Amaretto.

Fiquei surpresa ao ver como Topaz se virava bem na cozinha. Ela parecia domesticada, o que era, para dizer o mínimo, sexy pra caramba.

- É indelicado ficar olhando - apontou enquanto eu a observava bater os ovos, fascinada com suas feições.

- Desculpe.

Cocei a nuca com a mão suada, limpei a garganta e continuei picando os tomates.

- Você está toda vermelha - a voz calma de Antoinette veio por trás de mim, falando em meu ouvido esquerdo. Minhas costas se endireitaram instantaneamente. Larguei a tigela no balcão, ao lado da tábua de cortar - Quer me contar no que você está pensando?

Joguei a cabeça para trás, repousando-a no seu ombro.

- Não.

Ela riu e deslizou o nariz por meu maxilar, até minha orelha.

- Pela cor da sua pele - sussurrou - Aposto que é algo bom pra caralho.

- Hum.

Antoinette riu silenciosa e sensualmente.

- Pêssegos.

As suas mãos passearam até minha cintura.

- Sim?

- O bacon está queimando.

Os meus olhos se abriram de imediato, minhas narinas percebendo o cheiro de carne queimada. Passei correndo por Topaz, que se divertia, e tirei a frigideira do fogo. Estava fumegando e um pouco queimado, mas ainda dava para salvar.

Olhei para ela, que estava tentando ao máximo parecer inocente, sem sucesso algum. Pelos dez minutos seguintes, enquanto fazia as omeletes, Antoinette me perguntou sobre Arthur Kill. Perguntou sobre meus alunos e falou da visita de Riley ao seu apartamento depois de ter conseguido a condicional. Era visível que a paixão por carros e por qualquer coisa que envolvesse metal e velocidade havia aproximado Riley e Antoinette. Isso me fez perguntar sobre a origem de seu amor por motos. Eu adorava como o seu rosto se iluminava quando falava de Kala. Topaz explicou que o pai de Zack tinha sido mecânico e que ela praticamente morava em sua oficina desde que tinha 9 anos, observando e ouvindo os carros e as motos que chegavam lá, vendo serem desmontados e remontados repetidamente. Ela tinha aprendido ali tudo o que sabia sobre motores.

Apesar de seus protestos iniciais, Antoinette devorou a omelete que coloquei na sua frente, com alguns grunhidos e palavras de apreciação. Parecia estranhamente natural ter ela sentada na minha mesa de jantar. Assim que nós duas tínhamos terminado, com os pratos vazios à nossa frente, ficamos discutindo sobre quem era melhor, Beatles ou Stones, quando meu telefone fixo começou a tocar. O barulho fez meu coração disparar.

Antoinette se virou e ficou olhando com cara de boba para o aparelho, que ainda tocava. Podia ver que ela estava curiosa com relação a porque eu não tinha atendido, mas não falou nada.

Cerrei os punhos no colo quando a secretária eletrônica atendeu.

"Cheryl Marjorie, é sua mãe. Sei que está em casa. Sua avó me contou. Precisamos conversar. Eu... Há coisas que precisam ser ditas, resolvidas, e a maneira como você foi embora... Betty está desesperada e ainda muito chateada. Não entendo você. Me ligue."

O bipe do fim da mensagem reverberou pelo apartamento e chacoalhou meu peito. Se minha mãe achava que eu iria pedir desculpas a alguém, estava redondamente enganada. Eu não tinha feito nada de errado. Nenhuma delas entendia meu coração. Nenhuma delas.

Antoinette apoiou os braços na mesa. Seu rosto demonstrava preocupação, com uma pitada de raiva em torno dos olhos castanhos.

- Você está bem? - assenti com a cabeça, não confiando na minha própria voz - Quer conversar sobre isso?

Balançei a cabeça com firmeza, mas dei um sorriso de desculpas. Ela se recostou na cadeira, seus olhos ainda em minha direção. Envolvi os braços em torno de mim mesma e expirei por entre os lábios fechados em uma tentativa de me acalmar. Estava com vergonha por Topaz ter ouvido minha mãe, mas também me sentia reconfortada pela proteção que ela emitia. No fundo de meu coração, estava muito feliz por ela estar ali.

- Pêssegos? - ao ouvir a voz de Antoinette pronunciar meu apelido, duas lágrimas pesadas caíram sobre meu braço - Quer sair daqui? Ir a algum lugar?

Sequei meu rosto.

- Aonde?

Ela deu de ombros e sorriu.

- Sei lá - sorri de volta - Quer? - perguntou de novo - Só eu e você?

Concordei sem hesitar, ciente de que tudo o que queria era estar com ela, longe de tudo o que estava acontecendo ao meu redor.

- Quero.

Ela se levantou determinada, empurrando a cadeira para trás com as pernas e veio em minha direção, oferecendo sua mão para que eu pegasse. Assim que minha mão tocou na sua, me senti melhor, mais calma, mais livre. Era a sensação mais estranha do mundo, mas experimentei a necessidade repentina de dizer que me sentia em casa quando estava com ela. De dizer que eram os seus gestos simples que tinham o maior efeito em meu coração.

Antoinette me levantou e segurou meu rosto com ambas as mãos.

- Só eu e você - repetiu num sussurro. Seus olhos analisaram meu rosto enquanto seus dedos mexiam em uma mecha do meu cabelo - Por um dia. Vamos esquecer tudo e ser só eu e você.

Olhei para cima, para o rosto de Topaz, e vi tudo o que um dia quis ou desejei.

Quero você.

Quero ficar com você.

Preciso tanto de você.

Acho que amo você.

Fechando os olhos com o calor daquela percepção, pressionei minhas bochechas nas mãos dela e sorri.

- Você e eu.

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