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Capítulo 25 - Sou toda sua

"Me mostre o que tem dentro de você. Eu não quero saber de nenhum boato, porque eu quero te amar de dentro pra fora".

🍃Ludmilla Oliveira🍃

O vento estava fresco e o céu azul na tarde seguinte, enquanto eu e Brunna pilotavamos Kala por Westhampton. Mais uma vez, tinha mantido segredo quanto ao lugar aonde a levaria, adorando a maneira como ela reclamava por não saber de todos os detalhes. Brunna Gonçalves parecia não gostar de surpresas. Ela havia trocado de roupa três vezes só para frisar isso, enlouquecendo-me aos pouquinhos. Ainda bem que Pêssegos era bonita pra caramba, ou teria lhe dado uns bons tapas para que deixasse de ser atrevida.

Tinha dito isso a ela, o que a fez rir lindamente, beijando-me com tanta intensidade que calei a boca. Nós andámos por quase uma hora até começarmos a ver outras motos à nossa frente, seguindo na mesma direção. Reduzindo a velocidade para poder entrar em uma rua larga de pedras, sorri quando o cheiro denso de diesel atingiu minhas narinas e o som pesado do rock ecoou à nossa volta. Em meio a grandes barracas e pequenas tendas havia uma fila de carros possantes que se estendiam até perder de vista e, ao lado deles, estavam as Harleys, as Triumphs, as Yamahas, as Ducatis e todos os outros tipos de motocicletas.

Estacionei ao lado de um glorioso Corvette amarelo 1969 e desliguei o motor. Cuidadosamente, desapertei o capacete e o retirei, sentindo Brunna mexer-se atrás de mim. Virei-me em sua direção, mordendo o lábio inferior com a figura adorável de Pêssegos com as bochechas rosadas e os olhos sonolentos. Sem me conter, acariciei a maçã do seu rosto com o polegar.

- Você dormiu em mim de novo?

Ela resmungou e tirou o capacete.

- É tão relaxante ficar abraçada em você enquanto andamos de moto. É ótimo - as palavras dela se derreteram em partes secretas e caladas dentro do meu corpo - Que lugar é este? - perguntou, dando uma olhada em volta.

- Este é o paraíso.

Ofereci-me para ajudá-la a sair da moto e coloquei os dois capacetes em um baú removível no banco de trás de Kala.

- Aqueles carros são lindos - murmurou, olhando para a fila de Mustangs e GTs.

Enfiei as mãos nos bolsos e mexi o corpo sem sair do lugar.

- Zack e eu costumávamos vir aqui com o pai dele quando éramos crianças. Eu queria mostrar a você onde meu amor por isso tudo floresceu.

Brunna deu um pequeno passo em minha direção.

- Então me mostre.

Caminhamos lado a lado, enquanto analisavamos os carros e as pessoas malucas em torno deles. Mostrei minhas motos e meus carros preferidos, explicando modelos, torques e potências como uma criança numa loja de doces, babando em uma Vincent Black Night rara.

- Para que são as barracas e as tendas? - perguntou enquanto passávamos por um belo Ford Torino.

- As maiores pertencem a negociadores de carros e especialistas: GT, Harley e GMC. Eles vendem peças a preços mais baixos que os das lojas. Eles as usam para fazer promoções e para contratar mecânicos, coisas assim - dei uma olhada complacente para ela - Riley costumava ter sua própria tenda aqui, sabia?

- Sério?

Respondi apertando a mão dela.

- Ele é meio maluco, mas é um empresário perspicaz. E nunca se gabava disso. Conseguiu alguns belos acordos em peças para mim e me ajudou com minhas outras motos e tal.

Puxei-a na direção das outras barracas, sorrindo quando, após andarmos por dez minutos, ela parou na entrada de uma tenda específica que eu conhecia bem. Pêssegos permaneceu em silêncio enquanto observavamos uma jovem loira fazer uma tatuagem do lado direito do quadril. Era o emblema da Big Dog Motorcy e tinha que admitir que era sexy pra caramba.

- Está pensando em fazer uma? - perguntei enquanto a envolvia em meus braços. Brunna deu uma espécie de tossida e balançou a cabeça sob o meu queixo. Gargalhei - Que pena. Acho que você ficaria linda com um pouco de tinta nesse seu corpo maravilhoso.

Esfreguei-me na bunda dela.

- Não dói? - questionou, aproximando-se alguns passos, comigo ainda conectada a ela como uma concha de caracol.

- Nã... Bem, depende da parte do corpo em que você vai fazer, mas é mais um desconforto do que uma dor.

- Em qual parte sua doeu mais?

- Debaixo do bíceps.

Aquela tinha sido sinistra. As do peito também tinham doído, mas Brunna não precisava saber disso. Nenhum desgraçado com uma agulha iria chegar nem sequer perto dos seios dela. Coloquei o braço protetoramente por cima do seu ombro, sorrindo quando Pêssegos enfiou a mão no bolso de trás da minha calça, e guiei-a de volta à multidão, em direção à barraca de comida e bebida.

Petey, um cara que conhecia de minha vida de amante de motos, estava de pé em frente à grelha gigantesca, servindo coxas de galinha, bifes, hambúrgueres, costelas, salsichas, costeletas de cordeiro e chili, que ele pegava de uma panela enorme. Ele era grande como um mamute, cheio de tatuagens e careca, o que ele sempre escondia debaixo de uma bandana vermelha.

- Oliveira! - ele deu um sorriso largo, exibindo os três dentes de ouro.

Apertei a sua mão.

- Sr. Yates.

- Quanto tempo, minha amiga! Ouvi dizer que você estava em Arthur Kill.

- Infelizmente. Ganhei condicional há algumas semanas.

Petey sorriu.

- Está aqui com Zack? Não vejo aquele lá há um tempão - o rosto dele ficou severo - Soube o que aconteceu com Liza. Que merda complicada.

- É, foi mesmo - olhei para Brunna, que parecia bastante constrangida e peguei sua mão, puxando-a para junto de mim - Mas, não, estou aqui com minha...

Que diabos deveria dizer? Minha Pêssegos. Minha Brunna. Minha mulher. Minha professora?

Pigarreei.

- Minha amiga Brunna. Brunna, este é Petey. Ele é uma lenda por estas bandas, está aqui desde o início dos tempos.

Ela sorriu para Petey e esticou a mão.

- Prazer em conhecê-lo.

- Igualmente - Petey analisou Pêssegos de forma apreciativa - Bom, posso com certeza entender por que você é amiga da Oliveira. Você é deslumbrante, menina - ele deu uma olhada em minha direção - Nunca tinha visto Oliveira com uma garota antes. Esta filha da puta deve gostar muuuito de você.

- É, é - respondi mostrando o dedo do meio, fazendo Petey e Pêssegos rirem - Cale a boca e nos alimente, mané.

Com comida no prato e uma cerveja cada uma, sentamo-nos em um banco e conversamos, comemos e observamos o mundo girar. Pêssegos fez perguntas sobre o tempo que eu tinha passado com Zack e em que tipo de confusão nós tínhamos se metido. Contei a ela histórias sobre a primeira vez que nós enchemos a cara no banco de trás do Camaro vintage primeira geração do pai de Zack e como meu amigo tinha passado a manhã seguinte de ressaca, limpando o vômito respingado no volante.

- Parece que vocês dois se envolveram em algumas confusões - concluiu ela, sorrindo com a cerveja na boca - Você gosta muito dele, não é?

- Zack é osso duro de roer, às vezes. Mas a intenção dele é boa. Ele já passou por muita coisa que não desejo para ninguém - respirei fundo, forçando-me a contar toda a história, torcendo para que ela não fugisse - Você sabe que fui pega com cocaína e, por isso, me mandaram para Arthur Kill por três anos, certo? - Brunna assentiu com a cabeça - Não era minha.

- O quê?

- Quando tínhamos 16 anos, Zack salvou minha vida - expliquei - Me tirou do caminho de uma bala durante um roubo de carro que deu errado.

- Meu Deus.

- Eu devia a ele - fiquei olhando para o horizonte - Antes de eu ser presa, Zack tinha uma mulher, Liza. Estavam juntos havia anos. Ele idolatrava o chão em que ela pisava - tomei um gole de cerveja - Para resumir, Zack conseguiu se meter em umas coisas bem sinistras. Drogas. A cocaína com a qual fui presa era uma armadilha. Não era dele, ele não tinha nada a ver com aquilo. Nenhum de nós tinha, mas algum traficante safado, com rancor por sabe-se lá que motivo, avisou a polícia. Fiquei com a fama e os 36 meses de detenção.

Ela piscou.

- Por quê?

Expirei pesadamente.

- Liza estava grávida.

- Oh.

- Com seu histórico na polícia, se Zack fosse pego com aquilo, ficaria detido por anos. Eu não podia deixar aquilo acontecer. Ele precisava estar com a mulher e o filho dele.

- Então você foi para a cadeia no lugar dele - os olhos dela cintilaram - Assim, simplesmente?

Prendi o lábio entre os dentes.

- Não tinha muita coisa rolando na minha vida naquela época. Nada de importante. Não como agora.

- Isso foi... Uau, Oliveira. Não sei o que dizer.

- Não tem o que dizer - dei de ombros - Não fez muita diferença. Pouco tempo depois de eu ter ido para Arthur Kill, Liza o deixou.

- E a criança?

A tristeza apertou o meu coração.

- Ele morreu.

- Ele?

Assenti com a cabeça.

- Christopher. Filho do Zack.

- Meu Deus.

- Noivos, grávidos, planejando a vida juntos, e daí... - fechei os olhos - Assim, simplesmente. Liza ficou muito abalada. Os dois ficaram - passei a mão no cabelo - Então ela foi embora. Depois de prometer que ficaria com ele para sempre, ela foi embora sem dizer nada, sem deixar um bilhete. Nada. Zack nunca superou perder Christopher e, depois, Liza. Agora ele tenta encontrar a resposta para tudo no álcool, na cocaína e nas mulheres - sacudi a cabeça - Ele está em uma espiral para baixo e não faço a menor ideia de como ajudá-lo. Ele não admite que precisa de ajuda. O triste é que também perdi algo no dia em que a Liza foi embora.

- O quê?

Os meus olhos encontraram os dela.

- Meu melhor amigo.

Brunna deslizou a mão pelo banco e segurou o meu mindinho. Sem nenhuma palavra pronunciada, o seu toque era suficiente. Ao longo da hora seguinte, Pêssegos ficou sentada com o queixo na mão, observando-me com atenção, sem julgar, interromper ou comentar as coisas que lhe contava. Era libertador, purificador, quase como uma terapia me abrir e ser honesta com ela. Parei de falar e dei um sorriso constrangido. Eu a estava entediando horrores com a história de minha vida.

- Nossa, desculpe. Me mande calar a boca.

- Nunca - ela suspirou - Adoro ouvir você. Quero que me fale sobre tudo. Oliveira, você é... diferente de todo mundo que já conheci - Brunna olhou para as nossas mãos, entrelaçadas em cima da mesa - Tenho uma coisa para perguntar.

- Manda.

- Você sabe que contei à minha avó, Mercedes, sobre você... e eu.

- Sim - falei, sentindo meu coração apreciar aquelas palavras.

Havia gostado da sua atitude. Aquilo tornava o que tínhamos juntas mais real, como se o que compartilhávamos fosse válido e verdadeiro.

- Bem... - ela hesitou e desviou o olhar.

- O que é?

Pêssegos abaixou o rosto e soltou um suspiro longo.

- Ela convidou você para ir a Chicago passar o Dia de Ação de Graças com ela, conosco... Quero dizer, você e eu, nós duas... e eu gostaria muito de levar você para conhecê-la, mas vou entender se não quiser ir. Eu compreendo, eu realmente...

Interrompi a sua linda tagarelice com um beijo ardente. Afastei-me e sorri quando vi que seus olhos permaneciam fechados e seus lábios ainda faziam um biquinho carente.

- Você fica maravilhosa quando divaga.

- Para - retrucou, abrindo os olhos.

- Então, está me perguntando se eu gostaria de passar o Dia de Ação de Graças em Chicago com você e com sua avó.

Ela concordou com a cabeça.

- Ainda estou com o carro dela, que preciso devolver; podemos dirigir até lá.

Expirei, uma pontada de ansiedade subindo por minha espinha.

- E sua mãe? Ela vai estar lá?

Brunna balançou a cabeça.

- Não. Eles sempre passam o Dia de Ação de Graças com a família do Harrison. E o Natal com minha avó.

Assenti com a cabeça, embora não conseguisse afastar a sensação de precaução que pulsava em meu peito. E tinha que reconhecer: Pêssegos não parecia nem um pouco preocupada. Estava linda e com esperança de que eu dissesse "sim", mas não tinha 100% de certeza da resposta que deveria dar.

- Você não precisa tomar uma decisão agora - falou, percebendo a minha inquietação - Pense a respeito.

- Vou pensar - prometi - Obrigada por me convidar.

- Imagine.

Sombras de palavras não ditas nublaram os olhos em geral cintilantes de Brunna.

- Você está bem?

- Sim. Estou... Estou ótima. Mesmo. Mas quero você só para mim por um tempo. Podemos voltar para casa?

Inclinei-me no banco e a beijei mais uma vez.

- Sou toda sua - peguei a mão dela - Vamos dar o fora daqui.

(.....)

🌺Wynonna Marvila🌺

Olhei atentamente para o meu reflexo no espelho dourado do banheiro privativo do meu escritório e sorri para o que vi. Tinha que confessar: eu era uma mulher bonita pra caramba. O cabelo escuro e cacheado, o rosto firme, com rugas de risadas ao redor dos olhos, que conferiam calor, e meu corpo era magro e elegante, adornado de maneira fantástica por um vestido caro de Reinaldo Lourenço.

No geral, a vida estava uma beleza. Sim, ainda tinha problemas com Oliveira, que sempre seria uma pedra em meu sapato. Mas aquela porcaria também seria administrada. Com os amigos que tinha e os favores que me deviam, Ludmilla Oliveira logo estaria atrás das grades novamente. Era só uma questão de tempo.

Uma explosão de cabelos castanhos levemente ondulados e grandes olhos da mesma cor, brilharam no fundo da minha cabeça. Brunna. Sempre me considerei uma mulher atraente, e perder o afeto de Gonçalves para a imbecil da Oliveira doía mais do que estava disposta a admitir. Que diabos Ludmilla tinha que eu não tinha?

Quem dera que soubesse. Além disso, assim que a bandidinha estiver atrás das grades e Brunna perceber a furada que Ludmilla é, irá querer um ombro amigo para chorar, uma cavaleira para salvar o seu dia. Os meus batimentos cardíacos se aceleraram e minhas mãos transpiraram, mas organizei as ideias rapidamente. Agora não era hora de pensar em mais nada, só de me preparar. Ajeitei o vestido de seda e respirei fundo. Hora do show. Saí do banheiro e acenei com a cabeça para minha secretária, que estava, como sempre, parecendo uma idiota perdida.

- Recomponha-se - ordenei para ela - E diga para a Sra. Patrícia Cristina entrar.

Apoiando-me na mesa, olhei bem nos olhos do meu gerente de contabilidade e do meu advogado, ambos com expressões sérias de negócios que teriam feito qualquer pessoa madura cagar nas calças. Tudo estava perfeito. Houve uma batida forte na porta antes da maçaneta girar e Patrícia, usando um vestido fabuloso, entrou confiante no escritório. Fiquei um pouco consternada com a maneira tranquila como ela entrou, mas disfarcei com um sorriso decidido e estiquei a mão.

- Sra. Patrícia - cantarolei - Bem-vinda.

- Sra. Wynonna - respondeu.

🌼Patrícia Cristina🌼

Apertei a mão de Wynonna com firmeza, mantendo contato visual o tempo todo. Eu não era nem um pouco medrosa, já havia estado em escritórios como aquele muitas vezes e estava acostumada a lidar com pessoas como Wynonna, conhecia muito bem ela para ter qualquer medo. Mas o que estava prestes a fazer não era nada parecido com o que já tinha feito e, se não fosse tratado com cuidado, poderia ser uma catástrofe total e completa.

Pessoas de quem gostava contavam comigo para manter a calma. Não só Brunna mas como Kássia, que precisava abrir os olhos quanto à sua prima. Engoli em seco e me acomodei em uma das poltronas ridiculamente luxuosas, próximas a uma mesa de vidro enorme.

- Água? - ofereceu Wynonna enquanto também se sentava.

Minha boca estava mais seca que o Saara, mas não iria dar a ela a satisfação de ver quão desconfortável estava.

- Não - respondi de forma casual, abrindo a maleta e mantendo os olhos fixos no que estava fazendo - Estou bem. Isto não deve demorar.

Ignorei o ruído sarcástico que veio de Wynonna.

- Sim, tenho certeza que não. Mas você foi um tanto vaga nos detalhes quando nos falamos e marcamos esta reunião. Será que poderia fazer o favor de nos explicar exatamente por que está aqui?

- Estou aqui em nome da minha cliente. Sra. Ludmilla Oliveira - o meu olhar pregou Wynonna à poltrona. Coloquei a pasta em cima da mesa de vidro e observei a aura de arrogância e controle penetrar lentamente no rosto dela - O motivo pelo qual fui vaga com relação a esta reunião, Sra. Wynonna - comecei, apoiando com bastante calma as mãos na mesa - É porque, como você pode ver, a situação é delicada.

Ela permaneceu sem mover um músculo.

- Como assim?

Sorri com a tentativa de indiferença e abri o arquivo de Oliveira.

- Como sabe, sua maior acionista é a Sra. Ludmilla Oliveira de Nova York, conforme foi determinado pelo testamento da avó de... - olhei para Wynonna com um brilho no olhar - de Oliveira.

Wynonna se recostou na poltrona e cruzou a perna direita sobre a esquerda, pronta para atacar.

- Estou plenamente ciente disso, Sra. Patrícia. O que está querendo dizer?

- Estou querendo dizer que minha cliente pediu, em inúmeras ocasiões, que sua participação na empresa fosse reconhecida com um salário adequado e que sua opinião fosse levada em consideração em todas as decisões da empresa, incluindo aquelas de nível de diretoria - esperei, mas não tive nenhuma resposta além de olhares severos e silêncio - Ela não obteve nada disso.

- Sra. Patrícia - começou em um tom cauteloso - Sua cliente foi presa e solta várias vezes nos últimos doze anos, sob acusações que variaram de tráfico de drogas a roubo de carros. Tenho certeza de que a senhora compreenderá que não é de interesse da empresa divulgar um comportamento tão inescrupuloso.

Dei um sorriso formal.

- É claro, mas, mesmo assim, independentemente de os outros acionistas ficarem sabendo - sobre o que falarei daqui a pouco - Você não acha que é importante pagar à minha cliente um valor correto ou ao menos oferecer um gesto de boa vontade?

Wynonna se mexeu na poltrona.

- E o que seria um gesto de boa vontade?

- Um aumento de 60% na renda anual dela, voz ativa nas decisões da diretoria e a garantia de que as suas ações não serão diluídas com ou sem a ameaça de chantagem.

O ar em torno de nós duas se tornou sufocante. Um dos homens de terno que estava em pé nos fundos da sala se mexeu, inquieto.

- Eu tomaria cuidado com a escolha das palavras, Sra. Patrícia - alertou Wynonna - As paredes têm ouvidos, você sabe.

- Ah - concordei, inabalável - Eu sei.

Larguei um punhado de fotos em preto e branco na mesa. Wynonna fitou-me duramente.

- O que é isto?

- Um seguro - respondi com muita calma - Para garantir que esses pedidos serão atendidos sem retaliações à minha cliente.

- Retaliações? - repetiu ela.

- Sim - coloquei o dedo na fotografia de cima, que mostrava Wynonna em um jantar sorrindo e apertando a mão de Raphael Casari, um criminoso condenado pelo FBI por lavagem de dinheiro e tráfico de drogas - Pelo que sei, o Sr. Casari não é o tipo de sujeito que alguém iria querer envolvido em um negócio como o seu, a não ser que existissem, vamos dizer, questões mais desonestas por trás.

Sorri.

- Fotografias não provam nada - falou com indiferença.

Sorri de novo.

- Verdade. Mas isto aqui talvez prove.

Joguei outras duas pastas na mesa. Os olhos de Wynonna passaram por cima delas.

- O que é isto?

- Extratos - inclinei-me para a frente - Extratos financeiros que, por algum motivo, foram bem mais difíceis de encontrar que os outros. Sra.Wynonna, a palavra "desvio" significa alguma coisa para você?

Com aquele soco pesado, sabia que o chão sob os sapatos altos de dois mil dólares de Wynonna Marvila tinha ficado instável. Ela deu mais uma olhada para as fotos e para a pasta e apertou o peito com a mão, fitando-me duramente. A ameaça que se espalhava por sua expressão, beliscando e aguçando, era apavorante. Ela não era mais a alfa ali. Estava pressionada contra a parede e não estava gostando.

- O que você quer Patrícia? - perguntou por entre os dentes.

Os meus olhos encontraram o olhar furioso dela.

- Minha cliente é proprietária de 60% da WCS Communications Marvila, o que é equivalente a 600 milhões de dólares - arqueei uma sobrancelha - Se ela fosse sacar essas ações em dinheiro, seria um grande baque para os seus investidores, não é?

- O. Que. Você. Quer? - repetiu em um ofego que transbordava raiva.

- Quero que vocês honrem a proposta benevolente da Sra. Oliveira, efetivando-a imediatamente. Quero uma confirmação escrita em três vias dessa promessa, assinada por você e pelo seu diretor financeiro, enviada por fax para meu escritório e para minha cliente ao final desta reunião de hoje. Quero que os fundos sejam transferidos para uma conta da escolha dela na mesma hora e que seu nome seja colocado de novo na lista pública dos acionistas - foi a minha vez de inclinar-me para a frente. Abaixei a cabeça e fitei Wynonna com os olhos severos - Se isso não acontecer, Sra. Wynonna, tenho certeza de que a polícia ficaria interessada em saber que tipo de negócios você tem com Casari - ergui uma fotografia - Considerando que ele é procurado pela polícia federal por crimes que datam de uns trinta anos.

Soltei a foto, de modo que ela planou elegantemente de volta à mesa, flutuando de um lado para outro em um silêncio gracioso. Peguei minha maleta e levantei-me ao mesmo tempo que Wynonna saltou de sua poltrona, chegando tão perto que podia sentir sua respiração em meu queixo.

- Vocês estão jogando um jogo muito perigoso, Patrícia - rosnou - Você e Ludmilla. Não quero saber se você é mulher de Kássia, não mais. É melhor que saibam de uma coisa: eu não perco. Eu sempre ganho. Sempre ganho, porra.

- Bom - declarei em voz baixa, olhando-a cara a cara - Não parece ser o caso desta vez, não é? - aproximei-me - E, um pedido mais pessoal, fique longe de Brunna e da minha mulher. Nunca mais chegue perto de Kássia e fodasse se são primas.

Após um instante de silêncio tenso, dei as costas para Wynonna e caminhei em direção à porta do escritório.

- Isto não terminou, Patrícia- falou, fervilhando - Diga à sua cliente que isto não terminou!

- Vou dizer - respondi em tom casual - Ah, e aliás - acrescentei, alegre, abrindo a porta e me virando para Wynonna - Você pode guardar as fotos e os extratos. Eu tenho cópias.

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