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Capítulo 1 - prisioner.

"Se for pra desistir, desista de ser fraco".

Ludmilla Oliveira da Silva, detenta da penitenciária Arthur Kill e verdadeira bad girl, sorriu ironicamente para o guarda que ao longo dos últimos dez minutos lhe perguntava qual era o seu número de interno. Dizer que o comportamento insolente e a expressão divertida de Ludmilla deixavam o homem gordo e careca agitado seria eufemismo. O cara estava quase espumando pela boca. Era sexta-feira e já fazia cinco minutos que o guarda havia batido o ponto de saída. Mais um motivo para Ludmilla ser uma babaca folgada.

O guarda passou a mão impaciente pela nuca roliça e seus olhos cansados se estreitaram.

- Escute aqui - disse ele em um tom baixo e ameaçador, que sem dúvida funcionava como uma faca na garganta dos outros detentos - É muito simples. Você me dá o seu número. Eu coloco neste formulário que tenho que preencher para o seu conselheiro aqui na penitenciária e aí posso ir para casa.

Ludmilla ergueu uma sobrancelha, desafiadora, e ficou olhando para aquele panaca atarracado. Sem se amedrontar, o guarda se recostou na cadeira giratória.

- Você não me dá o seu número e minha mulher fica furiosa. Ela fica furiosa e eu vou ter que explicar que uma delinquentezinha metida me fez ficar esperando. Aí ela vai ficar mais furiosa ainda, berrando que o dinheiro dos nossos impostos é que garante três refeições diárias e macacões para perdedoras como você - ele se sentou mais para a frente - Então, última vez. Número.

Ludmilla olhou com indiferença para o punho do guarda segurando o cassetete acoplado ao cinto e deu um suspiro longo e entediado. Qualquer outro dia, ela estaria pronta para fazer aquele idiota perder a cabeça, ela seria espancada com um sorriso no rosto. Mas, hoje, ela não estava no clima.

- 081056 - respondeu Ludmilla friamente, incapaz de resistir em dar uma piscadela no final.

Com uma carranca raivosa, o guarda anotou o número no formulário, aí rodou a cadeira até uma assistente administrativa jovem e loira e lhe entregou o papel. Aquele gordo arrogante era preguiçoso demais para levantar e dar seis passos.

Ludmilla esperou enquanto a loira digitava o número que praticamente tinha se tornado seu nome adotivo nos últimos dezenove meses. Ela sabia quais acusações apareceriam no monitor: arrombamento de carro, porte de arma, posse de drogas, conduta desordeira e embriaguez, só para citar algumas. Ao contrário do que pensavam, ela não se orgulhava da lista de crimes e delitos que podia encher duas telas inteiras. Mesmo assim, aquilo dava a ela um senso de identidade, algo que procurara desinteressadamente por quase todos os seus 27 anos de vida. Ela ainda estava à procura e, até que encontrasse aquela coisa, a lista era tudo o que ela tinha...

Com um movimento rápido, a hispânica esfregou a mão nos cabelos negros médios. Estava cansada de pensar naquilo. O barulho do papel sendo rasgado numa antiga impressora a trouxe de volta à Terra.

- Bom, Sra. Oliveira - o guarda suspirou - Parece que sua estadia conosco vai se estender por mais dezessete meses, por ser pega com cocaína.

- Não era minha - disse ela secamente.

O guarda a fitou com uma expressão nada sincera de compaixão antes de sorrir.

- Que peninha.

Ludmilla não respondeu, ciente de que, dali a poucas semanas, entraria com o pedido de liberdade condicional, e pegou logo o formulário. Ladeada por outro guarda de cara fechada, Ludmilla passou pela mesa e atravessou um corredor longo e estreito em direção a uma porta branca, que ela abriu com um tapa barulhento.

O recinto era claustrofóbico e árido e fedia a confissões. Apesar das muitas horas que ela tinha passado naquele lugar desolador, ainda sentia o pulso acelerar e as mãos suarem. Com as costas eretas e os ombros firmes, ela andou em direção à mesa de madeira barata onde um homem sorria enquanto Ludmilla se aproximava.

- Ludmilla- Harry, seu conselheiro, a cumprimentou - Que bom ver você. Por favor, sente.

Ludmilla enfiou as mãos nos bolsos do macacão e desabou desajeitadamente na cadeira. Harry era a única pessoa que a chamava pelo primeiro nome. Todos os outros a chamavam de Oliveira. Ele tinha insistido naquilo, explicando que era a única maneira de eles dois conseguirem construir um relacionamento de confiança. Ludmilla tinha explicado que aquilo era um monte de merda.

- Tem cigarro? - Ludmilla olhou com desdém para o guarda parado na porta do outro lado do recinto.

- Claro - Harry jogou uma carteira de Camel e uma caixa de fósforos na mesa.

Os dedos de Ludmilla lutaram contra a embalagem. Fazia dois dias desde seu último cigarro. Ela estava desesperada. Dois fósforos quebrados e uma série de palavrões depois, ela finalmente inalou a fumaça densa e inebriante. Fechou os olhos, prendeu a respiração e, por uma fração de segundo, tudo estava certo no mundo.

- Melhor? - perguntou Harry com um sorriso sagaz.

Soprando a fumaça por cima da mesa, Ludmilla confirmou com a cabeça. E ficou impressionada ao ver que Harry resistiu ao desejo de abanar a fumaça para longe. Ambos sabiam que, se fizesse aquilo, encorajaria Ludmilla a fazer de novo, ela se apegava a qualquer sinal de fraqueza ou irritação. Era um mecanismo de defesa, aparentemente. Eles haviam discutido isso em uma de suas primeiras sessões. O mecanismo era tão bem executado que Ludmilla parecia forte, dominante e a maioria dos funcionários e detentos da Arthur Kill concordavam que ela era intimidadora pra caramba.

Harry pegou um arquivo de quase 20 centímetros de espessura em sua maleta e abriu, folheando os inúmeros relatórios, declarações da justiça e depoimentos que, ao longo dos anos, descreviam Ludmilla como uma "ameaça à sociedade", de "personalidade forte" e "uma mulher inteligente mas que não possuía a autoconfiança para reafirmar e canalizar isso de maneira correta".... Mais uma vez, tanto fazia.

Ludmilla estava cansada de ouvir quanto potencial tinha. Sim, ela era inteligente e muito leal às pessoas de quem gostava, mas, até onde podia se lembrar, simplesmente parecia não conseguir encontrar o caminho certo. Durante toda a vida, ela tinha estado à deriva, nunca se sentindo bem-vinda ou confortável em um lugar por muito tempo, lidando com sua merda de família e amigos que não conseguiam ficar longe de encrenca por mais que cinco minutos.

Ao menos na prisão, a porra toda era simples. Problemas da vida real eram como mitos urbanos contados por aqueles que vinham fazer visitas de vez em quando. Não que Ludmilla recebesse muitas visitas.

Harry foi até a última página do arquivo e escreveu a data no topo da folha em branco, então apertou o botão do pequeno gravador digital que estava entre eles e começou a gravar.

- Sessão 64, Ludmilla Oliveira, detenta número 081056 - disse Harry com voz monótona - Como você está hoje?

- De boa - respondeu Ludmilla, apagando o cigarro enquanto acendia outro.

- Ótimo - Harry fez uma anotação curta no papel à sua frente - Então, ontem eu compareci a uma reunião relativa à sua participação em alguns cursos aqui na penitenciária - Ludmilla revirou os olhos e Harry ignorou - Sei que você tem opiniões formadas sobre esse assunto, mas é importante que faça atividades que sirvam como um desafio para você enquanto estiver aqui.

Ludmilla jogou a cabeça para trás e franziu a testa para o teto. Desafio? O lugar todo era a porcaria de um desafio. Era um desafio superar cada dia sem perder a cabeça com alguns dos idiotas daquele lugar.

- Há algumas opções - continuou Harry - Literatura inglesa, filosofia, sociologia. Eu expliquei ao Sr. Ward e aos especialistas em educação que, apesar de você ter tido problemas com seus ex-tutores, você não é mais a mesma garota que largou a escola aos 17 anos. Certo? - Ludmilla deu uma olhada cética para ele, Harry colocou as pontas dos dedos debaixo do queixo - O que você gostaria de estudar?

- Tanto faz - Ludmilla deu de ombros - Eu só queria que me deixassem na minha, porra.

- Tudo faz parte das condições para ter uma chance de liberdade condicional antecipada. Você precisa mostrar progresso na sua reabilitação. E, se frequentar alguns cursos enquanto está aqui pode ajudar nisso, então você tem que entrar na dança.

Ludmilla sabia que ele tinha razão e aquilo a deixava furiosa. Desde os 15 anos, ela passava de um advogado para outro, de um oficial de condicional e de um conselheiro para o seguinte, sem ideia de como ou se um dia faria algo mais significativo com sua vida. E Ludmilla não fazia a mínima ideia do que fosse "significativo".

Mesmo assim, depois de dezenove meses em Arthur Kill, ela estava começando a pensar que passar o resto de seus dias presa não era uma perspectiva tão atraente quanto tinha pensado a princípio.

Quando era uma adolescente teimosa, arrogante e agressiva, ela curtia ter tal reputação. Agora, a animação e o entusiasmo haviam minguado. Tribunais, centros de detenção e prisões não eram mais novidade e ela estava ficando entediada com a justiça como um todo. Se não mudasse as próprias merdas, passaria dos 30 tentando imaginar o que tinha acontecido com sua vida.

Harry pigarreou.

- Você teve alguma visita recentemente?

- Renatinho veio na semana passada, Zayn vai vir na segunda.

- Ludmilla - suspirou Harry, tirando os óculos - Você precisa tomar cuidado com o Zayn... Ele não é bom para você.

Indignada, Ludmilla bateu a mão na mesa.

- Você acha que tem o direito de falar uma merda dessas?

Ludmilla sabia que Harry considerava Zayn uma doença, infectando todo mundo à sua volta com seus problemas com drogas, seu longo histórico criminal e sua habilidade de afundar os amigos na merda, o fato de Ludmilla estar em Arthur Kill era um desses casos. Mas Ludmilla devia muito a Zayn.

Estar na prisão era simplesmente quitar uma dívida, e ela faria de novo sem pestanejar.

- Não - abrandou Harry - Não é isso que acho, de jeito nenhum...

- Então, ótimo - interrompeu Ludmilla - Porque você não tem a menor ideia do que o Zayn passou, do que ele ainda passa. A menor ideia!

Ela deu uma tragada longa no cigarro, encarando Harry por cima da brasa.

- Sei que ele é seu melhor amigo - disse Harry após um momento de silêncio tenso.

- Sim - concordou Ludmilla com um aceno firme de cabeça - Ele é.

E pelo que Ludmilla tinha ouvido dos caras que tinham vindo visitá-la, Zayn precisava dela agora mais do que nunca.

(......)

Mesmo quando Brunna Gonçalves estava dormindo, o mundo à sua volta era sombrio e opressor, enchendo seus sonhos de medo. Suas mãos pequenas agarraram os lençóis, torcendo-os em desespero. Seus olhos fechados se estreitaram e seus pés começaram a se mexer enquanto dormia, à medida que ela se percebia correndo, apavorada, por uma viela escura. Um gemido saiu de sua garganta, enquanto via as imagens ininterruptas daquela noite quase dezesseis anos atrás.

- Por favor - choramingou ela no escuro.

Mas ninguém viria para salvá-la dos cinco homens sem rosto que a perseguiam. Ela se ergueu com um grito, suando e sem ar. Seus olhos percorreram o quarto escuro antes de perceberem onde estavam, ela os fechou e colocou as mãos no rosto. Com a garganta dolorida, suspirou, secou as lágrimas e tentou se acalmar, respirando longa e lentamente.

Tinha acordado assim todos os dias nas últimas duas semanas, e a dor que a atingia cada vez que ela abria os olhos era familiar demais. Ela balançou a cabeça, exausta. A médica advertira que não parasse de tomar os comprimidos para dormir de uma vez só, mas que diminuísse a dose gradativamente. Brunna tinha ignorado o conselho dela, determinada a conseguir passar uma noite sem o auxílio de remédios. Parecia que sua determinação tinha se esgotado. Ela bateu com o punho no colchão, frustrada, e então acendeu o abajur na mesa de cabeceira. Mas a luz não amenizou o medo e o completo desamparo que os pesadelos traziam.

Com um suspiro de derrota, ela se levantou e foi até o banheiro, piscando por causa das luzes ofuscantes. Deu uma olhada em seu reflexo no espelho e franziu a testa. Jesus, ela aparentava ter muito mais que 24 anos. Seu rosto parecia cansado, os olhos castanhos entorpecidos e sem vida. Ela passou os dedos pelas olheiras e em torno delas, depois correu a mão pelo cabelo. Sua mãe falara que ela havia perdido peso, mas Brunna tinha ignorado aquelas palavras. Ela sempre tinha que fazer algum comentário.

A latina abriu o armário e pegou um frasco de comprimidos. Ansiava pela noite em que não precisaria depender de remédios para dormir. Não que os comprimidos ajudassem muito, eles apenas entorpeciam uma dor que nunca desapareceria. Depois de tomar duas pílulas azuis, ela se arrastou pelo piso de madeira de volta para a cama. Brunna tinha percebido havia muito tempo que não existia sono profundo o suficiente para escapar dos pesadelos. Estavam enraizados, eram parte dela, nunca conseguiria se livrar deles. Sabia que nenhuma pílula ou terapia jamais apagaria a escuridão e a dor dentro de si. Ela havia se tornado uma mulher impetuosa e de personalidade forte. Era uma maneira segura de manter outras pessoas a distância, escondendo seu desespero e seu medo por trás da sagacidade e de uma língua afiada.

Gonçalves afundou nos travesseiros de penas. Será que algum dia tudo aquilo ficaria mais fácil? Brunna não sabia. Só conseguia se concentrar no fato de que o nascer do sol significaria um novo dia, mais um para se distanciar do seu passado...

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