Luisa narrando:

A aula havia acabado e agora eu andava pelo enorme campus em direção ao meu quarto, onde possivelmente eu conheceria a pessoa que dividiria aquele espaço comigo pelo resto dos anos letivos.

Abri a porta e entrei no quarto, parando pela primeira vez desde que estive ali para observa-lo. Não chegava nem perto do quarto que eu tinha em casa, é claro, mas era bem aconchegante. Havia uma cama e um guarda-roupas de cada lado, uma TV em cima de uma mesa que ficava no centro da parede que bem no fundo do quarto e uma porta do lado direito onde provavelmente haveria um banheiro. Na cama do lado direito do quarto haviam algumas malas e bolsas que deveriam ser de minha colega de quarto, e do banheiro vinha uma voz que cantava uma letra que eu não conseguia entender. Do lado esquerdo do quarto, estavam minhas coisas e logo dei um jeito de começar a arruma-las, aproveitando para procurar a roupa ideal para a festa que rolaria a noite.

— I'm in love with the shape of you... - a delicada ruivinha de óculos saiu do banheiro cantando, e eu logo reconheci minha música preferida.
— Oi. - falei, um pouco tímida.
— Oi! Nossa, que bom que você chegou, nós vamos nos divertir muito juntas.  - ela falou com empolgação - Não é legal? É tipo "noite das meninas" todos os dias.
— Uffa, que bom que você pensa assim eu tava morrendo de medo de ter que dividir o quarto com alguma garota cheia de mal humor ou que não gostasse de mim. - desabafei.
— Prazer, meu nome é Lindsy, mas pode me chamar de Lindy. - ela falou toda sorridente - Eu também tava com medo de encontrar uma garota chata por aqui, mas você parece ser legal.
— O meu é Luisa. Pelo menos nós temos uma música em comum, eu adoro aquela que você tava cantando.
— É a minha preferida. - ela disse - Mas e ai, você vai na tal festa de boas vindas que vai rolar hoje?
— Eu até vou, mas não faço ideia de que roupa usar.
— Humm, deixa eu ver... - ela disse, olhando dentro do meu guarda-roupa que a esta altura já estava arrumado.
— Não tem nada bom o suficiente ai. - falei.
— Menina do céu, é claro que tem! Olha esse vestido mulher, você vai ficar linda nele. - ela disse, me entregando um vestido preto que ia até a metade das minhas coxas.
— Você acha que tá bom? É o primeiro dia, quero causar uma boa impressão. - falei, mas não era bem por ser o primeiro dia que eu queria causar boa impressão e sim por quem me acompanharia.
— Tá perfeito, é só colocar um salto, uma bolsa, uns acessórios e vai ser a mais gata da festa. - ela disse empolgada.
— Tá, vou confiar em você hein. - falei, rindo de tanta empolgação.
— Aaaiii é muito bom ter uma amiga morando com você pra te ajudar nessas coisas, vai, me ajuda a escolher o meu também.

Procurando um vestido para ela, acabamos decidindo que ela vestiria um meu, que era em um tom rosê, justo e ia até o meio de suas coxas, que com certeza ficaria lindo nela que já era uma graça. Lindy parecia uma garota legal e eu realmente esperava que nos tornássemos boas amigas.

Ainda era cedo, quase seis e meia da tarde, mas resolvi que era melhor ir tomar banho para ter tempo de me arrumar.

Tomei banho e cantei enquanto o fazia, escovei os dentes, e saí do banheiro para me arrumar. Acabei decidindo por salto, pulseiras e uma bolsa da mesma cor que o vestido, porém com um certo brilho, e Lindy colocou um mix de pulseiras rosê e bege, com bolsa e sapatos bege com brilho.

— A gente pode ir junto ou você tem companhia? - ela perguntou enquanto me ajudava com minha maquiagem.
— Se eu disser que não quero ir com você, vai rabiscar minha cara com esse batom? - brinquei e cai na gargalhada.
— Hahaha, bobinha, se não quiser ir comigo não tem problema. - respondeu, me dando um tapa de leve.
— Eu vou com um amigo que conheci nas aulas mas é claro que quero que vá com a gente. - falei, dando a ela um sorriso de cumplicidade.
— Ah, obrigada, eu sabia que não ia me deixar na mão. - ela disse me abraçando.

Minha nova amiga acabou de me ajudar com minha maquiagem, e fui ajuda-la com a dela. Nos arrumamos juntas, e quando eu passava meu perfume alguém bateu à porta e fui abrir.

— É aqui mesmo o quarto da Luisa? - perguntou Gustavo, que estava ainda mais lindo que da primeira vez em que o vi.
— Bobo, não finja que não está me reconhecendo. - respondi dando risada.
— Luisa? É você? Está ainda mais bonita, pensei que fosse impossível. - falou, segurando o riso.
— Deixe de ser bobo e entre, temos que esperar minha nova amiga de quarto. - respondi, e ele entrou.

Enquanto esperávamos Lindy, que estava no banheiro dando uns últimos toques no visual, Guga - que era como eu havia decidido começar a chama-lo - começou a me contar mais sobre sua vida. Além de lindo - palavras dele mesmo - praticava vários esportes - então minhas suspeotas de que o corpo fosse tão perfeitos quanto p resto provavelmente eram reais -, tocava baixo e guitarra, e havia trabalhado durante o dia em uma lanchonete e durante a noite sendo guitarrista de uma banda por dois anos para juntar dinheiro para a faculdade, sua mãe e seu pai eram divorciados, e ele tinha um irmão de cinco anos que o adorava e morava com a mãe a 500 quilômetros daqui.

— Bom, acho que agora você já sabe bastante sobre mim, hora de me contar sobre você. - ele falou, e depois de ter me falado tanto sobre ele eu não tinha como dizer que não.

Falei um pouco sobre meu pai e a empresa, sobre minha mãe que havia morrido pouco antes de eu nascer, minha paixão pelo piano e por Ed. Sheeran, e coisas do tipo, fugindo de falar sobre meu noivado, e por sorte ele deve ter percebido que eu não desejava falar sobre o assunto e não perguntou. Não é que eu quisesse fingir que não tinha um noivo, só não queria falar sobre isso, e isso não nos impedia de ser bons amigos. Apesar de desejar noites loucas de sexo com ele, fazer amigos era o que estava ao meu alcance.

— Vamos? - Lindy disse, saindo do banheiro - Ah, oi, você deve ser o amigo da Lu. Eu posso te chamar de Lu né?
— Pode sim. - falei - Esse é o Gustavo e essa é a Lindy. - apresentei-os e eles se cumprimentaram.

A festa seria na casa de um garoto que morava perto da faculdade. Chamamos um táxi, já que nenhum de nós tinha um carro, e fomos.

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