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Capítulo 7- qualquer coisa

"As memórias não são apenas sobre o passado, elas determinam o nosso futuro".

🐍▫️Antoinette Topaz▫️🐍

– Preciso buscar meu pai!

– Continue andando! Precisamos nos afastar deles. Eles vão matar você! Ande! – falei para a pequena latina, que segurava meus braços.

– Topaz? - escutei meu nome que parecia vir de longe, olhei para todos os lados mas apenas conseguia ver chamas.

– Não! Ele precisa de mim! - direcionei meu olhar agora para a menina desesperada à minha frente, seus olhos estavam sem vida, completamente opacos.

– Topaz. Você pode abrir os olhos para mim? ANTOINETTE?

Levantei rapidamente da cama, sentando-me ofegante e com os olhos arregalados. Dei uma olhada em volta, quase desesperada, e pulei de susto quando uma mão tocou no meu braço. Virei-me e vi Harry em pé ao lado da cama em que estava, seu rosto enrugado de preocupação.

Engoli em seco, tentando ao máximo proteger a garganta irritada. A confusão em minha cabeça ainda era grande.

– Onde estou? - pisquei repetivas vezes antes de olhar em torno da sala, olhei para as paredes e parei na expressão surpresa de um médico e de dois guardas.

– Você está na clínica da penitenciária, Antoinette– respondeu o médico à minha frente.

– É Topaz e quem diabos estava falando com você, doutor? – retruquei irritada.

O médico se encolheu e deu um passo para trás.

– Topaz – disse Harry suavemente – Você teve uma crise de pânico.

Soltei uma risada, ignorando o calor da vergonha que subia por meu corpo.

– Quem disse?

– Eu disse – interferiu o médico.

Fiquei olhando para ele por um momento.

– Vou me mandar daqui – joguei as pernas para a direita, de modo que elas ficaram balançando no ar – Cadê os meus sapatos?

– Receio que isso não seja possível – começou o médico.

– Eu não estou pedindo – gritei enfurecida mas logo me arrependi.

Senti uma martelada bem no fundo do meu crânio. Meus tímpanos pareciam explodir e só conseguia enxergar pequenos pontos pretos flutuando e dançando. Fantástico. Cerrei os olhos por uma fração de segundos para recuperar o equilíbrio, inclinando-me para a frente.

Harry colocou as mãos em meus ombros para manter-me ereta.

– Você tem que se acalmar – murmurou ele – Simplesmente relaxe. Você ficou apagada por um tempo. Precisa pegar leve.

Com uma das mãos pressionei entre as sobrancelhas para tentar amenizar as palpitações por trás dos olhos. Nunca tinha sentido nada parecido. Estava completamente esgotada, fisicamente e emocionalmente. Nem sequer conseguia brigar com Harry quando ele me empurrou de volta para a cama. Apenas suspirei e franzi a testa para a plateia que estava parada ali me observando, como se estivesse esperando que eu explodisse.

– Sua cabeça dói? – perguntou o médico e o fitei com severidade, exausta demais para conseguir pensar em algo engenhoso para responder – Vou buscar uns analgésicos – disse, saindo rapidamente da sala.

Fiquei surpresa ao ver que os dois guardas também saíram juntamente com ele.

– Caramba, ao menos ainda consigo fazer com que todo mundo vá embora – concluí.

Harry enfiou as mãos nos bolsos.

– Precisamos conversar.

– Sobre o quê? – perguntei e ele me fitou com um olhar penetrante.

– Você sabe.

Soltei a cabeça na cama. Ainda estava confusa demais para conversar sobre qualquer coisa, principalmente sobre a revelação gigantesca que tinha atingido minha cabeça como um tijolo.

Era ela. Pêssegos. A garota com quem sonhava havia dezesseis anos. A garota que tinha salvado...

– Antoinette. – insistiu Harry – Você sabe que eu nunca contaria a ninguém nossas conversas. É totalmente confidencial, se é com isso que você está preocupada.

– Não estou preocupada com nada, Harry. Só não tenho nada a dizer. Cacete! – rosnei, agarrando os lençóis, querendo rasgá-los em pedaços para que combinassem com as sensações tumultuadas que vibravam dentro de mim.

O barulho de uma cadeira sendo arrastada em direção à minha cama relembrou-me de que Harry era um cara teimoso e que não iria embora sem algum tipo de explicação.

– Antoinette, nos conhecemos há muitos anos. Já conversamos, já discutimos, já ficamos sentados em silêncio... Mas eu juro por Deus, garota, você nunca tinha me assustado tanto quanto ontem.

Os meus olhos foram ao encontro dos olhos cansados de Harry e vi apenas verdade por trás daquelas palavras. A confissão dele fez-me sentir estranha. Em geral, estava cagando e andando para os pensamentos ou sentimentos das outras pessoas, mas saber que ele tinha ficado preocupado me fez sentir alguma coisa.

– É, bom – murmurei, erguendo os ombros enquanto olhava para o teto – Estou bem.

– O que é Pêssegos?

Um tremor de ansiedade subiu pela minha espinha, causando uma onda de náusea que se espalhou por meu corpo.

– Ninguém importante - minhas palavras foram forçadas, sussurradas.

– Então Pêssegos é uma pessoa?

Coloquei as pontas dos dedos nas têmporas e fechei os olhos.

– Harry, por favor – grunhi – Esqueça isso.

Esperava que o desespero em minha voz fosse suficiente para conter sua insistência. Uma expressão de surpresa passou pelos olhos do meu conselheiro e compreendi que tinha atingido o alvo, ao menos por um tempo. Simplesmente não tinha energia nem vontade de tentar explicar sobre a menina que tinha pensado todos os dias desde os meus 11 anos.

Tinha que colocar a cabeça no lugar antes de fazer isso. Tinha que colocar a cabeça no lugar antes de segunda-feira, quando teria minha aula de literatura inglesa.

Uma aula particular com ela.

Com a Srta. Blossom.

Com Pêssegos.

(....)

Estava sentada atrás de uma mesa de madeira quando minha Pêssegos entrou e deu um largo sorriso para o guarda. E que lindo sorriso, poderia ficar um dia inteiro o admirando mas ele logo sumiu quando ela percebeu a indiferença no meu rosto.

– Boa tarde – disse ela, pegando livros e papéis de sua bolsa gigante.

Mantive os olhos fixos no chão enquanto meus polegares giravam um por cima do outro sobre meu colo. Estava suando e podia sentir minha barriga às voltas.

Ela pigarreou e ergui a cabeça, torcendo para que minha voz saísse.

– Boa tarde, Srta. Blossom.

Seus lindos olhos castanhos brilharam surpresos com meu cumprimento amigável. Esbocei um sorriso, tentando parecer normal mas por dentro, só queria fugir correndo dali o mais rápido possível. Tinha certeza de que ela podia ouvir meu coração palpitando dolorosamente no peito.

Cheryl puxou a cadeira para se sentar à minha frente.

– Vamos fazer a mesma coisa que a turma está fazendo para que você não fique para trás.

Mantive os olhos nela, assimilando todo o seu corpo. Deus, nunca me cansaria de admirá-la. Ela era perfeita em qualquer mínimo detalhe. Observei seus movimentos graciosos e as expressões que seu rosto fazia, tentando encontrar a menininha de que me lembrava como uma fotografia amassada no fundo da minha memória. Depois de dezesseis anos, ali estava ela, alheia à conexão que existia entre nós. Sabia que ela tinha percebido que a estava observando mais do que o normal, mas não conseguia parar.

Fiquei pensando se ela sentia o mesmo que eu quando a olhava. O coração acelerado, a barriga embrulhada, uma excitação fora do normal.

– Este é o poema que vamos trabalhar - ela colocou uma folha de papel diante de mim.

Inclinei-me para a frente, lendo o título no topo da página.

– "A Elegia de Tichborne"?

– Sim – respondeu – Qual é o problema?

– Os idiotas daquela sua turma nem sequer sabem quem é Chidiock Tichborne!

– Agora sabem – falou ela calmamente enquanto removia a tampa da caneta – E o que você sabe sobre ele e sua poesia?

Ouvi o desafio na sua voz. Concentrei-me nisso e não na sensação de calor do joelho dela perto do meu, em baixo da mesa.

– Sei o suficiente – afirmei, cruzando os braços.

– Por favor – pediu com a mão – Me dê esse regalo.

– Regalo? – zombei e cocei o queixo – Tichborne nasceu em Southampton, Inglaterra, em 1558 – comecei – Em 1586, participou da Conspiração Babington, para assassinar a rainha Elizabeth e substituí-la pela católica Maria da Escócia. Mas eles se ferraram. Ele foi preso e, e em seguida, enforcado, afogado e esquartejado – contendo o riso perante o choque dela, continuei – Este poema foi o único que ele escreveu enquanto aguardava sua execução. Meio inapropriado para se estudar em um presídio, não acha, Srta. Blossom?

– Você gosta de história - dei de ombros, confirmando com a cabeça.

– Acho legal. Mas prefiro literatura inglesa - abri um sorriso malicioso.

Ela deixou que minha resposta cheia de intenções pairasse entre nós e em seguida lambeu os lábios. Cheryl devia ser proibida de fazer aquilo, meu pau ficou duro só de pensar naquela boca me chupando.

– Então, me fale sobre o poema.

– Ele usa paradoxos e antíteses – comentei – Oposições e contradições. Faz isso para destacar a tragédia pela qual está passando... o que, se você parar para pensar, é bem idiota.

– Por que você acha isso?

– Ele errou, então tem que pagar o preço. Sua dívida.

– Parece que você entende um pouco desse assunto - ergui as sobrancelhas e dei uma olhada em torno da sala – Sei que você está pagando pelos seus erros. Mas ele era tão jovem, jovem demais para morrer. Você não sente empatia por Tichborne de alguma maneira?

– Empatia? Não – respondi com firmeza – Inveja? Sim.

– Por que você o inveja?

Mantive os olhos na mesa entre nós.

– Pelo fato de que ele está prestes a morrer – murmurei – E começa a ver as coisas com muito mais clareza. Tem foco, discernimento. Invejo isso nele.

– Você quer um foco? - sorri com sua pergunta.

– Querer e precisar são duas coisas bem diferentes, Srta. Blossom. – respondi – Preciso de foco.

Olhei para ela, porque quem me dera que houvesse qualquer outra coisa que pudesse fazer ou dizer naquele momento. Sabia que ter descoberto a identidade dela seria o passo inicial para que encontrasse, pela primeira vez em anos, algum tipo de foco em minha vida. E mesmo enquanto falava de Tichborne como se soubesse do que estava falando, era somente com minha Pêssegos, sentada à minha frente, que realmente compreendia a própria necessidade daquilo.

– Pêssegos – sussurrei, assimilando cada centímetro do seu rosto delicado.

– O quê? – perguntou ela em voz baixa – O que você disse, Topaz.

E foi assim que o momento passou. Como se tivesse acordado de um sonho, me endireitei, dando uma espiada no guarda antes de me esparramar na cadeira de novo.

– Mas sabe como é – murmurei, pegando do bolso o cigarro que Harry tinha me dado, minha barreira de proteção se erguendo novamente – Que diabos eu sei, né? Você que é a professora genial

Uma vozinha no fundo de minha consciência ralhava comigo por ser tão babaca enquanto a expressão dela mudava de calma para furiosa. Mas estava tudo bem, disse a mim mesma. Podia lidar com a raiva dela. Era sexy. Sua raiva me deixava excitada. Eram todas as outras coisas que me assustavam demais.

– Sim – retrucou ela – Sou mesmo e quero que você faça essas atividades – ela esmurrou outra folha de papel na mesa repleta de perguntas e tarefas – Tenho certeza de que, com seu conhecimento universal, você não terá problemas, certo?

Lançou-me um olhar que me desafiava a retrucar alguma coisa mas não o fiz. Em vez disso, peguei a caneta que ela havia largado sobre a mesa e comecei a fazer os exercícios propostos, pois, enquanto ela permanecesse sentada diante de mim, me olhando fixamente com toda a sua raiva e encanto, sabia que faria qualquer coisa que Cheryl pedisse.

Qualquer coisa mesmo.

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