Capítulo 4- aula
"Vence o medo e vencerás a morte".
Cheryl largou a bolsa perto da porta antes de ouvir a secretária eletrônica e, imediatamente, escutar a voz de sua mãe, urgente e aflita:
"Suponho que você ainda esteja viva e bem, apesar de não ter ouvido nem um pio seu desde sábado. Espero que não tenha esquecido de que virá jantar aqui em casa esta noite. Se não chegar até as sete, vou mandar Harrison para ter certeza de que você está bem. Tchau".
Cheryl suspirou e pressionou "retornar ligação" no telefone, deixando no viva-voz. Ela foi até ao aquário de peixes tropicais e salpicou ração sobre a água tranquila, sorrindo quando eles vieram até à superfície e começaram a beliscar e beijar os flocos.
- Cheryl? - a voz ansiosa de sua mãe tomou conta da sala de estar.
- Sim, mãe, sou eu. Estou sã e salva e estarei aí às sete, então pode cancelar o esquadrão de salvamento.
A latina queria não ter que jantar com a mãe depois do dia que teve. Ela havia acordado tarde aquela manhã depois de, mais uma vez, ficar acordada metade da noite, tendo o mesmo sonho vívido repetidamente. Havia tentado passar a noite sem comprimidos, mas se arrependera da decisão assim que encostara a cabeça no travesseiro.
Era um sonho novo desta vez. Não havia homens sem rosto nem areia molhada, mas seu pai ainda estava lá. Ele ficava sussurrando alguma coisa e, por mais que tentasse, ela não conseguia chegar perto o suficiente para ouvi-lo. Era aí que uma mulher encapuzada aparecia e a puxava para longe dele. Assim como tinha feito ao longo de todos aqueles anos em seus sonhos.
A pessoa ainda era estranha para ela, nos sonhos e fora deles, depois de aparentemente ter desaparecido sem deixar rastro pela porta do edifício onde a abraçara enquanto ela chorava pelo pai. Tinha certeza de que a polícia e sua mãe acharam que ela estava maluca quando tentou descrever o que havia acontecido: que uma pessoa encapuzada a impedira de ver o pai ser espancado até à morte em uma noite fria e chuvosa no Bronx.
Tudo o que Blossom sabia era que se tratava de uma mulher e que não devia ser muito mais velha que ela. Mas jamais descobrira sua identidade. Mesmo assim, ainda podia senti-la ali, em seu subconsciente, puxando-a em desespero para longe do seu pai.
Uma hora e meia depois, cansada e cheia de frustração, Cheryl estava à mesa de jantar de sua mãe, lutando para dissipar a tensão horrorosa que envolvia o recinto. Era uma batalha perdida, tinha sido daquele jeito desde que Blossom decidira se candidatar ao emprego na Arthur Kill. Mesmo assim, tentando ao máximo não se deixar desencorajar pela apatia gritante da mãe, Cheryl contou animadamente para ela e para seu companheiro havia dez anos, Harrison, sobre como seus alunos estavam se saindo bem, como estavam empenhados e focados.
A latina descreveu como se sentiu quando seu aluno Sam escreveu um texto tão poético que quase a fez chorar de orgulho. Ela falou sobre a onda de adrenalina que só um professor conhece quando seus alunos demonstram compreender a matéria, mas sua mãe sequer tentou esconder o escárnio. A mãe de Blossom era extremamente preconceituosa em relação a criminosos e ao que deveria ser feito com eles. Por amá-la e tentar entender seu ponto de vista, Cheryl procurava ao máximo aniquilar os medos da mãe, mas suas alegações eram sempre ignoradas.
Só de pensar sua filha perto daquelas pessoas, ainda mais dando aula para elas, Penélope se sentia mal. As discussões entre as duas eram ferozes. A mais nova vinha tentando fazer a mãe compreender que aquelas pessoas que ela ensinava na prisão não eram as mesmas que haviam matado Clifford, o homem que as duas amavam.
Apesar do esforço de Cheryl , o jantar naquela noite com sua mãe foi, como sempre, exaustivo e desagradável, fazendo a latina dar uma desculpa de ter que avaliar os trabalhos dos alunos para ir embora mais cedo. Quando entrou em casa, chutou os sapatos para longe e foi até à secretária eletrônica, que estava piscando, e apertou o "Play". Pegou uma garrafa de vinho na geladeira e se serviu em uma das suas maiores taças. Depois daquele jantar, definitivamente estava pronta para uma bebida.
- Srta. Blossom, aqui é Anthony Ward. Queria lhe avisar que uma nova detenta começará a participar da sua aula amanhã. Ela é... difícil. Mas tenho certeza de que você não terá problemas. Explico amanhã de manhã. Tenha uma boa noite.
Cheryl ficou olhando para a secretária eletrônica. Uma nova detenta? Difícil?
- Saúde, Sr. Ward - murmurou ela, bebericando o vinho.
Cheryl se sentou com as pernas cruzadas no sofá, a taça de vinho ainda firme na mão, quando uma nova mensagem começou.
- Oi, Cheryl! - a voz de Verônica estava animada - Sou eu! Então. Lembrete. Meu aniversário está perto, o que significa vinho e comida. Eu falei vinho? Hum. Vou mandar uma mensagem com os detalhes. Me ligue.
Cheryl riu dentro da taça. Com o jantar desagradável na casa da mãe ainda fresco na memória, a latina tinha certeza de que a festa de aniversário de Verônica era exatamente do que ela precisava.
(.....)
- Bom dia, pessoal - Cheryl sorriu enquanto seus alunos se sentavam.
- Bom dia, Srta. B - falou Riley em meio a um enorme bocejo - E me permite dizer como você está bonita hoje?
- Permito - respondeu ela com um olhar brincalhão de advertência.
- Você está bonita - disse ele, dando a ela um largo sorriso.
- Obrigada, Riley - agradeceu, incapaz de conter o próprio riso.
Mesmo que a latina gostasse de mulheres, ela adorava um bom elogiu.
Cheryl entregou a eles a redação do dia anterior, intitulada "Meus lugares favoritos", dando-lhes alguns minutos para lerem os comentários que ela tinha feito.
- O que quer dizer "não muito apropriado"? - perguntou Corey de sua cadeira no fundo da sala.
A latina se aproximou dele.
- Quer dizer, Corey, que eu não quero ler sobre cada uma das suas conquistas sexuais ou as notas que você deu a elas de um a dez, incluindo - ela pegou o papel da carteira dele para encontrar a frase ofensiva - "a boca daquela mulher era como um aspirador de pó".
Corey soltou uma gargalhada que ecoou pela sala, balançando seu cabelo afro.
- Ah, qual é? - insistiu ele, sacudindo o papel com sua redação - Essa parte é engraçada!
- Você é um babaca - murmurou Ariana de sua cadeira, dissolvendo instantaneamente o sorriso de Corey.
- Ariana - falou Cheryl, chamando a atenção da detenta, a inquietação pinicando sua pele.
Corey retrucou com uma série de palavras nada bonitas antes de chutar as costas da cadeira de Ariana. Com força.
- Cuzona de merda!
- Ei - censurou a latina, o pânico crescendo dentro dela - Agora não. Vamos manter a calma e...
- Mas que porra! - retrucou Ariana, ignorando-a. Ela começou a se levantar da cadeira e se virou para Corey. Ariana parecia uma barbie fofa para quem olhasse para ela, mas estava bem longe de ser isso - Vai dizer isso na minha cara, seu bosta?
- Ei - repetiu Cheryl, mais alto, colocando-se entre os dois.
Corey se levantou, ele era alto e magro, sua pele negra brilhava sob as luzes fortes da sala.
- Vou quebrar a sua cara, sua merda. É só dizer a hora.
- Por favor gente...
- É o que vamos ver, seu filho da puta arrogante - Ariana fez um gesto para que o outro se aproximasse.
O pânico começou a apertar a garganta de Blossom. Ela ergueu as palmas das mãos abertas na direção de cada um deles enquanto eles trocavam ameaças e xingamentos, fazendo com que um suor de pavor escorresse por sua testa. Se qualquer um deles desse um soco, ela estaria bem no meio da briga. Cheryl ficou paralisada, o medo solidificando suas juntas. O oficial Morgan e Riley tentaram se enfiar entre eles, buscando protegê-la. Ela podia ouvir Josie gritando para ela se afastar. Mas ela não conseguia. O medo martelava sua cabeça. Ela tentou ficar calma, lembrando-se dos exercícios de respiração contra ansiedade que sua terapeuta tinha ensinado, mas seu coração explodia contra suas costelas, provocando-a. Blossom estreitou os olhos e lutou para manter trancadas em sua mente as memórias de dezesseis anos atrás. Mas elas estavam desesperadas para vir à tona.
Respirando profundamente, Cheryl tentou de forma frenética recuperar o controle. Ela sabia que não podia permitir que seus alunos se comportassem daquele jeito. Era a aula dela, o tempo dela, o emprego dela, a promessa dela.
A latina abriu os olhos, fechou os punhos e encheu os pulmões.
- EI!!
Calados, todos ficaram olhando para ela enquanto seu berro ricocheteava em volta deles. Riley, que estava parado ao seu lado, tentando ao máximo protegê-la de qualquer coisa que pudesse voar por ali, piscou, incrédulo. O silêncio surpreso durou uns trinta segundos antes da porta se abrir e Ward entrar como uma tempestade, com uma expressão de trovão.
- Que diabos está acontecendo aqui? - rugiu ele.
O grupo que rodeava a latina começou lentamente a se dispersar quando dois guardas apareceram na porta. Ela inspirou, trêmula, e esfregou as mãos suadas na calça. Pigarreou e se virou para o chefe.
- Nada com que se preocupar, Sr. Ward. Apenas um mal-entendido. Como pode ver, estão todos bem agora. Certo, Corey?
Ela o fitou com um olhar que exigia obediência. Ele assentiu rapidamente com a cabeça, ainda olhando para a nuca de Ariana.
- Não pareceu ser nada - Ward deu uma olhada em torno da sala, fitando com olhos severos cada um dos detentos até estar satisfeito por eles estarem sob controle - Vim trazer sua nova aluna - ele virou a cabeça na direção da porta - Topaz.
Antoinette estava parada no corredor com o oficial West, sorrindo ao ouvir os gritos de Ward na sala para tentar reafirmar qualquer autoridade que ele achava ter. Ela pegou impulso da parede onde estava se apoiando e entrou na sala, arrastando os pés a cada passo.
A primeira coisa que ela notou foi Riley do lado oposto da sala, cumprimentando-o com um aceno de cabeça e um sorrisinho. Depois, deu uma olhada casual para os outros, tentando discernir onde ela se encaixaria na hierarquia dali. De todos naquela sala, Riley dominava. Simplesmente. Ela fez uma careta enquanto assimilava os outros rostos. Ariana podia ser arrogante, mas conhecia seu lugar, Sam e Samuel eram quietos como ratos. Nenhum problema ali. Corey Reed, no entanto, era um pé no saco. Topaz o fitou e sorriu quando ele se afundou na cadeira. Uma tossidela feminina irritada interrompeu sua tortura visual àquele idiota.
🐍▫️Antoinette Topaz▫️🐍
Virei-me na direção do barulho e encontrei a deliciosa Srta. Blossom, com os braços cruzados em cima do peito, me olhando de um jeito que fez meus pelos da nuca se arrepiarem. Era muito gostosa, tinha que admitir. Ela estava com uma saia até ao joelho preta e uma blusa branca, que realçava muito bem seus seios, e nos pés tinha uns saltos altos pretos. Já falei o quanto eles me dão tesão?
Seus olhos castanhos me olhavam com vários sentimentos juntos. Meus olhos castanhos podiam ser intimidadores mas aquele castanho conseguia deixar qualquer pessoa perdida.
Apoiei o peso do corpo casualmente na perna direita e a encarei da mesma maneira que ela me encarava.
- Antoinette, esta é a Srta. Blossom. Srta. Blossom, esta é Antoinette Topaz. - disse Ward, fazendo a devida apresentação.
- É só Topaz - rosnei, mantendo os olhos fixos em minha nova e gostosa professora.
Ward tinha plena noção de que não devia me chamar pelo primeiro nome, pelo amor de Deus.
- Bem, é um prazer conhecê-la, Topaz - disse a Srta. Blossom e eu revirei os olhos.
Eu não sou uma pessoa fácil e sei muito bem disso. Eu não iria facilitar para ela.
- Tá, tanto faz - respondi seca.
- Você pode se sentar - ela apontou para uma carteira atrás dela e eu a ignorei, analisando os arredores - Sente-se, Topaz- ordenou.
Voltei meu olhar para ela. Sua boca, contraída, formava uma linha fina, quase desafiando-me a enfrentá-la. O jogo começou. Os meus olhos passearam preguiçosamente pelo seu corpo. Ela tinha curvas em todos os lugares certos, com uma bunda que ficaria espetacular com minhas mãos em cima. Dei um sorriso malicioso com esse pensamento e acho que não foi despercebido por ela.
Eu era poucos centímetros maior que Blossom, mas mesmo assim ela permaneceu firme, sem mover um músculo, encarando-me. Eu estava ficando enervada com isso, já que ninguém era capaz de sustentar um olhar comigo por mais de um segundo. Todos tinham medo de mim e ela devia também, mas confesso que sua atitude estava me excitando.
Caramba que mulher....
- Aqui, Topaz. - a voz de Mccoy interrompeu o clima elétrico que pairava na sala entre mim e aquele pedaço do paraíso.
Eu conhecia Josie Mccoy fazia muito tempo. Nunca conversamos mas eu sabia que ela era professora. Ela era alta, com cabelos castanhos e cacheados, e tinha olhos castanhos. Sua altura chegava a ser hilária, porque sabia que ela era mais velha do que eu, mas também a deixava extremamente fofa.
Fui até a cadeira que Josie indicou, por mais que detestasse interromper meu contato visual com Cheryl.
🍒▫️Cheryl Blossom ▫️🍒
O ar saiu tremendo dentro de mim quando suas íris castanhas deixaram meus olhos, que ardiam como fogo.
- Bem - murmurou Ward - Qualquer problema... você sabe onde me encontrar.
Ele deu um sorriso contido e, após terem tirado as algemas de Antoinette, deixou a sala com os dois guardas.
Não conseguia tirar os olhos da nova aquisição da turma. Topaz era negra, cabelos pretos com mechas rosas que iam até aos ombros, olhos marrons lindos, mas seu comportamento era agressivo. Havia uma aura de perigo em torno de mim que gritava "Não se aproxime".
Notei um pedacinho de uma tatuagem preta espiando por debaixo da gola de seu macacão, subindo pela nuca e havia também reparado no jeito que a garota de olhos castanhos tinha observado meus outros alunos da sala e não gostei nada daquilo. Ela obviamente era uma babaca egocêntrica que se achava superior a todo mundo ali, inclusive a mim, o que me irritava demais. Apesar de sua habilidade de calar a boca de todos com sua carranca sombria e hostilidade, aquela era a minha turma. Não de Topaz.
Estava sentido uma raiva surpreendente e quase atípica. Mas a adrenalina ainda corria por meu corpo depois da confusão, e a última coisa de que precisava era de uma idiota metida e besta como Antoinette para piorar tudo. Levei um segundo para recompor e então comecei a explicar a atividade rapidamente e claramente. Em poucos minutos, todos estavam trabalhando. Parecia que o desentendimento tinha sido esquecido, ou, pelo que conhecia de Ariana, tinha sido deixado para mais tarde.
Caminhei com firmeza na direção da carteira de Topaz e coloquei um caderno à sua frente. Ela nem sequer se mexeu quando pedi que escrevesse o nome na capa.
- Topaz - chamei novamente, a irritação subindo por minha espinha - Você pode, por favor, escrever seu nome na capa deste caderno? - olhei para seu rosto e os cantos dos lábios dela se ergueram com um sorriso - Algo engraçado?
Os olhos de Antoinette encontraram os meus. Castanhos, ardentes e furiosos, mas ela não disse uma palavra.
Peguei uma caneta no bolso.
- É disso que você precisa? - perguntei e poderia jurar que os olhos dela se acalmaram, mas foi uma mudança tão rápida e passageira que dispensei aquele pensamento.
Topaz ergueu a mão e pegou a caneta, de modo que a ponta de seu dedo tocou no meu. O contato foi como labaredas de fogo. O choque ardente de calor emanou da ponta do meu dedo até o fundo de meu estômago. Desnorteada, observei Antoinette escrever seu nome na capa do caderno antes de largar a caneta e suspirar sarcasticamente. Depois se recostou na cadeira, parecendo ser a dona do lugar e eu não tinha dúvidas de que ela pensava exatamente isso.
- Sei que você está atrasada, já que se juntou a nós somente hoje, mas tenho certeza de que vai pegar o ritmo - ela não expressou qualquer emoção ou pensamento, então continuei mesmo assim, explicando o exercício de associação de palavras que a turma tinha feito 24 horas antes como preparativo para o de escrita criativa - Pode começar com isso - completei - Escreva uma palavra que signifique algo para você e, daí, todas as palavras relacionadas a ela.
Nada. Ela não falava nada.
Mordi a língua irritada e coloquei as mãos no quadril. Quem aquela garota idiota pensava que era?
- Em seguida, pode escrever sobre porque aquela palavra é importante para você - completei com raiva perceptível no meu tom de voz.
Topaz sorriu desdenhosamente.
- Você acha que sou burra?
Olhei para ela com cara de interrogação.
- Não. Porquê?
Ela deu um risinho rápido, que tinha que admitir que era lindo e completamente sexy.
- Isso é um pouco básico, não acha, Srta. Blossom?
Apertei o maxilar.
Não importava quão inteligente Topaz pensasse ser, o comportamento dela fazia-me querer arrancar o riso convencido daquele rostinho bonito. E como era bonito.... Os cílios que emolduravam seus olhos de cor castanho, eram perigosamente hipnotizantes. Os lábios eram cheios e se franziam quando ela invocava aquele sorriso malicioso...
Cheryl foco, não viaje
- Estamos dando início com essas atividades antes de mergulharmos na literatura - expliquei entre dentes cerrados - Todos os caminhos para todas as respostas começam com o básico.
- Legal - respondeu ela, juntando as sobrancelhas de uma maneira irônica - Leu essa pérola em um biscoito da sorte, é?
Coloquei as mãos no tampo da carteira dela, invadindo seu espaço pessoal, sentindo cheiro de fumaça e calor.... muito calor.
- Não, não li. Então apenas faça o que eu peço. Caso contrário, a porta está ali. Cuidado para essa sua atitude de merda não ficar agarrada nela quando você sair, espertalhona.
Toda a sala pulsava com um silêncio explosivo. Antoinette me encarou por poucos segundos antes de se endireitar na cadeira, aproximando-se mais perto de mim. Quando sua respiração quente me atingiu fiquei momentaneamente abalada.
- Olha essa boca suja - rosnou Antoinette.
Engoli em seco.
- Não, Antoinette. Esta aula é minha, não sua. Então faça o que eu mando ou vá embora. A escolha é sua.
Virei-me e fui até Riley, cujos olhos arregalados e boca aberta sugeriam que ele estava tão chocado quanto eu, já que tirei a paciência da pessoa mais instável daquela sala, ou talvez da prisão inteira. Eu não conseguia explicar. Sabia que tinha sido arriscado e talvez um tanto antiprofissional, mas não podia permitir que meus alunos se comportassem daquela maneira. Eu não sabia de onde aquela coragem, ou burrice tinha surgido. Talvez fosse uma necessidade de autoafirmar para minha mãe que podia fazer isto, talvez fosse o medo que ainda formigava em minha pele do confronto entre Corey e Ariana.
Alguma coisa em Antoinettea me tiravam do sério. Se eu não estivesse tão zangada, poderia ter curtido a energia que fluía por minhas veias. Com algum esforço consegui ignorar Topaz pelos cinquenta minutos seguintes, observando-a, de vez em quando, sentada em um silêncio presunçoso. Não a tinha visto sequer tentar fazer o que havia pedido.
Quando estava fazendo o encerramento da aula, os guardas vieram buscar os meus alunos.
- Até depois, Srta. B - disse Riley, seguindo Ariana, Samuel e Sam pela porta.
Antoinette passou trombando em todo mundo, inclusive em mim, sem a menor consideração.
- É, até depois - murmurei.
Assim que a porta se fechou, afundei-me em minha mesa e respirei fundo. Era óbvio que Topaz ia ser uma babaca complicada. Ótimo. Exatamente do que eu precisava.
Afastei-me da mesa, peguei os cadernos e as canetas dos alunos. Fitando um tanto relutante o último caderno, em cima da carteira onde Antoinette tinha estado. Fiquei olhando para ele, frustrada, mordendo o lábio inferior.
O que é que Topaz tinha que me deixava com tantos sentimentos estranhos?
Aproximando-me do caderno como um soldado se aproximaria de uma bomba não detonada, o virei e o abri. Meus olhos se arregalaram e prendi a respiração quando vi a palavra que significava muito para a mulher que provocava tantas emoções em mim.
DÍVIDA.
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