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Capítulo 34 - Irmão

"O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser".

🌺 Wynonna Marvila🌺

Duas semanas depois, fui convocada aos escritórios da WCS Marvila. Depois da visita de Patrícia, eu havia passado dias e noites fazendo contato com cada um dos filhos da puta que possuíam dívidas gigantescas comigo, mas parecia que nada poderia livrar-me do fosso cavernoso que Oliveira e Patrícia tinham arranjado para mim.

Aproximei-me da sala de reuniões de cabeça erguida, ignorando o olhar desconfiado de minha secretária quando parei na mesa dela.

- A diretoria deve chegar às...

- Eles já estão lá dentro - disse ela, evitando os meus olhos.

Arqueei uma sobrancelha.

- Estão?

- Sim, senhora.

Bem, aquilo era... esquisito. Respirei fundo, empurrei a pesada porta de mogno e logo desejei não tê-lo feito. Eu. Estou. Fodida. Fiquei olhando incrédula para Oliveira, de pé junto à ponta da mesa da diretoria, usando um terno feminino de quatro mil dólares. De costas eretas e sorrindo como se soubesse o segredo da vida, ela parecia infinitamente diferente daquela ex-presidiária que tinha visto poucos meses antes.

Senti vontade de apagar aquele sorriso torto do rosto dela.

- Bom dia - Oliveira apontou para a cadeira vazia à sua esquerda - Gostaria de se sentar?

- Prefiro ficar de pé - respondi, dando uma olhada para as quinze pessoas em torno da mesa, inclusive Kássia - Acolhedor pra caralho aqui dentro - abaixei a cabeça em uma tentativa de acalmar os nervos - Acho que é isso que eles querem dizer quando usam a expressão "aquisição hostil".

- Talvez - replicou Oliveira - Mas isso não é hostil, nem uma aquisição, estou apenas reivindicando o que já era meu. Os membros da diretoria concordaram, por unanimidade, que os contratos assinados por nossos avós mostram que sou a CEO legítima e sócia maioritária da WCS Marvila.

- Concordaram, é? - grunhi.

- Sim, concordaram - respondeu Kássia . Ela se levantou e deu um passo na minha direção - E eles o teriam feito bem antes, se você não tivesse escondido deles. Precisamos que você assine a cedência dos seus direitos. Já assinei a minha. Legalmente, precisamos fazer isso na frente da diretoria.

Estreitei os olhos na direção de Kássia. Onde estava a porra da lealdade?

- Eu sei - murmurei entre os dentes.

- Não se preocupe - interrompeu Oliveira - Eu me certifiquei de que vocês ainda tenham ações. E o pagamento que receberão por elas é mais do que suficiente para manter vocês e suas famílias em uma boa situação por duas vidas inteiras.

- Não se trata de dinheiro.

- Exatamente - censurou Ludmilla. A voz dela se tornou um sussurro severo - Nunca se tratou de dinheiro, Wynonna. Tratava-se da porra de um princípio, uma palavra que continua fugindo de você todos os dias.

Olhei para Oliveira e para Kássia, completamente derrotada.

- Onde está o contrato?

- Aqui, Sra. Wynonna - disse um dos advogados da WCS.

A natureza astuta e sarcástica da situação começou a me rodear como uma nuvem tóxica. Passei por Oliveira, peguei uma caneta na mesa e assinei meu nome. Todo o meu trabalho duro, todos os meus sonhos, abri mão de tudo com uma assinatura rápida. O gosto do vômito se tornou forte no fundo de minha garganta.

- Há, também, uma ordem de silêncio para você assinar - disse o advogado - Ela declara que se você macular o nome da Sra. Oliveira ou o da empresa, todo o acordo será invalidado e você não terá direito a nada. Ações legais também serão rápidas e indiscriminadas.

- Ok, eu entendi - retruquei. Jogando a caneta com força na mesa, dei uma olhada para os membros da diretoria - Boa sorte - zombei, apontando para Oliveira com o polegar - Vocês vão precisar, com essa palhaça comandando o espetáculo - virei-me para Oliveira e dei um sorriso de boca fechada - Muito bem, Oliveira. Parece que você se deu bem.

Ela balançou a cabeça.

- Não, eu só recebi o que merecia. Assim como você.

- Que seja - censurei, empurrando-a para fora do caminho.

Precisava sair dali, encontrar uma garrafa de Jack Daniel's e uma mulher e me perder nos dois por uma semana.

- Ah - falou Oliveira de repente, me fazendo parar no meio do caminho - Brunna mandou um "oi".

Eu tinha certeza que o som do meu maxilar se fechando com raiva ecoou pela sala. Quase podia ouvir a porra do riso presunçoso de Oliveira. Com uma fúria contida, atravessei as portas e saí da WCS pela última vez

(.....)

🍃Ludmilla Oliveira🍃

- É só chupar!

- Não consigo!

- Claro que consegue! Chupe!

Brunna tossiu o macarrão que eu estava colocando em sua boca e começou a rir. O macarrão escorreu pelo rosto dela e caiu em seus seios nus. Rápida como um raio, mergulhei no corpo de Gonçalves e comecei a chupar o macarrão. Talvez tenha chupado os mamilos dela também, porque comer comida chinesa pelada tinha essas vantagens. Minha boca aventureira subiu até o queixo da latina, e depois até aos lábios, onde a beijei, cobrindo-a de molho agridoce. Ela gritou, tentando debilmente me empurrar.

- Você é uma babaca - falou rindo.

- Eu sei - admiti, erguendo e abaixando as sobrancelhas.

Recostei-me nos travesseiros ao lado dela, peguei a caixa de frango xadrez e seus hashi na mesa de cabeceira e voltei a me empanturrar. Brunna tinha ajudado a abrir meu apetite na última hora e precisava me reabastecer. Gonçalves, ainda nua e com o cheiro do amor que tínhamos feito, mordiscou um camarão enquanto assistia a algum filme de Natal previsível na TV de tela plana. Deixei que a simplicidade doméstica da situação tomasse conta de mim. A tranquilidade do nosso relacionamento e o silêncio fácil que desfrutávamos envolviam-me como um casulo. Nunca havia me sentido mais confortável, mais feliz ou mais amada em toda a minha vida. Todos os problemas que tinham vindo e ido pareciam insignificantes e, Deus era testemunha, eu passaria por tudo de novo se isso significasse ficar com ela.

Engoli a comida e lambi os lábios.

- Então, você vai passar a noite aqui, né?

Em geral não perguntava mas,
estranhamente, esta noite precisava ouvi-la dizer que não ia embora. Nunca queria que ela fosse embora. O pensamento fez-me sentar um pouco mais ereta. Perplexa, minha mente tentou assimilar o que aquilo significava. Talvez devesse pedir para... morar junto? Eu meio que gostava da ideia, bastante. Definitivamente.

Dei uma olhada para as pernas nuas dela, esticadas em minha cama. Mas era mais que aquilo. Queria que Pêssegos fosse morar comigo porque a amava. O meu cérebro estava a mil. Caramba, estávamos juntas havia tão pouco tempo. E, mesmo assim, já tínhamos passado por tanta coisa. Não queria que ela se sentisse pressionada, talvez ela não quisesse morar comigo ainda. Eu era chata com relação à limpeza e era uma baita rabugenta pela manhã. Não que ela já não soubesse disso...

- ... porque vou encontrar Patrícia para tomar um café, se estiver tudo bem para você.

Pisquei lentamente, retornando ao quarto, e vi Brunna olhando para mim com certa ansiedade.

- Me desculpe, o quê? - perguntei, zonza.

Ela riu e colocou a mão no meu rosto.

- Você está bem? Onde você estava?

- Em lugar nenhum.

Coloquei a comida de lado e fechei os punhos sobre meu colo. Gonçalves percebeu e seu rosto ficou imediatamente sério.

- Quer conversar sobre isso?

Queria conversar sobre aquilo? Olhei para ela.

- Hum... Eu só estava pensando.

Ela contorceu-se ao meu lado. Percebi que, em meu nervosismo, ela havia puxado os lençóis para encobrir sua nudez. Apertei o maxilar e, aos poucos, puxei os lençóis de volta para baixo. Brunna nunca tinha sido tímida com relação ao próprio corpo. Não ia deixar que começasse agora. Inclinei-me sobre o seu peito nu e a beijei carinhosamente entre os seios.

- Não é nada ruim - prometi. E então ri, incerta - Bem, eu com toda a certeza espero que não seja.

As suas mãos seguraram as minhas.

- O que quer que seja - disse ela - Você pode me contar.

Passei as mãos pelos cabelos. Bom, aquela seria a primeira vez que faria isso.

- Então, eu estava pensando que talvez... sabe, se você quiser. Porque eu quero - enrolei-me - Não espero que se sinta obrigada, mas acho que seria... O que quero dizer é que estava pensando se você...

O meu celular vibrou na mesa de cabeceira e soltei um palavrão. Zack.

- Aguente um pouco - enraiveci-me antes de atender - E aí, cara?

- Oliveira, preciso de um favor.

Os meus olhos se voltaram para Brunna.

- Estou um pouco ocupada agora, cara. Dá para esperar?

- Não, não dá - censurou Zack - Puta merda, você não pode me dar um bolo por causa da sua mulher de novo!

Algo não estava a cheirar bem.

- O que foi? O que está acontecendo?

- Explico quando você chegar aqui - respondeu - Preciso de você na oficina em vinte minutos, tá?

Massageei a testa. Aquilo não era bom.

- Claro - concordei. E desliguei o telefone.

Levantei para pegar a cueca e a calça jeans no chão.

- Você vai sair? - a boca da latina se apertou em uma linha bem fina.

- Vou - comecei a apertar o cinto - Mas não devo demorar. Zack precisa de mim para alguma coisa.

- Alguma coisa - falou baixinho - Alguma coisa... ilegal?

A apreensão era nítida em seu rosto.

- Não - respondi, indo em sua direção - Já volto.

Ela envolveu o meu pulso com sua mão.

- Por favor... Ele não... O que vocês... Quer saber? Não importa - tentou sorrir - Mas tome cuidado, tá?

Desde que eu admitira que tinha cumprido pena em Arthur Kill no lugar do meu melhor amigo, comentando ainda que o vício de Zack só piorava, Brunna sempre ficava ansiosa quando o nome dele era mencionado ou quando ele me ligava. Ela temia que Zack colocasse-me de volta na prisão. E, para falar a verdade, tinha a mesma preocupação.

De vez em quando a latina sugeria, de forma sutil, que eu trabalhasse em outra oficina mecânica ou que parasse de trabalhar de vez, já que meu nome tinha voltado para valer para a lista de acionistas da WCS, e assim eu ficaria longe de qualquer ameaça de condicional. No começo, a preocupação dela me irritava e provocava várias discussões acaloradas. Agora? Eu a entendia. Ela morria de medo de me perder, assim como também temia perdê-la. Ela amava-me e queria proteger-me, manter-me a salvo.

Coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

- Eu jamais colocaria o que nós temos em risco, Pêssegos - a beijei - Mando uma mensagem quando chegar lá, tá?

Beijei-a de novo, minha boca demorando-se na dela.

- Está bem.

(.....)

Estacionei Kala perto da porta da oficina, mandei uma mensagem para Brunna e então acendi um cigarro. Dei uma olhada em volta instintivamente, procurando qualquer pessoa que parecesse suspeita. Assim que tive certeza de que não havia ninguém por perto, desapareci oficina adentro. A cada passo, minhas mãos ficavam mais suadas e minha consciência gritava mais alto. Péssima ideia, dizia ela. É. Não brinca.

Encontrei Zack em seu escritório, todo desgrenhado e com cara de quem não tinha dormido. Estava com as roupas amarrotadas e a barba por fazer, e seus olhos escuros tinham olheiras profundas. Ele também estava fumando. O cigarro pendia de seus lábios enquanto ele separava uma fileira de cocaína na mesa com um cartão de crédito que com certeza estava estourado. Desanimada, enfiei as mãos nos bolsos da jaqueta enquanto Zack cheirava a fileira com uma nota de vinte enrolada. Ele se recostou, tossiu e esfregou as narinas antes de se levantar e fechar o punho para que eu o cumprimentasse.

- Obrigado por ter vindo - disse ele quando nossos punhos finalmente se tocaram - Fiquei pensando se podia afastar você da curtição com a sua preciosa professora.

A mesma merda, de novo.

- Já disse antes - adverti severamente - Não estamos tenho uma "curtição".

Zack deu uma risada sarcástica.

- Ah, sim. Vocês se amam. Essa merda parece fazer parte da sua vida agora.

Ignorei a provocação e o amargor de suas palavras.

- Que diabos estou fazendo aqui?

- Recebi uma dica de um cara que conheço - explicou Zack - Os filhos da puta que me atacaram na boate: eles vão fazer um esquema hoje à noite.

Ergui os ombros.

- E daí?

Os olhos dele brilharam com fúria.

- Aquele esquema devia ter vindo para mim. Trinta mil em dinheiro. Aquela merda quitaria minhas dívidas. Liguei para o Justin, ele vai nos encontrar lá.

- Lá, onde?

- No lugar do esquema - a expressão de Zack se tornou maliciosa - Vamos mostrar a eles para não foder comigo.

O meu sangue gelou.

- E como é que "nós" vamos fazer isso?

Ele deu um sorriso arrepiante.

- Não vou ser jogado para escanteio. Eu costumava comandar essa porra. Quero ganhar uma parte dos esquemas deles ou eles precisam aprender um pouco de respeito.

- O que você está pensando? Porra, Zack. É a ideia mais idiota que já ouvi. E se eles disserem "não" para a sua proposta, hein? O que você vai fazer? Forçá-los?

Ele bufou.

- Não venha com essa porra de virtuosismo para cima de mim, Oliveira. Mal estou conseguindo manter a oficina aberta. Devo demais! Não posso fazer mais nada, cara.

- Já falei para você - respondi, exasperada - Me deixe ajudar. Eu dou o dinheiro que precisa.

- Não - Zack balançou a cabeça.

- Tem que haver um jeito melhor que esse - supliquei - De quem foi essa dica? Como sabe que esse cara não vai dedurar a gente? Podemos aparecer no ponto de encontro e dar de cara com quinze filhos da puta com sede de sangue. Veja o que aconteceu na última vez em que você fodeu com esses cuzões.

- O cara é legal - tentou acalmar-me - Está tudo bem. Confie em mim.

Abri a boca para argumentar, mas percebi que não ia adiantar. A minha confiança nele estava totalmente em baixa, e Zack era tão teimoso quanto eu. E com a cocaína o idiota torna-se impossível de ser dissuadido. Não havia razão, não havia coerção. Ele tinha tomado sua decisão e fodam-se as consequências.

O meu celular vibrou e sabia quem era antes mesmo de olhar para a tela.

Pêssegos: Me acorde quando você voltar. Cuide-se. Beijos.

Com o medo apertando meu coração, coloquei o celular de volta no bolso da calça.

- Então, para que estou aqui? - questionei em voz baixa.

- Você é a única pessoa em quem confio para cobrir minha retaguarda - bufei.

- Que sorte a minha. Isso é uma droga, cara. Tem certeza de que não tem outro jeito?

Ignorando a minha pergunta, ele aproximou-se do cofre de parede atrás da fotografia de um Shelby GT e depois de abri-lo, Zack pegou dois revólveres lá de dentro, entregando-me o primeiro. A minha hesitação fez Zack enrugar a sobrancelha.

- Estou em condicional - falei lentamente - Se eu for pega... O que acha que posso fazer com isso, porra?

- Você nem precisa usar esta merda - ralhou - Pegue.

Respirando fundo, peguei o revólver, grata por estar usando luvas. Em outros tempos, aquilo teria passado uma sensação boa. Armas sempre fizeram-me sentir forte e invencível. Agora, o metal parecia estranho e perigoso em minha mão. Engoli em seco. Agora, percebia, tinha Brunna para me ajudar a sentir-me forte. Ela fazia-me sentir melhor que qualquer arma, qualquer droga, qualquer bebida, qualquer esquema. Ela dava-me mais força do que eu pensava ser possível. Ao seu lado, era verdadeiramente invulnerável.

Segurando a pistola na mão e com a imagem de Pêssegos quentinha em minha cama, aguardando que eu retornasse em segurança, de repente entendi a encruzilhada que tinha à minha frente. Um caminho me levava para casa, para minha Pêssegos, meu tudo. O outro levava-me de volta para onde estive por tantos miseráveis anos. Era um lugar escuro, repleto de lembranças ruins, desesperança e medo. Com Zack chapado de cocaína e segurando uma arma na mão, aquele caminho levava-me diretamente para Arthur Kill, um regresso à vida de uma criminosa que não vale nada, sem perspetivas, sem respeito e sem futuro, todas as promessas quebradas, toda a fé despedaçada. Não era um lugar para o qual quisesse voltar. Tinha trabalhado duro demais para chegar onde estava agora e não podia desistir de tudo. Eu não podia desistir de minha Pêssegos. Ela era tudo o que importava.

Zack largou uma sacola grande e pesada sobre a mesa e começou a tirar todos os tipos de armas de dentro dela.

- Não posso - falei baixinho, fazendo ele erguer a cabeça de supetão, parando de olhar para a faca enorme que segurava.

- Como?

Balancei a cabeça e coloquei a arma ao lado da sacola.

- Não posso fazer isso.

O rosto de Zack ficou desconcertado.

- Do que você está falando?

Apontei para a arma.

- Essa não sou mais eu, cara.

Os olhos de Zack brilharam, incrédulos.

- Mas que porra! Preciso de você aqui.

- Não precisa, Zack - implorei - Olha, posso dar o dinheiro a você. Não precisa fazer essa merda. Não precisa de armas e de cocaína. Eu disse a você...

- Não sou a porra de um centro de caridade! Não quero seu dinheiro! - berrou - Por que você não entende?

Incrédula, rangi os dentes.

- Ok. Por que você não me explica? Vamos colocar tudo para fora.

- Sim. Vamos colocar tudo para fora, Oliveira - com ombros tensos, ele deu a volta na mesa. Seus passos eram pesados, raivosos, mas permaneci firme - Você acha que porque Brunna acredita nas merdas que você fala para ela sobre ser uma boa mulher você está acima disso tudo - ele gesticulou para o entorno da sala com os braços abertos - Pois não está. Ainda é a Ludmilla Oliveira que sempre foi. Você nunca vai mudar. Não pode - apesar de saber que era, em sua maioria parte, a cocaína falando, a vontade de dar um soco na boca de meu melhor amigo trovejou dentro de mim. Zack deu um sorriso torto com o meu silêncio - Se considera perfeita demais por causa do porquinho de economias da sua avó. Nem todos temos a porra de um fundo fiduciário como você, Oliveira. Alguns de nós precisam se virar.

A raiva cortou o meu peito.

- É sério? Você está falando essa idiotice toda mesmo? Sabe o que aquele dinheiro significa, o que passei por causa dele? Significa porra nenhuma. Sempre foi assim! Meu Deus! Você sabe o que está dizendo, ou a cocaína finalmente matou os seus poucos neurônios?

- Respeito é mais importante que dinheiro, Oliveira- Zack ergueu o revólver, as pupilas negras e ameaçadoras - Isto é mais poderoso do que deter 60% de ações. Isto é mais importante do que uma vadia do Upper East Side que chupa o seu pinto...

Apontei o indicador imediatamente para o nariz de Zack.

- Não ouse, caralho! - gritei - Não sabe nada sobre ela.

Ele desdenhou.

- Você disse que eu podia contar com você. Porra nenhuma!

- Seu filho da puta egoísta - murmurei, balançando a cabeça lentamente. Respirei fundo, meu temperamento começando a esquentar - Já nem sei mais quem você é - engoli em seco - Você se lembra da noite em que salvou minha vida?

- É claro que me lembro. Como poderia não lembrar? Levei um tiro por você.

- Fico feliz que se lembre - senti um aperto no peito - Porque estamos quites agora, Zack. Paguei minha dívida. Cumpri a pena por você. Não lhe devo nada.

- Oliveira...

- Não - censurei - Para mim, chega. Tenho tudo o que quero na minha vida.

Virei-me para ir embora.

- Está indo embora para voltar para quê? Para uma mulher?

- Eu a amo, Zack. Você não entende? Ela é tudo para mim. Ela me fez perceber que sou melhor que isso.

- Não acredito! Ela vai largar você - disse ele - Assim que não quiser mais, vai embora, como todas vão. Elas tiram de você o que querem e depois vão embora sem dizer uma palavra, sem nenhuma consideração, porra! Não consegue ver? Aquela vadia está se rebaixando só por curtição por um tempo, que nem sua mãe fez...

O meu punho atingiu com força o rosto de Zack. O nariz dele explodiu com um estalo e o fez cambalear para trás, os braços abanando, enquanto eu permanecia em cima dele, tomada por uma fúria tão grande que mal conseguia respirar.

Encontrando o equilíbrio, com o rosto coberto de sangue, Zack agarrou com selvageria o revólver que eu tinha deixado na mesa e o apontou para a minha cabeça. Os olhos dele eram ferozes.

- Vai atirar em mim, Zack? - perguntei, fitando-o com um olhar desafiador.

- Encoste em mim de novo e você vai ver - grunhiu, engatilhando a arma - Você me deve uma bala - ele cuspiu sangue no chão.

O pesar se contorceu no meu estômago. Era trágico que tudo tivesse chegado àquele ponto. Meu melhor amigo estava se perdendo para a droga. Ela o estava deixando louco aos poucos, insano por causa de seu coração partido, mas teimoso demais para pedir ajuda. Nós tínhamos viajado pela mesma estrada por tantos anos, irmãos de coração, mas agora seguíamos em direções completamente diferentes.

Comecei a virar-me na direção da porta do escritório, a sensação da arma carregada empolando minha pele sob a jaqueta de couro.

- Está indo embora? - questionou sem entonação alguma - Assim, simplesmente? Você... não pode. Preciso de você aqui! Oliveira! OLIVEIRA!

Estiquei o braço para pegar na maçaneta.

- Eu te amo, meu irmão, mas preciso pensar em Brunna, agora - meneei a cabeça - Você é melhor que essa merda - abri a porta - Quando é que vai perceber isso?

- Oliveira, eu...

Quando Zack ficou em silêncio, me virei. Fiquei admirada ao ver uma lágrima escorrer pelo seu rosto. O revólver tremia em sua mão e ele ofegava.

- Você não pode ir embora. Todo mundo me abandona. Não você. Estou... É... Não. Porra, cara - o sangue do nariz quebrado de Zack pingava em sua camiseta e eu fiquei imediatamente arrependida - Preciso de ajuda. Dói.

Nós já tínhamos brigado antes, mas nunca a ponto de haver sangue derramado.

- Desculpe ter dado um soco em você, mas...

- Não - Zack deu um respiro fundo e trêmulo - É a porra do meu coração que dói - ele fechou os olhos - Estou... Ela não estar aqui me mata.

Dei um passo hesitante na direção do homem desmoronando, com medo de dizer qualquer coisa.

- Todos os dias acordo e ela não está lá - continuou - Me sinto como se estivesse morrendo, de novo - a arma em sua mão caiu no chão - Meu bebê, meu filho - ele ofegou - Ele teria... quase 2 anos. Se ele estivesse... E ela... E minha mãe se foi, meu pai se foi e você está com a sua garota. E o que eu tenho? - ele olhou em volta, desamparado - Tenho ressacas e pesadelos que... me apavoram, e não consigo dormir. A cocaína... me mantém acordado. Me faz esquecer por um tempo e aí consigo enfim respirar - ele agarrou os próprios cabelos e soluçou - E então me lembro de novo e fico sufocando sem ela - ele grunhiu - Deus, sinto falta dela pra caralho.

O meu peito se abriu completamente.

- Eu sei.

Eu morreria sem minha Pêssegos. Ela era dona de meu coração. Se ela me deixasse, aquilo com certeza iria destruir-me.

- Oh, Deus - choramingou Zack no próprio braço - O que foi que aconteceu comigo? Achei que fosse esquecer, mas não consigo. Não consigo me encontrar. Estou perdido... Olhe para mim. Faça isso parar, Ludmilla. Por favor, faça parar - aproximei-me e o puxei, abraçando-o apertado enquanto ele soluçava em minha jaqueta - Não me deixe como ela fez. Me ajude - implorou - Você é tudo o que ainda tenho. Por favor. Pelo amor de Deus, me ajude.

- Vou ajudar - prometi - Juro que vou, irmão

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