Evitar a Maldição do Ódio
Manjiro sentiu o peito doar, as lágrimas sendo seguradas com custo, não podia chorar, apenas os fracos choravam e ele não era um, não importava que sentia falta, não importava se perdeu todos, nada importava, ele era forte e iria suportar, iria viver longe de tudo que amava, ele iria...
O dono dos cabelos loiros respirou fundo, as primeiras lágrimas vindo enquanto se sentava na grama encarando o céu nublado, sentia uma presença atrás de si e pensou que pudesse ser Sanzu, ou Kakucho, os únicos que vinham o perturbar em seus momentos sozinhos, tinha que se manter forte.
- Eu sei que cê já parou pra pensar que: "Já tentei de tudo, só que ainda falta algo em mim". E essa maré de azar parece não ter fim. - Cantou baixinho, ele gostava de cantar, era uma das poucas coisas que não se obrigou a se livrar e isso iria aliviar um pouco, o impedir de chorar - E cê já parou pra pensar que: "Por que é tão difícil sorrir?"
Manjiro respirou fundo agarrando a grama abaixo de si, ainda não queria se virar, mas sentiu o outro colar as costas com as suas, sequer registrando que eles estavam ombro a ombro e não era ninguém mais alto que si sendo que todos em sua gangue eram mais altos que ele mesmo.
- "Por que sempre eu tenho que cair?" - Sua voz tremeu um pouco, decidiu que era melhor encerrar por ali, uma breve canção sem fim, só um desabafo para se livrar do nó na garganta - "E todo mundo vai ficar melhor se eu sumir."
Sentiu a cabeça encostas contra a sua e fechou os olhos tentando conter as lágrimas, seus olhos ardiam por conta de sua teimosia.
- Mas cê já parou pra pensar que: - A voz o fez arregalar os olhos, as lágrimas contidas caindo, não era Sanzu, muito menos Kakucho, a voz desafinada que cantava de volta para si era Takemichy!! - Tem lugar onde não dá pra ver o sol, mas isso não quer dizer que ele não está lá.
- E-eu não entendi - Manjiro sussurrou, a voz arranhando, seca, precisava de água.
Takemichi rolou uma garrafa para seu lado e Manjiro sentiu as bochechas esquentarem enquanto a pegava, Takemichy sempre sabia do que precisava, era fofo.
- E tem águas onde a correnteza é forte, mas isso não quer dizer que cê vá se afogar - Takemichi aproveitou para continuar, cantando desafinado, mas no mesmo ritmo que Manjiro começou - E eu sei que tem momentos onde parece que a vida vai te esmagar com esse peso, mas a dor não pode te deixar de lembrar.
Manjiro abraçou as próprias pernas decidindo ignorar, não é como se Takemichy entendesse o que significava se sentir impotente, não ter forças para mudar o que está errado e acabar perdendo tudo e todos no processo de se concertar.
- Só quando estamos no chão é que podemos levantar (levantar) - Takemichi continuou, alheio aos sentimentos de Manjiro, seu foco na música que cantava - E essas coisas que eu vivi.
Manjiro ergueu a cabeça, tinha razão, Takemichi seria quem mais conhecia esse sentimento, essa dor, o Herói Bebê Chorão, quanto ele não sentiu isso? Quantas vezes não assistiu tudo dar errado?
- Me fizeram enxergar um mundo diferente de ti - Takemichi buscou a mão de Manjiro, ainda de costas para o amigo, mas entrelaçando seus dedos com cuidado atento a qualquer negativa por parte do mais velho - Uma hora cansa de fugir.
Manjiro soltou as mãos, recolhendo a sua em seu colo enquanto observava o céu extremamente nublado daquele dia.
- Eu já cansei de fingir - Cantou baixinho em resposta, talvez Takemichi fosse o único capaz de o entender - Você acredita em maldição?
- Esse ódio é todo em vão - Takemichi cantou de volta fazendo Manjiro bufar.
- E se o amor é a única solução, por que construímos muralhas em volta do nosso coração? - Manjiro questionou se afastando para ficar de joelhos na grama - Minhas paranoias são como corvos voando em volta.
Manjiro se encolheu, ajoelhado como estava, levando os braços ao peito, sentia-o doer tanto!
- Só esperando eu cair pra se alimentar da carcaça.
- Só que eu aprendi - Takemichi o interrompeu, começando a levantar - A dor é igual o tempo: ela passa.
Manjiro congelou, erguendo o rosto enquanto ouvia os passos de Takemichi voltar a se aproximar, dando a volta para o olhar de frente.
- Tem lugar onde não dá pra ver o sol - O céu pareceu se abrir enquanto Takemichi oferecia a mão para si, Manjiro hesitou a colando ainda mais contra o peito - Mas isso não quer dizer que ele não está lá - O sorriso do Hanagaki era o mais belo de todos na opinião do Sano - E tem águas onde a correnteza é forte, mas isso não quer dizer que cê vá se afogar.
Manjiro enfim aceitou a mão, fungando baixinho, os dois ficando a se encarar, Takemichi parecia o próprio sol daquele lugar, ofuscando as nuvens de trevas que Manjiro sempre carregava.
- E eu sei que tem momentos onde parece que a vida vai te esmagar com esse peso - O Hanagaki continuou com um sorriso - Mas a dor não pode te deixar de lembrar: só quando estamos no chão é que podemos levantar (levantar).
Takemichi o puxou de uma vez e Manjiro cambaleou ao se levantar, fazendo o sorriso do mais novo triplicar e as bochechas do mais velho avermelharem.
- Me diz qual a razão do medo - A voz fez Manjiro se virar, surpreso em ver que o escuro do lugar tinha se ido e ele conseguia enxergar mais pessoas ali, Keisuke cantava com um sorriso que não dava a anos - Se não te fizer lutar?
- Qual a razão dos ferimentos - Shinichiro tomou a frente enquanto encarava Manjiro com carinho e admiração - Se não te fizer crescer?
- Qual a razão de estar vivendo - Ken também deu um passo a frente, Manjiro sentiu suas pernas fracas novamente ao encarar o melhor amigo - Se isso um dia vai acabar?
Estavam todos ali, todos dos quais Manjiro se arrependia de não ter feito algo para manter ao seu lado, Keisuke, Ken, Emma, Shinichiro e Izana.
- Qual a razão dos sentimentos - Takemichi voltou a cantar fazendo Manjiro o encarar de novo - Se for guardá-los em você?
- Takemichi...
- Não existe um botão que se aperte pra parar de sofrer - Takemichi deu um passo a frente, suas mãos ainda unidas, antes de levar a outra até sua bochecha tocando com carinho - Mas só depende da gente parar de remoer.
- Todo mundo sabe que é difícil deixar algo para trás - Manjiro cantou tentando se afastar, mesmo que sentisse falta não podia voltar, não agora, ele tinha que continuar, precisava se manter longe e proteger todos de si mesmo - Mas quem te disse que não teria preço pela paz?
- Assim vive sua vida - Takemichi voltou a se aproximar puxando Manjiro para si e colando suas testas - O garotinho Uchiha.
Manjiro o olhou sem entender, mas a risada de Emma explicou tudo.
- De pouco em pouco, eu faço o que eu posso - Takemichi finalizou - Pra evitar a Maldição do Ódio.
Manjiro arregalou os olhos, pra evitar? Quer dizer que não era o único que sentia?
- Impulsos não existem, Manjiro, são apenas sentimentos e todos nós temos, não é fraqueza é a nossa força - Takemichi finalizou antes de o beijar.
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Mikey acordou sentando de imediato e assustando Sanzu que tentava o acordar a alguns minutos.
- O que...
- Mikey, em algumas horas teremos nossa luta contra a ToMan - Sanzu o lembrou e Mikey assentiu, os pensamentos no sonho que teve.
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