Em casa eu me sentia feliz e realizada por ter feito as pazes com o meu pai.Me senti completamente aliviada de saber que não havia mais mágoa em meu coração.E que eu poderia respirar tranquilamente.

Tive que explicar toda a história para Alan e Olivia,que aguardavam pela minha volta,ambos aflitos.

Eles ficaram horrorizados com a atitude inesperada do meu pai,mas depois acabaram entendendo os motivos dele.Não deixando de acreditar que aquilo foi muito errado.

Também retirei a queixa de desaparecimento,e me desculpei com os policiais e os moradores pelo trastorno.

____Bom já que tudo está resolvido, é melhor eu ir embora - Alan se adiantou.

____Obrigado por tudo - Agradeci olhando nos olhos dele.Na verdade vocês dois.

Corrigi olhando tanto para ele,quanto para Olivia.

Alan agarrou as minhas mãos e encarou meus olhos.

___Fico feliz que tudo tenha acabado bem - Ele disse com um breve sorriso.

O toque de suas mãos me transmitiu uma eletricidade incomum.

___Eu também - Retribui o sorriso timidamente.

Depois acompanhei ele até a porta.Mas quando fui fecha-la,ele se virou e me encarou,e outra vez eu me senti estranha.

___A gente podia sair um dia desses para comemorar,o que você acha? Ele sugeriu animado.

____Ah sim,claro - Assenti meio sem jeito.

Ele sorriu satisfeito,depois foi embora,enquanto eu fiquei parada na porta sem compreender direito o tinha acabado de acontecer.

Por fim fechei a porta,e quando me virei,Olivia estava com um sorriso impossível de disfarçar.

____Ah para,não vai ficar pensando besteira - Repreendi passando por ela,também sem conseguir disfarçar o sorriso.

____Nora,ele gosta de você - Ela rebateu animada.

Suspirei e me sentei no sofá.

___É impressão minha,ou ele te chamou para um encontro - Olivia insistiu se aproximando.

___Impressao sua.

___Ah Nora qual é.

____Olivia eu não tenho cabeça pra pensar nessas coisas,nem idade.

____Nem vem com essa,olha pra você tão jovem,bonita,não é a toa que ele se interessou.

____Eu não sei tá..

____Aproveita esse tempo sozinha,para sair um pouco, se divertir nunca é demais,ainda mais com uma companhia como essa.

____Uau, parece até que é você que está querendo sair com ele e não eu..

____Bom,se ele tivesse me chamado ao invés de você.

____Quanta besteira.

____Vai amiga não perde essa oportunidade.

____Não eu não estou mais no pique de antes,ando meio desanimada, bagunçada,olha só pra mim estou ridícula.

____Quanto a isso não se preocupe - Ela abriu um sorriso malicioso.

____Olivia o que vai aprontar.

Naquela tarde,Olivia e eu fomos no salão.

Onde eu hidratei e cortei os cabelos acima dos ombros.A última vez que fiz isso,Cristian ainda estava vivo,depois disso não tive mais ânimo para fazer nada.

Meu cabelo estava enorme,com pontas duplas e quebradiças.Confesso que me deixei de lado depois do nascimento de Maria.Porque ela tinha se tornado a minha maior prioridade.

Tanto Olivia como a mulher do salão me olhava como se eu fosse uma doida, dissimulada que não se cuidava.

____Filhos,a gente não tem tempo para nada -Justifiquei com sorriso amarelo.

____Nora isso não é desculpa,eu também tenho filhos e olha só para mim - Disse Olivia exibindo suas madeixas loiras e hidratadas.

Realmente ela tinha razão.Ser mãe não significa se abandonar para disponibilizar todo o seu tempo para cuidar do seu filho.

Depois do salão,fomos a uma loja,para encontrar uma roupa que fosse adequada para a ocasião.E lá eu enfrentei a mesma situação que Zoe enfrentou, a de não entrar em nenhum vestido.

Mas pelo menos não rasguei nenhum.

___Desculpa Nora,mas só vai ter tamanho maior - Olivia comentou tentando conter a risada.

Eu não me importei com o seu comentário.Aquela altura eu não me importava mais com nada.

Minutos depois eu estava lá,me olhando no espelho do provador, totalmente deslumbrada com a minha própria imagem.

E uma lágrima rolou pelo meu rosto.

Por que me lembrei da antiga nora,vaidosa,confiante e fechei os olhos imaginando Cristian do meu lado,me cobrindo de elogios.

___Está linda meu amor..

Uma brisa soprou no meu ouvido,me fazendo sorrir.

____Terra chamando Nora.

Despertei com Olivia abanando as mãos no meu rosto,com um olhar confuso.

____Desculpa eu...

____Ta, tá bem - Ela me interrompeu me puxando pelo braço - Anda vamos embora,por que temos um encontro,quer dizer você tem um encontro eu não..

Deixei escapar uma risada.

Em casa fiquei andando de um lado para o outro, entrelaçando os dedos,encarando o telefone.

____Nora liga logo - Olivia apressou.

_____Tá calma - Olhei para ela,em seguida me virei e estiquei o braço para pegar o telefone mas falhei no processo.

____Nora.

____Ah eu não consigo fazer isso - Confessei nervosa,mordendo a unha do dedo indicador.

____Ah meu deus - Ela resmungou.

_____Eu não sei se isso é uma boa ideia.

_____Mas é claro que é,o cara é bonito,gentil e faltou um dia de trabalho,só para te ajudar a encontrar sua filha,quem faz isso.

____É nisso você tem razão.

____Liga logo - Olivia insistiu entre os dentes.

____Tá bom - Respirei fundo,depois peguei o telefone,e digitei o número que Alan havia me dado para caso de emergência.

.... Alô

... Alô...Alan?

....Sim,quem é?

...É a Nora.

Houve um breve silêncio seguido de alguns ruídos estranhos.

...Nora aconteceu alguma coisa.?

....Não,desculpa te incomodar,mas eu queria saber se a proposta de sair para comemorar,ainda tá de pé.

Outra vez,ouvi alguns ruídos estranhos.

....Ah sim,claro...quer dizer seria ótimo,que dia tá bom pra você.

...Hoje a noite.

...Hoje a noite?

Senti um tom de surpresa em sua voz.

....Sim se não tiver nenhum problema pra você.

....Problema algum.

.....Nossa que bom.

Soltei uma risada nervosa.

...Na verdade isso é otimo..

Sua voz soou atraente fazendo minha mão tremer.

...Então nos vemos mais tarde?

...Sim,nos vemos mais tarde.

... Ok Tchau.

O nervosismo era tanto,que nem esperei ele responder.Desliguei o telefone e bati ele com tanta força no gancho que devo até ter quebrado.

Em seguida olhei para Olivia com um sorriso enorme no rosto.

___E então?

___Ele aceitou.

Olivia soltou um gritinho,e em seguida começamos a dançar uma dança maluca pela sala,como se fossemos duas adolescentes bobas.