57 - Confidências
Felipe e Gabriela passaram boa parte do sábado entre lençóis. Por aquele tempo, tudo o que desejaram foi saciar a sede dos corpos; para ele, ela era como uma fonte inesgotável de doçura e alívio; para ela, ele era seu novo parque de diversões. Ela o experimentou de todas as formas que desejou e saciou a sua curiosidade, cada vez mais confiante e ousada. Ele, como um amante experiente, guiou-a em suas descobertas, ora como um vassalo de seus desejos, ora como o mentor de suas tentativas.
Contudo, outra fome os obrigou a deixar o leito. Enquanto Gabriela se banhava, Felipe preparou uma omelete e a serviu com pão aquecido e uma salada de folhas. Quando ela deixou o banheiro, usava uma camiseta dele, e a visão da peça cobrindo o corpo fresco, os cabelos úmidos e a face rosada, saciada e feliz, foi capturada e impressa em sua mente, onde permaneceria gravada para sempre.
— Que aroma delicioso... Nunca pensei que você cozinhasse — ela comentou, ocupando uma das banquetas do balcão onde ele havia servido os alimentos.
— Eu me alimento, como qualquer pessoa — concluiu, introspectivo.
— Eu sei que se alimenta, mas achei que só comprasse comida pronta.
— O que te levou a concluir isso? — ele a observava com uma sobrancelha erguida e um meio sorriso, enquanto ela se servia de um pedaço da omelete.
— Ah, sei lá... Preconceito? — Ela deu uma dentada no pão e revirou os olhos — nossa... tava morrendo de fome — confessou, com a boca cheia.
— Sei... Posso entender a razão. Para sua surpresa, eu realmente gosto de cozinhar.
Ela comeu um bocado da omelete, que, por sinal, estava divina, e passou um tempo mastigando e analisando-o, intrigada. Ele se mostrava tão diferente ali, naquele espaço privado; quase um oposto de sua postura sempre tão arredia e defensiva. Parecia leve, confortável e tranquilo. Não se lembrava de tê-lo visto dessa maneira antes.
— Eu não podia imaginar — soltou, por fim.
— Com essa cabecinha criativa? Eu me pergunto o que imagina a meu respeito.
— Muitas coisas, menos isso.
Ele sorriu, e ela se questionou se o sorriso dele tinha ligação direta com seu ventre, que se contraiu, acordando um exército de borboletas enlouquecidas.
— Tem muita coisa que você não sabe sobre mim. Para de ficar especulando e pergunta o que quer saber.
Ela comeu mais algumas porções do alimento enquanto confabulava. Por fim, resolveu arriscar:
— Por que você não se dá bem com a sua mãe?
Uma sombra passou pelo olhar dele, levando embora aquela tranquilidade. Ela se arrependeu no mesmo instante por ter perguntado. Para sua surpresa, ele não se fechou nem ignorou a pergunta.
— Honestamente? Não faço ideia. Apenas acho que ela gostaria que eu fosse outra pessoa. Talvez esperasse que eu fosse mais parecido com o Thiago ou com o Pablo, mas eu nunca soube ser como eles, nunca tive essa capacidade. Também nunca tentei, então... não tenho resposta pra isso.
— Você fala como se fosse o errado, e eles os corretos.
— É o que é, não tem muito mistério. Minha cabeça sempre funcionou diferente, e eu não fiz questão de me adaptar, então aceito a culpa.
— Você não deveria pensar assim.
— Acho que ninguém tem o direito de dizer como alguém deve ou não pensar, agir, ou até mesmo ser.
Ela engoliu a última porção com dificuldade. Havia se esquecido de que ele era excessivamente agudo nas respostas.
— Desculpa...
— Não precisa se desculpar. Não foi um ataque a você. Percebe como é fácil concluir coisas sobre os outros? Eu só acho que as pessoas são o que são, independente das tentativas dos outros de "consertar" seu comportamento ou suas preferências.
— Então, você tá me dizendo que vai continuar sendo como sempre foi?
— É uma pergunta bem capciosa. Me diz você, Gabriela: como é que eu sempre fui?
Ela se viu prestes a cair em uma armadilha. Mesmo assim, a curiosidade foi mais forte.
— Eu soube que você sempre agiu como um libertino inconsequente. Alguém que gosta de experimentar prazeres de maneira irresponsável.
— Você soube, não é? Se já sabe, nem preciso responder — ele soou amargo, mas não se defendeu.
— Se eu tô perguntando, é porque não quero te conhecer pelo que dizem — ela não pretendia, mas soou um tanto irritada.
— Olha pra mim, Gabriela. Fora o fato de eu ser adicto, o que pode ser considerado uma doença, o quê, no meu comportamento, aponta que eu sou irresponsável? Você me vê no dia a dia da agência, eu tô sempre focado. Olha à sua volta, eu não tenho muitas coisas, não saio esbanjando, trabalho mais do que qualquer pessoa, mais até do que o Pablo, embora não pareça. Acha que isso é ser irresponsável?
— Você tem uma Porsche, uma moto, dirige embriagado e corre demais — ela argumentou, lembrando-se das ocasiões em que presenciou e até participou do ato.
— Não sou perfeito, tenho minhas falhas, mas não dá para julgar alguém como irresponsável com base em um único comportamento. A Porsche era alugada, e dirigir embriagado se encaixa na alcunha de adicto, se quer saber.
Ele tinha um ponto. De fato, ele era um profissional de dar inveja, e não seria justo julgar suas atitudes enquanto estava chapado. Mas não era só isso o que ela precisava saber.
— E quanto à sua maneira de... se divertir? — Ela sabia que estava entrando em um terreno perigoso, mas se queria avançar, precisava furar essa bolha. — Vai continuar assim, mesmo agora que estamos juntos e você está em recuperação?
— Me divertir? Eu tô limpo, Gabriela. Em crise, mas limpo. Pretendo ficar assim enquanto suportar. Não posso consumir álcool também, e nunca fumei. Não jogo, não tenho outros vícios, me exercito com regularidade... O que mais você quer que eu diga?
— Eu só quero saber se o que dizem é verdade. Desde que te conheci, tudo o que sei é pela boca dos outros. O "pegador"... eu mesma vi a forma como você se comportava, levando garotas ao escritório, o Salid... e aquela loira do jantar de negócios. Foi fácil concluir a razão de falarem tanto.
— Qual é a pergunta, Gabriela?
— Como assim, qual é a pergunta?
Ele deixou os talheres no prato e a encarou. Ela engoliu a insegurança e sustentou o olhar.
— Você não tá sendo objetiva. Pergunta o que quer saber, sem rodeios, de uma vez.
— Você vai querer sair com outras pessoas... ou vai se contentar apenas comigo?
— "Apenas" com você? — Ele soltou um longo suspiro. — Que jeito estranho de se colocar na relação.
— Temos uma relação?
— O que lhe parece? Depois de tudo o que já aconteceu entre a gente, acha que eu tô brincando de "cara legal" que tenta impressionar a "ficante" com dotes culinários pra ver se consegue uma segunda foda? Acho que passamos dessa fase.
Ele pareceu aborrecido. Por um momento, ela ficou buscando formas de contornar a situação. Realmente, não era tão simples assim pautar esse tipo de conversa com qualquer pessoa, ainda mais com ele, mas concluiu que ser direta era o melhor caminho, já que ele não perdia tempo em ser também.
— Eu tenho minhas razões pra fazer esse tipo de pergunta. No passado, você nunca demonstrou interesse em se envolver em um relacionamento comigo, nem com ninguém, pelo que já ouvi do seu próprio irmão. Você precisa ver o meu lado, ok? Eu sou insegura, nunca estive em um relacionamento antes, e você é mais rodado que pneu de caminhão. Sei que gosta de "variar", e eu fico pensando se um dia você vai querer outra coisa...
— Que outra coisa? Formule a pergunta direito — ele não mudava o tom de voz, nem desviava o olhar.
— E se você quiser ficar com um cara, ou outra mulher, ou se cansar de mim...
— Eu não ficaria com ninguém, se você me pedisse isso. Mesmo sem você pedir, foi o que eu acabei fazendo.
— E precisa pedir?
— Ninguém é dono de ninguém, Gabriela. Se você estiver comigo e ainda quiser sair com outras pessoas, eu não vou te impedir.
— Eu... — ela nem sabia como interpretar essa declaração. — Você não teria ciúmes?
— Seria terrível, porque desde que te conheci, eu te quis só pra mim. Meu sentimento de posse sobre você chegava a doer e imaginar você com meu irmão ou qualquer outra pessoa era como arrancar todos os pelos do meu corpo com uma pinça. Mesmo sentindo isso, eu não me vejo no direito de me apropriar de quem você é, não é certo, então decidi ir contra isso e aceitar o que você sente por mim, e mesmo que você queira... se aventurar, eu vou entender, se o que temos for real e profundo o suficiente.
— Eu não consigo entender... eu jamais conseguiria lidar com você saindo com outras pessoas...
— Tudo bem. Não vou sair, se você não se sente bem com isso.
Ela o encarava, boquiaberta. Parecia que ele nunca deixaria de surpreendê-la.
— Você fala disso com tanta naturalidade...
— Olha — ele finalmente se moveu e tomou uma das mãos dela, que repousava sobre o balcão. Envolveu-a com carinho e depositou um beijo na ponta dos dedos delicados —, eu apenas tenho uma maneira diferente de pensar. Não significa que é certo ou errado. Amor não é só sexo, tampouco sexo é amor. Eu nunca me prendo a preceitos; acho que todos são livres para escolher o próprio caminho. Se para você é importante saber que somos exclusivos, então seremos. Não vou te convencer a aceitar o que sou, nem eu vou tentar fazer você pensar como eu. Não vou te forçar a mudar de ideia e posso me adaptar. Eu tô bem com isso, ok?
— E... eu vou ser suficiente?
— Não se coloca nesse lugar. Suficiência é um fardo pesado demais. Para mim, você é tudo o que eu quero, tudo o que eu preciso, e se eu te servir de alguma coisa, você me tem, e se tiver, será por inteiro, tá legal?
— Você é muito diferente... em tudo. Eu me sinto solta, como se não pertencesse... me sinto...
— Livre?
Ela estremeceu. Seria capaz de ser livre, mesmo estando tão entregue a ele?
— Eu tenho... medo — confessou.
— É normal ter. É claro que somos diferentes, mas não precisa ter medo. Se eu te disser que vou fazer ou agir de determinada maneira, é o que vou fazer, independente do que eu penso. Também não vou mentir pra você.
— Certo. Eu fico preocupada porque sou possessiva e ciumenta. Eu não quero ser assim, mas minha cabeça fica procurando motivos pra desconfiar. Fico me lembrando de que você também gosta de se divertir com homens... é muito confuso pra mim.
— Sobre curtir ficar com homens, sempre foi assim e é uma coisa natural pra mim, mas não encana com isso. Não vai acontecer se isso te aflige, e não será sacrifício algum me adaptar.
— E quanto à sua preferência por loiras aleatórias?
— O quê? Mas o que... — ele respirou fundo, tentando organizar as palavras —, não era uma preferência por "loiras". Sempre foi por você. Como eu disse, já não tava rolando nada com ninguém, mesmo antes de o que a gente tem ser real, e mesmo que eu tenha tentado com outras pessoas pra afastar você da minha mente, eu já não conseguia mais me conectar a ninguém.
— Então você quer me convencer a confiar em você, dizendo que pegava outros por minha causa?
— Gabriela, se coloca no meu lugar um pouco. Eu sabia quem você era desde o acidente. Eu tinha sua imagem na mente, e você era só uma adolescente. Quando te conheci pessoalmente, eu me senti atraído de outra maneira, e isso me abalou, porque achei errado, confuso, até pela nossa diferença de idade, eu e eu me senti péssimo.
— São só seis anos...
— Quer dizer muito quando você é jovem demais. Por semanas lutei contra isso. Eu precisava tirar isso de mim, da minha mente e do meu corpo, então sim, eu busquei alívio, mas em todas as tentativas, eu procurava você e... não é algo bonito, mas isso é só mais uma das coisas em que fui péssimo. Adicione à pilha.
— Você me confunde, Felipe. Isso que diz que sente por mim... desde quando? Você tatuou a minha imagem no seu corpo! Percebe o quanto isso é bizarro?
— Você era especial, mas não como deve estar imaginando. O que senti por você por anos não foi nada comparado ao que sinto hoje. Nunca houve um pensamento, ainda que fugaz, de conotação erótica ou romântica. Eu me sentia conectado a você porque eu achava que você compartilhava da minha dor, mesmo sem me conhecer, e eu mantive isso guardado pois, para mim, você sempre foi inalcançável, como um anjo. — Ele fez uma pausa, e após um longo suspiro, continuou: — Tudo aconteceu depois. O que eu sentia foi virado do avesso quando te vi naquele banheiro. Talvez sempre tivesse te amado de alguma maneira, mas como mulher, isso veio depois.
— Sei... e daí, passou a me desejar, fazer aquele lance de perguntar o que eu estava fazendo ali, depois me puxava pra perto e me mandava embora. Agora, você diz que não se importa de eu sair com outras pessoas, mas você ficava me cercando, me perseguindo...
— Eu entendo seu ponto. Olha, quando eu te conheci, de fato eu desejei que fosse minha. Foi a primeira vez que senti essa sensação de posse, como se o fato de você ter habitado minha existência por tanto tempo me desse esse direito. Eu estava enganado. Abdiquei de você quando parti naquela manhã há três meses. E não mais me considerarei seu dono. Pessoas jamais deveriam possuir pessoas.
Ela engoliu em seco mais uma vez e ficou com o coração dividido.
— Tudo bem, não entendo plenamente, mas até posso aceitar. O que me deixa confusa é saber que mesmo depois de a gente ter se conectado, até fisicamente, você continuou aparecendo com outras pessoas...
— Eu não fiquei com ninguém depois de ter tocado em você, Gabriela. Já te falei.
Ela percebeu a impaciência crescendo nele. Mesmo assim, ela sendo cricri e bocuda como era, obviamente não deixaria barato.
— Você diz isso, mas você me tocou naquele evento, me deu meu primeiro orgasmo, depois saiu com outra mulher. Não tô dando ataque de ciúmes, só tô tentando entender sua maneira de agir, porque não bate com o que eu via.
— Sempre obcecada... — ele moveu a cabeça numa negativa resignada — eu já te disse, eu não fiquei com ela, nem com ninguém depois que interpretei o que sentia por você. Eu já te contei tanta merda sobre o meu passado, tantas coisas muito piores... por que você não consegue acreditar nisso?
— Eu não sei... — ela baixou os olhos e mirou os dedos entrelaçados. — Acho que ainda dói lembrar de você indo embora daquele evento com outra. Dói porque eu tinha acabado de descobrir o que era sentir prazer, o que era esse tipo de conexão. Por que fez aquilo? Eu não consigo pensar que não foi só pra me provocar.
— Foi pra te proteger! — ele exclamou, buscando se controlar — foi pra que todo mundo visse que eu e você não tínhamos nada! As conversas eram de que você só tinha subido naquele palco porque tinha feito o "teste do sofá" comigo. Esse meio é nojento, podre, e para aquele bando de abutres, você era só carne nova. Eu não queria roubar seu momento, nem seu brilho; queria que todo mundo soubesse que você estava lá porque mereceu, não por causa das teorias doentias deles. Eu tava puto com tudo aquilo e arrependido por ter te jogado naquela situação, então, sim! Eu dei uma carona para uma garota pra todo mundo ver, capotei bêbado na casa dela quando ela tentou algo, e fui embora no dia seguinte sem me despedir. Um cretino, mas foi o que eu fiz. Fim da história. Por favor, não vamos mais falar sobre isso.
Ela sentiu os olhos lacrimejarem. Era impressionante como as situações podiam ter tantos lados diferentes, dependendo da visão. Ela tinha tanto a aprender e entender sobre a vida... e antes de tudo, tinha que aprender a confiar nele. Precisava parar de agir como personagem de um romance clichê qualquer.
— Certo. Eu vou acreditar em você. Não vou voltar a falar disso. Espero que você entenda minha necessidade de esclarecer essas coisas e estou aberta a entender como você vê a vida.
— Obrigado. — Ele deixou os ombros caírem, como se um peso gigantesco tivesse se soltado de suas costas. — No momento, você é a única pessoa que me importa acreditar em mim.
Ela o analisou por uns instantes, introspectiva. Por fim, conjecturou:
— É... Você parece não se importar mesmo que te julguem ou que te chamem de demônio. É óbvio que sabe o que falam de você pelas costas... Sua indiferença a isso me intriga pra caramba.
— Eu não me importo com o que falam. Não dou a mínima. Se ninguém espera nada de mim, posso ser o que eu quiser. Não sei viver sob as expectativas dos outros, assim como não espero nada de ninguém.
— Nem de mim?
— Nem de você. O que você me der é lucro. — Ele deu a volta no balcão e a segurou pela cintura — Vem aqui. Chega disso. Me pergunta o que eu gosto de comer, qual é minha banda favorita, esse tipo de coisa — e depositou um beijo casto nos lábios cerrados de preocupação.
— Você não me fez nenhuma pergunta — ela concluiu.
— Não preciso. Prefiro descobrir. — Com carinho, ele arrumou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela e, depois de alguns segundos, acabou perguntando: — Tá, só me responde por que cortou o cabelo.
— Porque eu quis. Porque é meu, e eu queria fazer isso.
— É isso. Você queria cortar o vínculo com o passado. Queria cortar o vínculo comigo também, eu sei disso, e você estava certa. Você percebe como a liberdade é valiosa? Por isso nunca vou te prender. Não vou te dizer o que fazer. Essa conquista é sua, e se dentre suas escolhas eu estiver incluso... bom pra mim. E coloca isso na sua cabecinha criativa: eu amo você, e você é tudo pra mim, então eu não preciso de mais ninguém, ok?
Então a beijou. No beijo, as promessas não proferidas estavam embutidas, subentendidas. Gabriela se permitiu reinterpretar seus sentimentos e o abraçou como devia ser, dois seres livres, conectados por laços tão frágeis, porém firmes o suficiente.
— Agora, tem uma coisa — ele interrompeu o beijo e a fitou, matreiro —, se está tão empenhada em descobrir coisas novas sobre o que rola na cama, talvez tenha que fazer uma concessão sobre não deixar mais ninguém participar...
— Safado! — Ela o empurrou, e ele a enlaçou, rindo. O som da gargalhada a emocionou, pois nem se lembrava de tê-lo ouvido gargalhar antes. Abraçou-o com as pernas quando ele a tomou no colo e voltaram ao quarto, para uma nova sessão de descobertas.
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