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49 - Tempestade

Foi uma semana louca. Depois da aprovação da proposta de marca desenhada por Gabi, houve uma correria desenfreada para entregar as peças para o anúncio do lançamento do produto em tempo recorde. Tratava-se de um perfume feminino, cuja campanha veicularia no horário nobre de uma emissora de relevância nacional.

Rob andava uma pilha de nervos por aqueles dias. Foi a primeira vez que Gabi testemunhou nele um comportamento muito similar à do saudoso Demônio, e enfim compreendeu, estando dentro do caos, como esses momentos podiam ser estressantes; a pressão com os prazos e resultados espremia até a última gota do humor de qualquer um.

Todavia, ao final do período de preparo, após o conteúdo entregue e pronto para veiculação, restava uma expectativa otimista pelos resultados do trabalho. O hiato entre a conclusão do projeto e o retorno do impacto no mercado deixava tudo em suspense; ao mesmo tempo em que havia uma confiança geral no serviço executado, também pairava a insegurança de uma resposta não tão promissora. 

Quando deixou a agência na sexta-feira, muito além do horário habitual, Gabi prometeu a si mesma que não pensaria em mais nada relacionado à campanha. O final de semana serviu para dormir sem hora para acordar, passear pela cidade garimpando itens para decorar o próprio lar e desenhar mais um pouco, afinal de contas, desenhar não era trabalho para ela; era, na verdade, a expressão de sua essência.

Na segunda-feira, o dia amanheceu nublado. As tempestades de verão costumavam cair mais ao fim do dia; contudo, o dia amanhecera cinzento, com nuvens carregadas. Gabi não se preocupou em levar um guarda-chuva e, ao descer do metrô, um temporal a surpreendeu no caminho. Quando chegou ao edifício, estava encharcada dos pés à cabeça. O vestido leve e florido que usava se colava ao corpo, chamando a atenção inoportuna de alguns transeuntes que circulavam pelo saguão.

— Bom dia, Gabi. A chuva te pegou de jeito — o mesmo porteiro de sempre, que agora Gabi conhecia pelo nome de Jonas, gracejou quando a viu.

— Pois é, não posso chegar na agência desse jeito. Vou tirar o excesso aqui no banheiro, depois eu subo. Já pensou se encontro um engraçadinho no elevador?

— Se encontrar, lembre-se de que há câmeras em tudo. Vá lá.

Gabi sorriu e deixou o porteiro, que voltou a conversar com o segurança. Entrou esbaforida no banheiro unissex e puxou algumas folhas de papel-toalha sobre o lavatório. Enxugou os braços, torceu a barra do vestido e, com uma quantidade considerável de papéis absorventes, removeu o excesso de água dos cabelos e do vestido.

— Até que não está tão mal — falou para o próprio reflexo, enquanto ajeitava as madeixas, agitando-as para dar volume à altura dos ombros.

Quando terminou de pronunciar a frase, uma das portas das cabines se abriu. Constrangida por não querer encarar a pessoa que dividia o espaço e fatalmente a ouviu falando sozinha, concentrou-se na bolsa, onde passou a procurar obsessivamente por um batom. Quando finalmente encontrou o item de maquiagem, notou pelo canto dos olhos uma forma verde que repousava sobre o mármore da pia. Tratava-se de um capacete.

Seu coração falhou uma batida.

Com a boca repentinamente seca e o coração voltando à vida num tranco, ergueu os olhos e mirou, através do espelho, o outro par de olhos que a encarava.

Olhos prateados. Profundos. Penetrantes. O mundo girou por um instante, depois parou. Nenhum dos dois se mexeu por um tempo imensurável. Lentamente, ele moveu os lábios algumas vezes antes de emitir qualquer som, e, quando o fez, a voz de chocolate entrou nela e atingiu pontos do seu corpo que ela nem se lembrava de que existiam.

— Bom dia.

Gabi ofegou, mas não respondeu.

Anjos, será que dá pra me dar uma ajudinha aqui? Onde foi parar a minha capacidade de comunicação?

Por algum milagre, certamente atribuído pelos anjos, ela conseguiu desconectar as íris de prata e descer os olhos para uma inspeção acelerada. Ele estava diferente, parecia ter recuperado a massa corporal. Seu cabelo úmido estava mais comprido, chegando a cobrir as orelhas e o começo do pescoço, e se projetava para a frente, cobrindo parte da testa e das têmporas. Usava uma calça jeans, camisa polo branca e segurava um tecido negro que ela desconfiava ser um traje impermeável para andar de moto na chuva.

O cenário era o mesmo de meses atrás, quando o viu pela primeira vez.

Assim como a cena voltou à sua mente, todo o resto veio junto e desabou sobre ela como uma tempestade. Suas pernas fraquejaram, fazendo-a se apoiar na pia. Percebeu um leve movimento da parte dele em sua direção, porém foi contido a tempo. Ele parecia querer se aproximar, querer falar qualquer coisa, mas, depois do cumprimento, manteve-se calado.

Ela também adoraria dizer alguma coisa, qualquer coisa, nem que fosse a porcaria de um "bom dia", mas a voz não vinha. Sua garganta doía, ressequida e tensionada, e um tremor generalizado se espalhava sob sua pele. Temeu consideravelmente a possibilidade de fazer uma cena num momento em que queria parecer forte e inabalável.

Não era pra ser desse jeito, merda! Era para eu estar preparada!

Felipe enfim se moveu. Ela segurou o ar em expectativa. No mais íntimo do seu ser, desejou que ele a empurrasse para dentro de uma das cabines e reprisasse o momento em que a havia tocado na inauguração da Tijolo Engenharia. Tal desejo acendeu seu núcleo instantaneamente, fazendo seu ventre vibrar e aquecer suas partes íntimas.

Não foi o que aconteceu. Graças à ironia da existência, ele apenas pegou o capacete e passou por ela, sem tocá-la, sem dizer mais nenhuma palavra. Quando se viu sozinha, o silêncio quase a ensurdeceu. Lágrimas subiram aos seus olhos ao constatar que o tempo havia passado, ela tinha avançado e chegado tão longe, mas o que sentia por ele não havia sido superado em nenhum grau.

Não se deu conta do tempo que demorou até estar totalmente recuperada para enfrentar mais um dia de trabalho e, assim como uma segunda-feira chuvosa podia ser desanimadora, a dela prometia tempestades avassaladoras pela frente.

≈≈≈

Felipe não usou o elevador. Fugiu para a escadaria de incêndio e subiu os degraus lentamente, respeitando o pulsar do coração que parecia capaz de romper seu peito. Suas mãos ainda tremiam, e seu corpo reagia das formas mais inoportunas ao repassar diante dos olhos a imagem de Gabriela, trajando um vestido florido molhado e colado ao corpo, os cabelos claros que ele tanto amava agora à altura dos ombros, a pele cremosa reluzindo sob a luz branca do lavatório, e os olhos de grama seca que, ao o encararem, quase o fizeram cair de joelhos.

Mais uma imagem que ele jamais esqueceria. Mais um sketch que seria acrescido à pilha com centenas de imagens dela, sua Gabriela. Ela comporia as linhas de sua memória já saturada, dominando ainda mais seus pensamentos nos momentos mais inadequados. Contudo, desta vez, ele não se renderia à fissuração. Não se renderia ao vício dela, assim como não pretendia se render a nenhum outro vício.

Sim, o vício ainda estava lá. Pungente, latente, pedindo alívio. Assim como seu corpo se acostumou a ficar longe dos narcóticos durante aqueles meses, também se acostumara à distância dela, mas agora ela não estava tão distante quanto antes. Assim como uma maldita carreira implorando para ser fungada, ela brilharia mais uma vez diante de seus olhos, alcançável, porém intocável e impossível.

Foi terrível constatar que nada havia mudado dentro de si em relação ao que sentia por ela. Seu fascínio continuava o mesmo, ainda que ele tivesse fugido, se escondido, desaparecido por um tempo; era como se tivesse acabado de deixá-la no portão da casa de Nayara. Enquanto ausente, buscou saber sobre seu bem-estar, mas não quis se aprofundar nisso. Seu desejo de que, quando retornasse, ela tivesse se desligado da agência era tão ferrenho quanto o desejo de que ela ainda estivesse lá.

Para variar, seria mais uma árdua luta a ser enfrentada. Não se achava tão determinado a vencê-la quanto estava focado em ficar limpo das drogas. Buscaria se esforçar, manteria a distância, respeitaria as decisões dela, aceitaria e amargaria a rejeição, mas se ela viesse com aquele sorriso, aquelas mãos, aquele corpo para cima dele...

Depois de meses, seu corpo reagiu involuntariamente. Resignado, parou entre um andar e outro; já nem sabia mais em que piso estava. Recuperou o ar e enxugou o suor da testa. Decidiu sair da escadaria e pegar o elevador. Um café forte e a vista da cafeteria no último piso o ajudariam a colocar a mente no lugar, até que estivesse recuperado e pronto para enfrentar o retorno ao seu tão saudoso posto de Demônio Criativo.

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