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48 - Cedo Demais

Pablo apertava a barra de proteção do leito com tanta força que os nós dos dedos estavam esbranquiçados. Na tela preta, a imagem difusa das formas do bebê surgia e sumia de acordo com os movimentos do médico e, até que ele dissesse que tudo estava bem, nada conseguia acalmá-lo.

Jackie olhava a tela com preocupação; contudo, lá dentro, não havia tanto medo agora. O medo passou assim que ouviu os batimentos cardíacos. Pablo ainda não tinha escutado, então era compreensível sua preocupação.

— Está tudo bem, foi apenas um pequeno escape. Isso não é incomum, mas é importante manter o repouso sugerido, evitar esforço e, principalmente, o estresse. — A voz do médico era calma e transmitia a tranquilidade necessária para a ocasião.

— Você não está fazendo o repouso direito? — Pablo perguntou a ela, e a nota de acusação em sua voz não passou despercebida pelos demais na sala de exames.

— É claro que estou. O que você está pensando?

— Vamos nos acalmar — o médico apaziguou. Não era seu papel gerenciar dramas familiares, mas o momento era delicado. — Sr. Pablo, podemos falar por um instante?

Ambos saíram da sala de exames, deixando Jackie aos cuidados da enfermeira. 

— Sr. Pablo, se me permite, gostaria de pedir que evite qualquer tipo de discussão neste momento. Jackeline tem apresentado um quadro delicado de variação da pressão arterial, o que pode ser bastante complicado nas próximas semanas se isso se intensificar.

— O que pode ser feito? Diga o que precisa ser feito para garantir que tudo fique bem com o bebê. — A ansiedade na voz de Pablo era impossível de disfarçar.

O médico o encarou por alguns instantes e ponderou suas próximas palavras.

— Vejo que está muito preocupado com a criança. Devo alertá-lo de que, neste caso, deveria estar mais preocupado com a mãe. Ela carrega o bebê e, em um quadro como esse, corre ainda mais risco. O que ela sente interfere diretamente na saúde do feto.

Pablo se calou. Durante os últimos meses, toda a sua energia estava concentrada na criança. Foi a maneira que ele encontrou para suplantar sentimentos conflitantes, como a raiva e o amor que sentia por Jackie. A mágoa ainda estava lá, enfraquecida, porém viva, e o medo de deixar esse sentimento desaparecer e aquele tipo de amor doentio que sentia ressurgir era grande demais para ser ignorado.

Contudo, Jackie precisava dele agora. Embora a julgasse não merecedora do amor que sentia, ela era a mãe do seu filho. Em três meses, o garoto viria ao mundo, e se ele não encontrasse uma forma de gerir a avalanche de sentimentos que nutria por ela, não teria saúde emocional para lidar com o que quer que fosse.

Tentando ganhar tempo e colocar a cabeça no lugar, pediu licença ao médico para fazer um telefonema. O médico, compreensivo, deixou-o e voltou à sala de exames para conversar com Jackie.

— Lipe? E aí, tudo bem? Será que a gente pode conversar?

≈≈≈

Jackie viu o médico voltando e disparou a pergunta:

— Está tudo bem mesmo, doutor? Diga a verdade, por favor.

— Está sim, Jackie. Sua pressão arterial está um pouco mais alta do que eu gostaria, mas não há nada de anormal com o desenvolvimento do bebê. As medidas e o peso estão de acordo com as semanas de gestação, e nenhuma anomalia foi detectada. O que me preocupa realmente é o seu estado emocional. Eu sei que você e o pai da criança não estão juntos, mas posso ver que ambos querem muito esse bebê. Vocês têm conversado sobre isso?

Jackie pensou por um momento antes de responder. Eles haviam conversado? Não exatamente. Nos últimos meses, as tentativas de diálogo terminaram em discussões acaloradas que não levaram a nada. Era uma pena que fosse assim, pois, testemunhar o cuidado de Pablo com a gravidez vinha modificando seus sentimentos a cada dia; o que antes não passava de atração carnal foi se transformando em admiração e algo novo, nunca antes experimentado.

A mudança começou precisamente quando conversaram naquele pub, meses atrás, e ele descobriu que na verdade o bebê era filho dele. A postura beligerante, as ameaças, o rancor e a decepção que testemunhara nos olhos azuis de seu ex-noivo foram como adagas incandescentes contra seu peito. Quando ele a tratou daquela maneira, mordaz e frio, ela sentiu que havia perdido algo muito precioso, algo irrecuperável.

Certo, ela havia tramado contra Felipe. Havia nela uma obsessão pelo mais problemático dos De Santis desde a adolescência. Felipe era cobiçado, o bad boy que as meninas desejavam, o fruto proibido que todas queriam provar; contudo, ele nunca permitiu que ela chegasse perto. Pablo era o bom moço, cavalheiro, galanteador, sempre deixara claro que gostava dela, mas ela não queria desistir sem tentar, sem saber como era ficar com o mais velho.

Felipe sempre soube que Pablo gostava dela. Esse era o motivo de não se aproximar. Eles circulavam entre as garotas, e no caso de Felipe, entre os garotos também, mas Jackie não era uma opção para Felipe, pois ele sabia o que Pablo sentia e nunca cruzava essa linha. Tal comportamento, no entanto, só atiçava sua obstinação e alimentava sua necessidade de provar para si mesma que era capaz de fazê-lo ceder.

Ela nunca se considerou uma boa garota. Filha de um casal de empresários cujo casamento se mantinha na base da chantagem, já que ninguém queria sair perdendo em um suposto divórcio, desde criança ela aprendeu a competir para ganhar, jogar sujo para conquistar, pesar as opções e escolher a mais promissora. Sentimentos nunca foram o foco central; honra, integridade e respeito eram conceitos secundários, quase inexistentes.

Foi essa mentalidade que a levou a tentar conquistar Felipe e, depois de frustrada, foi orientada por sua mãe que, em vez de aconselhá-la ou até mesmo adverti-la por um comportamento tão vergonhoso, a incentivou a tirar vantagem da situação. Então veio a acusação de assédio, o fim do noivado, e tudo o que ela pensara ter conquistado não passou de fumaça.

Durante todo o tempo em que esteve com Pablo, não se deu conta do quanto ele era especial a seu modo. Felipe era iracível e problemático, enquanto Pablo era gentil e paciente. No quesito beleza, Pablo era ainda mais bonito aos seus olhos, mas ela tinha a mente perturbada demais para ponderar sobre as consequências de seus atos levianos.

No fim das contas, ela acabou descobrindo da pior forma que o que sentia por Felipe não passava de uma birra sem sentido. Quando tudo começou a ruir devido à sua tentativa infame de dar mais um golpe para se vingar pela rejeição do mais velho, Pablo foi o único que se manteve firme, impregnado em seu coração. A admiração estava lá, e tudo o que antes ela achava bobagem, o comportamento que outrora julgara ser de um homem fraco, era, na verdade, o que ela mais precisava para se tornar alguém melhor.

Talvez fosse tarde demais para ela, mas o que estava sendo gerado dentro dela ainda os conectava. O medo de perder a ambos era o que a mantinha acordada nas noites em que deveria desfrutar do sono reparador, roubava seu apetite e minava sua vontade. Enquanto esse medo estivesse arraigado e assumindo o controle, ela não conseguiria manter a paz emocional de que tanto precisava para preservar a saúde do bebê.

Um menino. Pablo chorou quando soube, assim como derramou lágrimas ao ouvir os batimentos cardíacos pela primeira vez. Testemunhar as emoções dele em cada momento, em cada ultrassom, e em tudo o que envolvia a criança era como se mais uma pétala se abrisse em seu peito, um amor genuíno desabrochando aos poucos. Então, ela finalmente entendeu que havia algo muito mais forte, mais intenso e motivador do que dinheiro, poder, status ou conquistas vãs.

Ela o amava agora. Finalmente entendia esse sentimento avassalador e lamentava que, quando finalmente o compreendeu, já era tarde demais. Pensava nessas coisas quando Pablo cruzou a porta da sala de exames e se aproximou. Ao contemplá-lo, suas mãos suaram e seu coração bateu mais forte. Ele estava lindo, como sempre, ainda mais agora, com o rosto sombreado pela barba por fazer. Seus olhos azuis estavam cansados e preocupados. Ela daria qualquer coisa para que ele a olhasse como olhou no passado.

— Como você está se sentindo? — ele perguntou.

— Estou bem. E você?

— Não importa como estou.

— Importa pra mim.

— Não faça isso, Jackie. 

— Fazer o quê?

— Não finja que se importa.

— Eu me importo. Não vou tentar te convencer.

Permaneceram calados por um tempo. Os olhos não se desgrudavam. Era como se desafiassem um ao outro a desistir, a soltar e deixar essa conversa para outro momento. 

Não ia acontecer.

— O que posso fazer para que você se sinta melhor, Jackie?

— Não tire meu filho de mim. Não me deixe sozinha.

Ele travou o maxilar e enfiou as mãos nos bolsos. Uma ruga se formou entre as sobrancelhas e, depois de meses, Jackie sentiu seu corpo reagir, lembrando-a de que era mulher, uma mulher com desejos suprimidos.

— É isso o que te preocupa? É por isso que você tem essas crises de ansiedade?

— É por isso que eu sofro. Eu não quero perder... nenhum dos dois.

— Você não pode me perder, você não me tem.

— Eu sei — as lágrimas subiram aos olhos sem que ela pudesse controlar, embargando sua voz —, sei que talvez seja tarde demais, mas se existe esperança de vida dentro de mim, existe esperança de que um dia você me perdoe por tudo o que fiz.

Tenso, Pablo travou a mandíbula. Seu coração ficou acelerado e uma pontada no peito o fez perceber que se não se acalmasse, acabaria falando algo imprudente.

— Eu não consigo entender como você foi capaz, Jackie. Tudo teria sido diferente se você simplesmente tivesse me dito a verdade. Se você não tivesse falsificado aquele exame, inventado aquela história de que o Lipe era o pai... você quase acabou com a vida dele! Você pretendia tirar meu direito sobre o meu filho... é demais, entende? É demais pra ignorar.

— Eu sei. Eu estava tão louca naquela época que... eu só não quero ficar sem meu filho. Eu entendo se você nunca puder me perdoar, mereço isso, mas não posso imaginar seguir em frente sem meu bebê... — ela abraçou a barriga, então as lágrimas correram livremente pelo rosto levemente inchado.

Pablo soltou o ar lentamente, e a ruga entre suas sobrancelhas se desfez. Pareceu ponderar entre um milhão de palavras antes de responder:

— Você tem um pai para essa criança. Eu não penso mais em tirá-la de você. Isso é tudo o que posso te prometer.

Jackie baixou a cabeça e viu a pequena marca que uma lágrima deixou em seu avental. Não insistiria, não tinha esse direito. Só de saber que ele não tiraria a criança dela já era um ganho imensurável. Aquiesceu lentamente e respondeu sem erguer os olhos:

— Obrigada por tudo o que tem feito. Você será um excelente pai para o bebê.

— É o que pretendo. Vamos, vou deixar você em casa.

Jackie se trocou e seguiu com ele até a saída do hospital. Enquanto caminhava ao lado dela, Pablo contemplava a protuberância abdominal com a sombra de um sorriso nos lábios. Seus olhos subiram do ventre materno passando pelos seios, braços até os ombros, onde os cabelos negros como a noite se movimentavam, mais longos do que sempre foram.

Sentiu outro aperto no peito. Gostaria de tocá-la, tranquilizá-la e dizer que tudo ficaria bem, que poderiam dar um jeito, mas não conseguia. Ainda não.

Era cedo demais para declarar que não era tarde demais.

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