Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

32 - Enjeitado

Felipe já não estava mais aguentando aquele circo. Fazia horas que o assunto interessante havia terminado. Por assunto interessante, ele se referia ao momento em que o garçom havia passado perguntando o que queriam beber.

Ele não estava nada bem. Sua cabeça doía, seu estômago idem. Não havia tocado no prato de vieiras, muito menos no tiramissu servido há pouco. Seus olhos não se desviavam do celular, onde a imagem de Pablo e Gabriela competiam por espaço num mapa digital.

Não, ele não era paranoico. Muito menos um stalker. Ele apenas se preocupava com as pessoas que considerava importantes para si. Desde a morte de Thiago, ele desenvolveu uma obsessão em acompanhar os passos de sua família e, para tanto, tinha cadastrado seus contatos no celular e os monitorava sempre que achava conveniente. Depois que Gabriela começou a trabalhar na agência, numa tarde em que estava distraída desenhando em sua sala e deixara o celular destravado, ele acionara seu aparelho e autorizara o monitoramento, então incluiu o número dela aos demais para se inteirar de seu bem-estar.

Isso não o tornava um stalker, certo? Era só cuidado. Ao menos era o que dizia a si mesmo.

Certo. Ele tinha feito algo errado. Só mais uma coisa, o que não era de surpreender, já que merda era o que ele mais fazia na vida. Gabriela poderia processá-lo por isso e, quer saber?

Foi assim que descobriu que ela e Pablo andavam saindo. Tal proximidade não o surpreendeu, ainda que o tenha aborrecido de maneira aterradora. Tal aborrecimento crescia em proporção a cada minuto, visto que nesse exato momento, ele tinha consciência de que seu irmão e a garota com quem estava profundamente envolvido estavam de conversa num restaurante japonês perto do Centro.

Distraído com a tela do aparelho, foi pego de surpresa quando seu corpo foi envolvido por braços femininos. O perfume adocicado atingiu suas narinas e ampliou o mal-estar que já sentia por estar com o estômago vazio e lavado de vinho tinto seco. Só compreendeu o motivo da proximidade forçada quando foi chamado para olhar para a lente de um aparelho.

Não sorriu. Não estava a fim nem de fingir essa noite. Às vezes ele se comportava de maneira interessada, se envolvia nos assuntos da mesa e buscava manter o networking aquecido. Hoje, contudo, ele queria que tudo terminasse logo, assim poderia tomar providências para fazer desaparecer todos os motivos que o faziam se sentir um nervo exposto ambulante.

Com a deixa de que precisava finalizar um projeto durante a madrugada, ele se desvencilhou de Janaína, a loira que certo dia levara à agência para discutir detalhes de um contrato. A mesma que usara para provocar Gabriela quando ela irrompera em sua sala e o mirara com um olhar cheio de possessividade. A mesma que ainda que tivesse se insinuado, ele não conseguira seguir adiante, por não poder se desvencilhar do efeito de Gabriela e seu olhar.

Desde que sentira a textura da pele e a maciez dos cabelos de Gabriela sob os dedos, não desejou tocar mais ninguém.

Despediu-se dos demais ocupantes da mesa e saiu pelas portas do hotel sob uma garoa fina e gelada. Solicitou um Uber assim que atingiu a calçada. Podia ter feito isso ainda dentro do hotel, mas precisava sair logo dali. Não havia álcool suficiente no seu sangue para que ficasse confortável com o excesso de estímulos, toques e atenção que lhe dispensavam, então o melhor a fazer era fugir.

O carro chegou e, ao invés de seguir para o próprio apartamento, pediu ao motorista para passar em outro local. Ao longo do trajeto, sua ansiedade ia crescendo, assim como o mal-estar. Sabia que devia ao menos ter mordiscado uma torrada, mas seu estado emocional não ajudava. Passara os últimos dois dias com sintomas claros de abstinência e estava a ponto de quebrar alguma coisa.

Talvez não fosse uma boa ideia ir até onde Gabriela e Pablo confraternizavam. Não estava em seu estado racional, muito longe disso, e o resultado de uma conversa fora de contexto com os ânimos inflamados e o desejo pungente de cheirar uma carreira de pó poderia ser desastroso.

Ainda assim, ele seguiu com a decisão.

Quando desceu do Uber, Pablo cruzava as portas do restaurante.

Sozinho.

— O que tá fazendo aqui? — foi a pergunta jogada em sua direção, antes mesmo de ele se aproximar.

— Qual o problema? Eu vim jantar! — mentiu.

Pablo estava acostumado ao fato de Felipe ser dissimulado e dificilmente continuava a conversa depois de uma esquiva, contudo, o loiro veio pisando duro em sua direção e o empurrou no peito com as duas mãos. A força aplicada foi tanta que por pouco Felipe não caiu de bunda no meio fio.

— Você é o maior filho da puta que eu já conheci na vida! — vociferou o mais novo. O ódio que sentia era tamanho que pela primeira vez Felipe acreditou que poderia ser vencido numa briga com ele. — É a pior pessoa que existe! Um desgraçado maldito que deveria ter morrido naquele acidente! Era Thiago quem deveria estar aqui, não você!

Felipe deu um passo atrás e estagnou. Ele já ouvira muita merda na vida e sempre compreendera nas entrelinhas dos assuntos de família que todos o culpavam pela morte do irmão mais velho. Contudo, era a primeira vez que ele era acusado abertamente.

Ouvir tais palavras o feriu numa proporção impossível de classificar, principalmente por terem vindo do Pablo. Dos poucos familiares, o irmão ainda era o mais sensato. Foram poucas as vezes em que ele não lhe ofereceu apoio, e isso porque Felipe tornara impossível qualquer forma de atenção, com seu comportamento autodestrutivo e sua maneira de agredir tudo e todos para provar um ponto.

— Finalmente colocou em palavras o que sempre pensou. Parabéns, Pablo. Agora a gente não vai mais precisar fazer terapia em família — Felipe ironizou. Toda a convicção que o levara até ali havia evaporado enquanto as últimas palavras do mais novo ecoavam como um loop em sua mente.

"Era Thiago quem deveria estar aqui, não você!"

Ah, se todos soubessem como ele desejara isso... Era o que ele mais queria, e foi tudo o que almejou nos últimos quatro anos. Ele só não levou a cabo o desejo de livrar o mundo de si mesmo porque isso não traria Thiago de volta, e ainda havia uma pequena parcela de si mesmo que acreditava que sua morte causaria ainda mais dor à família.

Estava monumentalmente enganado.

— Onde está a Gabriela? — foi o que saiu depois que a dor da agressão aliviou o aperto. Não a dor do empurrão, mas a dor da adaga gratuita que vinha com um papel espetado escrito "culpado", fincado com tudo em seu peito. Era desnecessário explicitar em letras garrafais envoltas em neon aquilo que mais o feria, dia após dia, por anos.

"Não foi sua culpa!", seu pai dissera.

"Foi totalmente sua culpa!", sua mãe acusara.

"De quem é a culpa?", seu irmão mais novo questionara.

Culpa, culpa e mais culpa.

Estava exausto.

— Ela não tá aqui — Pablo rosnou — e como você sabia que estaria? O que pretende com ela? Vai fazer o mesmo que fez com a Jackie? Vai perseguir a garota até destruir toda a chance de felicidade que ela possa ter? É só o que você sabe fazer?

— Olha, Pablo, eu sei que você tá puto com alguma coisa, embora não saiba com o quê, mas uma coisa não tem nada a ver com outra. De que merda você tá falando, agora?

Pablo tirou um papel do bolso e o empurrou contra o rosto do irmão, que se livrou do punho agressivo com um safanão. Confuso e aborrecido, desdobrou a folha e tentou se inteirar do que se tratava. A única coisa que reconheceu ali foi um nome: Jackeline Lucassi.

— Olha o que você fez! — Pablo continuou — não bastou ter destruído meu noivado, quase ter destruído a agência e fodido com nossa família, você ainda me apronta mais essa?

— O que foi que eu fiz? — Felipe realmente não estava entendendo nada.

— Parabéns, papai! Você vai ter um bebê!

Felipe deu outro passo atrás e voltou a olhar para o papel, onde algumas frases saltaram aos seus olhos. Contagem de Beta-HCG, Teste de Paternidade Não Invasivo, Marcadores analisados... Amostras testadas atestam... Suposto pai: Felipe De Santis...

Certo. Ele não havia ingerido nada além do álcool. Tinha certeza disso. Ou será que havia ingerido?

— Isso é mentira...

— Mentira? Como pode ser mentira?

— É mentira, Pablo — Felipe respondeu de maneira contida, ainda que desejasse gritar. Estava cansado demais para elevar a voz ou se defender. — Eu nunca toquei na Jackie, nem daquela única vez. Ela está mais uma vez ludibriando você.

— Você vai me convencer de que se lembra exatamente onde enfiou esse pau nos últimos dois meses? Você vive drogado, caralho! Como vai me garantir que não teve nada com ela depois disso?

— Não me lembro sobre os últimos dois meses, mas sei exatamente onde ele andava nas últimas semanas. Se te contar, você não vai gostar nenhum pouco.

Não havia como prever o que houve a seguir. O punho de Pablo acertou em cheio o maxilar de Felipe, lançando-o além da calçada para a rua. Um veículo freou em cima, mas não conseguiu se desviar a tempo e terminou por se chocar contra o corpo que invadia a pista.

Felipe sentiu o baque, porém não foi algo tão intenso a ponto de lhe roubar a consciência. Sua cabeça se chocou contra o asfalto e seu cotovelo agulhou, e ele viu quando Pablo virou as costas e saiu andando, como se não houvesse acabado de provocar um acidente.

— Nunca mais dirija a palavra a mim, Felipe! Procure a Jackie, resolva as coisas com ela, e se esqueça de que ainda tem um irmão!

— Mais alguém sabe dessa história? — Felipe gritou, depois cuspiu saliva e sangue.

— A Gabi sabe.

Felipe deixou a cabeça tombar no asfalto. Fechou os olhos e desejou do fundo de sua alma que um ônibus desgovernado viesse e terminasse o que o carro de passeio não fora capaz de fazer.

Nem seu próprio irmão acreditava nele.

Era óbvio que Gabriela jamais acreditaria.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro