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23 - Dragão Vermelho

Ela caminhava descalça sobre a relva úmida. O frio se projetava sob a barra de suas vestes longas e salpicadas de lama, e seu cabelo claro se esparramava pelas costas até a curva da lombar; o atrito dos gravetos e galhos de árvores em seus braços desnudos não pareciam incomodá-la; apenas o medo, que a seguia como uma sombra sufocante, era capaz de acelerar seus passos.

Às suas costas, um enorme dragão vermelho se levantava, expelindo enxofre pelas narinas. À sua frente, um príncipe vestido de verde a encarava com olhos brancos como a neve, e aos seus pés, o príncipe de azul jazia enquanto seu sangue era absorvido pela terra molhada.

[...]

Gabi abriu os olhos e, por um instante, sentiu-se completamente perdida. Buscou o familiar cheiro rançoso do seu quarto na pensão, mas em seu lugar, veio um perfume suave, uma mistura de couro, madeira e algum derivado de óleo perfumado. Suas mãos passearam sob o edredom macio que cobria seu corpo, e foi quando notou que vestia apenas a camiseta e a calcinha com as quais saíra de casa.

Seu coração palpitou e seu suspiro ruidoso ecoou no silêncio do que parecia ser um quarto com uma enorme cama.

— Que lugar é esse...? — sussurrou, tão baixo que parecia mais para si mesma. Tentava resgatar da memória em que momento fora parar ali. Estivera sonhando? Ainda estava? O silêncio perdurou apenas por alguns segundos, até que uma voz grave e ao mesmo tempo suave ecoou pelo quarto.

— Geralmente sou eu quem acordo sem saber onde estou.

Felipe! Oh, inferno! 

Se o seu coração já palpitava antes, agora dançava um frevo.

— Felipe? Onde você está? — A escuridão ali era impenetrável, levando-a a tatear à procura do aparelho celular.

Alexa, acenda o abajur  Felipe proclamou, com um pouco mais de energia.

Uma luz tênue clareou o aposento, vinda de uma mesa de cabeceira de aparência muito antiga. Todo o quarto parecia antigo, desde a madeira entalhada da cama, um tapete de pele de animal, o teto revestido de madeira que fazia um ângulo até uma janela cujas venezianas estavam fechadas. O aposento era aquecido por algum tipo de climatizador, mas isso não a livrou do gelo que sentiu quando seus olhos finalmente localizaram Felipe, sentado no chão, na extremidade oposta da cama.

Ele trajava uma camisa de flanela, jeans, e estava descalço. Mantinha uma das pernas esticada sobre o piso e a outra flexionada, servindo de apoio para um dos braços que pendia de modo relaxado. Sua cabeça se apoiava à parede e seu polegar direito acariciava o lábio inferior, como quem confabulava sobre algo muito complexo.

— Descansada? 

— Você me trouxe pra cama?

— Você disse que estava cansada. Chegou a cochilar.

— Eu estava cansada de você, Felipe! Não precisava me trazer pra cama, nem ter tirado minha roupa! Como fez isso sem me acordar?

Tudo bem que tirar uma jardineira era a coisa mais fácil do mundo. Era só desenganchar os botões e deixar a peça cair. Mesmo assim...

— Se eu tivesse trazido você pra cama e tirado suas roupas como eu gostaria, você não teria dormido... ainda.

Ghfnsjfsnnnhh (pensamentos entrando em colapso).

Felipe levantou do chão num salto e, quando ela pensou que ele se aproximaria, ele deixou o quarto. Atordoada, Gabi se perguntou que horas seriam e fez de tudo para manter a calma, apesar do absurdo da situação. 

Levantou-se da cama e procurou seus tênis, mas não os encontrou. Viu uma porta entreaberta na outra extremidade do aposento e correu até lá. Tratava-se um banheiro anexo, um espaço amplo, com ofurô. Precavida, dessa vez ela trancou a porta.

Observou o próprio reflexo desalinhado e jogou uma água no rosto, depois higienizou os dentes com o dedo e uma pasta dental que repousava sobre o mármore da pia. Usou os dedos também para alinhar os cabelos embaraçados e os prendeu num coque improvisado com os próprios fios, numa espécie de nó frouxo. Quando deixou o banheiro, havia uma bandeja com pães de queijo, frutas e café na mesa de cabeceira.

O que significava tudo aquilo?

Como estava faminta, ela atacou os pães de queijo e o café; depois, enquanto mordia uma maçã, Felipe voltou ao quarto e permaneceu apoiado no batente da porta, de braços cruzados. 

— Melhor? — ele perguntou, suavemente. Estava gentil, de uma maneira que ela nunca havia visto antes. Nem imaginava que ele era capaz de se comportar de maneira tão... leve.

— Preciso ir embora.

— Hoje é sábado. Não precisa ter pressa.

Ela abandonou a maçã mordida sobre a bandeja, subitamente sem fome. Não sabia nem por onde começar essa conversa. Na verdade, não havia mais o que conversar. Ela precisava voltar para a pensão e meio que dependia dele para isso. 

— Você chegou a dormir? — questionou-o, intrigada.

— Não.

— Por quê?

— Ficar acordado estava bem mais interessante.

Ele descruzou os braços e enroscou os polegares nos bolsos do jeans. A sombra de um sorriso moveu seus lábios e seus olhos pareciam brilhar mesmo na baixa luminosidade. Havia uma aura tão magnética nele que ela chegou a engolir um suspiro.

— Teria problema pra você me levar de volta pra pensão? Posso entrar depois das cinco da manhã — ela arriscou, mesmo preocupada com o fato de ele estar insone.

— Deve faltar umas duas horas ainda. Volte a dormir.

— Com você aí me olhando? Nem pensar!

— Se quiser, posso dormir com você.

Ela abriu a boca para dizer qualquer coisa, mas não conseguiu. Não entendia o motivo de ele não ter simplesmente deitado na cama visto que já tinha tirado a roupa dela e a cama devia ser dele. Não fazia sentido. 

— Uma casa deste tamanho não tem outros quartos, ou camas?

— Claro que tem. Mas eu não queria que você acordasse sozinha, sem saber onde estava.

— Ah... — ela não soube o que responder. 

— Também não me deitaria com você sem o seu consentimento.

O silêncio entre eles se estendeu por alguns minutos enquanto ela absorvia esse comportamento inesperado. Ele a constrangia mesmo quando parecia agir certo.

— Bem... acho que não vou conseguir voltar a dormir.

— Eu também não. 

— E o que a gente faz agora?

— Você tá mesmo me perguntando isso? — ele abriu aquele sorriso lascivo, o que fez suas entranhas derreterem mais um pouco. 

— Sem gracinhas, Felipe! 

— Podemos voltar ao assunto de antes. 

— Que assunto?

— Do que você está fugindo, Gabriela? — os olhos dele a perfuravam agora. 

— Eu não tô fugindo! Não fala bobagem!

— Seja sincera. 

— Mas o quê...? — Ela sentia que se o coração não desse uma trégua, iria infartar antes do amanhecer. — O que você quer que eu diga, afinal? Eu já falei tudo o que precisava falar.

— Mas eu, não.

— Se tem algo a dizer, diga logo! O que você quer de mim?

— O que eu quero? 

Ele a encarou por um certo tempo que, talvez não fosse muito, mas para ela pareceu longo e angustiante. Era como se ele estivesse organizando os pensamentos para responder à pergunta, como se não estivesse certo do que queria.

Bem, isso seria um problema, afinal de contas, ele a levara até ali e ela não era uma idiota incapaz de ler nas entrelinhas. O limite da prudência já havia sido cruzado há um bom tempo, precisamente quando ela subiu na garupa da moto disposta a acompanhá-lo para qualquer lugar.

Ele avançou, lentamente, até parar ao pé da cama. A cada passo que dava, Gabi sentia como se penas acariciassem seu ventre. Ela aguardou, imóvel, enquanto ele se inclinava sobre ela. Quando ele levou a mão aos seus cabelos e soltou seu coque, ela arfou, surpresa. Suas madeixas se esparramaram pelas costas enquanto os dedos de Felipe se introduziam entre os fios. O gesto foi delicado, leve e ao mesmo tempo, quente.

— Deixa solto... — ele pediu, aproximando os rostos.

— O qu... — a frase não pôde ser completada. Felipe cobriu o espaço e, com lábios famintos, capturou sua boca entreaberta. Ela ofegou e lhe espalmou o peito, não para o afastar, mas para puxar sua camisa a fim de estreitar o contato. A língua travessa invadia sua boca e dançava numa carícia erótica e atordoante.

Aos poucos, ela foi tombando sobre a cama enquanto Felipe se projetava e escalava seu corpo; as mãos firmes e ansiosas deixaram os cabelos dela e desceram pela lateral do corpo feminino, insinuando-se sob a camiseta até alcançar os seios cobertos por um fino sutiã de renda. Quando os polegares rodearam as auréolas já intumescidas, ele descolou os lábios para murmurar contra seu queixo.

— Não quero mais conversar...

— Ok...

— Cansei de conversar...

— Tudo bem... — arquejou. Ela tampouco queria.

— Posso ficar aqui com você? — ele sibilou, buscando se controlar.

Ela achou curioso ele perguntar já estando em cima dela. Com um sorriso, ela respondeu, sem medo de errar:

— Pode fazer o que quiser...

Com um movimento rápido, ele abriu a própria camisa, fazendo soltar alguns botões, que fizeram um ruído débil ao atingir o chão de madeira. Os olhos deslumbrados de Gabi notaram o peito tatuado, firme, porém não tão definido, já que as costelas aparentes denunciavam uma magreza não natural. A constatação do quanto ele havia perdido peso desde que ela o flagrara sem camisa meses atrás foi deixada de lado quando seus olhos miraram a tatuagem que cobria a pele do peito, bem na região do coração. Ela ergueu os dedos e tocou os traços finos e estilizados da imagem de uma garota que olhava pela janela.

A mesma dos esboços que ela guardava em seu quarto.

Embevecida e ao mesmo tempo intrigada, ela espalmou o mamilo masculino enquanto a ponta do seu indicador contornava as linhas da personagem misteriosa.

— É uma imagem linda... quem é ela?

Ele estremeceu ao toque dos dedos delicados e a contemplou por mais alguns segundos. Era quase possível ver sua mente trabalhando, ordenando, conjecturando. Depois de um instante de silêncio, ele baixou a boca e capturou os lábios dela, resmungando contra eles:

— Não quero conversar.

Rendida, permitiu que ele invadisse sua boca novamente e se beijaram como se nunca mais pudessem beijar de novo. Felipe deixava escapar alguns gemidos enquanto libertava a boca feminina, apenas para passear com a língua pela mandíbula, pelo pescoço esbelto até a raiz dos cabelos que cobriam sua nuca. Ali, os fios eram finos e claros como uma brisa.

— Sou doido com o seu cabelo, Gabriela...

Ele enfiou no nariz na massa de fios que se esparramava pelo travesseiro e enroscou os dedos entre as madeixas, apertando-as e fazendo pinicar o couro cabeludo.

— Se gosta tanto, por que fica puxando? — Ela ofegou quando ele agarrou os fios para inclinar seu pescoço para trás. Com o lábio inferior, ele fez o caminho da clavícula até o queixo, o ar quente provocando arrepios e arquejos, então a boca se fechou no espaço entre o maxilar e a orelha, sugando a região.

— Você não deveria estar aqui... — ele deixou escapar logo após soltar a pele do pescoço, onde provavelmente haveria uma marca no dia seguinte. Ele tinha o toque tão lento e ao mesmo tempo tão ardente que ela ficou confusa com a frase dita.

— Quê? Como assim?

— O que você veio fazer na agência, Gabriela? Por que, de todos os lugares daquela maldita cidade, você veio trabalhar justamente pra mim?

Ela se afastou do toque e o encarou, aturdida.

— Você é louco? Ou tá chapado?

Ele interrompeu bruscamente a carícia e a encarou, soturno. Gabi teve certeza de que ele a soltaria e diria alguma coisa idiota só para irritá-la. Contudo, ele apenas se afastou sem desgrudar o olhar. Ela achou que poderia derreter numa poça sob a cama se ele continuasse encarando-a desse jeito.

— Por que diz isso?

— Porque foi você quem me trouxe aqui! Tá agindo estranho, então só posso deduzir que não está lúcido.

— O que você sabe sobre isso? — Ele pareceu bem chateado.

Foi então que ela se deu conta de que nunca haviam falado sobre isso. Teoricamente, ela não deveria conhecer um detalhe tão pessoal sobre ele e o fato de ter jogado o assunto na roda esfriou as coisas significativamente. Ele pareceu confuso, suspenso entre se afastar e avançar, e isso a deixou ansiosa. 

Ela não queria que ele se afastasse de novo. Não sabia quando teria uma nova oportunidade de tê-lo tão próximo e entregue. Estava trilhando um caminho desconhecido e perigoso, especialmente em relação aos próprios sentimentos, ainda assim...

Ela queria que ele se abrisse para ela, que falasse sobre suas dores, suas mágoas, seus dramas; sobre o que sofrera na infância, a morte do irmão e o motivo de se comportar de maneira tão errática, como se odiasse estar vivo.

— Eu só sei que você não precisa dessas coisas, Felipe. Ninguém precisa — ela o tocou no rosto, e o toque o fez estremecer novamente.

Ele a contemplou por mais alguns segundos. O olhar se perdeu novamente quando ele o fez escorregar para os seus lábios, seu busto que subia e descia num ritmo acelerado, depois para os cabelos que ele ainda mantinha enroscados entre os dedos.

— Eu já disse que não quero conversar... — foram suas palavras antes de tombar com a boca na sua enquanto a outra mão se insinuava pelo elástico de sua calcinha, puxando-a para baixo. Gabi projetou o quadril para cima, caçando algum contato mais íntimo.

Alucinado por encontrá-la pronta e disposta, Felipe aprofundou o beijo e suas carícias se tornaram ainda mais urgentes. Gabi o agarrou pelos braços e fincou as unhas na carne a ponto de romper a pele. Quando a lingerie delicada escorregou até os joelhos, ela finalmente se deu conta.

Ela nunca tinha feito isso antes. Não por escolha. Não por desejo, portanto não sabia o que fazer para participar do ato. Sabia na teoria, já na prática, não fazia ideia de como se comportar.

— Felipe...

Nesse momento, ele já puxava sua calcinha até os pés, removendo a peça, e passava sua camiseta pelo pescoço. Enquanto desabotoava a própria calça, ele enfiava o rosto entre seus seios empinados e desesperados para se libertarem do sutiã.

— Deliciosa... 

Com os dentes, ele desceu uma das alças até que a peça deixasse escapar um dos seios, então capturou o mamilo com a boca. Gabi praticamente gritou com a sensação.

— Ah... céus! Felipe! Eu preciso... — ela murmurou, incapaz de completar qualquer frase.

Ele circulava a auréola com a língua enquanto seus dedos desciam novamente pelo ventre, cruzavam o umbigo e se projetavam para o centro escorregadio e quente que se abria para ele. Quando a tocou, sentiu-a estremecer e gemer palavras sem sentido.

Embevecido, ele moveu os dedos em carícias até que ela sacudisse o corpo em espasmos curtos. Quando seus dedos foram pressionados pelo canal feminino, espelhou os gemidos dela por puro deleite.

— Isso... vem pra mim...

— Fel... oh...! 

Ela o agarrou pelos cabelos e, extasiado, ele aguardou até que ela acalmasse o corpo e voltasse a respirar mais devagar. Só então, com ambas as mãos, contornou o corpo feminino, desde os quadris até as axilas.

— Você acaba comigo, Gabriela... o que vou fazer com você, agora?

Ela abriu os olhos. Ele tinha aquela expressão que a levava à loucura. O mesmo olhar de quando o viu sentindo prazer pela primeira vez e depois, quando a tomou no evento de inauguração da empreiteira...

Aquele olhar.

Ela desceu os dedos pelo abdômen magro dele até a braguilha aberta, então parou ali. A calça estava solta e a ereção se projetava pelo cós frouxo. Bastava que puxasse a boxer, e ela o veria em toda a sua compleição. Não teve medo. Não teve vergonha. Não teve nojo nem quis se esconder. Ela o queria e isso parecia... libertador.

— Faça o que tem de fazer... — sussurrou, ousada. 

Estava cansada de fugir, de fingir e se esconder. Ela não precisava de motivos, virtuosidades ou discursos furados e, se fosse até o fim, o faria por si mesma e por ninguém mais. As chaves dos seus aguilhões cintilavam, ao alcance das mãos. Sua liberdade acenava para ela, e tudo o que ela mais queria agora, o que mais ansiava, era ser livre.

Ele se inclinou e fez o caminho com ambas as mãos, contornando os braços femininos com extrema leveza, depois os empurrou até o alto da cabeça dela e segurou os pulsos delicados, pressionando-os contra o travesseiro.

— Você não devia me pedir isso... — rosnou, e voltou a beijá-la no ombro, no rosto e no colo, dando mordiscadas entre uma lambida e outra até uma das mamas. Conforme avançava com a boca, pressionava as mãos alheias num agarre firme contra a cama.

Gabi sentiu os pulsos presos e, por um momento, uma sombra cruzou seus olhos; isso a fez arrefecer, subitamente sem ar. Seus braços presos no alto da cabeça engatilharam sentimentos antigos e ignorados. O medo se projetou do subconsciente para o consciente em instantes e ganhou proporção rapidamente.

Inicialmente, ele não se atentou ao tremor das mãos presas, nem à agitação das pernas, mas quando ele voltou com os lábios até o pescoço feminino, percebeu o gemido esmagado.

Não era um gemido de prazer.

— Não... não... — Ela tinha os olhos fechados e virava a cabeça de um lado para o outro.

— Gabriela?

De supetão, ele a soltou como se tivesse levado um choque elétrico. No mesmo instante, ela cobriu o rosto com os braços, como que tentando se proteger de um golpe.

— Por favor... não... — o som agudo e sofrido veio seguido por um soluço, depois outro.

Angustiado, ele contornou os braços femininos com delicadeza, removendo-os do rosto molhado de lágrimas, então a puxou de encontro a si. Seu corpo ainda ansiava pelo dela, mas ignorou terminantemente o que sentia. Outra sensação o envolveu e fez doer seu peito atemorizado pelo momento.

Gabi o apertou contra si. Aos poucos sua percepção foi entrando em equilíbrio e ela se deu conta do que acabara de acontecer ali. Nos braços de Felipe, ouvindo seu coração bater descompassado contra o rosto, ela aceitou que tinha perdido a batalha.

O príncipe desafeto estava ali, mas o dragão vermelho ainda estava vivo. Ela achara que poderia ser livre, que poderia voar para longe do domínio do mal, mas suas asas haviam sido cortadas muito cedo, muito rente à carne e talvez ela não pudesse voar nunca mais.

— Quem fez isso com você? — Felipe perguntou quando os soluços cessaram e sentiu que ela respirava com certa normalidade. Rendida, ela o beijou no peito e sentiu o sabor salgado das próprias lágrimas.

— Eu também não quero conversar, só quero que você fique aqui comigo — respondeu num murmúrio. Quando ergueu os olhos, encontrou-o encarando-a com tanta intensidade que quase voltou a chorar.

— Nem ferrando que vou continuar com isso até que você me explique direitinho quem foi o filho da puta que tocou em você!

Gabi ficou surpresa, mas não especulou como ele poderia saber daquilo, apenas aceitou. Ele parecia irado, mas era uma ira diferente das que já presenciara. Com a falta de resposta, ele ameaçou deixá-la, soltando-a e arrastando o corpo para fora do colchão, mas ela o segurou pelo braço.

— Por favor, não vá. Você pode apenas... ficar aqui comigo? Não precisamos fazer nada, eu prometo que vou conversar com você em algum momento, só não consigo fazer isso... agora.

Ele pareceu dividido. Ao mesmo tempo que ele parecia querê-la tanto, era como se quisesse fugir. Vencido o dilema, ele retornou para perto dela e com extrema delicadeza, desceu a camiseta dela sobre os seios. Deitou-se ao seu lado, cobriu os corpos com o edredom e a abraçou, depositando um beijo nos cabelos desalinhados do topo de sua cabeça.

— Você tá segura, agora. Durma. Não vou deixar que ninguém lhe faça mal aqui.

— Felipe...

— Shhhh... 

Ele a apertou contra o próprio corpo e, após um tempo imensurável, quando o silêncio foi substituído por uma respiração compassada, sua voz se fez ouvir acima do ressonar feminino: 

Alexa, boa noite.

Então, o quarto voltou a mergulhar numa confortável escuridão.

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