Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

18 - Objetificação

Eu te disse que era melhor ter ficado em casa, Lipe! Aqueles idiotas dos seus amigos só querem beber e se drogar às suas custas.

Para de ser a porra de um chato, Thiago! Eu só não quis voltar com eles, qual o problema?

Disso não posso reclamar porque eles pareciam piores do que você! Desde que horas você está chapado assim? Thiago jogava a luz do celular nas íris do irmão para analisar a dilatação das pupilas o que usou e o quanto usou?

Sei lá... tava tudo junto.

Lipe... se o pai descobre que você voltou com essa merda!

Não conta pra ele.

Por que você faz isso? Por que se meter com esses caras e se enfiar nessas merdas? Por que não se dedica à sua arte, faz algo de útil com essa cabeça cheia de ideias?

Sei lá. Acabou o sermão? Podemos ir embora, agora?

Acho melhor ficar numa pousada aqui na cidade, não quero pegar estrada à noite. Também estou cansado, antes de vir te buscar eu estava num plantão de 12 horas.

Ah, para de ser cuzão, vai! São poucas horas, não sei por que tá com frescura!

Porque não quero você vomitando no meu carro! Não tô a fim de quebrar tua cara hoje.

Vai, cara. Não fode! Não custa nada!

Certo. Tudo bem. Mas se passar mal, avisa antes, senão vou fazer você lavar meus bancos com a língua!

[...]

Felipe abriu os olhos, confuso. Seu coração estava acelerado e seu corpo, dolorido e suado.

Passou as mãos no rosto e sentiu as lágrimas que correram em algum momento. Olhou ao redor e não reconheceu as paredes, nem a cortina, tampouco a cama.

Que porra de lugar é esse?

Levantou-se para procurar os próprios sapatos. Estava com a camisa aberta e amarrotada, e sua cabeça palpitava num nível alarmante. Deu um giro e encontrou seus sapatos, o terno, uma garrafa vazia de whisky, outra de gin, roupas até que seus olhos repousaram sobre a cama de lençóis emaranhados onde se esparramava uma massa de cabelos loiros e uma perna pendia para fora do colchão.

Congelou.

Aproximou-se e, apreensivo, removeu as mechas do rosto desacordado.

Não era ela.

Olhou bem para o rosto adormecido, para o ambiente e para um espelho num canto do aposento. Não fazia ideia de onde estava, nem com quem estava.

Era só mais uma segunda-feira.

[...]

Naquela mesma manhã, Gabi chegou ao trabalho antes dos demais colaboradores. Havia levantado muito cedo; na verdade, sequer tinha dormido. Sua cabeça latejava pela madrugada insone e seu estômago estava embrulhado por ter ingerido alguns drinques a mais na noite anterior.

Contrariando os conselhos do seu desafeto e provocativo patrão, ela não foi embora logo que saiu do banheiro. Não. Ela foi até o buffet e conversou com cada maldita pessoa que passou por ela. Cada uma. Por quê? Porque ela era uma loira que sabia, sim, conversar!

"...se aquela loira trabalhasse pra mim, ela não precisava nem saber falar..."

Bando de neandertais!

Enfim, ela confraternizou com as cobras e os tarados, todavia Pablo orbitava ao seu redor como o alfa da matilha.

Felipe? Vaporizou-se para outro extremo do salão, tão longe quanto foi possível; mesmo assim, ela capturou as lâminas de aço de seu olhar atravessando cada pessoa com quem ela conversava. Estava empolgada por notar que ele a monitorava mesmo tentando disfarçar e tudo ia bem até que num dado momento da festa, viu-o próximo a uma loira fenomenal.

Foi então que sua noite terminou, drasticamente.

Magoada, solicitou um Uber e, enquanto esperava na rampa de embarque, viu Felipe entrando numa Porsche com a tal da loira — Gabi nem sabia que ele tinha carro, já que sempre o vira carregando um capacete. — Ele fez questão de cruzar o olhar com o seu mais uma vez, como quem dizia que podia sim dirigir para onde quisesse e, mesmo alterado pelo álcool, entrou num carro que fazia de 0 a 100 Km/h em três segundos!

Naquele momento, um gosto azedo subiu até sua boca e lágrimas brotaram em seus olhos, principalmente por notar que se importava.

Ela se importava com aquele filho da puta!

Por fim, agora ela tinha que passar o dia amargando as consequências de uma modesta farra e torcer para que nenhum acontecimento a jogasse ainda mais para baixo. Havia um trabalho a fazer e ela estava ali com esse objetivo. Ela se perguntava se Felipe também sofria as consequências de uma noite indolente quando a Entidade do Mal cruzou a porta da agência, e sua resposta veio através de um olhar mortal de escleras vermelhas e olheiras profundas.

Ótimo. Morra, demônio!

Ele passou direto e bateu a própria porta. Nem um bom dia. Bem, ela estava acostumada.

— Bom dia, gatinha!

Ótimo. Tudo o que ela queria era o Leo para alegrar seu dia. Colou a tentativa de um sorriso simpático nos lábios e se voltou para ele, um pouco arrependida pelo mau-humor direcionado a quem não o merecia.

— Bom dia!

— Como foi o evento de ontem?

Mais pessoas foram chegando e assumindo seus postos de trabalho. Vários "bons dias" foram trocados nesse interim, antes que Gabi pudesse responder.

— Foi... interessante. Foi a primeira vez que participei de um evento desse cacife.

— Vá se acostumando. Você provavelmente vai virar pingente daqueles dois.

O comentário maldoso veio do Niko e Gabi teve vontade de... borrar a maquiagem daquele esquisito!

— Cala a boca ô... Projeto de BTS! — Rob deu um tapa na nuca de Niko, o gesto arrancou uma gargalhada curta de Gabi.

— Coisa horrível de dizer, hein? — Cíntia desdenhou.

— Por falar nisso, Cíntia, por que me fez escolher aquela roupa para o evento? — Gabi questionou. Ainda estava chateada com a amiga por tê-la transformado no entretenimento de um bando de velhos babões.

— Ué, era o dress code!

— Curto? Um vestido que mostrava meus segredos da coxa?

­— É sério, Gabi. Aposto que outras moças estavam usando curto também.

Gabi pensou. De fato, um punhado bem reduzido de mulheres com quem cruzara estavam com vestes deslumbrantes, porém, curtas. Inclusive a loira que entrara no Porsche do Felipe, usava um tubinho vermelho que por pouco não lhe mostrava o pâncreas.

Upgrade do mau-humor em 3... 2... 1...

— Achei tão... Impertinente! Parecia que realmente estávamos lá para desfilar para um bando de empresários, como numa vitrine.

— Isso diz muito sobre o tipo de gente que encabeça negócios por aí — Diana entrou no assunto —, para esse bando de homens predadores, somos apenas acessórios. Não se deixe abater por isso, Gabi. Você estava lá porque você criou aquela marca e isso ninguém tira de você. O fato de ser bonita, loira e ter quilômetros de pernas não vai roubar seu brilho!

— Por que ser bonita, loira e ter quilômetros de pernas roubaria o brilho de alguém? — Leo questionou, confuso.

Aff! — Gabi girou os olhos e todos riram. Não demorou nada e cada um foi cuidar de seus afazeres.

Perto da hora do almoço, Felipe chamou Gabi da porta da sala. Tentando mostrar naturalidade, ela ajeitou a saia e caminhou até a sala dele.

Agora que ela podia vestir roupas "normais", usou parte do dinheiro guardado para adquirir algumas peças novas para o trabalho. Nesse dia, ela estava com uma saia jeans, uma malha de manga longa, meias-calças grossas para o frio e botas de salto. Uma jaqueta quentinha era colocada ou tirada dependendo da variação da temperatura.

— Pois não, senhor Felipe — ela o cumprimentou assim que fechou a porta.

— Sente-se. Quero te mostrar uma coisa — curto e grosso, sequer olhou em sua direção quando falou.

Ela se sentou na cadeira em frente à grande mesa de madeira e aguardou. Atrás dela, Felipe mexia em alguns papéis, até que separou alguns esboços e os colocou na sua frente.

Eram ilustrações de personagens, estilo cartoon. Um mais fofo do que o outro. Ela reconheceu os traços do desenhista logo de cara, a pressão, o sombreado... Independente do comportamento de merda que esse cara tinha, ele era um baita artista!

— Quero que você crie com base nisso. Preciso de um olhar delicado pois são para uma linha de cosméticos infantis e o toque feminino é imprescindível.

— O que você fez parece perfeito para mim.

— Se estivesse perfeito para mim você não estaria na minha sala, agora.

Sempre tão encantador...

— Certo — Gabi se levantou da cadeira e juntou os esboços.

— Não. Você vai trabalhar aqui.

— Aqui?

— O que eu falei que é tão difícil de entender?

— Não precisa ser grosseiro! — ela não se aguentou. Olhou para ele e, por um breve momento, chegou a sentir pena.

Ele parecia péssimo. Não só pela palidez, olheiras e olhos injetados, mas o cabelo estava oleoso, as roupas amassadas e a barba despontando lhe escurecia a face. O vinco entre as sobrancelhas e os olhos espremidos evidenciavam que ele amargava alguma dor, e sua expressão era a de quem entrou numa briga e perdeu. E a

Ela teve que se controlar muito para não perguntar se ele estava bem. Notou que ele usava a mesma calça, sapatos e camisa da noite anterior, porém sem a gravata; as mangas da camisa amarrotada estavam dobradas e os três primeiros botões, abertos. Era um visual desleixado de fim de festa de no mínimo dez mil reais. Obviamente, ele não tinha dormido em casa.

Ela quis arrancar os próprios cabelos com uma pinça por avultar oferecer consolo para um homem desses. Era ultrajante! Até onde ia esse massacre ao seu amor-próprio?

Talvez devesse considerar procurar outro emprego.

Mas então, ela perderia a oportunidade de rechear seu currículo com a experiência necessária para entrar na mesma área em outro local.

Melhor fazer as merdas dos desenhos logo, assim colocava os pensamentos no gelo.

— Está certa, Gabriela. Só estou... Cansado. Me desculpe. Você pode ocupar minha mesa de desenho já que não vou ficar muito tempo por aqui — a voz soou tão fraca e rouca que ela se esqueceu de que estava com raiva dele.

— Você vai para onde? — mais uma vez, a pergunta escapou. Ela definitivamente precisava adquirir um freio de língua!

Como esperado, ele ignorou a pergunta e se concentrou em algo no próprio computador. Foi a deixa para ela assumir a mesa de desenho e se esquecer do resto.

Gabi só percebeu que a hora havia avançado quando sentiu o estômago roncar. O silêncio na sala era agradável, de fato, trabalhar ali era diferente; sem as distrações dos papos furados da equipe, ela se sentiu bem mais produtiva. Felipe devia saber disso, essa seria a razão para mante-la no canto de sua sala como um elemento de decoração a ser apreciado.

Ela nem sabia por que tinha pensado algo assim. Se não queria ser um mero acessório, tinha que parar de se comportar como um!

Concentrada nos últimos traços, não notou que Felipe se movia pela sala. Quando o ar se deslocou às suas costas foi que percebeu que ele a observava por trás. Não exatamente a ela, mas ao desenho. Ele se inclinou por cima do seu ombro e pegou o lápis de sua mão. O movimento a fez sentir o hálito quente na orelha e seu corpo inteiro ficou arrepiado.

Precisava se lembrar de pesquisar no Google sobre como evitar reações involuntárias e completamente inconvenientes nos piores momentos possíveis.

— Gosto do seu traço — ele sombreou uma parte do desenho e falava com aquela voz rouca e mortal —, é delicado, lindo mesmo! Crie um ponto de luz imaginário aqui — simulou um ângulo como se fosse um spot —, para manter a coerência das sombras aqui... — e esfumaçou as extremidades opostas das imagens.

Ele foi demonstrando tudo isso com o corpo quase colado às suas costas. O sopro da voz masculina fazia alguns fios de seu cabelo se moverem com o deslocamento de ar e cada vez que quase a tocava, seu coração saltava, descontrolado.

Como suportar tal tortura?

— ... e aqui. Entendeu?

Pois é, devia ter prestado atenção.

— O quê? — ela perguntou.

Ele finalmente saiu de trás dela e deu a volta para se postar ao lado da mesa de desenho. Cruzou os braços e a encarou.

— Você ouviu uma palavra do que eu disse?

— Claro, quer dizer... Claro que ouvi! Sombra, luz, esfumaçado...

— Certo. Estão ótimos, Gabriela. Deixe-os aí.

Ele pareceu nervoso. O vinco entre as sobrancelhas o deixava com cara de vilão.

Espera! Ele é o vilão! Pare de se esquecer disso, Gabi!

Gabi se levantou do banquinho e sentiu as costas estralarem. Girou o pescoço e percebeu que estava muito tempo na mesma posição e tensa, ainda por cima. Quando deu as costas ao Felipe, sentiu seus dedos a segurarem pelo ombro.

Fechou os olhos quando o polegar passou a girar na base do seu pescoço, depois sentiu os dedos apalpando suas omoplatas e ombros. Quase gemeu de prazer com a sensação da massagem inesperada.

— Você precisa cuidar da postura. Não quero ter que pagar insalubridade quando você me aparecer com um laudo de LER.

Óbvio que ele ia foder com o momento todo!

— Tira as mãos de mim! — Com um safanão, afastou-se dele, mas antes de ganhar distância, sentiu a boca em seu ouvido.

— Precisa aprender a agradecer, Gabriela — então ele deu uma fungada em seus cabelos.

Aturdida, escapou do toque. Aos poucos ela começava a compreender que talvez ele não pudesse colocar um dedo nela enquanto estavam dentro da agência, mas não se importaria em usar aquela energia magnética para conseguir o que queria.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro