7 - Luíza
Não chego nada bem em casa...
Will está com o nariz machucado e não me deixou cuidar dele, mesmo sendo minha responsabilidade. Lucas falou com Gael e reclamou horrores por eu ter agido por impulso, e mesmo depois de escutar a gravação, não mudou a cara de bravo. Conversamos até tarde e fico torcendo para o dia amanhecer logo para mostrar a Helen o quanto Erick não é quem diz ser.
Às 5h, finalmente consigo dormir, fiquei rolando na cama lembrando-me do toque das mãos do William e irritada por a noite mudar de uma hora para a outra. Às 11h, Helen acorda, chamando todo mundo por estar com fome.
— Vocês estão com cara de mortos. — Dá risada, parecendo descansada. — Virgem, aprende a fazer um café descente... — Levanta rindo e bagunça o cabelo de Lucas que está com sono como eu. — Achei que ia estar casado com a Paula hoje, Adônis.
— Deixei para o Will ou o Lê, eu tô fora. — Bebe o café, fazendo careta. — Porra... Que porcaria de café é esse?
— Eu disse. — Helen dá açúcar para ele.
— Bebem cerveja sem reclamar e ficam com frescura quando tomam café sem açúcar. — Reviro os olhos, despertando um pouco com a discussão. — Hel, por que estava com o Lê e não com o Fábio? E por que não foi para casa?
— Eu ia chamar o Fábio, mas o Mala insistiu em me trazer. — Senta-se, colocando uma colher gigante de açúcar no café. — Eu não estava a fim de ir para casa, meus pais iam ficar enchendo o saco, segunda-feira tenho que ir a uma reunião com um novo alguma coisa que meu pai está fechando, e ele quer minha presença. — Faz careta.
Helen detesta quando o pai pede para comparecer em eventos, nunca gostou de roupas comportadas e diz que terno é para homens.
— Estava no motel com William? — Praticamente engasgo com o pão que acabo de colocar na boca. — Nossa, Virgem — vem até mim abanando com a mão e rindo —, não deve ter sido tão ruim assim.
— O que te faz pensar que estava num motel com o William? — consigo falar.
— Cheguei e você não estava, tive que chamar o Lucas para poder entrar. — Senta-se, dando de ombros.
— E cadê a chave reserva que você tem? — Mudo o assunto.
— Está na chave da minha... — Para do nada e fala rápido. — Casa.
— E por que está sem a chave de casa? — Lucas olha por cima da xicara.
— A pergunta é... A Virgem deixou de ser virgem?
— Não. E não estava no motel. — Volto a comer. Respiro fundo, sei que vai ficar brava. — Fui falar com o Erick.
— Você o quê? — grita e fechamos os olhos.
— Porra, Ruiva, não grita! — Lucas grita, se levantando. — Estou com uma dor de cabeça do cara...
— Lucas, vai começar a falar palavrão tão cedo? — reclamo e olho para ela. — Erick estava em Westminster.
— O que foi falar com ele? Por que foi falar com ele?
— Aquele filho da... Desgraçado só te usa e você continua o defendendo. — Lucas se altera.
— Ele cuida de mim, droga! — explode, se levantando e gesticulando. — Como acha que ainda estou viva?!
— Com certeza não por causa dele! — Lucas prossegue a discussão.
— Claro que é. — Helen bate o pé. — Sou importante para ele.
— Importante para o bolso dele — Lucas se irrita. — Onde tem uma porra de aspirina, Emy?
— Lucas, para de gritar — agora eu digo, e pego a caixa de remédios. — Hel, o que o Lucas quer dizer, é que ele não merece que o proteja, nem o título de seu namorado.
— Vocês podiam cuidar da vida de vocês. — reclama, passando as mãos pelos cabelos. — O Erick gosta de mim, e vocês ficam me deixando mal com ele. — Olha irritada para mim. — O que disse a ele? — Conto nossa conversa. — Droga, Luíza, sei me cuidar e não quero você se metendo, toda vez que falam com ele, fico sem vê-lo uns dias, pois ele diz que não confio nele.
— Não sei como confia... O cara é um traste... Só vive com outras mulheres, mesmo sendo seu namorado. — Lucas gesticula.
— E daí? Eu aceitei, e posso sair com quem eu quiser também. — Gesticula, irritada.
— E quando saiu com outro cara? Nem precisa dizer, eu sei que é fiel aquele imbecil.
— Lucas, para — digo para ele não perder o controle.
— O que ele fez a vocês para o odiarem tanto? — Senta-se no sofá e esfrega o rosto com as mãos. — Ele me salvou, sabem disso. — Abaixa a voz e olha para as mãos sobre o colo.
— Isso faz dez anos! — Esfrego o rosto, irritada com esse assunto. — E ainda acho que tem coisa errada, você era muito nova e...
— Eu sei o que passei, Luíza! Lembro-me de tudo, se não fosse o Erick... — Morde o lábio e fecha os olhos sem completar.
— Ele fez o correto — seguro sua mão —, mas não é o seu príncipe encantado Hel.
— Não o conhece de verdade, nunca deram uma oportunidade a ele.
— Ontem quando estávamos discutindo, gravei a conversa. — Pego meu celular. — Espero que entenda que ele não gosta de você, Hel.
Ela escuta sem dar nenhum palpite, nem mesmo muda a expressão. Quando termina, se levanta irritada, e começa a gritar.
— Que porra, Luíza, nunca imaginei que fosse esse tipo de pessoa... — Fico confusa com a explosão dela, ela prossegue: — Não consegue um cara para você e acha que preciso ser assim também? Que tenho que ficar sozinha? — Anda de um lado para o outro, muito irritada. — Por que não cuida da sua vida?...
— Helen... — Lucas se levanta.
— Cala a boca, Lucas. Não vem me dar sermão. — O fuzila com o olhar. — Não te digo com que porra de vagina deve sair, vocês não são meus pais e sei me cuidar! — grita mais alto. — Pensei que fossem meus amigos, mas amigos não são assim.
— O que quer dizer, Helen? — Levanto-me, alterando a voz também.
— Vai se ferrar, Luíza. Espero que não tenha ferrado as coisas com o Erick... — Pega a jaqueta de cima da poltrona.
— Você não escutou a gravação? — pergunto exasperada.
— Acho que você não escutou. Ele disse que sou importante para ele. — Completamente fora de si, completa. — Como fui idiota. — Pega o celular e liga para alguém.
— Está ficando maluca, Helen?
— Eu sou a única que lhe dá prazer, espero que tenha entendido isso — diz com sarcasmo.
Começa a falar ao telefone e fico perplexa. Como pôde ter escutado só a merda que tem duplo sentido? Isso não pode estar acontecendo...
— Confiei em vocês — diz ao desligar e nos encara com olhos mareados. — E como todo mundo, me acham uma inútil.
— Hel. — Vou abraçá-la, ela se afasta.
— Não me toca, sua... sua... — Não finaliza, irritada. — Não quero mais falar com vocês. Passaram dos limites. Ir falar com meu namorado, e ainda tem a audácia de dizer que ele não gosta de mim, quando tem a prova gravada dele dizendo que sou a melhor. Achei que Deus tinha dado a vida para cada um cuidar da sua — diz mais chateada do que irritada, olha para mim e diz baixo num tom cruel. — Você fica tão preocupada comigo que vai acabar perdendo o William para Paula. Acha mesmo que ele é tão certinho? Não está vendo o que está na frente do seu nariz.
— Já chega, Helen! — Perco a paciência por completo e gesticulo irritada com o comentário. — Pode dizer que está feliz com o babaca do Erick, ou que ele te ama, porém, exijo que respeite o William. — Ela dá de ombros fazendo pouco caso. — Will está com o nariz machucado por ter ido comigo naquele lugar asqueroso para te defender, não se atreva a falar dele dessa maneira, ele é um homem de respeito e não admito que seja tratado de outra forma. Will não é o babaca do Erick.
— Vai passar tudo de novo como foi com Fernando, é ingênua demais. — Ri debochado. — Ainda bem que não estarei perto para te ver rastejando. — Engole em seco. — Mesmo não me considerando uma boa amiga, eu estaria ao seu lado. — Limpa mais uma lágrima que cai e sai para escada à frente.
— Estudamos no mesmo local e sala — digo mesmo com o coração dolorido.
Sei que está alterada por eu ter feito isso sem ela saber, e de certa forma tem razão, passei dos limites, porém, escutá-la dói muito.
— Mudo meu horário para o turno da manhã — diz, chateada, olhando para trás. — Sou a inútil que não trabalha, lembra? — Engole em seco, a ponto de desabar, novamente.
Meu coração está aos pedaços por não poder consolá-la, e por ter sido eu, que provoquei.
— Te levo, Ruiva. — Lucas passa por mim. — Ela só está nervosa — sussurra e beija minha testa.
— Quero distância de você também, sempre foi contra meu namoro e Erick tem razão. — Limpa as lágrimas que estão escorrendo por sua bochecha e fala baixo. — O odeia porque nunca te dei uma chance. — Destila veneno para todo lado, e Lucas fica rígido. — Chamei meu motorista e espero lá fora. — Desce a escada.
— Escutou isso? — Lucas vira para mim, indignado.
— Você mesmo disse... Ela está nervosa. — Passo as mãos sobre o rosto.
— Acredita no cretino desgraçado e não na gente! — Desce.
Mesmo irritado, ele ainda nos protege, vai ficar com ela até o motorista chegar, seu instinto de proteção nunca falha. Definitivamente, as coisas não saíram conforme o planejado e pelo jeito, meu domingo não será nada bom. Quando Lucas volta, estou finalizando a massa de um pão. Sempre cozinho quando estou nervosa ou alterada.
— Que desgraçado filho da...
— Lucas não começa a falar palavrão — O interrompo, sovando a massa e começo a cantarolar.
— Eu ia dizer filho da mãe, Luíza — diz com um sorriso maroto depois volta a ficar sério. — Essa abstinência de palavrão está me ferrando, porr... Poxa, agora quero matar a Sílvia — diz irritado. — Vou jogar!
Silvia é a nova gerente dele, e simplesmente não permite palavrão quando está por perto, o que tem deixado Lucas muito irritado depois de várias reuniões.
— On-line? — pergunto quando passa por mim indo à sala de jogos.
— Sim, pelo menos lá você não vai estar e posso xingar à vontade...
— Aí nunca vai conseguir controlar. — Coloco a massa na bacia e cubro-a com um pano. — E tem reunião com Sílvia esta semana.
— Mais um motivo para eu gastar todos os palavrões possíveis jogando. — Vai à sala e o sigo parando na porta. — Vai ficar me olhando?
— Está me expulsando da minha casa? — brinco o irritando, e ele solta dois palavrões antes de se acalmar e dizer que vai embora. — Não. Fica aí. — Não vou deixá-lo sair irritado desse jeito, é perigoso matar alguém ou se machucar. — Vou ver o Will, ele está machucado por minha culpa. — Lucas estreita os olhos. — Pode parar! — Ele apenas ri. — Meu domingo não começou bem... Helen irritada e William machucado... — Esfrego o rosto. — Pode jogar à vontade, volto logo.
—Vou jogar duas partidas e vou embora, preciso ver dona Laura e depois encontrar alguém para minha cama, o estresse da noite está acumulado.
Deixo Lucas na sala de jogos e subo para trocar de roupas. Antes mesmo de sair escuto diversos palavrões, e agradeço mentalmente por estar saindo. Nunca fui fã de palavrão, não me importo que falem, e no geral não gosto de falar essas coisas. Por ser uma executiva e mãe, evito certos palavreados.
Resolvo ir andando até a casa dele, são duas ruas abaixo da minha e posso apreciar o dia ensolarado. Mesmo com os seguranças perto. Paro um instante vendo como a praça, que ficávamos quando adolescentes, mudou. As árvores que eram pequenas, agora estão enormes, cheias de frutas e dão uma bela sombra. A pista de skate onde competíamos, agora está moderna, cheia de obstáculos que eu iria adorar testar novamente. A quadra também está moderna, tem até portão e placar eletrônicos.
Acabo demorando mais que o dobro de tempo para chegar à casa de William, o cheiro da grama e das flores acabou me prendendo na praça. Não sei como William vai me receber, nunca vim a casa dele e ele está machucado por ter ido comigo em Westminster.
Eu deveria ter vindo para casa ao invés de ir procurar Erick. Helen não estaria irritada, William não estaria machucado e eu teria dito a ele o quanto queria que nosso beijo não parasse ali. Estava louca para sentir o corpo dele, sem roupas.
Antes de tocar a campainha, Jefferson aparece, franze a testa ao me ver e não consigo conter o riso, como eu disse, nunca vim aqui.
— Oi! — digo assim que ele chega ao portão. — Como você está?
— Oi, Luíza, estou bem. Perdida? — Me cumprimenta com um beijo, brincando.
Jefferson tem o mesmo senso de humor de Lucas, o mesmo sorriso cínico e o charme incrível com as mulheres, a diferença é que Lucas é chocolate branco, por ser quase loiro, e tem olhos castanhos. Jefferson é chocolate preto, por ser negro, e tem olhos verdes. Os dois são muito charmosos.
— Vim ver como está o Will.
— Xi, Lu, ele tá dormindo, posso dizer que não chegou muito bem nessa madrugada.
— Droga! — falo irritada. — Ele passou mal? Eu devia ter o levado ao médico.
— Ele me contou o que houve, Luíza. Não precisa se preocupar, daqui a pouco ele tá melhor. — Para ao meu lado e deixa o portão aberto. — Entra, ele tá largado no sofá, parecendo um morto — diz sorrindo. — William é... — Jefferson está falando algo sobre William ser forte, mas não estou ouvindo, estou preocupada com o Will. — Vou à padaria comprar algo para tomar café, quer algo?
— Vai demorar?
— Precisa de quanto tempo de privacidade? — Ergue a sobrancelha, como Lucas faz.
— Uns cinco minutos para acordar o Will, alguns segundos para tirar toda a roupa dele e umas horas para finalizarmos... — brinco, e Jefferson começa a gargalhar.
— Você deveria ser assim mais vezes, Luíza. — Respira, puxando o ar. — Porém, sinto informar que terá apenas o tempo de eu ir à padaria e voltar. — Pisca sorrindo. — Terá que ser rápida. — Me empurra para dentro.
— Poxa, não dará tempo nem de tirar a roupa dele. — Jefferson sorri e tranca o portão, saindo.
William está deitado no sofá, como disse Jeff, praticamente jogado. Aproximo-me, hipnotizada pelo corpo musculoso dele. Esqueci de mencionar que ele está apenas com uma boxer. E não tenho vergonha nenhuma em admitir que estou olhando cada detalhe descaradamente. William é simplesmente lindo! Está deitado com um braço debaixo da cabeça, como se fosse travesseiro, e o outro jogado acima da cabeça mostrando sua tatuagem. Sempre tive curiosidade para saber o que está escrito nesta frase.
Passo o dedo sobre a tatuagem traçando de leve cada letra, e Will solta um gemido, afasto-me olhando seu tórax definido cheio de ondas e músculos, e com a ponta do dedo indicador começo traçar seu peito, desço por seu tórax em direção à barriga, louca para senti-lo de verdade, para acariciar esse peito com minhas mãos. Quando chego próximo ao umbigo, paraliso, pois pouco mais abaixo ele está muito ereto e pulsante dentro da boxer. Will se mexe fazendo minha mão tocar por completo sua barriga e acabo subindo de volta ao seu tórax, agora explorando com a palma da mão.
Quente e macio na medida certa. Perfeito. Sei que não deveria desejá-lo, mas é quase impossível resistir o que sinto perto dele. Ele nem precisa me tocar e me deixa nas nuvens mesmo assim. Ele geme mais uma vez e me dou uma bronca mental. Eu aqui fantasiando com ele e esquecendo-me que ele está com dor. Parabéns, Luíza. Parabéns!
Toco em seu ombro para chamá-lo, mas ele me puxa e vira o corpo por completo sobre o meu. Levo um susto e o encaro, ele ainda está de olhos fechados e parece distante. Chamo mais duas vezes e ele abre os olhos e franze a testa me encarando.
— Will, oi. — Ele pisca umas vezes para acordar. — Te machuquei?
Droga... Ele está em cima de mim, excitado e praticamente sem roupas. Não vou conseguir ser apenas amiga se ele continuar se aproximando, seu cheiro está me deixando em êxtase, e seu corpo sobre o meu me deixando maluca, se me beijar, vou perder a cabeça.
— Luíza, você é tão linda. — Continua se aproximando e o chamo mais uma vez.
Ele parece focar em mim, finalmente acordando, então levanta rápido me deixando fria. Queria gritar para ele voltar. O que estou falando? Preciso parar com isso.
— Finalmente acordou! — Sento-me desconfortável, porém fico ainda mais abobalhada com esse corpo lindo à minha frente.
Ele está andando pela sala, e consigo ver com perfeição os músculos de suas pernas e das costas, fora o detalhe dele ter um bumbum incrível. Perfeito! Preciso parar de admirá-lo assim, droga! Mas ele não colabora, passa as mãos nos cabelos, gesto que faz quando está nervoso, para e olha para mim, com um olhar que me deixa sem ar.
— O que faz aqui a esta hora da noite?
— É quase meio-dia. Will, vim ver como você está. — Volto a me concentrar no que vim fazer. Levanto-me, e observo seu nariz, está meio roxo, meio azulado, está feio e deve estar doendo. — Desculpa por isso. — Passo a ponta do dedo, próximo ao nariz dele.
Lembro-me de Helen me falando tudo aquilo, meu coração dói novamente e preciso de todo controle para não chorar. Sei que ela estava chateada.
— Do que está falando, Lu? — Suas mãos param em meus braços nus, provocando-me arrepio.
Preciso parar de agir por impulso, não sou assim e toda vez que faço acabo por ferrar meu cérebro... Uma das mãos dele desce ao meu pulso, segurando, então leva minha mão à boca dando um beijo na palma, sem desviar os olhos dos meus. Um arrepio passa por minha coluna me deixando quase sem fôlego e começo a engolir em seco. Não é uma boa hora para querer repetir o beijo da noite anterior, mas é exatamente isso que minha mente está pedindo.
— Estou bem. — Levanta meu rosto, segurando meu queixo. — Mas você não parece legal, o que houve, Borboleta? — Lembro-me o quanto éramos próximos quando jovens e como ele sempre soube me ler com clareza.
De forma muito lenta, e posso acrescentar sensual, Will solta meu pulso e acaricia meu braço, esse gesto faz todo meu corpo incendiar. O que é um grande erro. Ele continua excitado, e todo lindo na minha frente, só de boxer, seus olhos estão cravados aos meus de forma tão intensa que minhas pernas estão ficando moles. Engulo em seco e tento me concentrar.
— Estou bem — minto. — Vamos ao médico? — Afasto-me. Preciso parar com isso, só estou assim por estar dois anos sem sexo, é isso!
— Não vamos a lugar algum — William me pega no colo sem aviso e senta comigo no sofá —, antes de me contar o que houve... — O encaro, espantada.
— Vai se machucar, Will! — praticamente grito. Ele me segura como se eu fosse criança.
— Está mentindo, e é uma péssima mentirosa. — Ri de lado e afasta meu cabelo do rosto. — Conta, Lu. — Passa as pontas dos dedos em meu rosto com delicadeza e fecho os olhos.
— Helen ficou brava por eu ter ido a Westminster. — Encolho os ombros. — Talvez não volte a falar comigo. — Suspiro, irritada. — Sei que ela estava brava quando disse tudo, mas somos amigas, contamos tudo uma para a outra, e agora ela... — Suspiro, apertando os olhos.
— Lu — me chama e abro os olhos —, dê um tempo a ela, não gostei do que fez ontem, poderia ter se machucado. — Abaixa o olhar, segurando meu braço. — Aquele desgraçado não iria pensar duas vezes antes de te fazer mal.
— Sinto muito, Will. — Saio do seu colo.
Não consigo ficar perto dele, meu corpo está febril pela proximidade e quando me toca, mesmo sendo por cuidado, perco a noção do perigo. Sento-me ao seu lado.
— Eu não sei o que eu faria se ele tivesse machucado você. — Vira para mim, e sua mão toca minha bochecha. — Te quero tanto, não sei o que faria quando o encontrasse. — William se aproxima e não consigo me afastar.
— Por que disse ao Erick que sou sua? — Essa pergunta está martelando minha mente.
— É o que eu quero que seja — diz tão próximo que sinto sua respiração sobre minha boca. — Não consigo mais mentir, nem esconder, na minha mente você já é minha, por inteiro... — Se inclina e me beija de uma forma tão intensa que perco meu raciocínio.
Seu beijo é forte e arrebatador, não sei como posso descrever com palavras. Perco por completo a noção e retribuo mostrando o que causa em mim. O beijo de ontem ainda estava na minha mente por ter sido de uma forma maravilhosa, mas esse está sendo surreal. Queria tanto sentir o corpo dele... Subo minha mão por seu braço, sentindo seus músculos.
— Quase não dormi lembrando-me do nosso beijo ontem — diz enquanto me beija devagar. Sinto algo revirar bem abaixo da minha barriga. — Sabe o que imaginei enquanto te beijava? — Seus beijos estão próximos a minha orelha agora. — Que você estava nua, complemente sem roupas. — Aperto seu braço, cravando minhas unhas neles.
Aqui está muito quente! William continua me beijando e vai descendo a lateral do pescoço, meu corpo vai incendiando ainda mais, e antes mesmo de notar estou deitada no sofá e entregue a ele. Não deveríamos... Porém me sinto tão certa.
William se deita sobre mim, nossas pernas estão intercaladas e sinto sua ereção como rocha em minha coxa direita, seus beijos estão me deixando em chamas e minha calcinha está molhada. Nunca me senti assim. Fui casada por anos, mas Fernando não me beijava assim.
— Sou louco por você há tanto tempo que dói. — Seus beijos sobem ao meu queixo. — A noite imagino que estamos fazendo amor de várias formas. — Sua boca captura a minha, com necessidade. — Você sempre monopolizou minha mente, sempre linda e gostosa. — Sua mão levanta meu vestido e sinto seu dedo passar por cima da minha calcinha.
Nem tinha percebido que ele estava com a mão ai!
Solto um gemido involuntário, sentindo minha calcinha ficar ainda mais úmida, e Will continua me torturando com os beijos e toque, começo a sentir algo que nunca senti, não estou acostumada a esse tipo de toque íntimo. Afasto minha boca da dele meio sem fôlego. É um toque tão pessoal, não deveria permiti-lo, mas quero muito. William lê meus pensamentos e continua passando o dedo num vaivém tortuoso sobre minha calcinha, então me olha, beijando meu queixo.
— Posso parar se quiser.
Parar? Quê? William me dá um sorriso cínico e afasta para o lado minha calcinha passando o dedo sobre meu clitóris, incendiando ainda mais meu corpo.
— O que você quer, Borboleta? Diz...
Não consigo formar palavras com o dedo dele me torturando, e ele sabe, tanto que seu sorriso se alarga. Com o dedo indicador massageia o ponto sensível e fecho os olhos em êxtase, estou quase explodindo na mão dele e Will afasta o dedo... Mordo o lábio com tanta força que acho que vai ficar marcado. Quero gritar para que não pare, mas ele me surpreende descendo um pouco mais o dedo, chegando onde estou encharcada.
— Me quer aqui? — Malicioso, coloca um dedo dentro de mim, enquanto o polegar volta a tocar meu clitóris. Simplesmente me deixo levar, deito novamente arqueando as costas, sentindo algo que nunca achei ser possível sentir. — Sabe quantas noites fiquei imaginando como você era chegando ao clímax? — Sua mão continua a tortura. — Está tão molhada... Deve estar deliciosa... Hmmm, isso vai ser difícil. — Captura minha boca com determinação e força.
De jeito nenhum quero que ele pare, quero senti-lo mais perto, sinto que estou perto de explodir e não resisto, retribuo de forma enlouquecedora seus beijos. Will acelera o vaivém com o dedo, e seu polegar massageia meu clitóris mais rápido, o que faz meu clímax chegar de forma descontrolada.
Jogo a cabeça para trás contendo um grito. O movimento do dedo dele mais os beijos famintos me levam a um clímax intenso, e antes de perceber estou apertando os ombros dele com as unhas, sinto como se estivesse saltando de paraquedas. É simplesmente fantástico.
Foi bom, intenso e impressionante.
— Borboleta, queria ter filmado para ver repetidas vezes. — Me dá outro beijo.
Abro os olhos e vejo William me encarando com um sorriso bobo nos lábios, ele ajeita minha calcinha e abaixa meu vestido, olho para ele sem compreender.
— Nada do que imaginei chega perto. — Dá mais beijos em minha boca. — Você é linda quando chega ao clímax, estou louco para ver isso outras vezes.
Fico feliz por ter dito isso, já que está excitado ainda... Desço minha mão pela lateral do seu corpo sem tirar os olhos dos dele e encontro o que quero. Will geme, jogando a cabeça para trás e morde o lábio com força, então afasta minha mão.
— Jeff está chegando. — Aperta os olhos, lamentando.
Volto à realidade. Saio do sofá com tanta rapidez que acabo derrubando-o no chão.
— Desculpa, Will — digo, procurando um espelho.
Devo estar descabelada depois dessa... dessa... Bem... dessa alguma coisa que fizemos. Will levanta e sua ereção continua ativa, na verdade, ainda maior, me sinto tentada a tocá-lo, mas ele tem razão. Jeff está chegando. Nossos olhos permanecem cravados um ao outro e a eletricidade causada pelo olhar dele segue para minha coluna, o que faz cada pedacinho meu tremer. Minhas pernas estão bambas, minha barriga retorce bem abaixo do ventre, como se fosse cólica, mas sei que é desejo.
— Atrapalho o ilustre casal? — Jefferson chega e para na porta. — Posso sair se quiser.
— Não precisa, Jeff — falo ainda olhando William. — Conversaremos mais tarde. — Afasto-me indo até Jefferson. — Já me deu vários minutos de privacidade — digo sem graça.
— Não o suficiente. — Olha para Will, e faço o mesmo.
Ele ainda está excitado, o que está evidente na boxer. O que me dá uma vontade enorme de agarrá-lo e vê-lo perder o controle, mas sorrio e olho Jefferson novamente.
— Eu disse que precisávamos de muito tempo. — Pisco para ele, que apenas ri. — Vou indo, preciso expulsar o Lucas da minha casa.
— O que seu amigo está fazendo lá? — Jefferson pergunta, franzindo a testa.
— No momento deve estar falando um monte de palavrão e jogando — digo, ainda receosa de ele notar de alguma forma o que rolou, e dou risada. — Falamos mais tarde, Will.
Vou para a praça, completamente confusa. Preciso mesmo conversar com William depois do que aconteceu agora... Sempre o desejei, mas nunca notei ser algo recíproco. Ele pareceu tão envolvido, tão certo do que estava fazendo. Mas como Jefferson chegou não conversamos. Levanto-me do banco e vou para casa...
Meu domingo está bem movimentado... Não são nem 13h... E talvez tenha perdido dois dos meus melhores amigos... Que confusão!
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