1 - Luíza
O recomeço...
— Oi! — Will chega no momento que estou lavando o carro, nem tinha percebido.
— Oi, tudo bem? — Sem graça, endireito-me. — Alguma coisa com o Carlos?
Faz apenas uns meses que voltamos a conversar com mais frequência. Nesses 13 anos muita coisa rolou, e só voltamos a conversar agora porque meu filho pediu para ele ser seu professor de música. Se é destino ou pegadinha, não faço ideia, mas estamos ambos divorciados e agora nos vendo novamente com frequência.
— Não. — Se aproxima e pega a bucha da minha mão, colocando-a no balde com água. — Você não deveria estar fazendo isso.
— Bem — não consigo conter o riso —, o carro é meu, está sujo e até onde eu sei, não se lava sozinho.
— Sim, mas não precisa você fazer isso. Quer que eu peça para levar ao lava rápido?
— Tá legal, William, o que está rolando? — O encaro, sem entender. — Disse que não há problemas com relação ao meu bebê, então o que houve? — Pego novamente a bucha e volto a trabalhar, irritada. Ele está exagerando.
— Desculpa, não tinha intenção de te irritar. — Agacha próximo e começa a me ajudar. — Só queria que descansasse na sua folga, você trabalha demais e quando chega em casa, é mãe, professora e tudo mais.
— Como sabe disso? — Paro e o observo, franzindo a testa. — Até onde sei, você mora a algumas ruas abaixo da minha casa e poucas vezes vem para me visitar.
— Sou professor e amigo do seu filho — fala rindo, da minha cara provavelmente.
— E o que meu bebê pode ter dito a respeito disso?
— Não sei se sabe — ergue uma sobrancelha e me encara com aquele sorriso lindo —, mas seu bebê, como diz, vai fazer 13 anos e se preocupa com você.
— Está certo — dou risada tendo que concordar —, ele não é tão bebê assim. — Levanto-me. — O que houve para vir aqui?
— Vim falar com Carlos.
— Ele não está. — Olho meu carro quase limpo e ligo a mangueira para tirar o sabão. — Está com o pai, chega daqui a pouco. — Termino de tirar o sabão. — Se quiser esperar, termino aqui e faço um café ou volta às 15h. — Ele olha o relógio e sorri.
— Falta pouco. Se não te incomodar, vou ficar.
— De jeito nenhum, Will. — Continuo lavando meu carro e ele se junta a mim.
Depois que me casei, nos distanciando por completo, ele viajou e ficou um tempo na Grécia se não me engano e quando voltou, pouco nos víamos em festas ou eventos da igreja. Há uns anos ele se casou e seguimos nossas vidas, ele recém-casado, eu com marido e filho. Trocávamos apenas palavras essenciais.
Há dois anos, divorciei de Fernando, mas não voltamos a nos falar com frequência. William estava casado e mesmo se não estivesse não me interessava, depois do que Fernando fez, quero distância de relacionamento.
— Que tal um lanche? — falo rindo, como fazíamos quando adolescentes.
— Por favor, madame. — Faz uma reverência me estendendo a mão, zoando como antes.
— Obrigada, senhor. — Seguro sua mão e subimos, rindo da brincadeira.
Até Carlos chegar, não vou ser deselegante e deixá-lo sozinho para tomar o banho que quero, então apenas torço a ponta da camiseta molhada e enrolo colocando para dentro da gola, formando quase um top, aproveito que estou com o short por baixo da saia e tiro-a ficando apenas com o short que está menos molhado. William tem razão quando disse que eu poderia ter mandando o carro para lavar, mas estava entediada sem meu filho em casa e já tinha deixado todos os relatórios da empresa organizados, então fui lavar o carro. Prendo o cabelo em um coque frouxo e coloco um lápis para segurá-lo.
— Espero que goste de pão de forma, pois é o que tem. — Vou ao armário e pego pão de forma e biscoitos salgados. — Tem requeijão e queijo, qual prefere?
— Na verdade, quero apenas o café. — Parece um tanto desconfortável.
Que droga! Tem apenas meses que voltamos a conversar, e eu estou tirando a roupa na frente dele, como se fosse algo comum. Não posso negar que ele ainda mexe comigo, e muito, principalmente quando dá aquele sorriso lindo de lado, mas não sou mais aquela adolescente virgem de antes e meu corpo agora já responde de outras formas. E pelo que posso notar o dele está reagindo da mesma forma ao me ver assim. Melhor ficar longe antes de fazer besteiras.
— Vou fazer o café. — Afasto-me desviando o olhar do dele. — Porém, como não almocei ainda, vou comer pão. Se quiser me acompanhar... — Termino de falar colocando tudo sobre a mesa. — O que é tão importante para falar com Carlos? — Coloco a cafeteira para funcionar. Afastando-me do calor imenso que sinto com ele por perto.
— Na verdade não sei bem. — Levanta e começa a preparar um pão. — Ele que pediu para eu subir à tarde. — Coloca uma fatia de queijo e requeijão, junta as duas fatias... Fico imaginando... Para quem disse que não iria comer, está bem à vontade. — Acho que não deve ter mudado muito seu gosto... — Vira e me dá o pão, sorrindo.
— Be-be-bem, não. — Tá legal, ele me pegou de surpresa. Sorri totalmente sem graça com a situação e mais constrangida com a gagueira idiota. — Obrigada. — Dou uma mordida. Preciso relaxar, sou uma mulher adulta. Vou até o sofá. — Como sabe que coloco os dois? — Sento-me sobre as pernas, sem nenhuma educação.
— Bem... — Senta ao meu lado. — Tivemos muitos encontros quando adolescentes, lembro-me de que, às vezes, quando tinha lanches, sempre colocava requeijão no pão... E como colocou o queijo junto sobre à mesa, achei que comeria os dois.
Estou completamente fascinada. Nunca tinha reparado que fazia algo assim com frequência, apenas gosto mesmo de requeijão no pão, mas nunca tinha reparado que sempre colocava antes de qualquer coisa.
— Me surpreendeu — brinco, tentando relaxar. — Não sabia que tinha uma memória de elefante. — Ele faz careta e dou risada.
— Só para algumas coisas. — Pisca para mim e dá seu tradicional sorriso de lado. — Só as que realmente importam. — O encaro e me surpreendo ao vê-lo me olhando. Sinto um arrepio com a intensidade do seu olhar.
Desvio o olhar sem graça, fico idiota perto dele agora que voltamos a conversar, e preciso parar com isso. Gostei dele quando eu tinha 15 anos, vou fazer 33, tudo mudou e preciso parar.
Sinto-me estúpida, fiquei casada por dez anos, e ele por três ou quatro, eu acho. Isso já deveria ter passado, mas agora que William começou a ensinar meu filho, está meio estranho, estamos tentando fazer nossa amizade voltar como antes, mas meu corpo agora não é mais de adolescente e por diversas vezes tem interpretado as ações dele de maneira que não condiz com minha mente. Como essa conversa e olhares agora. Meu corpo está implorando para que estivéssemos sem roupas.
— O Cá não disse que só estaria aqui depois das 15h? — Levanto-me desconfortável. Preciso parar com essas ideias malucas.
— Não. Disse para eu vir à tarde. — Levanta. — Se estou incomodando, vou embora, Lu.
— Larga de besteira, Will — falo indo até a cafeteira —, vou pegar café. — Pego duas xícaras, sirvo o café e entrego a ele. — É sempre bem-vindo. — Tomo um pouco do café. — Mesmo que raramente venha.
— Você nunca me convidou. — Faz careta ao tomar o café.
— Está amargo — dou risada e me levanto para pegar o açúcar —, às vezes, esqueço que as pessoas gostam de colocar açúcar em suas bebidas. — Pego o açucareiro e lhe entrego. — Quanto ao convite, não precisa de um, somos amigos há muito tempo, Will. Deve valer para alguma coisa. — Ele para a colher com açúcar no meio do caminho, me olha com um meio sorriso, então adoça o café.
— Somos amigos sim, mas não achei que poderia te visitar a hora que eu quisesse.
— Não necessariamente. — Dou risada. — Sabe que eu trabalho. Tenho faculdade e o Carlos para cuidar, definitivamente não tenho tempo para fazer convites, mas adoro visitas — tomo mais café —, só faz o favor de não vir na hora que eu estiver dormindo, tenho poucas horas de sono por dia, Will.
— Nem sonharia em lhe tirar isso — sorriu —, mas já que disse isso, pode descer lá em casa a hora que quiser e se precisar conversar... — Deixa a frase morrer, mas entendo o final.
Estarei sempre aqui. É assustador o quanto nos conhecemos! Tudo nele sempre foi encantador, mas nada se compara ao sorriso e a covinha que aparece toda vez que ele está feliz.
— E como estão as coisas no trabalho? — Procuro um tópico mais seguro.
— Cada dia melhor, graças a Deus, agora tenho clientes fiéis e uma renda fixa aceitável... — Ele ri e não consigo deixar de sorrir. A renda dele nunca foi menos do que aceitável.
— Então agora você já está milionário? — provoco.
— Não é para tanto, vossa alteza. — Senta-se ao meu lado no sofá. — E você como está com o estágio?
— Tenho me dado bem com isso — começo a viajar nos pensamentos —, tenho um cliente que tem um problema sério, ele é uma graça, Will, pena que está sempre comprando algo... — Tomo mais um pouco de café.
— Isso não é um problema grande... — Dá de ombros, sorrindo por detrás da xicara. — Se ele gasta o próprio dinheiro.
— Talvez não, mas ainda assim é um problema e a gravidade é que ele compra para agradar os outros e quando os outros não ficam contentes com o que ele compra. Bom... — Encolho os ombros, desanimada. É um caso muito chato. — Pode-se dizer que ele não fica muito feliz.
— Mas isso é...
— Não devia estar falando dos meus pacientes, sabe disso — o interrompo, lembrando-me da ética do trabalho.
— Verdade. — Ele sorri, concordando. — Me fala sobre você, como está na faculdade?
— Tudo em cima, como diz a Helen. — Acabo rindo. — Estou ralando para conseguir acompanhar, não sei se você sabe, mas estou ficando velha para sala de aula.
— Você não é velha, só tem 32 anos.
— Que seja. — Dispenso com um gesto. — Tenho conseguido acompanhar, isso é bom.
Ficamos conversando de tópicos tranquilos... Lembro-me da época que fazíamos isso com frequência... Só percebemos Carlos chegando quando ele começou a gritar dos últimos degraus.
— Mãe... Papai falou que... — Olha Will ao meu lado e diz franzindo a testa. — Will?!
— Seu pai disse isso? — Não pude deixar passar, mas logo completo dando uma leve bronca. — Parece que alguém o convidou, não foi?
— Caramba! — Passa a mão sobre o cabelo na parte da nuca. Coisa que só faz quando está constrangido. — Desculpa, mãe, esqueci de dizer o horário. — Olha Will, a mesa e depois para mim. — Há quanto tempo chegou?
— Mais ou menos uma hora, querido. — Lhe dou um beijo na testa. — Não se preocupe, não o deixei constrangido na frente do seu professor, mas acho que deveria ser mais cuidadoso, não acha? — digo arrumando minha camiseta. — Will podia ter compromisso e você está o atrapalhando, lindo.
— Eu sei, desculpa — responde ao mesmo tempo em que Will diz "não tinha nada marcado", então rimos.
— Até que não foi ruim, filho. — Vou até a geladeira pegar um suco. — Conversamos de várias coisas e... — buzina — Seu pai não foi embora? — pergunto, franzindo a testa.
— Nossa — espalma a mão na testa —, ele disse que quer falar com você, mãe.
— Ahhh, ótimo. — Reviro os olhos. Conversar com meu ex-marido é quase como ir para a guerra. — O que enfrentarei hoje?
— Não sei dizer, mãe. — Encolhe os ombros.
— Está certo. — Coloco o suco sobre a mesa. — Querido seja o que for que precise falar com Will, não o atrapalhe muito — completo chegando à escada. — Ele já deve ter cansado de ficar aqui, coitado. — Termino a frase, quase no último degrau da escada.
Fernando está encostado a sua moto com os braços cruzados na frente do corpo. O tempo tem sido generoso com ele, continua muito bonito. Sempre com a barba e cabelos bem feitos, e está com sua jaqueta tradicional de moto. Ele me encara com aquele sorriso irritante, o deixando ainda mais prepotente, sem mesmo abrir a boca.
— Olá, Fernando, o que aconteceu?
— Oi, Lu. — Abre ainda mais o sorriso ao me ver. — Como você está?
— Bem, obrigada, e você?
— Mais ou menos. — Desencosta da moto. — Sentindo sua falta — Fala um tanto baixo.
Devia ter pensado nisso antes, o pensamento passa tão próximo aos meus lábios que quase digo, mas me afasto sorrindo.
— Sinto falta desse sorriso. — Encosta-se à lateral da moto.
— Não tenho o dia todo, precisa de algo?
— Muito ocupada?
— Hoje é domingo, sempre estou ocupada, já lhe ocorreu que eu possa querer ficar deitada a tarde toda? — Tento usar o sarcasmo. — Tenho muita preguiça, lembra? — A lembrança logo me invade e cerro os punhos ao lado do corpo para me controlar. — O que você quer? — digo quase entredentes.
— Lu, você sabe que...
— Não — o interrompo, erguendo uma mão. — Já te disse que palavras não voltam atrás, Fernando, o que você quer?
— Mesmo assim, desculpa... — Olha para mim sorrindo e não respondo. — O que vai fazer sexta? — Fala como se perguntasse do clima ou de uma nova flor que surgiu num jardim, e não falando da minha vida.
— Não preciso dizer a você minha agenda, não é? — Dou meu melhor sorriso, erguendo uma sobrancelha e cruzo os braços.
— Claro que não. Só que vou levar Carlos para jantar e gostaríamos da sua presença.
— Gostaríamos? — Continuo com os braços cruzados.
— Sim. — Me encara e vejo novamente o brilho de arrependimento. — Lu, sei que fui um idiota... — Para me encarando e não o corrijo. — Nunca quis te magoar, nunca pensei... Nunca pensei. — Respira fundo, vem até onde estou e segura minhas mãos. — Se eu pudesse voltar no tempo, faria o impossível para conquistar você todos os dias, mas não posso apagar o que fiz, porém, quero muito você de volta...
Se fosse outro tempo ou outra Luíza, estaria derramando lágrimas e talvez até pularia nos braços dele e o beijaria. Nunca o amei, pois esse sentimento sempre foi reservado ao meu filho, porém, sempre nos demos bem e nos respeitávamos. Sei que se arrependeu, e que se o aceitar novamente fará o impossível para provar que me merece, mas não sou mais aquela mulher, ele matou isso aos poucos, com palavras e atitudes inacreditavelmente arrogantes.
Eu lhe entreguei meu coração e ele não só o partiu em diversos pedaços como jogou no chão e pisou em cima deixando para quem quisesse pegar, então, por mais emocionante que este discurso seja, preciso do meu coração inteiro, por isso respondo friamente.
— Uma pena, mas não vai rolar. — Solto a mão dele. — Quanto a sexta... Não sei, minha agenda anda apertada ultimamente, confirmo até quarta, pode ser?
— Vamos amar se vier. — Se aproxima tentando pegar novamente minha mão.
— Era só isso? — Afasto-me de seu toque.
— Parece que terminamos antes de vocês... — A voz de Will vem do final da escada e vejo o exato momento em que Fernando fica tenso e enrijece o maxilar, olhando por cima do meu ombro. — Olá, Fernando — Will o cumprimentou, com aceno de cabeça. — Lu, minha linda, já estou indo. — Segura minha mão.
— Oi, William — Fernando diz ainda rígido.
— Resolveu o negócio com o Carlos? — Ignoro Fernando.
— Sim, o que ele queria era coisa rápida. — Acaricia minha mão com o polegar e continua olhando em meus olhos. — Até a noite, Lu. — Beija minha bochecha. Coisa que não faz há uns doze anos, mais ou menos.
Fico sem graça como uma adolescente que recebe o primeiro beijo, mas meu corpo se acende por completo com o cheiro do perfume dele. O encaro. Seus olhos castanhos estão sorrindo. Isso é possível?
Will sai, despedindo-se de Fernando novamente com um aceno de cabeça.
— O que ele fazia aqui? — Fernando diz após Will se afastar.
— Esperando Carlos — digo ainda olhando Will sumir no final da rua.
— Com você? — O encaro erguendo uma sobrancelha e cruzo os braços. — Quero dizer... Ele estava aí quando chegamos? Com você? Na casa? Sozinhos?
— Tecnicamente quando tem mais de uma pessoa, não se pode considerar sozinho — falo calma, apenas provocando-o. — E sim, ou o viu subir depois disso?
— O que ele estava fazendo aqui? — fala todo autoritário.
Se bem o conheço está com ciúmes. Deveria se conter, não somos nada mais um para o outro!
— Já respondi.
— E por que lá dentro? — Está ficando alterado. Como se tivesse direito disso.
— Acho que isso... É problema meu, não? — provoco-o, ele fecha a cara. — Mas... Seria deselegante de minha parte ficar uma hora aqui fora, em pé, até você chegar com Carlos...
— Uma hora!? — Quase grita e olha minha roupa, que continua molhada.
Vejo as engrenagens da cabeça dele girar. Possivelmente pensando no que fizemos dentro de casa em uma hora.
— Se já acabou, vou entrar para falar com meu bebê. — Ele leva uns segundos para registrar a conversa.
— Espera... — Se recompõe. — O Carlos está com um machucado leve. Foi coisa simples... — Acrescenta rápido, assim que fecho a cara. — Estávamos brincando e ele caiu... Mesmo não sendo necessário o levei ao médico, ele está bem. — Tenta me agradar.
Todos, sem exceção, sabem perfeitamente que sou completamente louca pelo meu filho, mesmo sendo adolescente o trato como meu bebê, às vezes, sei que acabo sufocando, mas é mais forte do que eu.
— Certo — continuo o encarando, pois sua expressão me diz que vem mais coisa e possivelmente será sobre William —, ainda bem que levou ao médico.
— Sim... Sim... — concorda, mas não está me escutando. — O William veio mesmo sabendo que Carlos não estava?
— Gostaria de dizer que veio me ver — o provoco e ele enrijece, novamente —, mas não foi. — Suspiro para dar ênfase. — Veio a pedido de Carlos. — Começo a me irritar por estar lhe dando explicações. — Me ajudou e logo em seguida aceitou me acompanhar para um lanche.
— Ele não sabe que não deve entrar na casa de uma mulher quando ela está sozinha? — É irônico e finjo desentendimento.
— Não vejo motivos. — Dou de ombros. Se é para jogar, vamos jogar!
— Mas eu vejo... — Fica carrancudo, não completa.
— Quer explicar? — Espero. Sempre foi tímido e não fala seus pensamentos em voz alta. Mesmo eu já os tendo lido em seus olhos.
— Não, mas ele deveria saber...
— Eu sei perfeitamente o que acontece quando uma mulher que NÃO É SUA ESPOSA entra na sua casa, sem a esposa em questão estar — completo antes que ele fale algo —, mas tem homens que ainda são cavalheiros, Fernando. Não me importo se as pessoas vão falar. — Irritada, completo: — Minha vida, minha casa e — paro dando ênfase, o deixando ainda mais curioso — meu corpo... Até onde sei, sou eu que os controlo e decido o que fazer.
— Sim. — Ele aperta tanto as mãos que os nós dos dedos ficam brancos. Está furioso, mas se controla. — Mas deve levar em consideração que tem um filho — dispara, gesticulando.
— Do mesmo modo que você levou em consideração anos atrás, não é? — Fico centímetros do peito dele. — E por falar nisso, leve você em consideração o fato de ter sido meu filho que chamou ele aqui na minha casa. — Com isso me afasto. Estamos quase fazendo um escândalo na rua. — Vou entrar... Se precisar falar algo mais, só ligar. — Fecho o portão e subo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro