São 02:00 da madrugada e eu estou mais preparada que nunca para viver a minha própria história e não mais como personagem secundária, sim como protagonista.

Me levanto da cama e coloco algumas roupas cobertas para parecer uma pessoa caso alguém venha ao meu quarto. Ficou tão bom que até eu mesmo acreditaria que tem alguém.

Até que enfim as roupas de homem que comprei em uma das minhas idas à cidade vai me ser útil.

Prendo meus cabelos em um coque alto e coloco um chapéu, visto uma blusa e um terno e logo me sinto mais confortável. Alguém tem ideia de como esses vestidos são sufocantes?

Será que estou irreconhecível? Isso definitivamente vai ter que servir. Coloco uma calça e, para completar... Um bigode!

Perfeito!

Rio um pouco de mim ao me olhar no espelho, mas estou bem contente com o resultado. Aproveito esse momento de falta de lucidez e procuro por minhas joias e todo o dinheiro que tenho, sei que irei precisar.

Respiro fundo por alguns segundos ao olhar para a janela do meu quarto.

- Você sempre fez isso, Teresa, não vai ser agora que não vai conseguir. - Tento me convencer e saio pela janela, descendo pelos tijolos da parede que são irregulares.

O vento da noite estava forte e eu poderia até me tremer com isso, se não fosse pela adrenalina que percorria todo meu corpo.

Ah, Teresa... Onde está se enfiando?

Vejo Pantera, meu cavalo preto, do lado do estábulo e monto rapidamente nele. Eu preciso urgentemente chegar à cidade para poder descansar, estou absurdamente cansada e não sei como farei para encontrar um abrigo tão tarde da madrugada.

Faço carinho na cabeça do meu cavalo e ordeno para que ele ande, tomando as rédeas e o conduzindo para o lado oeste da cidade, onde eu sei que ninguém me reconhecerá. Ninguém pode saber quem eu sou, porque contarão ao meu pai e eu ficarei em uma grande enrascada.

O vento está incontrolável e após me acalmar, começo a sentir aquele frio forte e quero me abraçar, porém não posso, já que estou cavalgando. Céus, me ajudem...

Algumas horas se passam desde a hora que eu saí, mas ainda está escuro... Se eu chegar cedo à cidade, conseguirei um bom local para passar o resto do dia e quem sabe não consigo arrumar um trabalho. Mas primeiramente, preciso dormir.

Vejo algumas formas e sorrio, finalmente cheguei ao meu destino! O Oeste é bem diferente do que imaginei, parece uma região extremamente carente.

Desço de Pantera e ando ao seu lado, a guiando. Sinto-me apavorada pois a cidade está silenciosa e as casas são sem cor daquele lado do Oeste... Eu preciso procurar um local mais próximo do castelo, deve ser mais seguro.

Bocejo e balanço a cabeça para tentar me manter acordada. Encontro um lugar com as luzes baixas, todavia, possui uma placa escrito "aberto".

Amarro Pantera em uma árvore enquanto entro no ambiente que tem um cheiro estranho e forte demais. Onde eu me enfiei?

- Bom dia, senhor - diz uma moça ao me ver entrando e eu solto um pigarro para tentar forçar a voz.

- Bom dia! Desejo um quarto para ficar por três dias. - Engrosso a voz e fica estranhamente bom para quem não tem costume com esse tipo de coisa.