Já se passaram 5 dias, e durante esses dias, fico confinada em meu quarto. Esse é o meu castigo, mas dessa vez meu pai foi ainda mais severo, está até regulando minha comida e não deixa nem mamãe, nem Alicia se aproximarem de mim.

Me sinto solitária, me sinto cansada e vazia... Mas o pior de tudo é que me sinto com saudades. E como esse sentimento é doloroso!

Eu quero acreditar no que Matteo disse e esperar ele voltar. Mas como poderia saber disso? Eu não o conheço tão bem para saber se é um bom cumpridor de promessas.

O nosso beijo não sai da minha mente e eu o agradeço por ter me dado. Não sei como seria morrer sem ter tido a chance de o beijar.

Lembro-me de meu pai ter dito algo sobre serem apenas 5 dias de castigo, como se fosse pouco. Ele ficou irado ao me ver dançando com Matteo e mesmo após minha explicação de que eu não o conhecia, nada adiantou.

Mamãe tentou interferir, mas como ela poderia? Era tão inofensiva, tão sem voz... Como eu quero protege-las.

Ouço o barulho da chave girando na porta e agradeço aos céus quando vejo minha mãe ali.

— Seu pai falou para eu vir te liberar — diz depois que me vê deitada no chão enquanto olho para o teto.

— Aqui neste quarto ou em qualquer lugar do castelo, não sou nada além de uma prisioneira.

— Isso acabará em breve, filha...

— Em breve isso acabará... comigo. — Suspiro e me levanto rapidamente.

— Onde vai? — Mamãe me questiona.

— Tomar um ar no jardim — explico sem dar muita ênfase e ando apressadamente até o jardim.

Chego e respiro fundo, tentando inalar o máximo que consigo do ar livre, puro e tudo o que eu claramente não sou. Esse vento é rebelde, indomado...

De alguma forma parece que ainda consigo sentir o cheiro de Matteo e isso me agrada, me faz pensar em uma chance de uma vida melhor. Uma chance de uma vida longe desse castelo.

Parece que as palavras que ele me disse naquela noite ainda estão guardadas e sendo ditas em um sussurro pelo vento... Desde quando me tornei tão poética e romântica?

Balanço a cabeça e penso que só posso estar delirando. Não faz sentido algum eu ficar pensando em um homem que vi somente por uma noite e que provavelmente nunca mais verei.

Rio dos meus próprios pensamentos, me sinto tão tola nesse exato momento. Por que eu acreditaria nele?

Toco meu colar e lembranças de minha vó permeiam minha mente.

— O que a senhora faria, vovó? Eu posso ir embora, mas como faço isso e abandono todos que amo? Como sobreviverei quando sair desse palácio?

Se não fosse por ser mulher... Como eu odeio o mundo nos dias de hoje, espero que algum dia nos valorizem mais.

Sei escrever, pintar, bordar, tocar, cantar, lutar e tantas outras coisas, mas quem se importa? Talvez se eu fosse um homem...

Talvez se...