Capitulo Vinte e oito - Marcos
Anteriormente em 'Meu presente, Seu futuro, Nosso passado': Em busca de informações sobre Guto, o misterioso pai biológico de Bia, Marcos não descobre tanta coisa que prove suas teorias, mas acaba se envolvendo em uma confusão.
Boa leitura =D
(Capitulos novos toda quarta feira)
21 de outubro de 2032.
- E as tendas?
- Estão terminando de montar. – Dolores diz.
- O palco está pronto?
- Falta a última camada, que será a passarela, assim tudo ficará mais estável e seguro.
- A prima de Vinicius conseguirá entregar os salgados a tempo?
- Sim, falei com ele agora a pouco.
Medito sobre quais outros pontos são importantes.
- Marcos, relaxa, está tudo em ordem, aproveita o dia com Theo.
Miro o garoto, que se diverte com os carrinhos expostos nas prateleiras brancas.
- Desculpa, é que a nossa única chance e minha cabeça está à mil.
- Com fé em Deus tudo correrá bem amanhã. – passa confiança.
- Certo. – respiro fundo. – Qualquer coisa que precisar, me liga.
- Ok. Manda um beijo pra Theo.
Nos despedimos e aproximo do meu filho.
- Sua tia Dolores mandou um beijo.
- Tá. – não dá atenção, focado em um caminhão amarelo.
A imensidão de opções é impressionante, miniveículos de diferentes cores e tamanhos se espalham pela seção.
- Pai, compra esse? – estende o objeto de seu desejo.
Giro a caixa do brinquedo de um lado a outro, garantindo que vale a pena o investimento, mas ao ver o valor, devolvo imediatamente ao lugar de origem. Não surpreende que façam a etiqueta tão pequena, assim os mais desavisados são facilmente enganados.
- Esse é caro, escolhe outro.
- Então eu quero um foguete.
- Fomos em todas as lojas, não tem foguete. – sua obsessão por coisas relacionadas ao espaço já está dando nos nervos.
- Então quero esse.
- Já disse, não.
- Você não compra nada. – cruza o braços, birrento.
- Existem outros tão legais quanto esse, e que custam muito menos. – tento contornar. – E você já tem um carrinho de controle remoto.
- Ele quebrô.
- Como?! – fico surpreso.
- Eu levei pra escola e tava disputando corrida com Fernando e Claudio, ai quando era pra descer o escorregador do parquinho ele saiu girando e caiu no chão, e quebrô. – fala com a maior naturalidade, nenhum traço de culpa na voz.
- E porque colocou o carrinho para descer no escorregador?
- Era parte da corrida, estávamos no quarto desafio, o mais difícil, meu carrinho ia ser o melhor.
Lanço um olhar de reprovação.
- Não comprarei outro carrinho de controle remoto.
- Por quê? – sinto sua indignação.
- Porque quebrou o primeiro. – justifico. – Se quiser um carrinho, escolha um normal.
- Eu vou ter cuidado. Por favor... – agarra minha calça jeans.
Acho que faz de propósito, sabe o poder que esse olhar de clamor tem sobre mim, mas permaneço firme.
- Não.
- Por favorzinho...
- Não.
Agarra minha perna direita como gesto de birra.
- Se não escolher um carrinho mais barato, não levaremos nada. – advirto.
Theo ergue a cabeça, chateado.
- Eu quero aquele.
- Então vamos embora. – o afasto e começo caminhar, mas ao perceber que não sou acompanhado, paro. – Vamos, Theo.
Desvia o olhar para as prateleiras, contrariado.
- Tá bom, eu escolho outro.
Suspiro, esse garoto precisa urgentemente de limites.
Demora um tempo, mas finalmente deixamos a loja com uma escavadeira alaranjada, e após receber uma mensagem de Caio, direcionamos até a entrada mais próxima do shopping Iguatemi.
Meu amigo e sua esposa vem em nossa direção, a mulher carregando uma enorme bolsa rosa a tiracolo e o outro com um pano azul escuro amarrado ao tronco. Memórias de anos atrás preenchem a mente.
- Eai Cabeça, finalmente apareceu. – brinco ao cumprimenta-lo.
- Culpa dessa pequenina. – aponta para a filha, segura contra seu peitoral em uma posição semi-inclinada. Os olhos esbugalhados e atentos analisando meu rosto.
- Oi Lu. – acarinho sua barriga, revestida por um macacão vermelho com detalhes em laços cor de rosa.
Cumprimento Mariana com um beijo no rosto:
- Precisa de ajuda? – aponto a bolsa que parece pesada.
- Não, está tudo bem. – sorri gentil.
- Eai theozão. – Caio é ignorado e o garoto continua focado no brinquedo. – Tem tanto tempo que o vi que aposto que nem lembra mais de mim.
- Estão falando com você filho. – o cutuco.
- Oi. – ergue a cabeça momentaneamente, mas algo logo chama sua atenção. – O que é isso? – aponta para o tecido azul.
- É minha filha. – Caio responde sorridente, e agacha afim de que o outro tenha um melhor vislumbre.
Theo parece hipnotizado com o bebê:
- Por que é tão pequeno?
- Bebês nascem assim. – meu amigo explica.
- Você já foi desse tamanho. – agacho ao lado, e ele mira com certa surpresa:
- Por que a gente não pode nascer grande?
Caio e eu nos divertimos.
- Porque assim não caberíamos na barriga das nossas mães. – respondo.
- E por que temos que ficar na barriga das mães?
Fico pensativo, e Mariana intervém:
- No inicio os bebês são muito pequenos, menor do que está vendo agora..., são como um grão de areia. Dentro da barriga eles crescem até ficar desse tamanho, e então, no hospital, o médico os tira.
- Como frutas?
Todos franzem o cenho.
- Como assim, filho?
- Minha professora disse que as frutas antes de ser frutas são flores. Elas se transformam em um carocinho e crescem até estar prontas pras pessoas comer.
Admiro sua inteligência e atenção aos detalhes. É uma ótima analogia.
- É mais ou menos isso. – a mulher ri.
O garoto parece compreender, pois permanece quieto, esticando em direção à Luana.
- Devagar filho, ela é muito frágil.
Theo corre a mão de forma desajeitada pela careca da bebê, descendo até o rosto:
- É fofinho.
O homem moreno concorda com um sorriso, compartilhando o sentimento com a esposa. Deixo os dedos pousarem na perna rechonchuda de Luana, e meu filho não poderia estar mais certo. A pele macia e escura, como a dos pais, brilha sob a luz artificial. Recém-nascidos são sempre a visão de um milagre, conduzindo minha mente a uma época difícil, mas ao mesmo tempo prazerosa e feliz.
Levantamos e continuamos através dos corredores do shopping, sem destino definido.
- Como estão levando as coisas com a grande/pequena novidade? – fito a criança, que por sua vez parece focada no pai.
- É mais fácil do que eu pensava. – Caio expõe. – Ela tem poucas cólicas, chora pouco, só quando necessário mesmo.
- Sol também tem nos ajudado muito. – a mulher complementa.
- Na verdade minha mãe está quase morando lá em casa. – ri brevemente. – E eu não aguento mais isso.
O comentário me tira uma risada.
- Se não fosse por ela teríamos que parar de trabalhar, está mais servindo que atrapalhando. – Mariana considera.
- Mas ela poderia ajudar sem gritar que estou fazendo tudo errado. – meu amigo protesta.
- Talvez você esteja fazendo tudo errado. – ela rebate com sensatez e o outro se mostra desgostoso.
Não contenho o riso perante a cena, que faz lembrar o quanto Verônica foi importante nos primeiros meses de vida do meu filho.
- Pai, compra sorvete? – a voz de Theo atrapalha os pensamentos.
- Agora não.
- Só um.
- Depois, filho. – falo de forma incisiva.
- Vocês tem sorte. – volto-me para os dois. – Esse aqui chorava para tudo, o dia inteiro, minhas olheiras eram mais profundas que um poço.
Se divertem.
- Ela é bem quieta, até demais. – Mariana diz. – Acho que a única dificuldade que enfrentamos foi ela ter febre durante três dias, levamos no médico e ele disse que era uma virose.
- Até por isso decidimos sair hoje, ela estava ficando praticamente o dia inteiro dentro de casa. – Caio conclui.
- E coxinha? – a voz do garoto se faz presente, alta e aguda.
- O que foi, Theo?
- Compra coxinha?
- A gente acabou de almoçar, você não está com fome.
- Tô sim.
- Mais tarde a gente compra. – a mentira mais antiga contada pelos pais.
Suspiro, mantendo a parcimônia, e retomo a conversa anterior:
- Theo também teve uma virose na época e a pediatra disse que às vezes o bebê apresenta esse tipo de reação, é uma resposta do corpo, que está se adaptando ao ambiente externo, o qual é muito diferente do útero.
- Deve ser isso. – Mariana concorda com acenos de cabeça.
- Mas agora ela já cem por cento, não é meu amor? – o homem assume uma voz terna, brincando com a criança, que por sua vez mostra contornos de felicidade.
- Posso brincar no parque? – Theo insiste.
Avisto a grande área de brinquedos eletrônicos por onde passamos, na qual os preços são muito mais altos que o recomendado. Praticamente um assalto disfarçado de diversão.
- Depois, filho.
- Tudo é 'depois'! Eu quero ir agora! – grita de repente.
- Theo, brinca com seu carrinho e me deixa conversar. – assumo um tom bravo, tentando disfarçar para que as pessoas ao redor não percebam.
- Mari! – uma voz feminina exclama, aproximando.
- Oi Rose. – a mulher a cumprimenta com um beijo no rosto.
Depois das saudações, percebo o rosto do garoto ainda emburrado, mas ignoro. Logo Luana se torna o centro das atenções, como esperado.
- Oi Lu! Como essa princesa está linda. – Rose fala com compaixão, inclinando em direção à criança.
- É a primeira vez que ela usa essa roupinha, apaixonei desde que vi na loja. – Mariana destaca.
- É uma graça mesmo, o detalhe dos lacinhos só aumenta a fofura.
Satisfação estampa o rosto do casal.
- Está passeando também? – Mariana indaga.
- Quem dera, vim comprar algumas blusas, porque as minhas estão todas apertadas. – ergue a sacola que tem em mãos. – Também tomei vergonha na cara e comprarei uma base, pra parar de usar a sua.
Risos seguem o final da fala, enquanto Caio e eu trocamos olhares deslocados.
- Aproposito, onde comprou?
- Na lojinha da Avon, aqui no shopping mesmo. – Mariana informa.
- Pode ir comigo lá?
A outra se vira para o marido, indecisa:
- Ficará bem?
- Claro, vai lá. – Caio passa confiança.
Mariana entrega a bolsa rosa e segue com a amiga, conversando animadamente.
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Obrigado por ler. Até o próximo. Beijos e abraços <3
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