Capítulo Trinta e três - Aline
Anteriormente em 'Desde Agora e Para Sempre': Em meio a fantasias, diversão e bebedeira, a festa de Aline e os colegas continua.
Boa leitura =D
(Capitulos novos toda quarta feira)
12 de Julho de 2014.
Após algumas latinhas, a pulsação da música se torna irresistível, e meu corpo implora pelo movimento. Logo estou de volta à área principal, deparando com Cris e duas outras colegas do curso de Jornalismo.
Desligo o lado consciente do cérebro e deixo que a batida me possua, ditando a movimentação que sai de forma espontânea. Fixo em Cris por alguns instantes, a qual está deslumbrante, e atrai olhares ao redor. A tiara pontiaguda realça as mechas azuis, e a túnica presa em apenas um ombro contorna seu corpo como se estivesse prestes a cair. Olívia proibiu estritamente que usasse sutiã, e tive que concordar. Os seios fartos da garota balançam sob o tecido enquanto dança. A maquiagem azul cintilante a faz brilhar e se destacar na turba.
A seleção musical muda com o passar do tempo, e quando começa a tocar funk soltamos risadas cheias de significado e jogamos as mãos para o alto. Não é porque sou bailarina que não sei requebrar. Descemos até o chão e inventamos passos para uma mini coreografia improvisada, sem medo de sensualizar.
- Como pode dançar na ponta dos pés e também rebolar desse jeito? – Laura, uma das colegas, reclama em tom descontraído.
Respondo aos risos, a provocando ao empinar a bunda e fazer "quadradinho". Atraímos bastante olhares, mas nada que nos acanhe.
O DJ percebe a comoção por conta da melodia e permanece no repertório por um longo período. Há mais gente requebrando do que pulando com os braços para o ar, como é de costume nas trilhas eletrônicas.
O suor escorre pela lateral do rosto, e apesar de cansada não quero parar, mas a sede fala mais alto e agilizo até a cozinha em busca de outro energético. Dessa vez ajo com esperteza, utilizando uma rota alternativa, menos povoada. De repente alguém agarra meu braço e já estou pronta para xingar quando avisto o emaranhado de cachos castanhos.
- Vem comigo. - apesar das palavras de ordem, Marcos soa afável, e um tanto apressado.
- Pra onde? - minha cabeça gira em surpresa e hesitação.
- Só vem.
O susto ainda inebria a mente, mantendo a frequência cardíaca acelerada, mas o corpo vagarosamente cede ao pedido do garoto, que conduz até o banheiro do térreo. Só percebo o que está acontecendo quando a porta fecha atrás de mim e ele avança com a língua em um beijo fervoroso, e levemente alcoolizado.
Me entrego ao momento, agarrando a nuca enquanto suas mãos exploram meu corpo, concentrando no quadril.
- Está gostosa para caralho nessa fantasia. - expira pesadamente, recuperando o ar, os olhos cheios de malícia.
- Também está ótimo, Sherlock Holmes baiano. - devolvo, o fazendo rir. Adoro quando sorri.
Os lábios voltam a encontrar de forma branda, mas não demora à sermos envoltos pela chama que atiça a alma, aumentando a excitação que não me faz querer largá-lo. A mão direita sobe e desce em seu tronco e o puxo para mais perto. Os corpos colados agitam em compasso próprio, embalados pela natureza primitiva da atração. Chupo sua língua e recebo uma mordida no lábio inferior, que arrepia a área intima, aumentando a lubrificação. Marcos avança de súbito, e o choque contra a parede é acompanhado de breves risadas. Retomamos a atividade e ele abocanha meu pescoço, a ereção avolumando sob o short. Gemo baixo, refém das apalpadas intensas, que reproduzo sem pudor, logo alçando a bunda. As bocas tocam, não diminuindo o êxtase que me domina, e umedece a calcinha. Um a um, os botões da minha fantasia são abertos, e de repente pancadas na porta nos sobressaltam:
- Vai morar ai dentro?! Tem gente que precisa usar também, caralho! - os brados raivosos do outro lado sobrepujam a música.
A mente leva alguns segundos para acalmar e processar, ainda imersa na inépcia do prazer.
- Acho melhor a gente sair. - fecho a blusa.
- Vamos pro quarto lá em cima. - o tom sedutor quase me faz aceitar, mas algo vem antes:
- Melhor não.
- Por quê? - o espanto é nítido na face.
- Tem uma festa gigante lá fora, vamos aproveitar. - miro o espelho, ajeitando os cachos bagunçados.
- Que se foda a festa, quero aproveitar com você. - a boca do garoto encontra meu pescoço, arrepiando o couro cabeludo, mas interrompo ao segurar seu rosto. - Você prometeu que terminaríamos nosso lance hoje a noite.
- A gente transou a semana inteira, é bom dar uma diversificada, não acha? - aperto as bochechas salientes.
- Se a questão for outras pessoas, pode chamar, não importo.
Franzo o cenho, incrédula do que acabei de ouvir:
- Está sugerindo uma suruba?!
- As palavras saíram da sua boca. Mas se quiser, eu topo. - a expressão cheia de segundas intenções, e estapeio seu peito:
- Você é muito safado... - tento manter a seriedade, mas o sorriso invade.
- E você adora. - rouba um beijo e minhas bochechas esquentam.
- Sai logo, filho da puta! - mais murros contra a porta. É bom ir antes que a arrombe.
- Tem certeza que não quer ir pro quarto? - o rosto de Marcos aproxima, porém desvio, para a sua decepção.
- Tenho. Inclusive a música que está tocando agora é ótima, vem dançar comigo. - o conduzo pela mão.
- Vai na frente, esperarei as coisas acalmarem por aqui. - aponta o volume no short. Minhas glândulas salivares respondem ao estimulo visual, e saio antes de sucumbir ao ímpeto de cair de boca.
O olhar furioso do garoto que espera do lado de fora me espanta, mas ignoro, retornando às minhas amigas ao som do remix de "Deixa falar", da dupla sertaneja Fernando e Sorocaba. Para a felicidade de alguns, o eletrônico está de volta.
- E a bebida? - Cris indaga, elevando a voz.
Demoro até entender ao que se refere.
- Esqueci. - digo simplesmente.
- E fez o que esse tempo todo?
- Hum..., conversando. - tento disfarçar o nervosismo e ignorar a lingerie molhada. - Encontrei Sabrina e Brenda, sabe como é, quando abrem a boca não param.
Mostra um sorriso breve, aparentemente convencida. Com dois goles no drink frutado de Amanda, estou pronta para voltar à dança.
O axé não demora a aparecer, e junto às coreografias mais aleatórias que as meninas e eu conseguimos inventar. Rebolo em cadência diferente dos ritmos anteriores, e cantamos a plenos pulmões as estrofes do 'É o Tchan', 'Harmonia do Samba', 'Tchakabum', e outros que marcaram a infância e adolescência. Agarramos o quadril uma da outra em um "trenzinho" cheio de ginga, e não demora até outras pessoas juntarem. Os olhos que passeiam pela multidão agitada fixam em Nick, ao longe, se esfregando em Eric no ritmo da música. O garoto de óculos parece extremamente constrangido, o que torna tudo ainda mais hilário, enquanto o outro aproveita animado a companhia de seu parceiro de fantasia. Chamo a atenção de Cris para a cena, despertando gargalhadas.
Emancipamos da fileira, que segue serpenteando pelo espaço. Os corpos mais livres retomam às rotinas anteriores, ao som da diva Ivete Sangalo. O clima muda abruptamente quando o brado do saxofone preenche o lugar, e casais se formam para bailar o arrocha, outro ritmo local. É a oportunidade dos tímidos em conseguir algo a mais com o par escolhido.
Uma mão toca meu ombro, o aperto não é firme, apenas uma forma de chamar atenção. Viro para encontrar um garoto alto, de pele bronzeada. O singelo cocar na cabeça complementa o visual indígena, os cabelos lisos e negros caem sobre os ombros. Seu maxilar é tão definido e perfeito quanto o tronco exposto sob o colete aberto. Os gomos hipnotizam e contenho a mão que anseia tocá-los.
- Quer dançar? - convida.
Demoro alguns segundos para a réplica, o interior tremulando em excitação:
- Sim. - pego a mão estendida, unindo os corpos.
Ele me conduz bem, e sem dificuldade acompanho o embalo sedutor, que supera todas as expectativas. Não há surpresa quando sorrateiramente inclina para minha boca, e talvez seja só porque o ache gostoso, mas não recuo. Seu hálito carregado de cerveja domina no encontro de línguas, e permanecemos em ritmo suave por bastante tempo. Apesar de sentir falta da pegada mais potente, aproveito o momento, apertando e arranhando cada centímetro do abdômen.
As tentativas de reiniciar a dança são frustradas devido à seu desejo insaciável, que não permite a desagregação dos corpos. No momento em que o grude começa a passar dos limites simplesmente viro de costas e continuo a rebolar. Os braços fortes circundam minha cintura e a boca roça meu pescoço, agora tenho certeza que o convite foi só um pretexto para a sedução. Aposto que está a planejar a forma mais eficaz de me levar para a cama. Homens, sempre tão previsíveis.
Por ora embarco em seu "jogo", acarinhando as madeixas com a mão direita, e sabendo que ele não alcançará o "prêmio final".
O olhar se volta novamente para o canto onde Nick agarra Eric, o balançando freneticamente, como um boneco invertebrado. O pânico na feição do asiático reflete sua vontade em sair correndo e esconder. Sorrio de orelha a orelha, sem conseguir mensurar o grau de diversão que a interação proporciona. Facilmente assistiria uma sitcom protagonizada pelos dois.
A alegria permanece ao avistar Cris com os lábios colados em um cangaceiro, o significado perfeito de aculturação. Rio internamente, fitando Laura e Amanda à passos descoordenados, mas ainda assim imersas na farra. O coração acelera ao perceber cachos castanhos atravessando a turba, e tardo a obter uma visão clara de Marcos. Ele é conduzido por uma loira trajada como sininho, que move animada, enquanto o outro acompanha com simples trejeitos, no melhor estilo boneco cabeça de mola. Divirto com sua falta de ritmo, assustando com o aperto inesperado na cintura e a encoxada bruta do índio, onde a ereção avoluma.
- Você é muito linda. - a voz alcança o ouvido direito. Ignoro, ainda focada no casal.
A silhueta da fada é admirável, os seios três vezes maiores que os meus e a bunda que parece prestes a estourar a fantasia. Seu coque alto está impecável, uma boa escolha para esse calor. Pelo pouco que vejo, a maquiagem também é bela, e carregada no iluminador. Ela tenta puxa-lo para a dança em dupla, mas o resultado é desastroso, e como forma de dispersar o constrangimento Marcos avança para o beijo, que intensifica rapidamente. Parecem dois animais em uma disputa de quem come a cabeça do outro primeiro. As pálpebras dilatam refletindo minha perplexidade, à medida que as "mãos bobas" quase arrancam a roupa um do outro. Se não arranjar uma cama logo é capaz de transarem no meio da pista.
Apesar do pensamento tranquilo, algo inquieta o âmago, mas ajo ligeiro em dispersar o sentimento, virando e tomando os lábios do meu índio gostoso. Deleito com a rigidez dos músculos e as caricias, que são excelentes, entretanto a atividade carnal não demora a alcançar o estado enjoativo que me faz distanciar. Com pesar, dispenso o garoto e rumo à cozinha, prometendo que dessa vez nada ficará entre os energéticos e eu.
Desvio de convidados bêbados, e por um segundo escapo de levar um jato de vômito, sendo obrigada a conseguir pano e balde para limpar, ou ninguém o fará, enquanto o cachaceiro é amparado pelos amigos. Avisto o frezzer, a boca salivando em expectativa, porém vozes femininas gritam meu nome e viro para infelizmente encontrar Sabrina e Brenda. Maldito karma, não deveria ter mentido para Cris. Cumprimentamos e as duas papeiam sem parar, sobre o curso de Jornalismo e a faculdade como um todo. Não quero ser rude, então aceno constantemente, soltando exclamações aleatórias, a boca seca e o olhar dividido entre as tagarelas e o frezzer. Em meio as fofocas sobre os professores e nossos colegas de classe, sou salva quando Britney Spears começa a tocar e as duas desviam empolgadas para a pista, como fãs alucinadas.
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Obrigado por ler. Até o próximo. Beijos e abraços <3
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