Capitulo Dezesseis - Marcos
Anteriormente em 'Meu presente, Seu futuro, Nosso passado': Após uma breve discussão com a irmã, Marcos inicia como o novo chefe da loja da empresa da família.
Boa leitura =D
(Capitulos novos toda quarta feira)
25 de agosto 2032.
Os minutos passam enquanto a chuva intensifica do lado de fora. Decido permanecer no térreo e exercitar um pouco minhas habilidades de venda, afinal não há motivo para ficar sozinho naquele escritório precário.
Atendo um homem na faixa de vinte anos e consigo vender duas camisas. Um pouco de confiança de me preenche.
Numa segunda caminhada pela loja, observo mais perto as repartições, indicadas por banners com os nomes: Mulheres, Homens e Infantil. Há também uma mini sessão para produtos de couro, como jaquetas, cintos e bolsas, e outra para roupa intima. Até cogito comprar algumas cuecas depois, as minhas estão com mais buracos que uma peneira. Penso em Fernanda, em suas lingeries de marca que despertam minha libido, mas logo afasto a imagem da mente quando lembro de um fator importante. Olho o horário constantemente e começo a ficar irritado, onde aquele cara está?
Cinco minutos depois, Vinicius desponta na entrada, completamente molhado. Como previa, foi o único que mantive contato após o curso de pais. Como sabia que o homem estava precisando de emprego, principalmente porque seu filho está chegando logo, ofereci a vaga.
Preparo para dar um esporro quando noto o cachorro em seu colo, é um filhote de golden retriever. Fecho os olhos e suspiro, primeiro dia e ele já está me causando problemas.
- Eai chefia! – fala, animado.
- Está atrasado Vinicius. – tento conter os nervos.
- Eu sei, foi mal, é que a patroa quis comer jaca mole. E sabe como é, pedido de grávida é ordem.
Não sei se rio ou esbravejo, devia ter conhecimento das consequências ao contratá-lo como funcionário.
- E esse cachorro? – falo, sério.
- Encontrei quando desci do ônibus, dentro de uma caixa. Não é a coisa mais fofa?
- Ele não pode ficar aqui.
- Por que não? – lança um olhar de dó.
- Por motivos óbvios, isso é uma loja e não um canil, além de que minha irmã me matará se o ver aqui.
- Não tenho onde deixa-lo, e está chovendo muito lá fora.
- Sinto muito, mas terá que se livrar do cachorro. – realmente sinto, o animal inocente apareceu no lugar errado e no momento errado.
A tristeza toma sua face e o filhote de pelo alaranjado e orelhas caídas, late, quase como um protesto.
- Posso guarda-lo em algum lugar pequeno, escondido.
- Isso me dói muito também, mas não. – tenho que ser rígido em um momento como esse. – Rosa, pega uma toalha e mostra aonde está o uniforme dele. – peço para a mulher que está próxima.
Os três rumam para os fundos. Não consigo acreditar que isso está acontecendo. Por que Deus, por quê?
Agilizo pegando um rodo e um pano limpo e seco o chão. Espero que Bia contrate uma faxineira logo. Em um dia de chuva como esse, a loja não ficará limpa por mais de dez segundos.
Clientes entram e saem, alguns só olham e outros permanecem mais tempo. Permaneço ao lado de Alice, oferendo os cartões de crédito e exibindo meu belo mascote, estampado em um pequeno totem acima da bancada. Após muito pensar, Alexandre e eu chegamos a uma decisão barata que envolvia o boneco: como brinde para as compras nesses primeiros dias, o cliente ganhará um grande adesivo do mascote.
Logo avisto Vinicius saindo da porta branca de mãos vazias, agora veste uma camisa social como a das meninas.
- O que fez com o cachorro? – demonstro curiosidade.
- Fui nos fundos onde tem uma garagem e um dos motoristas aceitou ficar com ele.
Solto o ar, mais aliviado.
- É o melhor, acredite, te garantirá mais um tempo por aqui. – falo. – Ajude as meninas nas vendas, daqui a pouco te apresento o restante das coisas e o depósito.
Assente, seguindo em direção às araras, não mais com uma expressão triste.
Horas passam e nada da minha irmã, tenho sorte de tudo está dando certo e torço que assim continue até o fim da tarde. Alice é bastante competente em seu trabalho e lhe auxilio pouco para que a fila de clientes não paralise.
Pessoas para todo lado. Para um primeiro dia de um comércio novato, acho que está indo muito bem. Ouço o carro de som fazendo propaganda na rua, e a chuva, que voltou a ficar forte.
- Diego disse que chegou um carregamento de tecidos e pediu pra você conferir. – a mulher ao lado fala.
- Certo.
Empenho para deixar o balcão, mas não consigo, então peço que Vinicius faça o trabalho. Cerca de vinte minutos depois, ao retornar, o abordo:
- Deu tudo certo?
- Sim. – parece agitado.
- E por que demorou tanto?
Abre a boca para responder, mas não completa a ação. Começo a preocupar.
- Aconteceu alguma coisa?
Me mira, os olhos inquietos focam várias direções.
- Aconteceu. Mais ou menos.
- O que? – falo, apreensivo.
O loiro me puxa até ao lado das plantas, a água batendo na cúpula de plástico.
- Fala logo Vinicius.
Respira duas vezes, tomando coragem:
- O cachorrinho sumiu.
Franzo o cenho, sem entender à principio, mas não demora até tudo fazer sentido.
- Você não tinha dado o cachorro? – a voz sai irritadiça.
A respiração do homem fica entrecortada
- E-eu não sabia o que fazer, então coloquei ele em uma caixa, na garagem, deixei um pouco de água também, caso ele sentisse sede.
Viro de costas, passando a mão no cabelo. Os nervos alterando. Não consigo acreditar no que ouço.
- Você manteve a porra do cachorro aqui?! – controlo o tom de voz para que os clientes não ouçam.
- Desculpa chefia...
- Vá procurá-lo! – interrompo.
- Já fiz, ele não está em lugar algum.
- Procura de novo, cada canto. Quando encontrar liga para alguém vir busca-lo, ou arranja uma pessoa na rua que queira. – falo, chateado.
- Não me demite, por favor. – seus olhos lacrimejam.
- Calma, não irei, agora foca no que eu disse. – coloco a mão no seu peito e percebo que o coração bate acelerado.
Acena positivamente com a cabeça e parte apressado.
Durante os próximos quinze minutos não consigo concentrar em outra coisa, desviando o olhar para a entrada constantemente e imaginando Bia chegando, brigando comigo e demitindo o homem.
Quando Vinicius retorna, largo o que estou fazendo e vou em sua direção.
- E então?
- Nada. – fala, preocupado.
- Não é possível, tem que estar em algum lugar.
- Será que não veio para cá?
- Não, se viesse teríamos percebido.
Por precaução olho ao redor, mas é um pensamento sem sentido.
- Vem, eu te ajudo. – falo. – Alice, consegue segurar ai por uns minutos?
- Sim.
Acompanho o loiro até a área de descarga, uma pequena garagem no fundo da produção. Um homem faz ajustes no motor de um caminhão.
- Aonde disse que deixou ele?
- Por aqui. – Vinicius aponta o canto direito da parede, que se encontra vazio.
O local é mal iluminado, o que dificulta a visão. Tento pensar qual seria o caminho natural do animal. De repente algo me vem.
- Em que tipo de caixa você o colocou?
- De papelão.
- Tinha alguma coisa estampada nessa caixa?
Para pensativo.
- Tinha uns nomes.
- Tinha o desenho e uma agulha com uma linha, formando a letra 'B'?
- Não lembro.
Penso no que perguntar.
- O desenho era verde e azul?
- Acho que sim.
Murcho deixando o ar sair, nossa situação acabou de ficar muito mais complicada.
- Merda. – esbravejo.
- O que foi? Sabe onde ele está?
- O caminhão da empresa deve ter levado.
O homem mira espantado, os olhos arregalados e confusos.
- Como levaram um cachorro e ninguém percebeu?
- Não sei, mas é o mais provável.
Vou em direção ao homem que mexe no veiculo:
- Com licença, você ajudou a descarregar um caminhão de entrega um tempo atrás?
Ele me dá atenção, afastando do veiculo e ficando de pé:
- Não, mas eu vi quando descarregaram.
- Percebeu se tinha um cachorro entre as caixas que eles levaram? – Vinicius se pronuncia.
O homem junta a sobrancelhas, abismado.
- Ele quer dizer, se por acaso ouviu algum barulho vindo daqui na última meia hora. – tento amenizar.
- Não... – busca na memória.
- Obrigado. – sigo em direção ao grande portão da garagem e abro, a chuva desabando a poucos metros. Pensamentos fervilhando em minha cabeça.
- O que faremos? – sinto desespero na voz do loiro.
- Vamos atrás do caminhão e torcer que tenha retornado a fábrica.
O miro, a feição pálida, preocupada.
- Calma, iremos encontrá-lo.
Tenta concordar, mas continua desanimado.
- É tudo culpa minha, tadinho do dog.
- Tinha intenções boas, isso é o que importa.
Envolvo em um abraço, a fim de tranquiliza-lo, o coração ainda agitado.
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Obrigado por ler. Até o próximo. Beijos e abraços <3
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