Capítulo Cinquenta e dois - Marcos
Anteriormente em 'Desde Agora e Para Sempre': Após sair machucado numa emboscada feita por bandidos no meio da madrugada, Marcos descobre a participação de Nick em um esquema criminoso e os dois brigam. Marcos e Caio chegam em um curso para pais de primeira viagem.
Boa leitura =D
(Capitulos novos toda quarta feira)
8 de Julho de 2032.
Adentramos o casarão e Jasmine nos apresenta o lugar, cômodo por cômodo. A mulher descreve tudo de forma fascinante, e por alguns instantes fico realmente interessado em como se discorrerá o final de semana. Alguns homens fazem piada com a situação, enquanto outros, como eu, ficam boquiabertos.
Após guardar as coisas no quarto, que dividirei com Caio, descemos para a sala de refeições e uma boa quantidade de comida nos espera, o qual vai desde frutas à pães e bolos, chá, achocolatado e café. Nos acomodamos a grande mesa redonda e a guru surge segundos depois:
- Antes da refeição peço que me entreguem os celulares e qualquer aparelho eletrônico que carregam.
Ela passa estendendo um saco de estopa, onde depositamos os aparelhos, alguns fazem mais ressabiados que outros.
- Não se preocupem, ao sinal de qualquer emergência, ele será devolvido a vocês.
Ao final, ela fecha o saco com um pedaço de corda.
- Agora que estamos em um ambiente menos contaminado pelas tecnologias, podemos nos apresentar. Quem quer começar?
Nos entreolhamos.
- Meu nome é Rafael e sou dono de concessionária. – o de cabelo castanho se pronuncia, sua postura sóbria e voz bem grave me dá uma boa impressão, só espero que ele não seja chato.
O primeiro parece traçar um exemplo e o seguimos:
- Eu sou o Matheus e trabalho com desenvolvimento de jogos. – o mais jovem fala, ajeitando os óculos.
- Meu nome é Kauã e sou chefe de cozinha. – é a vez do moreno.
- Meu nome é Igor e trabalho como designer gráfico. – o rechonchudo diz. Seu rosto branco ganhando um tom avermelhado aos poucos.
- Meu nome é André e sou cardiologista. – o parcialmente calvo é o próximo.
- Eai meus chapas, eu sou o Vinicius e estou desempregado no momento, mas faço uma lasanha maravilhosa. – o loiro brinca.
Todos dão risada.
- Meu nome é Renato e sou advogado. – o mais alto fala.
- Meu nome é Vagner e sou artista plástico. – o de cabelo cacheado diz.
- Eu sou Caio e trabalho como segurança. – meu amigo se pronuncia. E por fim me apresento.
- Os deixarei desfrutar da refeição, qualquer coisa que precisarem falem com Herman. – Jasmine diz.
O porteiro surge ao seu lado no segundo seguinte, nos assustando.
- Ou com qualquer outro funcionário. – completa. - E não esqueçam, quando ouvirem o gongo, por favor, se dirijam à sala de comunhão.
Assentimos. Os dois saem e começamos a comer. Coloco café na xícara e pego dois pães e um pedaço de bolo, nunca negarei comida de graça. Por outro lado, Renato, André e Rafael se controlam, comendo pouco. Muito provavelmente são aquele tipo de pessoa que segue uma dieta cheia de frescuras e restrições.
- E então, além do desespero, porque decidiram fazer o curso? – Matheus fala em tom descontraído.
- Acho que é importante saber como ajudar a patroa, né. – Kauã diz.
- Pelo menos você sabe cozinhar, eu vim pra minha mulher não me colocar para fora de casa mesmo. – Igor declara.
Alguns riem.
- É meio complicado para nós homens estarmos preparados para ter filhos, esse curso veio em um bom momento. – Renato fala e depois toma um gole do chá.
- Não sei nem o que estou fazendo aqui, foi esse cabeção que me inscreveu. – aponto para Caio.
- Compartilho da sua indignação, amigão, foi minha mina que fez a inscrição. Aonde já se viu, nasci pra ser pai. – apesar de parecer brincar com a situação, sinto um fundo de verdade na fala de Vinicius.
Rio, quase engasgando com um pedaço de bolo. Percebo olhares julgadores vindos de Rafael e Kauã em relação ao loiro, mas creio que o mesmo não se importa.
- E você doutor, porque veio? – Matheus indaga.
- Posso ser médico, mas só entendo de coração, não de bebês. – fala de forma descontraída.
- Está certo.
Observando com mais cautela, aparentemente Caio e eu somos os mais velhos da turma, o restante parece ter entre vinte e cinco e trinta e cinco anos, o que preocupa um pouco, pois significa que as pessoas estão tendo filhos cada vez mais cedo. Aposto que a maioria não é planejado.
- Qual é a da hiponga, alguém sabe? – Igor se refere à Jasmine.
- Ela é a nossa guru. – Vagner se pronuncia.
- E o que seria uma guru?
- É um guia espiritual, que serve para nos conduzir através de uma jornada.
Igor acena com a cabeça:
- E porque precisamos de uma guru, não poderia ser uma pessoa normal?
- Gurus são pessoas normais. – Vagner parece chateado.
- É a proposta do curso, não leu o folheto? – meu amigo diz.
- Aquela coisa horrorosa? Preferi não. Minha mulher disse que estava barato então só me inscrevi. – Igor justifica.
- Melhor que seja ela a guru do que o porteiro Tropeço. – Vinicius fala, arrancando risadas.
- O que eles querem fazer aqui é proporcionar uma experiência paterna completa. – Caio explica.
- Você leu mesmo o folheto. – Kauã se mostra admirado.
Meu amigo sorri.
- Será algo maravilhoso. – Vagner completa.
- Só me importo em sair daqui um pai decente. – Igor diz, divertindo alguns.
Continuamos com a conversa amistosa e depois de satisfeitos, Caio, Vinicius e eu vamos caminhar pelo local. Passamos pela área com duas piscinas nos fundos da residência. Atrás do pequeno muro que cerca a área só há mato.
- Mano, esse lugar é muito daora. – o tom do loiro é uma mistura de empolgação e admiração.
Antes que um de nós pudesse responder, ele pula na água. Caio e eu nos entreolhamos, chegando à mesma conclusão: esse cara é louco.
- Sai dai rapaz, você nem sabe se a gente pode usar a piscina. – digo, sorrindo, pois ele aparece se divertir bastante com a situação.
- Foda-se. Sabe qual foi a última vez que cheguei perto de uma piscina? Quando era criança.
Fico surpreso com sua fala, mas não deixo de me divertir com suas ações.
- Aonde eu moro, piscina é que nem caviar, nunca vi, nem comi, só ouço falar.
Gargalhamos.
- Anda logo, vamos ver o resto do lugar.
Enquanto ele sai da piscina, Rafael aparece e saca um cigarro, acendendo em seguida.
- Pelo menos alguém está se divertindo. – é irônico.
Seguimos pela lateral da estrutura, já avistando o coreto, distante. Me surpreendo ao perceber que atrás das árvores à nossa direita há um campo de futebol, coberto de grama, com arquibancadas e tudo. Procuro mas não encontro uma forma de acessá-lo que não seja pelo meio da breve floresta. Diante dessa paisagem rústica, me arrependo de não trazer a câmera, conseguiria belos cliques. A próxima parada é o parquinho na parte da frente do casarão.
- E isso é para que mesmo? Despertar nossa criança interior? – comento.
- É uma possibilidade. – Vinicius ri.
- Acho que só é algo que já existia aqui. – Caio conclui. – Não creio que esse sítio seja usado somente para esse curso.
Concordo. Fico tentado a sentar no balanço, mas tenho medo de não aguentar meu peso. Quando percebo, o loiro está subindo na casa de madeira apoiada alguns metros acima do chão.
- Isso vai quebrar. – aviso.
- Vai nada, relaxa meu brother. – diz. – Vem também.
- Sem chances.
- Por quê? É mó legal aqui.
Olho para meu amigo e ele curva os ombros, acompanhando o loiro. Ainda um pouco ressabiado, me junto aos dois. Acomodado na entrada da estrutura, torço para que não despenque.
- Disse que aguentava, porra. – Vinicius se vangloria.
- Pelo menos é seguro para as crianças. – falo.
- Meio louco isso, né? – o moreno comenta.
- O que? – Vinicius indaga.
- Nós aqui, nos preparando para ser pais. Às vezes fico imaginando como será.
- Vai ser mó viagem.
Só me limito a sorrir, eles realmente não sabem o que os esperam.
- Apesar de que já está sendo um negócio bacana. Antes, minha mina e eu tínhamos uma relação entre "tapas e beijos", separamos e voltamos várias vezes, mas agora com o pequenino vindo as coisas têm melhorado.
- É, também percebi isso com minha esposa, nossa sintonia já era forte antes, mas agora está maravilhosa. – Caio completa.
Paro para pensar, chegando à conclusão de que apesar do meu filho ser a pessoa que mais amo, e não conseguir imaginar a vida sem sua presença, admito que provavelmente ele foi um dos motivos para a derrocada do meu casamento. E mesmo não tendo culpa direta na situação, pergunto caso Theo não existisse se Aline ainda estaria ao meu lado.
- Filhos são algo que nos modificam mesmo. – solto a primeira coisa que vem a cabeça, tentando não demonstrar minha mágoa.
Silêncio se segue. A quietude do local é pacífica. Sem som de buzinas ou vizinhos chatos para incomodar.
- E essa mão aí? – o loiro aponta para o gesso.
- Acidente de trabalho. – minto.
- Quebrou?
O som agudo do gongo nos interrompe.
- Melhor irmos. – desconverso.
- O que será que aquela cosplay de fará conosco? – Vinicius diz.
Sorrio com a referência à Harry Potter.
- É melhor irmos. – meu amigo tenta abrir passagem.
Quando viro para sair dou de cara com Herman, seu semblante sério e esquisito quase causa um infarto.
- O-oi. – distancio devagar.
O homem só me encara, relanceando a cabeça para o casarão.
- Já estamos indo. – suspiro, tentando acalmar o coração.
Ele nos deixa, caminhando em direção à residência.
- Alguém tem que colocar um sino no pescoço dele. – desço da casinha.
Meu amigo ri.
- Só queria saber quanto ele cobra para assustaruma casa de quatro cômodos, seria um belo presente para minha sogra. – Viniciusdiz, entre risadas.
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Obrigado por ler. Até o próximo. Beijos e abraços <3
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