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Direto e Inusitado

✤✤✤

— Bro, cê ta bem? — Tetsutetsu questionou ao avistar Kirishima fazendo algo bem... estranho; abrindo uma lata de lixo e vasculhando seu conteúdo com uma expressão de desespero estampada em sua face.

— Ah, é claro, bro. — se virou assustado, quase tendo um infarto com a presença repentina do prateado. Esperou até ter certeza absoluta de que ninguém apareceria naquela parte do refeitório, mas toda sua espera foi em vão, visto que foi pego mesmo assim.

— Certeza? Perdeu alguma coisa no lixo?

— É... eu joguei meu celular sem querer, é isso, pode ir embora — arranjou qualquer desculpa e, felizmente, está calhou bem à situação. Tetsutetsu até tentou ficar para ajudá-lo, entretanto garantiu ao amigo de que estava tudo bem e que não havia nada com que se preocupar, enfim, conseguindo se livrar de sua presença e voltando sua atenção à lata de lixo.

Procurou mais um pouco, ignorando a repulsa que sentia dos restos de comida que jaziam dentro dela para alcançar o que queria. Seus orbes rubros brilharam quando um pedaço branco – ainda que um pouco sujo – surgiu dentre o lixo, dando-lhe um fio de esperança a qual se agarraria, enfiando a mão, mais uma vez, naquele lugar asqueroso e conseguindo arrancar o papel dali. Felizmente, era o que procurava.

Suspirou aliviado ao ter aquela carta em mãos. Sim, a carta que Katsuki jogara fora anteriormente. Kirishima presenciara todo o desenrolar da cena escondido atrás de uma parede e, com sorte, ouviu a conversa entre esverdeado e loiro, pois estavam no começo do corredor. Ouviu tudo, viu tudo, se sentindo extremamente mal por sua conduta com Izuku anteriormente. Culpou-se amargamente por ter sido tão desatento em relação ao que Midoriya poderia sentir diante daquele beijo, sem ter recebido explicação alguma de que aquilo tudo estava tudo bem e que Katsuki tinha consciência do que ocorrera. Por outro lado, ficou subentendido na mente do ruivo a compreensão de ter sido ignorado durante todo este tempo. Claro, o magoava ser ignorado, mas agora a mágoa estava atrelada ao sentimento de remorso que sentia por Izuku, que estava tentando evitá-lo por conta do beijo, provavelmente se sentindo mal por Katsuki.

Logo após Bakugou, no auge de sua fúria e por motivos ainda desconhecidos, ter jogado a carta na lixeira, Eijirou esperou minutos até que a área estivesse limpa e ele não parecesse um louco vasculhando a lixeira – o que consequentemente deu tempo para que mais pessoas jogassem lixo nela, danificando a carta. Fitou-a com atenção, algumas partes estavam amassadas, molhadas e um pouco danificadas, mas nada que comprometesse seu conteúdo, graças ao bom Deus.

Soltou outro suspiro, denotando sua felicidade enorme ao ver que ainda havia meios de entregar aquelas palavras tão bem-postas e sinceras ao seu destinatário ao invés de simplesmente ser jogada na lixeira como algo inválido. Jaziam as palavras de Bakugou ali. Palavras repletas de sinceridade, podia sentir isto. Seu namorado era péssimo para se expressar com palavras, ainda mais pedir desculpas como fez naquele pedaço de papel, então aquilo certamente tinha um valor enorme.

Dispersou seus pensamentos por alguns momentos, pegando o lixo que havia espalhado pelo chão e jogando-o de volta no recipiente para enfim ir em busca de Bakugou para saber o porquê de ele ter se livrado da carta que tanto suou para escrever. Precisava de respostas, precisava incentivá-lo, ainda mais depois daquela conversa que certamente afetou tanto o esverdeado quanto o loiro – obviamente depois buscaria entrar em contato com Midoriya, apesar de saber que este queria distância com sua pessoa por conta daquele mal-entendido.

***

Bakugou ouviu batidas na porta de seu dormitório, mas as ignorou. Elas prosseguiram e ele continuou ignorando. E, bom, isto se sucedeu até que cedesse à impaciência, se levantando da cama enquanto bufava no caminho até a porta. Não disse nada – além dos murmúrios onde condenava quem quer que estivesse lhe irritando – e destrancou a porta, abrindo-a junto à uma expressão de ódio que perdurava em seus músculos faciais. Entretanto, assim que viu de quem se tratava, suas feições tornaram-se mais suaves e relaxadas de modo quase instantâneo. Era Kirishima, seu namorado estúpido e sorridente que lhe fitava com um pequeno sorrisinho desenhado em seus lábios.

Ah, como pôde esquecer que era ele? Era sempre ele que, insistentemente, batia horas na porta, apenas esperando pelo atendimento do loiro.

Já havia se acostumado a tal ato, no entanto, naquele momento era tudo diferente. Após livrar-se da carta no refeitório, uma ideia passou por sua mente. Uma que requereria o término de toda sua dignidade e a destruição de seu orgulho, mas poderia valer a pena. Faria pelo esverdeado. Mas, sabendo que não era o momento certo de botar seu plano em ação, volveu ao seu dormitório para descansar, pois como era domingo, grande parte dos alunos saiam para visitarem suas famílias, porém ele precisava que todos estivessem presentes, ou seja, na segunda. Quando entrou em seu quarto, permitiu-se relaxar um pouco mais na cama macia. Cogitou ir até o quarto de Midoriya, mas provavelmente tudo pioraria caso fosse invadir sua privacidade, ainda mais quando não conseguia nem pronunciar um pedido de desculpas digno, então permaneceu em sua cama, absorvendo toda a situação anterior e pensando nos danos que causou aos seus amados.

Isso até agora, onde fora surpreendido por Eijirou que lhe dedicou aquele sorriso doce enquanto dirigia perguntas sobre como fora a conversa com Midoriya – para não parecer suspeito, por ter ouvido a conversa e já saber de cada detalhe dela. Katsuki suspirou assim que tal assunto retornou aos seus pensamentos, relembrando as palavras recheadas de dor que o esverdeado emitiu para si. Izuku abdicou de sua relação com Kirishima, muito a contragosto, por ele. Pelo bem de seu relacionamento. Midoriya tomou para si total responsabilidade do beijo que Kirishima lhe deu, ele se responsabilizava por algo que não era cem por cento sua culpa apenas para que o relacionamento de ambos não fosse terminado.

E aquilo só quebrava Katsuki ainda mais. Já era difícil imaginar a dor fodida que causou ao mais jovem durante cerca de oito anos, em quase toda sua infância. Mas agora, pensar que todas suas ações completamente egoístas e perversas deram fruto a sentimentos tão negativos ao esmeraldino apenas lhe fazia sentir o peso do remorso sob seus ombros. E ele tinha consciência de que merecia tal peso.

— Então, Suki, vai dizer como foi ou não? — ouviu a voz do ruivo lhe questionar, fazendo-o ser desperto de seus devaneios e focar no que contaria. Estavam sentados na cama, e Kirishima apenas esperava para ouvir toda a história – almejando que seu namorado contasse a verdade – enquanto mantinha algo oculto do loiro em sua mão esquerda, qual não suspeitara por não prestar muita atenção.

Tal objeto oculto não era nada menos que a carta. Eijirou pretendia entregá-la ao loiro novamente, tentando incentivá-lo a tentar novamente.

— Tá porra, vou contar — bufou, levando a mão à cabeça e puxando os fios louros que jaziam ali como forma que fazer o stress ir embora. Pretendia ser honesto com seu namorado. Sempre tiveram uma relação cheia de confiança e honestidade, e não seria agora que isto mudaria. — O Deku começou a falar um monte de merda antes que eu pudesse dizer algo, incluindo a porra do beijo que você deu nele.

O semblante de Eijirou começou a vacilar assim que as memórias da conversa retornaram.

— Aí ele disse que vai se afastar de você, caralho. Porra, você tem ideia do que isso significa? Eu sou tão filho da puta que ele... simplesmente vai se afastar de você por minha causa. — explicou, sentindo o aperto no peito ao botar aquilo que mais lhe incomodava em palavras. Doía ter dado término à amizade de Kirishima e Midoriya, ter amedrontado o esverdeado a tal ponto, simplesmente doía. O remorso lhe corroía em níveis tão desastrosos que, inconscientemente, murmurou algo que tanto se esforçava para dizer — Desculpa, porra... me desculpa...

Foi baixo, bem baixo, mas ainda assim, Kirishima ouviu. Seus orbes ardiam e as lágrimas ameaçavam escapulir por eles, no entanto, quando ouviu tais palavras saindo tão baixas da boca de Katsuki ficou boquiaberto. E, como que para confirmar de que aquilo não era um delírio seu, pôde ouvi-lo falar uma segunda vez. Ele... se desculpou? E aquela voz doída, recheada de culpa, aquilo lhe deu angústia. Deixou que algumas lágrimas finalmente escapassem, estendendo a mão livre em direção ao loiro que olhava para um ponto aleatório do quarto, vagando em pensamentos negativos que lhe prendiam em um vórtice infinito de culpa e dor. Colocou o braço envoltos da cintura do loiro e puxou-o para mais perto, aproximando seus corpos em um abraço de lado.

De repente, o silêncio havia tomado aquele cômodo. Um silêncio que não perdurou por muito mais tempo, pois Bakugou tratou de desfaze-lo.

— Não me abrace. — hesitante, buscou desvencilhar-se do braço de Eijirou, que apenas firmou-se mais ao seu redor — Me solta caralho!

— Por quê? Você não gosta quando eu te abraço? — indagou, genuinamente confuso.

— Eu não mereço, cacete. — rosnou, inclinando o rosto até que seus orbes se encontrassem com as írises rubis — Vai abraçar o Deku, ele quem precisa!

— Você também. — afirmou, fitando o namorado ternamente. — O que houve com o Midoriya depois? — perguntou a fim de manter oculto seu conhecimento sobre a situação. Queria saber se Katsuki revelaria onde ter jogado a carta ou se mentiria.

— Ele saiu pro quarto dele.

— Irei lá mais tarde então, prometo. — informou, vendo o loiro fita-lo com uma expressão impassível, mas com um pequeno sorriso que esboçava sua alegria. — E a carta, entregou?

Alguns segundos passaram-se até que Bakugou suspirasse e respondesse:

— Não. — admitiu — Eu joguei ela fora.

— Ah... — Kirishima fingiu estar chocado com tal ação, já ansioso para entregar a carta ao loiro. Disfarçou a felicidade que sentiu em relação à sua honestidade — Por quê?

— Vou me desculpar direito. — se levantou da cama, levando o olhar ao ruivo e lhe apontando o dedo indicador — Você nem ouse procurar por essa merda de carta, juro que vou explodi-la. — rosnou em ameaça, já imaginando que Kirishima fosse ser idiota o suficiente para procurar pela carta em todos os cantos apenas a fim de incentivá-lo a entregá-la novamente. Mas não queria entregar uma maldita carta ao esverdeado com tanta facilidade, achava que merecia sofrer um pouco mais que isso.

Eijirou engoliu em seco com a ameaça. A mão que segurava a carta apertou-a, com medo de que Katsuki descobrisse que o papel estava com ele. Porra, e agora?

— Agora vaza daqui cabelo de merda.

— Hã? Mas você...

— Eu estou bem, agora vai no quarto do Deku de merda fazer o que prometeu... — sussurrou, mas tal sussurro foi audível aos ouvidos de Kirishima, que arqueou uma sobrancelha e deixou um sorriso escapar com aquele lado atencioso de Katsuki. — Vai logo, idiota — abriu a porta, fazendo um sinal com a mão, indicando para Kirishima sair dali logo.

— Tudo bem, Suki — se levantou da cama, andando rapidamente até a porta de uma forma que Katsuki não pudesse ver a carta em sua mão. Assim que chegou na porta, se aproximou do loiro e deixou um leve selar em seus lábios, como um gesto carinhoso — Estou orgulhoso de você.

Bakugou sentiu suas bochechas queimarem com um elogio tão sincero vindo do namorado, mas tratou de balançar a cabeça para dispersar a vergonha, cruzando os braços em uma pose de durão e deixando um sorriso de canto despontar em seus lábios, denunciando seu agrado em receber tal elogio.

Kirishima direcionou mais um sorriso singelo ao rapaz, saindo dali com a carta em mãos. Seu coração disparava pela adrenalina que percorria seu sangue com o ato de esconder a carta. Não tinha ideia alguma do que faria com ela, pois a intenção era fazer com que Katsuki entregasse-a ao esverdeado, no entanto, o mesmo havia confirmado que não iria fazê-lo, que tinha outro plano qual Eijirou realmente gostaria de saber, mas percebeu que o namorado não iria contar, portanto sequer questionou.

***

Assim que Izuku chegou em seu quarto, trancou a porta e rapidamente encostou as costas na parede ao lado dela, sentando-se no chão enquanto levava as mãos aos fios esverdeados, puxando-os desesperado. Havia acabado de dizer tudo que veio acumulando ao cara que mais lhe odiava. E pior, lhe revelou ter beijado seu namorado... isso era terrível. Segurou por tanto tempo que acabou dizendo, mas se "incriminou" por tal ato e jurou que se afastaria do ruivo, mesmo se sentindo extremamente mal por abandoná-lo por futilidades. Não queria parar de ser amigo de Kirishima, queria algo a mais, se possível, mas não gostaria de estragar o relacionamento entre loiro e ruivo.

Minutos se passaram e neles, os pensamentos negativos dominavam cada vez mais sua mente. Esperava que, ao menos, não tivesse irritado Bakugou tanto assim. Ao mesmo tempo que se culpava imensamente, tinha uma pequena consciência de que nada que o loiro tenha feito a si fora sua culpa, entretanto o receio por não querer incomodá-lo sempre falava mais alto.

Foi disperso do mar negativo de pensamentos por conta de batidas leves na porta. Desviou o olhar para ela, não querendo que ninguém visse seu estado pós-choro. Ele não pôde segurar as lágrimas e acabou daquela forma. Mas as batidas prosseguiram incessantes, então ele passou o antebraço no rosto, enxugando as lágrimas – o que não ajudou muito, pois sua face inteira ainda permanecia vermelha depois do choro – e se levantou, limpando a poeira da bermuda, respirando e inspirando várias vezes até que se sentisse pronto.

Antes de perguntar quem era, ouviu uma voz feminina que conhecia muito bem o chamando por seu apelido:

— Deku-kun, está aí?

Era Uraraka, sua melhor amiga. Bom, se era ela, talvez não houvesse problema em abrir a porta e ver o que a menor desejava.

— Olá, Uraraka — deu seu melhor sorriso amigável após ter aberto a porta. Viu a menina citada anteriormente, junto ao rapaz de madeixas bicolores e, por fim, Kirishima.

Espera, Kirishima?

Desmanchou o sorriso na hora, arregalando os olhos enquanto encarava Eijirou assustado. Estava desconfortável com sua presença, não pelo ruivo ser má pessoa, mas sim pelo que havia prometido ao loiro explosivo. Levou novamente o olhar assustado à Ochaco, perguntando-se mentalmente o porquê de o ruivo também estar ali.

— O que deseja? — desta vez, seu sorriso saiu mais forçado, o que não passou despercebido pelos amigos.

— Kirishima tinha razão. — Todoroki afirmou, dando um passo à frente para entrar no quarto — Você estava chorando, não estava, Midoriya?

— N-não, eu...

— Não minta para nós, Deku-kun! Diga o que houve!

— É cara, eu vi você saindo correndo pelos corredores e fiquei preocupado... — Eijirou complementou, fingindo não saber de toda situação e procurando esconder a dor no peito de ter que repetir as palavras que o esverdeado disse em sua mente.

Após sair do quarto de seu namorado, Kirishima rumou ao seu próprio, deixando a carta em uma das gavetas de sua estante, escondida. Já tinha ideia do que faria com ela, portanto esperaria pela execução do tal plano que Bakugou botou em mente para entregar a carta – ou como plano B, ou como complemento ao pedido de desculpas, pois achava que as palavras escritas naquele papel tinham um enorme valor naquele pedido. Logo depois, começou a andar até o dormitório de Midoriya, se encontrando com o bicolor e a acastanhada no caminho. Uma brilhante ideia passou por sua mente ao vê-los. Não sabia como iria abordar ou convencer Izuku de abrir a porta por conta de seu discurso anterior, então aproveitou a presença dos dois indivíduos ali para lhe ajudarem.

Contou aos dois que havia visto Midoriya sair correndo pelos corredores, e que parecia estar chorando, então veio ao seu encontro para descobrir o que aconteceu. Explicou que, como eram os melhores amigos do esverdeado, talvez suas presenças fossem mais reconfortantes para o rapaz, chamando-os para irem até o quarto dele. Uraraka e Shoto aceitaram, obviamente dispostos a ajudar o amigo, preocupando-se com seu estado emocional e querendo descobrir o que houve para que aquilo acontecesse.

— Eu estou bem pessoal. — o esverdeado tentou tranquiliza-lo, desviando seu olhar dos orbes rubis de Eijirou para não se sentir desconfortável. — Foram só umas coisas pessoais, nada demais.

— Conta pra gente. — Ochaco pediu — Desabafa, pode confiar na gente.

Todoroki, em silêncio, acenava em concordância com a mais baixa.

— Não tem necessidade gente, foi só uma coisa boba — tentou dar outra desculpa, começando a se afastar um pouco e fechar a porta. Ouvindo aquilo, o peito do ruivo apertou mais ainda. "Não Midoriya, não foi uma coisa boba" pensou, aturdido pelas palavras do esverdeado.

— Eu devo estar atrapalhando, vou dar privacidade a vocês... — Kirishima declara, recebendo olhares confusos de todos, inclusive de Izuku, que não esperava o ruivo se afastar tão rápido. Assim que começa se afastar, o esverdeado age por impulso, dando passos rápidos para frente e agarrando seu pulso.

— Não está atrapalhando — ele avisa, e só quando o ruivo lhe dedica um olhar terno que ele vê o que acabara de fazer. Prometeu não se aproximar dele, mas seu próprio corpo lhe desobedeceu com medo de deixar Eijirou com o pensamento idiota de estar o atrapalhando. Aquele ruivo gentil, com dentes pontiagudos que formavam um sorriso belíssimo jamais poderia ser um estorvo. — Quero dizer... — soltou o pulso com agilidade, dando um passo para trás e se encolhendo, indeciso sobre o que deveria falar.

Kirishima não deixou de fita-lo com compreensão, suspirando com os sentimentos mistos que imaginava estarem dominando a mente do esverdeado e se aproximando um pouco, estendendo a mão até sua cabeça e afagando seus fios verdes carinhosamente.

— Vai dar tudo certo. — Sua fala pode ter sido vaga aos olhos dos outros dois que observavam a cena em silêncio, não a entendendo, mas deixando que se desenrolasse. Entretanto, ao ouvir aquilo sair da boca do ruivo, Izuku poderia jurar que Eijirou compreendia completamente qual era a situação, como se já soubesse toda história. E, bom, não estava errado em sua suposição. — Não deixa isso te abalar não, tá? — dedicou-lhe um sorriso gentil, vendo o esverdeado, que já estava de cabeça erguida, possuir um brilho nos orbes. Logo depois, começou a se retirar, mas não sem antes pedir algo à acastanhada, que estava relativamente longe do esverdeado. — Cuidem dele, por favor.

***

Era a terceira vez que Bakugou bufava em um curto período de tempo, vez ou outra batendo seus sapatos com impaciência no chão. Na verdade, não apenas impaciência, ansiedade também. O maldito domingo já havia passado e nele, viu Midoriya de noite, mais cabisbaixo. Quando seus olhares se encontraram, o esverdeado olhava para o lado, constrangido. O loiro explosivo ficava puto com aquilo, no mesmo nível que compreendia. Kirishima tentava se aproximar do esverdeado várias vezes, mesmo sabendo que de nada adiantaria, e o menor sempre desviava de assunto, parecendo se segurar para não chorar – o que fez o ruivo parar de tentar forçar uma interação, com receio de entristece-lo mais ainda. Eles haviam acabado de sair de uma prova extremamente difícil, que certamente custou muito esforço do Bakusquad, com exceção de Bakugou, que se encontrou perturbado naquela manhã pois aquele era o dia aonde se humilharia para todos naquele maldito refeitório, mas mesmo assim, pôde manter o foco no teste e se sair muito bem.

Agora estava na mesa junto ao Bakusquad, já tendo terminado de almoçar rapidamente, apenas esperando que o esverdeado fizesse o mesmo, pois não gostaria de interromper seu almoço. Kirishima estava ao seu lado, apenas o observando todo ansioso e impaciente, não tendo ideia do porquê o loiro estar assim. De repente, os olhos de Katsuki se arregalaram e ele parou de bater os pés, se levantando bruscamente da mesa e se direcionando à mesa onde o grupo de Midoriya estava. Eijirou apenas observou tudo com atenção, se preparando caso algo ruim ocorresse.

— Deku. — Katsuki chamou o esverdeado ao chegar em sua mesa, bem na sua frente.

Midoriya se encolheu um pouco, se sentindo intimidado com a presença do loiro. Talvez Bakugou realmente estivesse furioso com seus atos depois de tudo. Seus amigos franziram o cenho, inconformados com toda aquela intimidação do loiro com Izuku. O rapaz sardento não contou o que houve à Uraraka e Todoroki, desviando o assunto e conseguindo contornar a situação, levando-os a conversarem sobre algum outro assunto que o fizesse esquecer de Bakugou, portanto, eles não sabiam exatamente o porquê da presença ameaçadora e repentina de Katsuki na mesa, imaginando ser apenas mais um dos ataques de raiva aleatórios dele.

— S-sim, Kacchan? — se encolheu um pouco mais quando o maior deu mais um passo à frente, estendendo as mãos até seus ombros.

— Não toque nele, Bakugou. — Todoroki repreendeu, temeroso que o loiro explosivo fosse tentar ferir seu amigo.

Bakugou desviou seu olhar até o bicolor, estalando a língua com certa irritação e afastando suas mãos do esmeraldino, respirando fundo e soltando o ar com certa ansiedade.

Era agora ou nunca.

— Pode falar Kacchan. — afirmou, ainda com certo receio dos gritos que receberia, lhe culpando imensamente pelo que havia feito. Talvez até já estivesse se acostumando com a ideia de sentir-se culpado pelo resto da vida em se intrometer no relacionamento alheio.

Todavia, o que menos esperava saiu da boca do loiro:

— Me desculpa.

Foi baixo, praticamente um sussurro. O esverdeado mal ouviu, por conta da barulheira do lugar movimento e seus amigos de fato não ouviram. Ninguém ouviu. Isso não satisfazia Katsuki. Não se daria o luxo de apenas sussurrar algo que devia muito ao esverdeado, iria mais longe que isso.

— Pode repet-

— Eu disse... ME DESCULPA, DEKU!

Dessa vez o grito ressoou pelo lugar. O refeitório ficou em silêncio, todos haviam ouvido alto e claro que Katsuki Bakugou, o aspirante a herói mais orgulhoso daquele recinto, estava pedindo desculpas no meio de todo mundo. E não parou por aí, após liberar aquela primeira palavra, a vontade de deixar que seus sentimentos tomassem conta de si veio ao seu ser.

— Eu fui eu merda, um filho da puta desgraçado com você a porra da vida inteira. — bradou, já sentindo a adrenalina lhe motivando — Eu com toda a porra de certeza não mereço seu perdão ou qualquer coisa, mas você merece ao menos um pedido de desculpas por tudo que eu fiz. Isso é o MÍNIMO que eu posso fazer, mas eu não pretendo fazer só isso cacete, eu... gosto de você pra caralho e não quero te ver mal, principalmente se for por minha culpa, Deku, e só percebi porque um garoto com cabelo de merda me mostrou isso. — declarou, buscando o ar em seus pulmões após terminar seu discurso. Levou novamente uma mão ao ombro do esverdeado, dessa vez sem a interrupção do bicolor que estava congelado com a situação e se aproximou um pouco mais, olhando diretamente nos orbes esmeraldinos que já lacrimejavam de tanta emoção e disse novamente, dessa vez, apenas para o esverdeado ouvir — Eu realmente sinto muito por toda merda que fiz, Deku. Você pode me pedir o que quiser e fazer o que quiser comigo, porque eu mereço arcar com as consequências.

E então, retirou sua mão do ombro dele, respirando fundo para não surtar com o som dos cochichos que se espalhavam pelo refeitório. Era muito humilhação, se sentia realmente humilhado em expor seus sentimentos para dezenas de colegas de classe – talvez para milhares de pessoas, já que provavelmente pessoas gravaram essa cena no intuito de espalhar pela internet – mas julgava-se merecedor de toda essa humilhação.

Quando ia se afastar do garoto sardento, este levantou e segurou seu pulso com força.

— Espera, Kacchan. — falou com a voz baixa, ainda não absorvendo toda situação.

Bakugou apenas fez como pedido, olhando de relance para trás e podendo perceber os olhos arregalados em surpresa de Midoriya.

— Eu...

— Que gritaria foi essa? — a voz de Aizawa, que estava no refeitório apenas para comer seu almoço e enfim cochilar antes das aulas de tarde, soou irritada, ao mesmo tempo, preguiçosa. Ao lado dele, estava o diretor Nezu e os demais professores.

— Ah, Aizawa-sensei, Nezu-san, All Might... — o esverdeado falou, se sentindo atordoado por chamar atenção, permanecendo paralisado ali.

Faíscas começaram a sair pelas mãos de Katsuki, denotando seu nervosismo diante da situação. Porra, que se fodesse os professores, mas talvez houvesse chamado atenção demais.

De repente, ambos esverdeado e loiro sentiram suas mãos sendo envolvidas por uma maior. Olharam na direção da pessoa que segurava as segurava, vendo Eijirou sorrindo nervoso, mas ainda assim, tendo a coragem devida para meter-se naquela situação.

— Não foi nada não gente, podem voltar a comer aí. — o ruivo disse, sua voz ressoando pelo lugar enquanto puxava os dois rapazes para fora dali.

Dito e feito, o barulho retornou, mesmo que as pessoas ainda estivessem confusas e surpresas com aquela situação inusitada.

***

Andaram em silêncio por um longo tempo. Eijirou ainda estava extremamente surpreso com a atitude de seu namorado. Diria que foi extremamente... máscula! Bakugou fora muito corajoso, ousado e másculo ao expor seus sentimentos a todos, mesmo que fosse ser motivo de piada depois.

Izuku permanecia absorvendo a situação. Bakugou havia pedido desculpas por suas ações no passado. Isto estava mesmo acontecendo? Nunca imaginou que o loiro se arrependeria, mas ouvir aquilo foi tão reconfortante, tanto que não pôde segurar as lágrimas por meros segundos. E ainda por cima, sua mente prendeu-se a outra coisa. Katsuki disse que gostava dele? A que tipo de gostar se referia? Como amigo, certo? Não tinha ideia, mas lá no fundo gostaria que fosse no sentido romântico, por mais errado que isto fosse soar.

Por fim, Bakugou estava pensando repetidamente das palavras que disse no calor do momento, motivadas pela adrenalina. Puta merda, acabou por revelar que gostava do esverdeado. Pretendia ocultar tal sentimento, por achá-lo extremamente sujo. Não por ter Eijirou, mas por não achar que daria certo entrar em um relacionamento com Izuku... talvez não fosse saudável. O esverdeado não merecia alguém como Bakugou, que lhe fizera mal por tanto tempo.

Eijirou parou bruscamente, pegando suas chaves e abrindo a porta de seu dormitório, dando passagem para que os dois garotos, ainda atordoados, entrassem. Indicou para que ambos se sentassem na cama e assim o fizeram. Ficaram há poucos centímetros um do outro, mas não se incomodaram tanto.

Eijirou então respirou fundo, sentando do lado esquerdo do sardento, quebrando o silêncio entre eles.

— Eu também sinto muito. — disse ao garoto que arregalou os olhos ao seu lado, se preparando para perguntar o porquê daquelas desculpas — Por ter beijar e te deixar confuso com tudo isso. Eu deveria ao menos ter avisado que Katsuki já sabia e estava bem com isso, ao menos saber o que você pensava a respeito.

— Espera. O Kacchan já sabia? — foi tudo que mais lhe surpreendeu.

— É claro, cacete. — murmurou, inconformado com perguntas bestas como aquela.

— Mas então... você não ficou bravo?

— Não, não tenho motivos para ficar.

— Eu... é que você também disse que gostava de mim e... espera, não precisa pedir desculpas por isto Kirishima, foi minha culpa! — seu cérebro alternava entre um assunto e outro, não conseguindo compreender tudo aquilo de uma vez.

— Midoriya... — o ruivo iria tentar tomar a culpa de volta para si, mas tinha certeza absoluta que aquilo viraria um looping infinito, então optou por uma resolução mais simples — Ok, foi nossa culpa.

— Mas-

— Sem mas, é nossa. — sorriu, deixando o mais baixo sem jeito, fazendo-o acenar em concordância. Não resistindo, Eijirou levou uma mão aos fios esverdeados, afagando a cabeleira de Midoriya novamente, o que o deixou envergonhado, mas não recusou o carinho até perceber os orbes escarletes encarando sua interação.

— Me desculpe, Kacchan — segurou o pulso do ruivo, afastando sua mão com certa tristeza no olhar, já imaginando que Bakugou estivesse incomodado.

— Enfia essa desculpa no cu — rosnou — Pode continuar recebendo carinho aí que agora você vai ter que aguentar o cabelo de merda pro resto da vida.

— Q-que?!

— Esse idiota é boiola pra caralho por você, não vê? — indicou, fazendo a face do ruivo ficar da cor de suas madeixas.

— Mas Kacchan, ele é seu namorado...

— Agora é nosso. — riu de extrema confusão que surgiu na face de Izuku.

— E você...? Quando disse que gostava de mim era em que sentido? — questionou, mas não obteve resposta, apenas vendo o loiro se levantado e andando até a porta do quarto.

Ele olhou para trás antes de sair, abrindo a boca e fechando várias como se fosse respondê-lo, mas não conseguiu. Não dava para botar em palavras sentimentos tão egoístas, então apenas repetiu aquilo que mais era necessário:

— Eu realmente sinto muito por tudo, Izuku.

E então saiu, deixando ruivo e esverdeado estarrecidos para trás.

— Ele... realmente está arrependido? — questionou ao ruivo depois de pensar um pouco. — Eu pensei que o Kacchan me odiasse...

— Não realmente. — disse com convicção — Ele escreveu uma carta que pretendia te entregar ontem, mas acabou não dando certo e ele jogou fora. — se levantou da cama, levando as mãos à gaveta da estante — Maaas, eu consegui recuperá-la! — retirou a carta de sua gaveta, entregando ao menor.

Ao fita-la, Midoriya lembrou-se dela de imediato no dia em que confessou tudo que havia feito ao loiro. Viu essa mesma carta nas mãos de Katsuki naquele dia, então não teve dúvidas em constatar que sim, ela viera do loiro. Teve menos dúvidas ainda quando abriu o envelope, apreciando a grafia delicada que era inconfundivelmente pertencente ao Bakugou. Leu as palavras com paciência, sentindo seu coração vibrar com cada uma delas. Lágrimas acumularam-se em seus olhos. Lágrimas de emoção. Estava, mais uma vez, contente em saber que Katsuki não lhe odiava, e ainda por cima, buscava reparar seus erros de alguma forma.

— Obrigado, Kirishima. — envolveu seus braços na cintura do ruivo em uma abraço apertado.

— De nada! — sorriu, deixando um beijo nas bochechas sardentas — Ah, desculpa, eu podia?

Viu o esverdeado fita-lo com um rubor crescente, mas sem conter o sorrisinho satisfeito que se formou em sua cara.

— Pode sim. — afirmou, aproximando seus lábios dos de Kirishima e envolvendo suas línguas em um ósculo desajeitado. Não foi um beijo muito demorado, mas aproveitável e, certamente, satisfatório. Kirishima riu com a situação, levando novamente suas mãos à cabeleira do menor, afagando-a com carinho. — Queria que o Kacchan também estivesse aqui... ah, não que você seja ruim, Kirishima, é que-

— Eu entendo. Também queria. — afirmou de forma compreensiva — Mas logo ele vai estar.

— Tem certeza?

— Sim, ele gosta de você também, afinal.

***

[1 mês depois]

— Que foi, porra? — praguejou assim que abriu a porta de seu quarto, bufando ao ver que o ruivo estava acompanhado de Midoriya — De novo com essa merda? Eu já disse que não. — e começou a fechar a porta, mas foi impedido por Kirishima — Porra, cabelo de merda...

— Suki, dá uma chance! — Eijirou pediu enquanto segurava a porta com força.

— É Kacchan, eu já disse que não vejo problema nisso...

Katsuki bufou, estalando a língua e enfim desistindo de tentar fechar a porta, dando as costas aos outros dois e rumando à sua cama. Um mês havia passado, mas Bakugou ainda estava relutante sobre o relacionamento com Midoriya. Ajudava o esverdeado sempre que possível, seja em treinamentos ou batalhas, era mais ameno quando conversava com ele também, todavia ainda não aceitava entrar em um relacionamento romântico com ele, pois tinha quase certeza que não funcionaria. Não por culpa de Izuku, e sim por sua. Tinha medo de machuca-lo ainda mais.

Insistentes, Eijirou e Midoriya continuavam lhe perturbando na esperança de que o loiro cedesse alguma hora. Hoje não foi diferente.

— Por que querem tanto essa merda? — rosnou, sentando-se no móvel e encarando os dois. — Eu já disse que o cabelo de merda é seu, Deku. Não precisa ficar comigo também, se é isso que pensa.

— Não é por precisar, eu realmente quero. — afirmou, se aproximando e sentando ao seu lado.

— Isso não vai dar certo.

— Por quê?

— Eu posso te fazer sentir como um merda de novo.

— Você gostaria de fazer isso?

— É claro que não! — bradou, inconformado com a acusação. Obviamente não queria fazer Izuku sofrer novamente, mas tinha receio de que isso pudesse acontecer.

— Então tudo bem. — Midoriya sorriu docemente, olhando de canto para Kirishima, que se aproximou do outro lado de Katsuki. — Você mudou, Kacchan, não acho que vai fazer isso.

— E se fizer, saiba que estou aqui para te repreender, Suki. — Eijirou disse após ter sentado ao seu lado, envolvendo sua cintura com um braço e o abraçando carinhosamente.

— Tsc, vocês são insistentes pra caralho. — resmungou, apesar de um pequeno sorriso começar a despontar por seus lábios.

— Talvez. — Izuku coçou a nuca envergonhado, começando a aproximar sua mão da face alheia — Mas é que, mesmo depois de tudo, eu gosto de você e acredito que possa melhorar, Kacchan.

— Tsc, tá bem. — declarou desistente, também levando as digitais à bochecha sardenta, acariciando-a e vendo que o esverdeado gostava de seu toque.

Por fim, aproximou suas bocas, ainda hesitante, mas tomou coragem e colou seus lábios aos de Izuku em um ósculo terno e calmo. Katsuki arregalou os olhos ao ver que estava sendo retribuído, intensificando o beijo e abraçando o esverdeado no processo.

— Vai ter que me aguentar como namorado agora, Deku de merda — avisou após afastarem suas bocas. Logo depois, Bakugou encaixou seu queixo na curvatura de seu pescoço, envergonhado com a carícia. — Isso não quer dizer que vou te tratar como merda — sussurrou em seu ouvido, tentando explicar sua frase.

— Eu entendi. — afirmou — E não se preocupe, vou aguentar sim! — sorriu, timidamente despejando alguns beijos pela nuca do loiro, vendo-o arrepiar com o contato de seus lábios em sua pele.

— Gente, não quero interromper, mas já é hora do almoço...

— Tsc, vamos lá então — resmungou, se desvencilhando do abraço e levantando de imediato. Sua face estava ruborizada por conta do carinho que recebera, mas jamais admitiria isso.

Os outros dois também se levantaram, sorrindo para o loiro que tentava esconder a vermelhidão na face enquanto se direcionavam até a porta junto ao mesmo.

Era apenas o começo deste relacionamento que exigiria muitas batalhas internas, aceitação do perdão e a busca da evolução por conta de atos do passado, mas com esforço e carinho sabiam que seriam capazes de superar aquele caminho árduo de um relacionamento totalmente improvável.

Bem, ao menos o primeiro passo já foi dado, bastava agora se esforçar para que o resto também desse certo.

»Fim.

✤✤✤

Talvez o final tenha sido meio meh, mas eu quis que fosse assim, esse meio que era o objetivo.

Obrigado a todos que leram até aqui! ^^

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