É difícil sentir demais, pensar demais, viver demais. Tudo o que você pede é que diminua, desacelere ou até pare. Porque dói e essa dor perfura seu coração, dilacera sua alma e transborda seus olhos.

É demais para mim, quero um sono tranquilo, sem sonhos ou sensações. Quero que o véu da escuridão me cubra até que tudo passe. Nem que seja por apenas um instante.

Gostaria de inspirar profundamente e quando soltasse o ar tudo que é demasiado saísse junto, empurrado pelo vento da minha respiração. Não estaria mais cheia ao ponto de estourar, seria o suficiente.

Sinto-me muitas vezes presa em um tornado de emoções, jogada de um canto a outro sem conseguir sair da espiral tormentosa. Parece que sou rasgada em duas, três, mil pedacinhos, todos tentando se juntar. Em alguns momentos consigo colar algumas peças, mas não estão na ordem certa, não se encaixam de verdade e apenas me deixam mais confusa.

Gostaria de gritar, me debater, arrancar com as unhas tudo o que me faz mal. Mas e se o que me faz mal na verdade sou eu? Posso eu me arrancar de mim? Se for possível, ainda seria eu? Se não for, vale a pena deixar de ser para ser algo melhor? Realmente seria melhor?

Não sei se é tão importante manter minha identidade e nem o que faz de mim quem sou ou mesmo se sou alguma coisa em específico. Só sei que queria tirar o excesso, poderia conviver sendo o que sobrasse.