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Parte 3 (EPÍLOGO)

SETE ANOS, FOI ESSE O TEMPO QUE fiquei longe, sem ver minha cidade natal. Por que? Porque tudo ali me trazia lembranças de uma história que eu queria esquecer.
Eu era só uma garota apaixonada, no segundo ano da faculdade, que perdeu o namorado. Um namorado que eu pensava ser o homem certo para mim. A questão é que o tempo passa e as coisas mudam. Quando você perde alguém ou quando tem que deixar alguém para trás e seguir em frente, você aprende a lidar com o vazio que fica no seu peito nos primeiros meses; aprende a conviver com a ausência, a acordar e não ter mensagens daquela pessoa, a saber que se algo acontecer - seja bom ou ruim - não vai poder ligar correndo para ele e contar. Um pouco mais de tempo depois, você aceita que nunca mais vai ter os braços dele em volta de você, ouvi suas risadas ecoando juntas, sentir a mão dele na sua e o aroma daquele perfume tão familiar que parece a essência dele. E dói, dói demais se adaptar e aceitar tudo isso. O vazio não passa quando você se acostuma com ele.
Eu amei Ben por muitos anos e sofri quando o perdi, passei por várias fases, foi como estar de luto. Um luto confuso por um amor que ainda não estava morto, mas precisava estar.
Nesses anos, eu passei a focar em mim. Me preocupar mais comigo. Talvez eu tenha passado a ser um pouco egoísta, por isso, ou talvez não. Eu só acho que cresci e percebi que estava mais do que na hora de fazer minhas escolhas pensando no que realmente me faria feliz. O primeiro passo foi a faculdade. Muita coisa do meu futuro dependia daquilo, fazer o que devia ou o que queria? Ter uma chance de emprego certo ou uma carreira inconstante, segundo muitos, com grandes chances de não dar certo? Eu engoli o medo e tentei, tentei ir atrás dos meus sonhos. Tranquei a faculdade de direito e comecei a cursar cinema, após conseguir uma bolsa integral. Direção e Roteiro. Era o primeiro passo para ser feliz, para ser realmente quem eu queria ser; o primeiro passo que dei pensando só em mim e na minha felicidade. Hoje agradeço por ter feito isso. Terminei a faculdade com honras e logo consegui um bom estágio, em um estúdio grande e bem sucedido, a noite, em casa, eu escrevia meus roteiros e sonhava com o dia que o veria nas telonas.
E verei. É esse o motivo de estar nesse trem agora, voltando para casa. Além de matar a saudade da minha família - que ia me visitar nos feriados, já que eu me recusava terminantemente a voltar àquela cidade- eu iria contar a eles a novidade: depois de um ano tentando escrever um roteiro realmente bom, eu tive coragem e o envie para um estúdio, o mesmo onde fiz meu estágio, e eles aceitaram! Isso mesmo, iria ser produzido!
Eu estava tão feliz que mal cabia em mim!
Mas então tinha o trem, a viagem de volta no melhor estilo "a boa filha a casa torna", o Ben, a velha ferrovia e todas as lembranças que já estavam aparecendo em minha mente. Como flashbacks confusos e que, mesmo depois de tanto tempo, ainda doía.
Eu não sabia se ele estaria lá ou se havia enfim tomado coragem de sair daquele lugar e ir ver o mundo, cidades maiores, as pessoas, buscar seus sonhos. Ou se teria ficado ali, ajudando a família, trabalhando com o pai, como disse que faria. Eu não sabia. Todos eram proibidos de falar dele perto de mim e eu me proibia constantemente de perguntar. Mas se Ben ainda estivesse lá e eu visse, confesso que temia o que poderia sentir. Eu não fazia idéia do que sentia por ele, mas sim, ainda sentia alguma coisa. Era um sentimento desconfortável, as vezes sufocante, como um nó na garganta. Preso. Eu não sabia mais o que era e não queria descobrir. Quando olhasse para ele, tudo o que eu desejava era não sentir nada.
No entanto, quando o trem parou na velha estação ferroviária, a primeira coisa que vi foi o nosso vagão. Me deu um aperto no peito e, não sei bem o porquê, mas eu sorri, um sorriso daqueles que fazem a gente sentir um calorzinho no coração mesmo que ele esteja apertado.
Peguei minha mala e fui até lá. Caminhando sem pressa entre os trilhos, sentindo a brisa da mudança de estação balançar meu cabelo e sentindo meu coração bater cada vez mais rápido, e até um pouco temeroso.
Entrei no velho vagão vermelho, capim seco o invadia e o lugar estava bem sujo. Antes não costumava ser assim, Ben e eu o limpávamos afinal, era o nosso lugar. Onde nos beijamos pela primeira vez. Onde ficávamos escondidos, vendo os trens passarem.
Acendi um cigarro e fiquei parada, olhando um trem passar, deixando a estação.
- Então você fuma agora?- uma voz familiar questionou, o som atingiu minhas costas e pareceu atravessar até meu coração, quando reconheci aquela voz. Sempre reconheceria porque ouví-la fez meu coração doer e lágrimas umedecerem meus olhos e só naquele instante percebi o tamanho da saudade que eu ainda sentia dela. Virei-me e me deparei com um homem alto, olhos profundos e expressivos, os traços marcados escondidos por uma barba escura. Ben. Um pouco mais velho e menos sorridente, mas ainda assim o meu Ben.
- É o que parece.- respondi, dando uma balançadinha no cigarro no ar.
- Tá aí uma coisa que nunca achei que veria, Hannah, a anti-nicotina Hannah, fumando. - ele riu, um riso frouxo carregado de nervosismo.
- É, a gente muda.- forcei um riso também, mas meu peito tinha um peso grande demais para que eu conseguisse rir.
- O que faz aqui?- perguntamos ao mesmo tempo. Eu me referi ao vagão, já ele eu não sabia...
- Bom,- comecei - a gente tenta sair da cidade, mas a cidade não sai de você. É como diz meu avô: o trem te leva e você leva uma parte dele onde quer que vá.
- É, sua mãe me falou que viria.- ele colocou as mãos nos bolsos, não parecia mais tão bom em esconder o nervosismo. E eu que nunca fui boa nisso, dessa vez nem lembrei de tentar me preocupar em esconder o meu.
- Falou?
- É...
- E você, o que faz aqui nessa vagão sujo? - soltei uma risada abafada, minhas mãos estavam frias e meu coração batia tão rápido que parecia doer.
- A verdade?
Eu balancei a cabeça, assentindo. Sim, a verdade.
- A verdade é que eu vim te ver, Hannah. Eu não sei se você ainda tem raiva de mim e não me senti no direito de ir até sua casa dar as boas vindas, como se estivesse tudo bem entre a gente. E eu nem sequer sei se está tudo bem, tudo péssimo... não sei. Mas quando sua mãe me falou, ontem, que você estava voltando, eu senti que precisava te ver. Mesmo de longe, escondido em um vagão sujo, ou sentado em algum banco da estação fingindo ler um jornal. - ele riu e tirou um jornal que trazia no bolso do casaco marrom, balançou no ar e continuou - Eu só queria ver como você estava, se estava bem, talvez eu tomasse coragem e fosse até você perguntar... Só que aí o trem chegou e eu fiquei aqui, te olhando descer, observar a paisagem e pegar sua mala, até começar a caminhar até aqui. Até mim. E eu poderia ter ido embora antes que me visse, ter ignorado minha necessidade de falar com você, só que eu não seria estúpido de cometer o mesmo erro duas vezes. - Ele ficou me olhando, esperava que eu dissesse alguma coisa? Porque eu não sabia o que dizer. Uma parte de mim, queria abraçá-lo. A outra parte, queria sair dali correndo. E ainda havia aquele pedacinho que queria saber o que ele ainda sentia.
- Eu- soltei um suspiro audível e inevitável - eu não sei o dizer.
- Tudo bem, não precisa dizer nada. - ele me deu um sorriso de canto, daqueles que damos a uma criança dizendo que tudo bem se ela tiver medo do escuro, tudo bem se não souber explicar onde dói.
- Até quando você pretende ficar entre nós?
- Vou embora na segunda de manhã.
- Rápido.
- Pois é, o trabalho me espera.
- Entendo...
A essa altura já não sabíamos mais o que dizer, o silêncio desconfortável pairava entre nós ali, parados, a poucos passos um do outro, em um lugar que um dia havia sido tão especial para nós dois.
- Acho melhor eu ir, minha mãe já deve estar achando que esqueci o caminho de casa. - ri. O desconforto era tanto que parecia palpável.
- Não, fica mais um pouco. Só mais dois minutos...
- Por que?
- Porque eu não sei quando vou te ver outra vez. Porque tem muitas coisas que quero te dizer, mas não sei como, não consigo. Você que sempre foi boa com as palavras, não eu.
- É, mas você sempre dava um jeito de me fazer entender o que queria dizer. - lembrei, ele assentiu. - Então, Ben - o nome dele, foi a primeira vez que o pronunciei em muito tempo, - o que você quer me dizer dessa vez?
Ele respirou, como se tentasse puxar as palavras do fundo do seu âmago, e tentasse encontrar um jeito de deixá-las sair.
- Eu não sei se você seguiu em frente, se já tem outro cara, não sei como está sua vida, nem o que fez todos esses anos. E há muito que gostaria de saber, de perguntar. Só que agora eu só quero dizer que eu não esqueci - ele fez uma pausa - eu não esqueci de você, de nós. Mesmo sem saber se um dia você voltaria, eu te esperei, esperei por todos esses anos que um dia aquele trem - ele olhou para além de mim, por cima da minha cabeça, para o trem de metal escuro - trouxesse você para mim. E teve um momento em que eu cansei de esperar e tentei seguir, conheci uma pessoa e tentamos fazer funcionar, mas não funcionou. Nada funcionava porque ela não era você. E então haviam as cartas...
- Cartas?
- Sim, as cartas. - ele abriu o jornal e dentro haviam várias cartas unidas, amarradas, um verdadeiro maço de cartas. - Eu não conseguia esquecer você e, ao mesmo tempo, temia conseguir, então eu te escrevia cartas. No começo, era toda semana, várias vezes. Depois uma vez por mês. Mas te escrevi cartas por sete anos e nunca tive coragem de enviar nenhumas.
- E o que tem nessas cartas?- minha voz soou baixa, trêmula. Eu estava sentindo um emaranhado de emoções causadas pelas palavras dele.
- Respostas.
- Respostas? Respostas para que?
- Para todas as suas perguntas. As que se fez naquela época e as que deve estar se fazendo agora. Respostas sobre o porquê de eu ter te esperado, se ainda te amo ou não, por que fui estúpido o suficiente para te deixar ir... Respostas para uma carta que, no dia em que você partiu, eu encontrei em um dos vagões do trem. Quarto assento do segundo vagão, no lado da janela. - então ele tirou do meio das cartas que tinha em mãos, um envelope surrado, um pouco amassado e o entregou a mim. Era a minha carta. A carta que escrevi contando o fim da nossa história, como o perdi, e deixei no trem para que um alguém qualquer lesse e soubesse o quanto eu amei aquele rapaz de olhos claros e sorriso fácil. Mas, no fundo, eu torcia para fosse ele próprio quem encontrasse a carta e soubesse que o amei com cada fibra do meu ser e que o perdoei...
- Minha carta...
- É, eu ia até você eu acho, não tinha muita certeza de para onde ia, só estava confuso e entrei no trem, então a encontrei. E te deixei ir, prometendo em silêncio que iria esperar. Todos os dias eu leio essa carta e alimento o pássaro azul no meu peito que cegamente sempre acreditou que você voltaria.
- E eu voltei.
- É, só que não para mim.- vi um brilho triste escurecer seu olhar e me doeu demais. Ele havia esperado, ele me amava. E por mais louco e assustador que parecesse, eu estava feliz por isso.
- Talvez, Ben, sem saber ou sem querer admitir, eu tenha voltado por nós. - fiz uma pausa e dei um passo em direção a ele. - Todos esses anos, eu evitei pensar em você. Evitei até mesmo seu nome. Porque me doía muito ter te perdido, ainda dói, só que eu também não esqueci. Toda vez que em algum lugar, ouvia uma canção do James Taylor, eu lembrava de você. Toda vez que entrava em um metrô de cidade grande, lamentava não ser um trem da velha ferrovia e pensava em você. O mundo parecia conspirar para que eu lembrasse de você enquanto lutava para te esquecer, porque no fundo eu também não queria. Eu também tinha um pássaro azul torcendo para te ver outra vez, e por vezes o meu quase morreu pois eu não fazia questão alguma de alimentá-lo. A verdade, Benjamim, é que eu ainda amo você. E não esqueci porque se me lembro bem, nessa carta tem uma promessa e um sonho tolo de te encontrar aqui, junto aos trens...
- Voltando aos trilhos.
- É, de volta aos trilhos.
- Eu deveria ter ido atrás de você, não deveria ter deixado passar tanto tempo...
- Não, não - toquei seu rosto, senti sua pele sob meus dedos, um impulso do qual não me arrependi e nem recuei, - as coisas aconteceram como tinham que acontecer. Eu precisava sair dos trilhos e aprender a andar sozinha. Você também.
- Mas será que não perdemos um ao outro no caminho?
- Sim. Eu te perdi. Você me deixou ir. Mas eu voltei, Ben, e você estava aqui, me esperando.
- Eu sempre esperaria.
- Eu sei. Sei porque eu voltaria também. Eu amo você... - e antes que ele dissesse alguma coisa, eu o beijei. Fiquei na ponta dos pés e selei meus lábios aos seus, era engraçado perceber que eu ainda precisasse fazer isso para alcançar seus lábios. Mas, a melhor parte, foi sentir como se eles nunca houvessem sido separados.
Eu não sabia como ele estava se sentindo, mas para mim foi como se nossa chance de recomeço estivesse sendo selada com aquele beijo, doce, suave, no ritmo perfeito. Ainda encaixavamos perfeitamente um no outro. Eu só temia que não combinassemos mais, que aquele acordo em forma de beijo só durasse dois dias, pois na segunda de manhã haveria um trem me esperando e eu outra vez partiria. A questão era: ele iria desistir ou me esperaria? Porque eu não podia ficar e jamais pediria para que Ben fosse comigo.
Ele me apertou, me puxando contra si. Sussurando entre meus lábios que havia sentido minha falta, eu também havia sentido a dele.
Enquanto nos beijávamos, ouvi um apito do trem que, assim como nós, estava de volta aos trilhos.

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