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Atual

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Ana é uma mulher forte.

E mulheres fortes precisam, — São obrigadas. Ouvir de homens fracos, suas fragilidades. Ana apenas sorri sarcasticamente enquanto reprime uma dúzia de coisas que poderiam desconstruir aqueles homens de pequenas mentes. E pouca fé.

— Dona Ana, não seria melhor a senhora procurar alguém para gerir a empresa? — Gerson, seu funcionário mais chato pergunta, ela batuca a caneta em sua mesa. — Acho que isso traria mais segurança aos nossos colaboradores.

— Não acho, não. — Ana comenta simplesmente. A meia dúzia de homens esboça caras descontentes. — Sou tão competente quanto qualquer um, fiz as mesmas faculdades deles, talvez tirei notas melhores que eles.

— Senhora... Não estamos duvidando da sua competência, longe disso. — Mais um de seus funcionários diz. — Mas acho que como a senhora não é casada, os nossos investidores podem não sentir confiança com isso.

— O que minha vida pessoal tem a ver com isso? — Tilinta as unhas pintadas em vermelho vivo na caderneta. — E além do mais, eu pago o salário de vocês para resolver problemas como esse e não para darem palpites. Ou querem ficar desempregado bem no ano em que a taxa de desemprego está em alta?

Eles assentem ficando calados. Ana fica feliz com o resultado, não é nenhuma carrasca ou uma chefe chata mas estava ficando cada vez mais nervosa com o burburinho em sua empresa.

Os corredores estavam escorrendo fofocas e encharcando cada vez mais sua sala. Ela sabia bem o por que, por estar completando quarenta anos no próximo fim de semana e estar solteira até hoje, isso estava despertando a curiosidade do povo.

Embora a empresa de imóvel lhe desse um trabalhão, ela gostava de ter seu próprio negócio no fim das contas, no fim do dia, no fim do seu expediente, quando é só ela e seu banho gelado, ela sentia orgulho do que construiu ao longo dos anos.

Fechou o escritório, depois checou seus os lixos tinham sidos retirados, cumprimentou o segurança e entrou em seu Fox preto que ela comprou para ela mesma em seu aniversário e deslizou sobre suas rodas no centro da cidade.

Santa Vicentina era uma cidadezinha no interior de são Paulo, não muito pequena para todos saberem da vida um do outro mas não muito grande ao ponto ter Shopping's, o que era uma pena porque Ana adorava ir em um e para isso precisava se deslocar quarenta minutos para a cidade grande mais próxima.

Como sempre estava muito calor e os cabelos lisos estavam presos em um coque mal ajeitado, a pele oliva escura brilhando com o resto do sol que sobrava ás seis da tarde. E o trânsito está insuportável, com buzinas e pessoas fazendo ultrapassagens burras.

Quando colocou os pés em seu apartamento, ela chutou os saltos para fora do pé e arrancou as roupas se sentindo livre. Entrou no chuveiro e tomou um banho gelado, esfregou a cabeça com shampoo porque é dia de lavar o cabelo.

O celular estava vibrando e tocando estridentemente em cima da sua mesa quando ela saiu enrolada na toalha e secando os cabelos, olhou para o visor e viu que era João, seu irmão que não conversava com ela há meses.

— Alô. — Respondeu contra o telefone.

— Aninha. — A linha do seu lado estava barulhenta e ouviu a sobrinha Edite ouvindo alguma música de desenho animado. — O pai sumiu.

Ela mordeu a língua tentando entender que tipo de piada seu irmão estava fazendo com ela em uma hora dessas. Ela estava muito cansada pra brincadeiras.

— Para de palhaçada, meu. — Espumando pela boca, ela rola os olhos.

— Não é brincadeira, é sério. — A televisão explode em gargalhadas. — Edite, o papai tá falando no telefone, abaixa o volume.

— Tá mas como assim ele sumiu? — Pergunta afoita.

Sua mente começa a projetar as piores coisas imagináveis e ela tenta se acalmar.

— Eu vim visitar ele umas duas horas da tarde e não o achei. — Constata o óbvio. — Achei estranho porque o pai sempre fica em casa essas horas, aí decidi esperar e nada dele aparecer. Ai eu fui pegar um café e achei uma carta.

— Que carta?

— Uma carta tipo de despedida. — Não muito convencida, Ana dá uma risada.

— Mas o pai faz isso sempre, Jão. — Ela tenta convencer o irmão de que está tudo bem. — Ele é escritor.

— Não, Aninha, essa é diferente. Vem pra cá, agora.

A linha emudece e ela corre até seu guarda-roupa, escolhe qualquer roupa e veste tudo de uma vez. Sem dar voz aos pensamentos sombrios e medrosos que rodopia em sua mente, ela arranca com o carro e o motor ruge até a vila em que o pai mora.

As rodas deslizam sobre as pequenas vielas do bairro Caetano, ela estaciona em frente à casa do seu pai. A mesma que costumava ser o seu lar durante sua adolescência toda, até os dezoitos anos, que foi quando ela entrou na faculdade da cidade do lado e foi morar em uma república.

O portão azul guarda as milhares de roseiras que o pai cultiva, era esse seu hobby desde que a mãe partiu, ela abre o portão e entra com a bolsa pendurada em seu ombro. Agora o tempo esfriou e ela começa a ficar irritada por não ter pegado um casaco.

A casa cheira café. E está barulhenta, conforme ela entra percebe que a sobrinha está no sofá vendo vídeos no telefone. E que o irmão está passando café.

— Jão, tô aqui. — Anuncia.

— Entra aí. — Ele grita da cozinha.

Ela joga a bolsa no sofá e chama a atenção de Edite, sua sobrinha que tem os olhos mais verdes que ela já viu, Clara, — Sua cunhada. Era loira dos olhos verdes e Edite era sua cópia versão mini.

— Bença tia. — Ela abraça Ana sem soltar o celular.

— Deus abençoe, fia. — Ela bagunça os cabelos da sobrinha e vai em direção da cozinha.

As panelas que costumam ficar empilhadas, estão jogadas no chão e isso assusta Ana porque seu Aparecido Silva é um cara organizado. A casa está um transtorno, com fronhas jogadas no chão, os livros do pai estão tombados e revirados.

— O que aconteceu aqui? Um furacão? — Quem diz é Paula, a irmã mais nova de Ana. A mesma que não tem uma conversa decente há anos.

Desde o incidente que deixou Ana com marcas e cicatrizes profundas até hoje. E que talvez nunca sejam cicatrizadas. Numa mesma noite ela perdeu muitas coisas, inclusive a amizade da irmã.

— Ao que parece, o pai surtou ou foi assaltado. — Jão diz enchendo três copos americanos de café e entrega para as irmãs. — Mas não sei se foi isso mesmo porque tá tudo aí. Até o dinheiro que o pai deixa guardado.

— Não acredito, você mexeu nas coisas dele João? — Paula grita enquanto Ana está cansada demais para se meter em uma discussão demorada com a irmã.

— Ah cala a boca, Paulinha. — Jão se exalta um pouco. E coça os braços, um sinal claro que está preocupado. — A gente precisa procurar ele, até o telefone dele tá aqui.

— Já ligou pra polícia? — Paula pergunta assoprando o café.

— Sim, mas só começam a procurar com vinte e quatro horas de sumiço.

— E a tal carta, Jão? — Aninha se pronuncia.

Ele aponta para a mesa e Ana pega o papel de caderno. Um daqueles que o pai amava comprar nas lojinhas de um real porque era baratos e porque ele precisa de muitos deles para suas novas ideias de livros.

Ana corre os olhos pela carta e absorve as palavras, querendo rir da audácia do pai de querer brincar com os filhos, nessa altura do campeonato. Ela ama o pai e sempre teve uma conexão forte com ele, mas agora ela não se sentia nada conectada ao pai.

— Certo. — Ana murmura. Paula toma o papel com ignorância de sua mão e ela fecha a cara. — Acho que deveríamos levar em conta as circunstâncias.

— Que seria? — Jão indaga.

— Faz mais de dez anos Jão. — Ela tem um sorriso tristonho nos lábios e Paula murmura um palavrão quando termina de ler. — Eu tinha vinte anos e cinco e você vinte anos, Paula tinha quinze. — Ela limpa uma lágrima desesperada pelos sentimentos tão à mostra aos irmãos. — Faz tanto tempo, seguimos nossas vidas mas e se o papai tiver endoidado?

— Ana você é muito dramática. — Paula diz com a voz tomada por escárnio — Como fez com Cleber, meu ex-marido, tudo bem você ter dado em cima dele, irmã. Mas mentir é feio.

E então ela bate na mesma tecla como em todas as vezes que as duas estão no mesmo perímetro. Ana já lhe explicara milhares de vezes para a irmã que não tinha dado em cima de seu marido, nunca teve a chance de dizer tudo, mas Paula deveria acreditar nela. Ela era sua irmã, oras.

Aquela que ela costumava contar todos seus segredos. A mesma que deixou ela usar seu vestido favorito e que não brigou com Paula por ter derramado suco de uva nele e arruinando ele. A mesma Ana que dormia com Paula quando ela sentia medo. Por tudo e por nada, a mesma que estivera em seus momentos mais felizes e nos mais tristes.

Tudo destruído por uma tolice. Um homem. Um incidente. Capaz de destruir duas pessoas e o laço bonito que as mantinham unidas.

— Gente, foco, a gente precisa encontrar o pai. — Jão, o mais calmo do trio expulsa a nuvem preta de mau tempo que paira sobre as irmãs. — Ele não levou os remédios.

E isso fez com que as duas se olhassem assustadas. João, o responsável, coordenou a busca pela casa. Pedindo para as irmãs procurar qualquer coisa que pudesse mostrar onde o pai está.

Seu Cido não era o tipo de pessoa que sumia sem avisar, ele mandava figurinhas divertidas e imagens de Boa noite todos os dias no grupo da família. E ele não fez nenhuma dessas coisas durante duas semanas e os três não notaram nada disso.

Ana remexe nos cadernos espalhados do pai e abre um por um em busca de qualquer rabisco ou trecho estranho, além das poesias que o pai gostava de escrever, enquanto lê os poemas, Ana se lembra do quanto o pai adorava fazer aquilo.

Escrever para ele é como se ele colocasse a alma pra secar no portão de casa para todos terem a oportunidade de ler. Seu Aparecido Silva já foi um autor famoso, ainda é, mas hoje não tem o mesmo público que antes mas nem isso foi capaz de fazê-lo desistir de viver da sua arte.

— Oi, meu bem. Vim o mais rápido que pude. — É Clara, sua cunhada, ela pega Edite no colo. — Querem ajuda?

— Não, benzinho. — João beija os lábios da esposa que segura a filha desmaiada. — Vai pra casa, eu e as meninas vamos procurar mais um pouco.

— Certo. Qualquer coisa me liga, tchau meninas. — As duas respondem juntas e voltam a fazer o que estavam fazendo.

Ana para os olhos em uma folha e a lê atentamente:

Aninha,

A caixa de fotos. Esse é o primeiro passo, as lembranças são as rachaduras eternas de uma casa. Elas são memórias e vocês todos precisam visitar as rachaduras.

— Gente, achei uma coisa. — Ana grita e corre para o quarto do pai sabendo muito bem o que pegar.

Levanta a colcha da cama azul da cama do pai e se enfia debaixo da cama como uma criança, puxa uma caixa marrom que imita um baú e assopra expulsando a poeira. Vai até a sala e se senta no sofá, João se senta ao seu lado e Paula está sentada na poltrona velha.

— O pai deixou uma pista em um dos cadernos dele. — Ana explica. — Ele disse pra gente visitar as memórias, algo assim, e pediu pra eu pegar a caixa.

— Claro que seria a favorita que faria isso. — Paula é ácida.

— Paula, para. — Jão bufa.

Ana abre a caixa com um pouco de dificuldade e algumas fotos se expulsam sozinha do baú. Ela pega algumas, reprimindo a tristeza que implora pra escapar de seus olhos.

— Lembram desse dia? — Jão está com uma foto dos irmãos.

Ana e Paula esticam o pescoço olhando a foto em que os três estão sujos de massa de bolo batida. Ana se lembra desse dia, era seu aniversário de dez anos e os pais estavam duros demais pra fazer uma festa e então a mãe fez um bolo e deixou eles lamberem a tigela.

Aninha não consegue mais se conter e sente as lágrimas salpicarem suas bochechas. Ela sente tantas saudades da mãe mas com o passar do tempo, a rotina extensa e o afastamento da família ela se esqueceu do rosto de Edite, sua mãezinha, da sua voz e do seu cheiro.

— Quem diria que quinze anos depois, ela iria partir? — Jão também chora e Paula também.

O único erro daqueles irmãos foi esquecer que o tempo é curto e a morte é cruel, ela não terá piedade em lhe tirar tudo que puder, mas que a vida nos dá a chance de vivermos o que precisamos viver. 

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