6. A Lenda de Tainara (O Perdão Que Cura)
A Jovem Tainara, filha do povo Guaraci era a mais formosa de todas as tribos que habitavam ao longo do Rio Amazonas. Além de sua jovialidade e beleza, possuía uma doçura sem igual, ao ponto de ser amada por todos, incluindo os animais e as plantas.
Mesmo com tanta doçura, era uma moça muito forte, porque quando tinha apenas seis anos, seu pai Kauê morrera em um conflito com os brancos pela disputa de terras, deixando a sua esposa Nadi e as filhas Suyane, Yandra e Tainara, como é costume na tribo, Nadi foi acolhida pela família de Kauê, após viver o luto por um ano, se casou novamente com seu cunhado Porã.
Como mandava os costumes, após união os filhos de Kauê passaram a ser filhos de Porã que seria responsável pela educação, oferecendo-lhes amor, abrigo e proteção.
Infelizmente, isso não aconteceu na prática, porque Porã não amava os filhos de seu falecido irmão. Isso causou muita tristeza em Nadi, mas era a tradição que ela acabou seguindo; por isso, Tainara apesar ser ainda tão criança, se esforçava para ajudar a sua mãe nos afazeres e também nos cuidados de suas irmãs.
O tempo foi passando, Tainara cresceu sendo amada por todos, cada dia se tornava ainda mais bonita e doce, os seus cabelos eram negros como a noite sem lua eram longos que quase lhe cobriam os quadris, seus olhos eram redondos e muito brilhantes, seus dentes eram muito brancos deixando o seu sorriso ainda mais lindo, seu corpo era esguio e forte isso sem falar de sua voz que era tão suave como o canto dos pássaros.
Mesmo bastante jovem, já cozinhava e em todas as festas ela encantava pela sua habilidade na dança, ela era um orgulho para Nadi e um desgosto para Porã porque não conseguira ter filhos naturais, ver Tainara desabrochar desse jeito, despertou em seu coração sentimentos ruins e o mesmo chegou a odiá-la.
Com tantas qualidades não era de se estranhar que muito jovens da tribo eram apaixonados por ela, e a desejavam para o matrimônio, porém ainda não era o momento já que ela ainda não havia vertido o primeiro sangue.
O coração de Tainara já pertencia a Rudá, um guerreiro da tribo, esse amor era correspondido, mas para que a união fosse sacramentada seria preciso a aprovação de Porã e o pagamento do dote, foi em uma noite de lua cheia Rudá faz uma visita à oca de Porã levando e pede Tainara em matrimônio, se comprometendo a esperar o momento para que a cerimônia fosse realizada.
Porã ao perceber que a união dos dois traria a felicidade para o casal, influenciado pelo ódio que contaminava o seu peito Porã não autoriza o casamento, dizendo que Tainara já estava prometida para Moacir, filho de seu irmão Ubirajara.
E para o desespero de Tainara naquela mesma noite ela verteu o seu primeiro sangue, e como era costume da aldeia, na próxima lua cheia aconteceria o seu casamento, a tristeza tomou conta de seu peito, porque ela não poderia desobedecer seu pai, a medida que o dia se aproximava a tristeza aumentava, se tornando em uma angústia era tão grande que se tornou uma febre que tomou conta de todo o seu corpo.
O curandeiro da tribo foi chamado trabalhou sem medir esforços para curá-la, porém a cada dia que se passava o corpo de Tainara se definhava, a tristeza tomou conta da aldeia. Todos se comoveram diante a possibilidade da perda da moça mais amada da tribo.
O ódio que habitava no coração de Porã deu lugar ao arrependimento, tomado pela dor e sofrimento ele se ajoelha próximo à rede onde Tainara estava deitada, ardendo em febre, quase inconsciente; entre soluços e muitas lágrimas lhe perde perdão por impedir a sua felicidade.
Tainara com muito esforço abre os olhos, quase sem brilho, responde que o perdoa, porque acredita que o perdão pode curar todos os males, mas pede para que seja um esposo melhor para a sua mãe e um pai amoroso para as suas irmãs.
Em uma crise de choro Porã responde que sim, Tainara com muito carinho e esforço estende a mão quente devido à febre, acariciando o seu rosto lhe sorri, fechando definitivamente os seus olhos!
O dia seguinte foi o dia mais triste da história daquela tribo, todos choravam a perda de Tainara, até os pássaros piaram em um canto sofrido de lamento. Tainara foi enterrada próxima à oca da família de Rudá, porque segundo os costumes isso demonstrava o arrependimento de Porã e o perdão da família de Moacir.
O luto por Tainara durou um ano, todos os dias desse período, amigos e familiares faziam uma visitam a sua sepultura, oferendas eram depositadas naquele local e assim que luto se findou, para a surpresa de todos, brotou uma pequena planta em cima do lugar onde Tainara foi sepultada. O curandeiro foi logo conhecer a planta, que já começava a florescer, uma flor vermelha iguais aos lábios da indiazinha, ao sentir o seu cheiro percebeu que era o mesmo perfume de Tainara.
Emocionado sentiu vontade de colher algumas flores e levar para a sua oca; naquela mesma noite a sua filha Aracy começa a ter febre, ele assustado começa a cuidar dela, passa a noite em claro, assim que amanhece sua filha, ainda ardendo em febre, lhe conta que teve um sonho onde Tainara lhe entrega uma flor vermelha, então ele compreende a mensagem e faz um chá com as flores oferecendo a Aracy, que logo fica curada!
Compreendendo a importância das flores, ele colheu todas, guardando-as como um medicamento precioso e raro, que de fato era porque a planta só voltou a florescer duzentos anos depois, mas, a história de Tainara foi transmitida de geração a geração, com o ensinamento que o perdão pode curar todos os males.
Escrito por Rogerio roggeriosilva
Avaliado por Thassinoyume
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