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Avalon: Saída

O badalar dos enormes sinos dos templos dizem que é chegada a hora de despertar e orar pelos deuses agradecendo mais um dia de vida. Contudo, aqueles que são espiritualmente mais ligados dão-se a anuência de dormir por mais tempo, que é o caso dos filhos do monarca Avalon.

O sol asseado e sem nuvens dá a sensação de que aquele dia será sossegado e caloroso. O rei acorda uma bagatela mais cedo para dar um passeio pela cidade de Valência em rumo ao templo, para falar com o grande sábio Maestrie.

Quando chega aos jardins do santuário dos sábios se depara com aquele senhoril de túnica regando as plantas. 

Um ancião pequeno e de aspecto quebradiço, porém, com um sorriso formoso e olhar inocente. — Você sempre deixa esse ar denso no ambiente Cronus, mas, no fundo, é um garoto mimado. — Diz o sábio. O monarca dá um forte abraço no senhor que reza para que seus ossos não quebrem.

Aquela exibição de afeto exala tranquilidade para o coração do ancião que tem medo de todos os conflitos que a casta, pela qual serve a anos, estão passando. Ele observa que o líder não está armado, raras são às vezes que o vê desarmado, e tais momentos sempre são bons.

Cronus simplesmente não diz mais nada, apenas pega o jarro da mão do erudito e começa a regar as plantas. Se depara com uma rosa verdejante quase tão linda quanto uma esmeralda refinada. 

— Não sabia que está na estação das límias. — Fala Cronus. — A rosa manipuladora... — Ele toca nos ramos das raízes que saem da terra. — Ela utiliza desses ramos pontiagudos que emergem do solo. Ao franco recostar em outra planta ou árvore faz com que aquele ramo cresça para perfurar o outro ser vivo e sugar toda sua vida para que possa crescer e se reproduzir com mais desembaraço. Se os humanos julgam que são o topo da vida na terra, majestosamente são tão idiotas quão imaginei. — Completa o rei.

— Mas você tem que conviver com a ingenuidade desses humanos. — O sábio faz sua réplica.

— Não de todos Maestrie, exceto os que considero leais, não são idiotas. — Refuta o monarca conforme faz carícia nas pétalas da límia.

— E quais são aqueles que você confia servo caído?

— Você... Christy, é, penso que é o suficiente, não?

— Evidente que não. — O sábio ri. — Não se feche de tal maneira para os humanos.

— Vocês não conseguem sequer se unificar por um pretexto comum, deixam que ego, dinheiro e arrogância se tornem mais elogiável até mais do que a própria existência. Imagina confiar em outra raça.

— E mesmo assim sua filosofia se enche de deslumbramento por eles. O que tanto quer dizer que a sua acanhação não permite? — Ao fim da fala do culto, o rei o olha e em seguida volta a analisar a límia.

— Vou sair em viagem, no entanto, não estou com um bondoso pressentimento disto. — Cronus fala pela primeira vez em muito tempo, num tom entristecido. 

— E para aonde irá meu garoto?

— Para o despovoado de Angh'da, conversar com o soberano Eric, ele me mandou um pergaminho propondo a unificação de nossos reinos para que tenhamos uma rota comercial mais pacífica. Além da composição para conquistar os reinos do norte.

— Soberano Eric? — Maestrie fica confuso. — O filho de George?

— Afirmativo, não te disse por falta de tempo, aparentemente o rei foi achado sucumbido no meio da noite por um ardil do sabre da própria filha.

— Por deuses! Não deu para crer na própria linhagem. — Maestrie fecha as mãos em indício de oração.

— Atrapalho algo? — Uma voz ressoa das costas dos homens, um rapaz sobe as escadas, seu cabelo é raspado. Sua faceta ferida pela guerra, e seu mirar amorenado e cruel. Uma cicatriz fora desenhada da ponta esquerda de sua testa até o flanco direito de seu queixo cortando fração da sua barba, cílios enormes dão um charme. O armífero está apenas de bermuda e seu corpo esculpido pela batalha pinga de suor condigno a seu treinamento árduo naquele sol, às gotas brilham em sua pele negra e somem ao decair sobre a bota escura.

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