PRÓLOGO: DUAS SEMANAS ANTES DO NATAL
A neve parecia um mísero detalhe da vista. A nevasca, já mais fraca, quase não era sentida em vista das labaredas de chamas que Mônica Fields encarava a sua frente. Em circunstâncias normais, a adolescente até acharia o aglomerado de chamas atraente, de certa forma impactante. Se não fosse a figura insana e ensanguentada de Max a sua frente. O machado em sua mão tornava tudo pior.
Ela via Alyssa, sua melhor amiga, caída no chão alguns metros ao seu lado. A imagem dela sobre a neve era aterrorizante.
E o sangue.
— ME DESCULPA, MAS TEM QUE SER ASSIM!
— Max, não precisa ser desse jeito — Monica sentia o chão gelado. Estar caída não ajudaria numa possível fuga, e o celeiro, agora em chamas, não serviria como um local para se proteger. A casa mais próxima parecia estar tão longe... — A gente dá um jeito...
— NÃO! AGORA É TARDE! VOCÊ PRECISA MORRER!
O roupão ensanguentado, as luvas, e a máscara branca, caída durante a fuga, davam uma impressão de flashback para a adolescente. Já vira aquela fórmula em seus filmes de terror favoritos ou até mesmo em séries de baixo orçamento que secretamente assistia via Torrent.
Fugir não era opção. Ela precisaria lutar.
Se as outras garotas ainda estivessem vivas. Alyssa mesmo, sempre tão mais destemida e corajosa, estava caída como se estivesse num sono profundo. A respiração fraca e aquele sangue espesso misturado à neve.
Foi quando um milagre aconteceu.
— EI! — a voz estridente feminina foi ouvida ao longe. Max ficou pálido e começou a tremer, como uma criança pega no flagra fazendo algo errado.
Mônica deu um supetão e se levantou. O pé esquerdo ardia de dor, mas ela seguiu em frente, dando um empurrão no corpo esguio de Max. O adolescente caiu no chão, gritando.
Ela agarrou o machado, mas hesitou ao tentar puxar da mão dele. Uma briga se iniciou, ela caindo no chão ao mesmo tempo em que o assassino se colocava de pé pronto para agir. Antes que pudesse tentar correr sentiu as tranças serem puxadas com violência. No chão de novo se arrastou, ele por cima dela de forma desajeitada. Nunca sentiu tanto medo na vida, mas não deixaria ele matá-la tão facilmente. Não depois de todo o esforço em sobreviver naquelas poucas horas naquela fazenda isolada. Com um certo impulso ela jogou a cabeça para trás, acertando-o; sem machucar, mas forte o suficiente para o confundir.
Max a encarou, ainda incrédulo. Agarrou o machado com mais força. Mônica, ainda com adrenalina, conseguiu se levantar e correr antes da arma acertar em cheio o local que estava. Ela gritou por socorro, ele veio em seu encalço.
A fazenda não era grande, tendo o celeiro e uma casa simples onde a família de Rebeca morava. Só de lembrar do corpo da amiga em cima da mesa de jantar a fez ter náusea. A promessa de ir buscar umas cervejas pareceu demorar demais, e quando o grupo composto por ela, Alyssa e outras garotas foram em seu encontro, jamais imaginariam que o cadáver estripado seria apenas o início da pior noite de suas vidas.
Pulou uma cerca baixa com muita dificuldade, se aproximando do declive de terra que dava para um pequeno riacho. Não tinha para onde ir.
— ACABOU, MÔNICA!
— Vem me pegar, seu merda! — ela abriu os braços e se afastou com muita dificuldade. O blefe seria sua melhor estratégia até pensar em algo melhor.
Enfurecido, Max saltou a cerca, e dando impulso correu com o machado erguido.
— SUA DESGRAÇADA!
Num desvio grosseiro, Mônica conseguiu sair da reta do assassino, fazendo-o cair de cima para baixo, um grito abafado sendo ouvido. Não contou que iria se desequilibrar, e quando pensou que cairia para o mesmo destino de seu perseguidor, sentiu algo envolver sua cintura e a puxar para trás.
Achando ser Alyssa — talvez reanimada por um milagre — sentiu os olhos lacrimejarem, mas se assustou ao ver Kimberly Stuart a sua frente de joelhos, tão ofegante quanto, os cabelos se esvoaçando com a tempestade que se aproximava.
— QUE PORRA ACONTECEU AQUI?
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