PARTE 2: OS EVENTOS DAQUELE VERÃO
Como todo adolescente que pensa em ingressar em uma faculdade, matérias extracurriculares, cursos de verão e trabalho voluntário eram ótimas opções para caprichar na carta de apresentação para as universidades escolhidas. Foi pensando nisso que Mônica aguardava ansiosamente para começar o curso de cinema que duraria algumas semanas.
Foi custoso conseguir transferência do curso de primeiros socorros já que não aguentava mais as falácias de Rebeca. Como aquela garota falava, e não de um jeito divertido. Não chegava a ser uma vadia (de acordo com as palavras de Alyssa), mas havia algo subentendido em pequenos comentários que à primeira vista eram passados como bobos e infantis, mas conhecendo melhor ela eram maldosos e bem significativos.
A adolescente estava de braços cruzados enquanto andava pelo pátio do prédio da Universidade Whaley. Ela não pretendia ingressar ali, preferindo Yale. Sabia que seria impossível já que nunca foi a melhor aluna, mas tentar a vaga não custaria muito além de um pouco de auto estima e confiança.
— Momo — ouviu ela gritando ao fundo. — Espera eu!
Mônica se virou a tempo de ver Rebeca chegando com sua saia florida e sapatos All Stars.
— Oi amiga — elas se cumprimentaram. — Pensei que hoje você não viria!
— Ah, vou usar a biblioteca, já que você me abandonou!
— Minha mãe insistiu — era mentira. — E meu pai sempre me incentivou a tentar virar uma cineasta — outra mentira.
— Hollywood realmente precisa de pessoas como você na indústria — ela pegou o braço dela e passou entre o seu. — Viola Davis é um ícone!
— Ela é atriz — Mônica riu. Tentou ignorar o subtexto racista na fala de Rebeca.
— Eu sei, mas ela logo vai ser tipo, uma produtora né?
— É, Rebeca — ela olhou para o lado. — Bem provável.
— Te encontro depois?
— Claro amiga, vamos almoçar juntas.
— Ok, e nossa — ela olhou por trás dela — Meninas! Finalmente!
Isabele, Vera e Joana correram em direção delas, acenando de longe. Mônica acenou de volta, criando coragem e entrando no prédio. A sala era no segundo andar, mas algo a fez parar e dar meia volta.
Iriam as quatro para a biblioteca? Que por sinal estava ali dentro, bem longe daquela direção.
Ela apressou o passo, vendo o quarteto andando juntas. Não eram patricinhas como no filme Meninas Malvadas. Elas eram burras demais para isso.
— Onde a senhora vai?
Alyssa segurava duas bolsas, de longe a mais animada em começar o curso de cinema. Mônica apontou para as quatro amigas virando a esquina.
— As meninas estão aqui?
— E estão aprontando alguma.
— Sem a gente pra variar?
— Pega leve, Alyssa. Elas são amigas há mais tempo.
— Só se lembram da gente quando é conveniente. Pode ficar a vontade indo atrás delas como um poodle adestrado.
— Não te conto o que descobrir então — ela deu risada e saiu trotando, a bolsa balançando ao seu lado.
Alyssa a seguiu.
[...]
Mônica sentiu o cheiro de encrenca ao ver Maxuel sentado perto de um chafariz e as garotas do lado. Rebeca tentava puxar assunto. Ela lia um livro e mal desviava o olhar para responder.
— Rebeca — ela se aproximou. — Oi Max, como está?
— Bem — seco como sempre. Maxuel só conversava com duas pessoas publicamente. — Tô esperando a Madison.
— Ela já entrou — Alyssa disse, tão esbaforida quanto. — Vi ela entrando faz uns cinco minutos no prédio.
— Ela não me avisou — ele se levantou, mas foi contido pela Rebeca.
— Max, espera. Não respondeu a minha pergunta.
— Vai Max, para de ser chato.
— Não sei, já disse! Não é algo que pergunte pros meus pais.
— Deixem ele suas chatas — Alyssa disse, rindo com um sorriso amarelo. — O que querem saber?
— A Vera quer saber quem é o ativo e passivo — Isabelle riu, mas disfarçadamente. — Ela tem tipo uma tara em gays.
Maxuel se levantou com tudo e saiu pisando duro.
— Credo, foi só uma zoeira — Vera disse. — Bom, já que estão aqui, o que acham da gente ir tomar sorvete?
— Eu tenho aula — Alyssa se virou.
— Momo? — Rebeca perguntou.
— Topo! — ela sorriu.
Ajeitou a bolsa e ouviu uma gritaria de fundo. Ela encarou as meninas que rapidamente a seguiram em direção ao barulho.
— CARALHO! — Vera suspirou, olhando as outras garotas de lado.
— Não pode ser! — Isabelle agarrou o braço de Mônica.
Havia uma mulher estirada no chão. A perna estava invertida como se o joelho se tivesse dobrado ao contrário, os braços para trás e a cabeça virada para trás. Muito sangue escorrendo em volta do corpo.
Elas saberiam mais tarde pelo jornal que seu nome era Laura Stefanno.
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