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C I N Q U E T A




—Porque eu amo você , Amélia ! – gritou Aidan

Assim que aquelas palavras entraram no ouvido de Amélia e sua mente as processou , passando a entender o que elas diziam , instintivamente se obrigou a cerrar suas pálpebras e com certa dificuldade engoliu a saliva que encontrava em sua boca, seu coração estava disparado, como se ela tivesse corrido uma maratona e seus pulmões apesar de todo o ar ao seu redor, não conseguiam  aceitar o ar que suas vias respiratórias inalavam . Dentro de si Amélia ansiava por ter ouvido errado, que Aidan não tinha dito aquilo , que ele não tinha proferido aquelas três palavras, ansiava para que tudo fosse um sonho, pois ele não podia ter dito aquilo, não ali, não naquele momento , Aidan não tinha direito de dizer que a amava , não depois de todos aqueles segredos, era injusto ele proferir aquilo depois de tudo, como se fosse a coisa mais normal do mundo, como se repetisse aquelas palavras todos os dias para ela . Amaldiçoava ele , apesar de parte de si sempre ansiar por ouvir aquilo, parte de si sempre desejou que Aidan a amasse, quando se casou com ele sempre teve a ilusão de ouvir aquilo, contudo aquela ilusão já havia morrido , não existia nenhum resquício dentro de si daquela menina que ansiava pelo amor de seu marido.

Amélia lentamente cerrou seus punhos , para seu desespero o chão embaixo de si parecia se movimentar , seu estomago parecia estar cheio de borboletas ou ao menos mareado o suficiente para causar um mal estar, podia sentir um calor, que mais parecia eletricidade percorrer o caminho de sua cabeça até seus pés, causando uma sensação de calor por dentro e um frio na parte externa de seu corpo , suas sensações foram interrompidas por uma mão pousando em seu braço , com certa dificuldade ousou abrir seus olhos, contudo se amaldiçoou por tal ato, pois sua tontura apenas se acentuou

—Aidan – murmurou Amélia abrindo o mínimo possível seus lábios

Rapidamente Amélia ergueu sua mão e agarrou o braço de Aidan , que logo percebeu o mal estar de sua esposa e a segurou , a rodeando com os braços e a segurando com suas mãos .

—Calma Amélia – disse Aidan em um tom calmo e com uma expressão de preocupação em seu rosto

Amélia cerrou novamente suas pálpebras , inspirou o máximo possível de ar que conseguiu, para seu alivio aquele ato começou a normalizar seus sentidos e a espantar aquele mal estar , se sentia enjoada ainda, contudo o chão já encontrava—se mais firme embaixo de seus pés , expirou o ar , normalizando por completo seu corpo, permanecendo apenas um mal estar, que parecia mais uma tensão em seus músculos

—Amélia vou te levar para o hospital para que alguém te examine – anunciou Aidan a fitando

—Não ! – soltou Amélia rapidamente com a força que tinha , rapidamente fechou seus olhos e inspirou o ar ao seu redor , como se buscasse o restante da força que ainda lhe faltava – Não Aidan – murmurou ela abrindo os olhos e o fitando – Foi somente um mal estar , que já passou – anunciou ela

—Amélia.... – iniciou ele em um tom de advertência

—Por favor Aidan – disse ela em um tom de suplica – Só preciso descansar , podemos ir para o hotel? – indagou ela em um tom de suplica, podendo observa a expressão de desgosto de seu marido, devido a sua teimosia – Por favor – insistiu ela mais uma vez

—Está bem – respondeu Aidan formando uma expressão de contrariado em seu rosto , habilmente ele passou suas mãos embaixo dos joelhos de Amélia , enquanto sua outra mão pousou em suas costas, a erguendo assim em seu colo

—Aidan ! – exclamou em um tom de murmúrio Amélia e de espanto, mas rapidamente rodeando o pescoço de seu marido com seus braços

—Não vou correr o risco de você cair no meio do caminho – anunciou ele , esboçando um suave sorriso em seus lábios .

Amélia nada respondeu, afinal o gesto de seu marido era agradável, pois não tinha certeza que se seu corpo conseguiria chegar até o automóvel sem que outro mal estar o acometesse, contudo sabia que certamente aqueles sintomas eram respostas do forte estresse e emoções que havia passado naquele dia, para sua infelicidade seu corpo sempre respondia a forte emoções e nunca era de forma agradável . Habilmente observou Aidan abrir o carro e pousar seu corpo sobre o banco macio de couro , pode ouvir o som baixo do fechar da porta e apenas se pôs a observar seu marido adentrar o automóvel e lhe lançar um olhar de preocupação , como se estivesse averiguando seu estado , aquele olhar se obrigou a soltar um longo suspiro, não de cansaço ou irritação, mas porque aquele olhar lhe provocava sentimentos que apenas se aglomerava naquele reboliço de emoções que já encontrava—se dentro de si , para seu alivio logo Aidan voltou sua atenção para o automóvel o ligando e partindo dali .

Amélia por sua vez preferiu recostar sua cabeça no encosto atrás de si e cerrar suas pálpebras , dentro de sua cabeça estava uma completa confusão , a voz de Aidan parecia ecoar em sua cabeça, contudo as palavras que rondavam seus pensamentos não eram conexas, eram palavras desconexas , que não formavam nenhuma frase, mas eram as que mais haviam lhe marcado naquele dia, sem mencionar aquelas últimas três palavras que eram as que mais se sobressaiam , não podia acreditar que ele havia gritado aqui , ainda se fazia impossível acreditar que Aidan havia dito que a amava, sim Aidan havia dito que a amava , naquele instante ela passou a se dar conta e a entender por fim aquelas palavras e seu significado , ele havia se exposto para ela de uma forma que jamais havia feito antes, havia revelado seu sentimento mais profundo ou talvez o maior segredo que ele havia para com ela .

—Amélia – murmurou uma voz masculina em um tom suave a trazendo de volta para a realidade ao seu redor

Rapidamente Amélia abriu seus olhos, olho para seu lado e encontrou o olhar de Aidan  sobre si , levou seu olhar para frente se dando conta que o automóvel já havia cessado seu movimento , olho para seu lado direito, constatado que estavam em frente ao hotel , se espantou com o fato de não haver se dado conta que já haviam percorrido o trajeto até ali, parecia que havia acabado de fechar seus olhos .

—Chegamos – anunciou Aidan a fitando e se pondo para fora do automóvel

Antes que Amélia pudesse realizar qualquer reação seu marido já estava na porta ao seu lado a abrindo e lhe estendendo a mão ,como não estava em condições de recusar ajuda, apenas pousou seus dedos sobre a mão de Aidan e retirou seu corpo daquele banco . Sem dizer uma palavra Amélia passou seu braço por o de seu marido, sendo apenas guiada até a recepção e logo já estavam dentro do elevador, os pensamentos dela novamente se dispersaram e um temor passou a tomar conta de si, naquele instante se deu conta que ficaria sozinha com seu marido que certamente lhe exigiria uma resposta para sua declaração , entretanto não sabia o que dizer, o que responder, mal conseguia saber o que estava sentindo naquele instante , mal havia entendido tudo que ele havia lhe revelado, imagine entender que ele a amava , se indagava como uma pessoa poderia amar e ter tantos segredos a esconder . Amélia estava tão perdida em seus pensamentos que quando se deu conta do ambiente ao seu redor já estava no quarto , pode apenas ouvir o bater da porta atrás de si, que certamente estava se fechando porque Aidan estava realizando tal ato, então se obrigou a voltar a si e tomar controle de todos seus sentidos .

Rapidamente se desfez de seu casaco que estava completamente molhado , podia sentir  sua cabeça iniciar uma dor aguda, que dificultava qualquer pensamento, certamente deveria atribuir aquele fato ao dia conturbado que tivera .

—Amélia – disse Aidan em um tom baixo 

Amélia piscou repetidas vezes , podia ouvir os passos de seu marido se aproximando , contudo não desejava tal aproximação, não naquele momento , necessitava pensar antes de proferir qualquer palavra, pois temia ser precipitada e dizer palavras que realmente não sentia .

—Vou tomar banho – anunciou ela antes que ele a alcançasse , se pondo em direção ao banheiro, contudo fez uma breve pausa em seu caminho e voltou seu olhar para trás, observando seu marido, que a fitava com uma expressão um tanto quanto melancólica – Sugiro que tire essas roupas molhadas, não gostaria que ficasse gripado – sugeriu ela o fitando – Prometo ser breve – anunciou voltando a seu caminho original e adentrando o banheiro, rapidamente cerrou a porta .

Habilmente e com certa dificuldade se desfez de suas roupas molhadas, que já encontravam—se coladas em seu corpo, em passos largos se dirigiu até o box, ligando o chuveiro e permitindo apenas que aquela agua quente caísse sobre seu corpo, causando certo relaxamento em seus músculos e aquecendo seus membros , instintivamente se obrigou a fechar seus olhos , podia sentir aquela dor que ameaçava tomar conta de sua cabeça se dissipar , contudo começou uma briga com sua mente que se obrigava a pensar, mas a cada novo pensamento que tentava invadir sua mente , aquela dor ameaçava a regressar, sabia que certamente aquela noite não seria capaz de chegar a alguma conclusão sobre as revelações de seu marido, contudo sabia que lhe devia uma resposta sincera . Fechou o chuveiro , sacou uma toalha e habilmente se secou, vestiu o roupão branco que encontrava—se dobrado sobre um armário de vidro e se pôs em direção a porta, para seu espanto não temia abrir aquela porta, não temia o que teria que enfrentar, pois sabia que talvez Aidan estivesse mais temeroso do que ela , então rapidamente abriu a porta e encontrou Aidan em pé, trajando apenas um roupão e com seu telefone próximo a sua orelha , em passos silenciosos adentrou o quarto, enquanto seus olhos observavam seu marido, não estava prestando atenção em suas palavras , habilmente sentou seu corpo sobre a cama, ficando seu campo de visão em direção a ele , logo pode observar ele desligar o telefone e se virar para ela, permitindo assim que o olhar de ambos se encontrassem , sem se mover ela apenas observou seu marido se aproximar e parar exatamente em sua frente .

—Como está se sentindo? – indagou ele em um tom sereno, enquanto se abaixava e pousava seus joelhos sobre o carpe que revestia o quarto

—Bem – murmurou Amélia , tentando esboçar um sorriso, mas sem êxito , lentamente ela levantou sua mão e pousou no rosto de seu marido, acariciando sua pele com a ponta de seus dedos – Aidan – disse ela em um tom quase de sussurro , acompanhando de um longo suspiro – Acho que você quer uma resposta ne? – indagou o fitando

—Amélia , eu... – começou ele, levando sua mão até as pernas de sua esposa que estavam cobertas pelo roupão – Quero que pelo menos me diga alguma coisa – confessou em um tom de desespero – Porque esse silêncio é pior que qualquer resposta desagradável – terminou a fitando

—Aidan eu .... – começou Amélia o fitando

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